Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
�PAGE �7-1� �PAGE �7-7� Escoamento Superficial ESCOAMENTO SUPERFICIAL 7.1 Conceitos gerais Escoamento superficial é o movimento das águas, que, por efeito da gravidade, se deslocam na superfície da Terra. Conforme já visto no item referente ao ciclo hidrológico, o escoamento superficial de um rio está direta ou indiretamente relacionado com as precipitações que ocorrem em sua bacia hidrográfica. A figura abaixo mostra as quatro formas pelas quais os cursos d’água recebem água: Precipitação direta sobre o curso d’água (P); Escoamento superficial (ES); Escoamento sub-superficial ou hipodérmico (ESS); Escoamento subterrâneo ou básico. Figura 7.1 – Formas pelas quais um curso d’água recebe água. Fatores que influenciam o escoamento superficial A quantidade e a velocidade da água que atinge um curso d’água dependem de alguns fatores, tais como: Área e forma da bacia; Conformação topográfica da bacia: declividade, depressão, relevo; Condições de superfície do solo e constituição geológica do sub-solo: vegetação, impermeabilização, capacidade de infiltração no solo, tipos de rochas presentes; Obras de controle e utilização da água: irrigação, canalização, derivação da água para outra bacia, retificação. Grandezas características A seguir, são citadas algumas grandezas relacionadas com o escoamento superficial. Bacia hidrográfica: área geográfica coletora de água de chuva, que, escoando pela superfície, atinge a seção considerada. Vazão (Q): volume de água escoado na unidade de tempo em uma determinada seção do rio. Normalmente, expressa-se a vazão em m3/s ou l/s. Velocidade (V): relação entre o espaço percorrido pela água e o tempo gasto. É geralmente expressa em m/s. Vazão específica (q): relação entre a vazão e a área de drenagem da bacia. (expressa em l/s.km2) Altura linimétrica (h) ou altura na régua: leitura do nível d’água do rio, em determinado momento, em um posto fluviométrico. Coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de “run off” (C): relação entre o volume de água que atinge uma seção do curso d’água e o volume precipitado. Postos fluviométricos e fluviográficos Posto fluviométrico ou fluviômetro consiste em vários lances de réguas (escalas) instaladas em uma seção de um curso d´água, que permite a leitura dos seus níveis d´água. Normalmente, dá-se ao posto o nome do município ou cidade onde ele é instalado e identifica-se por um prefixo. A leitura do nível d´água é feita duas vezes ao dia, às 7 h e 17 h (ou 18 h), e seus valores são anotados em uma caderneta. Completada a leitura de 1 mês, essa caderneta é enviada ao escritório central, onde os dados são analisados, processados e publicados em boletins fluviométricos. As figuras 7.2 e 7.4 mostram, respectivamente, um posto fluviométrico e a cópia das leituras realizadas no posto Ponte Joaquim Justino (prefixo 5B-001F). Fig. 7.2 Chama-se de fluviográfico o posto que registra continuamente a variação do nível d´água. O aparelho utilizado para registrar o N.A. chama-se limnígrafo ou fluviógrafo e o gráfico resultante é denominado limnigrama ou fluviograma. O esquema de um posto fluviográfico pode visto na Figura 7.3 abaixo. Fig. 7.3 Fig. 7.4 A conversão da leitura do nível d´água em vazão é feita através de curva-chave. Os assuntos ´medições de vazão´ e ´traçado de curva-chave´ serão vistos nos próximos itens. Medições de vazão Existem várias maneiras para se medir a vazão em um curso d´água. As mais utilizadas são aquelas que determinam a vazão a partir do nível d´água: para pequenos córregos: calhas e vertedores; para rios de médio e grande porte: a partir do conhecimento de área e velocidade. 7.3.1 Vertedores São mais utilizados os vertedores de parede delgada, de forma retangular com contração completa e forma triangular. As fórmulas que relacionam o nível e a vazão são as seguintes: Vertedor retangular: (L e H em m, Q em m3/s) H L Vertedor triangular: (H em m, Q em m3/s) – Equação válida para ( = 90( H ( 7.3.2 Método área-velocidade A vazão é obtida aplicando-se a equação da continuidade: Q = V.A A área é determinada por batimetria, medindo-se várias verticais e respectivas distâncias e profundidades. Tomando uma sub-seção qualquer: Para se medir a velocidade de água na seção, o método mais empregado é o do molinete. Molinete é um aparelho que permite calcular a velocidade instantânea da água no ponto, através da medida de rotações de uma hélice em determinado tempo. Cada molinete tem uma equação que transforma o número de rotações da hélice em velocidade. A equação