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1 TEORIA GERAL DO PROCESSO TEORIA GERAL DO PROCESSO é um sistema de conceitos e princípios elevados ao grau máximo de generalização útil e condensados indutivamente a partir do confronto dos diversos ramos do direito processual. Ela transcende a dogmática processual, não lhe sendo própria a indagação ou formulação de regras ou normas de direito positivo. Por isso mesmo tende à universalização, superando as limitações espaço- temporais do direito positivo. O estudo da teoria geral do processo enfoca preponderantemente o plano puramente abstrato das construções sistemáticas, com referências ao direito positivo, mas sem postular uma imaginária, utópica e por certo inconveniente uniformização legislativa. É UMA CIÊNCIA AUTÔNOMA, DESVINCULADA DO DIR. MATERIAL. TGP não é apenas uma disciplina, mas uma ciência processual, abrange todas as normas do direito processual. DIREITO MATERIAL X DIREITO PROCESSUAL Regula relações Regula como proceder quando humanas o direito material é violado Dicotomia: Direito Público x Direito Privado Ramos: Dir. Processual Civil (Proc. Trabalhista) Dir. Processual Penal Processo Administrativo Processo Legislativo As Normas de Direito Processual são essencialmente de Direito Público, pois são direcionadas essencialmente aos interesses do Estado. O Direito processual é um conjunto de normas que permitem ao Estado classificar os conflitos observados na sociedade, são normas que o Estado utiliza para pacificar os conflitos. Por isso o Direito Processual tem natureza de Dir. Público. Sempre que se trate de procedimentos realizados mediante o exercício de PODER por um agente que se sobrepõe aos demais, ali tem PROCESSO e não mero procedimento, legitimando-se pois sua inserção no âmbito da teoria geral do processo. O PODER (centro de emanação de decisões imperativas) é o elemento de convergência responsável pela imposição das garantias constitucionais do processo, notadamente a do devido processo legal, entendido como sistema de limitações ao exercício do poder, a do juiz natural, a do dever de imparcialidade e impessoalidade, a do contraditório e a da igualdade. São duas as premissas de maior abrangência e vigor metodológico inerentes à teoria geral do processo: A primeira (plano político-constitucional) é representada pelo DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL – dele emanam e a ele devem convergir todas as colocações dogmáticas ou conceituais referentes a todos os ramos do processo. A tutela constitucional do processo, que integra o direito processual constitucional, é um seguríssimo escudo metodológico destinado a assegurar ao exercício do poder (inclusive no plano jurisdicional) os indispensáveis predicados da segurança, da confiabilidade e sobretudo do compromisso com a busca da justiça em casos concretos. A segunda consiste na INSTRUMENTALIDADE de todo o sistema processual a certos objetivos que devem comandá-lo. No tocante ao exercício da jurisdição, revela a doutrina o escopo magno a ser perseguido é o da PACIFICAÇÃO DE SUJEITOS ou grupos em litígio, mediante a SOLUÇÃO DE SEUS CONFLITOS. Esse é o mais profundo e mais expressivo escopo social da jurisdição, é o centro e a razão de ser de todo o sistema processual, de suas normas, de seus institutos, de suas estruturas operacionais. OBJETO MATERIAL DO DIREITO PROCESSUAL É A TEORIA GERAL DO PROCESSO E ESSA TEORIA GERAL INCIDE SOBRE CERTOS INSTITUTOS FUNDAMENTAIS. ASSIM O OBEJTO DA CIÊNCIA PROCESSUAL É OS 4 INSTITUTOS. A JURISDIÇÃO, A AÇÃO, A DEFESA E O PROCESSO, FORMAM O OBJETO DA CIÊNCIA PROCESSUAL (1868 - OSKAR VOW BULOW) Conhecer o processo e conhecer sua teoria geral é estar consciente de que TODA essa ciência gira em torno da JURISDIÇÃO exercida pelo juiz, da AÇÃO que o demandante exerce ao provocar o exercício da jurisdição, da DEFESA que o demandado tem o direito de opor à pretensão di demandante e do PROCESSO mediante o qual o 2 juiz exerce a jurisdição, o autor exerce a ação e o réu, a defesa. Esses são os institutos fundamentais da nossa ciência. Com sua dimensão apta a estender-se até onde vai o exercício do PODER e com esse OBJETO que é comum a todos os ramos direito processual, a teoria geral do processo apresenta uma grande potencialidade de gerar a percepção de que há certas normas de direito positivo e certos princípios que, conquanto formalmente abrigados em cada um desses ramos, propagam-se aos demais, como verdadeiras NORMAS GERAIS DE PROCESSO. A TEORIA DO PROCESSO É UMA SÓ, POR ISSO CONSTITUI UM VERDADEIRO DIÁLOGO DAS FONTES. Toda atividade jurisdicional exercida em uma sociedade legitima-se e é