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PROCESSO, RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. O processo é o meio pelo qual a jurisdição é exercida. Apesar das várias teorias que rodeiam sua natureza jurídica, atualmente é entendido majoritariamente que o processo é categoria jurídica autônoma. Pode esse ser classificado em três: processo de conhecimento, processo de execução e tutela provisória cautelar antecedente. A estrutura da relação jurídica processual mais aceita é a triangular, na qual figuram as duas partes e o juiz, todos ligados entre si. Pressupostos processuais são o conjunto de elementos de existência, requisitos de validade e condições de eficácia existentes no processo, sem os quais o processo não poderá seguir o trâmite necessário para o exercício da jurisdição. Por fim, as questões prévias são referentes à matéria de análise necessariamente anterior à do mérito, por condicionarem a análise ou não desse. As questões de mérito se encontram no pedido do autor e, após sua análise, o juiz poderá decidir pela procedência ou improcedência do pedido do autor. RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL É a relação estabelecida entre réu, autor e juiz quando é instaurado o processo, na qual é discutida uma relação de direito material. Possui determinadas características, como, por exemplo, a autonomia, referente à independência entre a relação processual e a material. Isso porque, conforme visto acima, essa constitui a matéria em debate e está naquela contida. Além disso, observa-se a natureza pública da relação processual, posto que a função pública jurisdicional é exercida pelo Estado e as partes a essa se sujeitarão. Há, também, a complexidade, que refere-se aos efeitos que o andamento do processo gera para as partes envolvidas, e a progressividade, responsável pela caracterização dinâmica do processo. Apesar da sua autonomia, há a unidade processual: quer dizer que os atos praticados no decorrer do processo visam a um objetivo comum, que é o provimento jurisdicional. Por fim, ressalta-se o caráter tríplice, visto que a relação processual é composta por autor, réu e Estado. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS Os pressupostos processuais são requisitos essenciais para a configuração de uma relação jurídica processual existente e válida. Trata-se do conjunto de elementos de existência, requisitos de validade e condições de eficácia do procedimento. Isso porque a ausência desses ocasiona a extinção do processo sem resolução do mérito. Os pressupostos diferenciam-se das condições da ação por serem essas referentes à possibilidade de atingir os fins pretendidos pelo processo e aqueles, ao processo como um todo. Além disso, as condições da ação dizem respeito ao exercício do direito de ação, enquanto os pressupostos validam a relação processual. A doutrina divide, atualmente, os pressupostos processuais em duas categorias: pressupostos de existência Pressupostos de validade (com a ressalva feita por Fredie Didier Jr. a respeito da incorreção técnica do termo “pressuposto” de validade, apontando que o ideal seria “requisito” no lugar desse — pressupostos devem preceder o ato e são indispensáveis para a existência jurídica desse, enquanto requisitos integram a estrutura do ato e se referem à validade). OS PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA Os pressupostos de existência podem ser objetivos ou subjetivos: Subjetivos: abarcam o órgão investido de jurisdição e a capacidade de ser parte, ou seja, a aptidão de figurar no polo ativo ou passivo de uma relação processual; Objetivos: abrange a demanda, sendo essa o ato de pedir a tutela jurisdicional (não se confunde com a petição inicial, posto ser essa a instrumentalização da demanda). OS PRESSUPOSTOS DE VALIDADE Os requisitos de validade admitem a existência do processo, mas inviabilizam sentença com julgamento de mérito. São eles a competência e imparcialidade do magistrado, a capacidade processual e postulatória, definida como a aptidão para a prática de atos processuais, e a demanda regularmente ajuizada (respeito ao formalismo processual). Didier admite, ainda, a existência de requisitos de validade extrínsecos, ou seja, o pressuposto é a não existência de: perempção, litispendência, coisa julgada e convenção de arbitragem. OBJETO DA COGNIÇÃO: QUESTÕES PRÉVIAS E DE MÉRITO Objeto da Cognição: questões prévias e de mérito A cognição é conceituada como um dos mais importantes núcleos metodológicos para o estudo do processo. Isso porque, cabe destacar, a própria tipologia do processo (conhecimento, execução ou tutela provisória cautelar em caráter antecedente) é definida de acordo com o grau de cognição judicial estabelecido em cada um deles. Assim, a cognição judicial é a técnica pela qual o magistrado tem acesso e resolve as questões a ele postas para apreciação. O objeto da cognição é formado pelas questões. As questões são entendidas como qualquer ponto de fato ou de direito controvertido de que dependa o pronunciamento judicial, ou seja, o objeto de conhecimento do juiz, seja pelos pontos de fato ou de direito, que influirão no julgamento de mérito e de admissibilidade. A apreciação das questões leva à extinção do processo, podendo essa acontecer com ou sem o julgamento de mérito e, no caso do primeiro, decidir pela procedência ou improcedência. AS QUESTÕES PRÉVIAS As questões prévias referem-se ao exame anterior ao da questão principal (conforme visto acima, todo processo possui ao menos uma questão de mérito a ser analisada). Podem ser divididas em questões preliminares, capazes de impedir o julgamento de mérito, e questões prejudiciais, que devem ser analisadas antes da resolução do mérito. Essas não impedem a análise do mérito, podendo apenas condicionar a resolução desse. Diferenciam-se as questões preliminar e prejudicial mediante três quesitos: a preliminar só está presente quando examinada juntamente à principal, sendo a prejudicial autônoma; a preliminar refere-se a uma questão processual, enquanto a prejudicial é relativa a direito material; e a questão prejudicial reflete na forma como o mérito será julgado, enquanto a questão preliminar, por sua vez, determina se o mérito será julgado ou não AS QUESTÕES PRINCIPAIS As questões principais são representativas do mérito do processo, sendo reveladas pelo pedido formulado pelo autor na petição inicial. Quando do julgamento das questões principais, a decisão do juiz será pela procedência ou improcedência do pedido do autor. A decisão com análise do mérito será definitiva, vez que incidirão os efeitos da coisa julgada material e, assim, impedindo que seja ajuizada nova demanda.
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