é do tipo V = a + b.n onde: a e b são constantes (calibração em laboratório); n = número de rotações/ tempo (normalmente utiliza-se o tempo de 50 segundos). Fig. 7.5. Dependendo da profundidade da vertical, mede-se a velocidade em: um ponto, quando a profundidade (h) é menor ou igual a 1,0 m. O molinete é colocado a 60% da profundidade e a velocidade neste ponto é adotada como a média da vertical considerada. dois pontos, quando h é maior que 1,0 m. Neste caso, o molinete é colocado a 20% e 80% de h e a velocidade média da vertical é a média aritmética das velocidades obtidas nos dois pontos. A velocidade média da seção compreendida entre as verticais i e i+1 é calcula fazendo-se a média aritmética das velocidades médias de duas verticais. A vazão na seção i é determinada multiplicando-se área pela velocidade média da seção. A vazão total da seção do rio é obtida pelo somatório das vazões parciais: Relação cota-vazão (curva-chave) Curva-chave é a relação entre os níveis d´água com as respectivas vazões de um posto fluviométrico. Para o traçado da curva-chave em um determinado posto fluviométrico, é necessário que disponha de uma série de medição de vazão no local, ou seja, a leitura da régua e a correspondente vazão (dados de h e Q). Partindo-se desta série de valores (h e Q) a determinação da curva-chave pode ser feita de duas formas: gráfica ou analiticamente. A experiência tem mostrado que o nível d´água (h) e a vazão (Q) ajustam-se bem à curva do tipo potencial, que é dada por: (7.1) onde: Q é vazão em m3/s; h é o nível d´água em m (leitura na régua); a, b e h0 são constantes para o posto, a serem determinados; h0 corresponde ao valor de h para vazão Q = 0. A equação acima pode ser linearizada aplicando-se o logaritmo em ambos os lados: log Q = log a + b.log (h-h0) Fazendo Y = log Q, A = log a e X = log(h-h0), tem-se: Y = A + b.X (7.2) que é a equação de uma reta. A maneira mais prática de se obter os parâmetros a, b e h0 é o método gráfico, que necessita de papel di-log. Entretanto, em face à dificuldade de encontrar este papel no mercado, introduziu-se também, neste curso, o método analítico para a definição das curvas-chaves. A seguir, é apresentado, de forma sucinta, o procedimento de cálculo dos parâmetros a, b e h0, utilizando os dois métodos: Método gráfico Lançar em papel milimetrado os pares de pontos (h, Q); Traçar a curva média entre os pontos, utilizando apenas critério visual; Prolongar essa curva até cortar o eixo das ordenadas (eixo dos níveis); a intersecção da curva com o eixo de h corresponde ao valor de h0; Montar uma tabela que contenha os valores de (h-h0) e as vazões correspondentes; Lançar em papel di-log os pares de pontos (h-h0, Q); Traçar a reta média, utilizando critério visual; Determinar o coeficiente angular dessa reta, fazendo-se a medida direta com uma régua; o valor do coeficienteangular é a constante b da equação da curva-chave; Da intersecção da reta traçada com a reta vertical que corresponde a (h-h0) = 1,0 resulta o valor particular de Q, que será o valor da constante a da equação. Na figura acima, e a ( 8,0. Método analítico Apesar desse método ser um processo matemático, não dispensa o auxílio de gráfico na determinação do parâmetro h0. Portanto, aqui vale também os quatro primeiros passos descritos no método gráfico. Rescrevendo a equação da curva-chave: Linearização aplicando logaritmo: log Q = log a + b.log (h-h0) A equação acima é do tipo Y = A + b.X onde: Y = log Q, A = log a e X = log(h-h0). Os parâmetros A e b da equação da reta Y = A + b.X são calculados da seguinte forma: Como A = log a, o valor de a é obtido pelo antilog A, ou a = 10A. Exercícios propostos: E7.1 Calcule a vazão no posto Santo Antonio de Alegria (prefixo 4C-002) a partir dos dados de medição mostrados na tabela da página seguinte. Dados: Equação do molinete – V = 0,2466.n + 0,010 se n ( 1,01 V = 0,2595.n + 0,005 se n > 1,01 E7.2 A tabela abaixo mostra alguns resultados da medição realizada em um posto fluviométrico. Determine a equação da curva-chave deste posto, utilizando os métodos gráfico e analítico. Data h (m) Q (m3/s) 5/4/91 0,95 2,18 14/2/92 1,21 4,25 20/3/85 0,38 0,45 17/2/97 1,12 3,20 22/2/98 0,66 1,15 _1048255120.unknown _1048256157.unknown _1051883261.xls Gráf1 3 30 h-h0 Vazão Gráf2 2 50 h-h0 Vazão Plan1 0.3 5 2 50 Plan2 Plan3 _1051949683.unknown _1051962610.unknown _1051949901.unknown _1051892942.unknown _1048256701.unknown _1048258043.unknown _1048255149.unknown _1048243848.unknown _1048243917.unknown _1048254875.unknown _1044288103.unknown
Compartilhar