indispensável PORQUE existem conflitos entre pessoas ou grupos e PARA QUE tais conflitos tenham solução, com a pacificação das e pessoas e consequente benefício à própria vida em sociedade. O PORQUÊ representa a cauda da necessidade da jurisdição e o PARA QUÊ indica o principal dos escopos pelos quais ela é exercida, com vista aos resultados desejados. INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL - JURISDIÇÃO: É o ‘poder’ que o juiz exerce para a pacificação de pessoas ou grupos e eliminação de conflitos. (PODER - FUNÇÃO - ATIVIDADE). - AÇÃO: É o “poder/ direito” de agir, e dar início ao Processo e dele participar com vista à obtenção do que pretende aquele que lhe deu início. - DEFESA: É o “poder” de resistir, caracterizando-se como o exato contraposto da ‘ação’. - PROCESSO: é o conjunto dos sujeitos, o vínculo jurídico que os interliga e o método pelo qual exercem suas atividades. O conceito de processo abrange o de procedimento e de relação jurídica processual. É o instrumento da jurisdição. É ao mesmo tempo: O conjunto de atos dos sujeitos (processuais: Juiz/ Autor/ Requerido); O vínculo jurídico que os interliga (relação jurídica Processual); O Método pelo qual os sujeitos exercem suas atividades (Procedimento). Jurisdição: todo conflito na sociedade é resolvido na jurisdição (pelo menos no BRA é assim). Para ela ser capaz tem que ter força. O juiz é o representante desse poder estatal. É um exercício de poder, mas não apenas poder, é uma tríade de conceitos: poder, função e atividade. Quando o Estado através da jurisdição consegue resolver o conflitoele pacifica a sociedade e esta pode seguir em paz. Ação: iniciar a participar para a resolução do conflito. O poder do autor (tem que ver quem pode, qual a motivação, a justificativa, etc) que não é só poder, mas sim um direito. Defesa: o outro “lado” da ação. O réu/requerido tem que ter poder correlato ao do autor podendo resistir sobre aquilo que foi apresentado pelo autor. Tudo que o autor deve ou pode, o requerido poderá também (mesmas oportunidades dadas aos sujeitos do processo), pois não pode haver desequilíbrio e acabar criando privilégios para àquele que iniciou a ação. Não é apenas um poder, mas também um direito. O processo é sempre dialético. Processo é o instrumento, a ferramenta que a jurisdição tem para pacificar e resolver os conflitos da sociedade. SITUAÇÕES CONFLITUOSAS: adensamento populacional, insuficiência dos bens materiais e imateriais à disposição dos homens para a satisfação de suas necessidades, a escassez de recursos, e a concentração de riquezas em mãos de poucos. As atuais estruturas político administrativas do Estado, com sua ineficiência e seu comportamento desrespeitoso perante os direitos das pessoas, levam a uma forte tendência à judicialização dos conflitos, assoberbando os tribunais do país, dos quais se espera a tutela jurisdicional aos titulares de interesses e direitos. Como os conflitos diferem muito entre si, o sistema deve ser flexível para ser apto a propiciar a quem tem razão a tutela jurisdicional efetiva e adequada a que tiver direito, produzindo com isso resultados legítimos perante a lei e os valores da nação. 3 DIVISÃOFEITA DE ACORDO COM A NATUREZA DOS CONFLITOS A SEREM DIRIMIDOS:é a que se estabelece em relação a direitos e interesses suscetíveis ou insuscetíveis de disposição das partes (disponíveis ou indisponíveis). INDISPONÍVEIS: o direito à liberdade pessoal, o direito de punir, pertencente exclusivamente ao Estado (jus puniendi), certas relações de direito de família ou envolvendo o Estado, etc. DISPONÍVEIS: os demais direitos e interesses não penais, incluindo-se nesse conceito a grande maioria das relações jurídicas não regidas pelo direito penal. Nesse contexto tão heterogêneo de conflitos ditos cíveis, diversos são os graus de relevância social dos direitos postos em controvérsia, o que legitima a distinção de tratamento entre eles. Os conflitos de natureza penal ocorrem entre o Estado, detentor do direito de punir, e o suposto infrator da lei penal, sem descuidar da pessoa da vítima. Surge assim a TUTELA JURISDICIONAL PENAL – obrigatória em países como o Brasil, em que vige o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE, ou seja, da obrigatoriedade da ação penal pública, afastado o princípio oposto, que é o da oportunidade. Dar início ao processo criminal com vista à repressão de crimes de ação pública NÃO é uma FACULDADE do Ministério Público, mas um DEVER. TUTELA JURISDICIONAL ORDINÁRIA: regida fundamentalmente pelos códigos de processo; TUTELA JURISDICIONAL DIFERENCIADA: de grande modernidade nos sistemas processuais da atualidade e disciplinada em parte por esses códigos e também por leis especiais. Qualifica-se como a proteção concedida em via jurisdicional mediante meios processuais particularmente ágeis e com fundamento em uma cognição sumária. A TEMPESTIVIDADE é a razão que leva a lei a instituir esses instrumentos mais céleres e indicar as hipóteses em que cada um deles é adequado. Mesmo com essa moderna vocação a oferecer tutelas jurisdicionais diferenciadas, a Justiça estatal não é o púnico caminho pelo qual se procura oferecer solução aos conflitos. Outros métodos adequados de solução de conflitos, não estatais, podem ser utilizados para pacificar com justiça e com maior eficiência. Tais são chamados MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS, nos quais se busca uma autocomposição, isto é, uma solução do conflito por ato das próprias partes (conciliação ou mediação), - como forma de autocomposição existe também a negociação, em que as partes em conflito dirimem seus conflitos diretamente ou com intermediação de seus advogados, sem recorrer a formas mais institucionalizadas que se servem de um terceiro facilitador - ou uma heterocomposição privada (decisão por árbitros nomeados pelos próprios litigantes). A percepção de uma tutela adequada a cada tipo de conflito modificou a maneira de ver a arbitragem, a mediação e a conciliação, que, de meios sucedâneos, equivalentes ou meramente alternativos à jurisdição estatal, ascenderam à estatura de instrumentos mais adequados de solução de certos conflitos. Assim como a sociedade vem se transformando, também os conflitos passaram a se configurar de modos diferentes, ganhando destaque aqueles de dimensões metaindividuais, que transcendem as esferas individuais de direitos para envolverem grupos, categorias ou classes de pessoas em busca da fruição de direitos fundamentais de caráter comunitário. Diante dessas realidades o processo clássico foi deixando de ser adequado à solução dos conflitos coletivos (em sentido amplo) e foi preciso rever e instituir um novo processo coletivo para a solução de conflitos metaindividuais. Não só os conflitos se modificaram, como se modificou o próprio Poder Judiciário. O juiz não é mais a simples Vox legis, ou mero intérprete indiferente dos textos legais, mas um autêntico porta-voz dos valores postos na Constituição, cabendo-lhe inclusive, no exercício dessa missão, aferir a constitucionalidade das políticas públicas (programas e ações do Estado relacionados com as instituições políticas e sociais do país e com a vida dos membros da população), seja implementando-as em face da inércia dos Poderes políticos, seja analisando sua adequação aos princípios constitucionais. O juiz tornou-se, assim, um coprotagonista de políticas públicas. Estamos agora no campo da tutela jurisdicional referente aos chamados conflitos de interesse público. Em um primeiro sentido, interesses públicos são interesses “permeados de um valor que transcende o homem individual e envolve toda uma sociedade”. Ocorrendo violação a direitos dessa ordem, todos os cidadãos são atingidos e não somente algum indivíduo isoladamente. SOCIEDADE E TUTELA JURÍDICA Não há sociedade sem direito nem direito sem sociedade. Sociedade X Direito = o que liga esse dois? 4 (Sociedade é um conceito sociológico – relação entre seres humanos. Várias pessoas se relacionando, quanto mais complexas essas relações, mais complexas serão essas sociedades). O que liga é justamente essa função do Direito material, função controladora, ordenadora, coordenadora, organizadora sem a qual cada um faria o que quisesse. Por isso é o direito que resolve os conflitos presentes. A ciência processual entra com a função de resolver o conflito. Quando o direito como todo (as normas de controle) não são suficientes para resolver o conflito, o processual entra para resolver e pacificar de modo democrático utilizando o primado da lei para resolver. O direito material NÃO TEM FORÇA para se restabelecer sozinho, ele precisa da jurisdição, da relação jurídica processual entre a ação e a defesa e o instrumento processual para que este se restabeleça. Sem o direito não pode nem chamar de sociedade porque falta o elemento organizacional. Apenas um conglomerado de pessoas. E não há porquê existir normas se não houver um conjunto de seres humanos se inter-relacionando. FUNÇÃO DO DIREITO: ordenadora. Causa de correlação entre sociedade e direito: O Direito coordena os interesses que se manifestam na sociedade, organiza as atividades das pessoas e compõe (resolver o conflito segundo a vontade da lei) os conflitos na sociedade. É uma forma de controle social (a religião é a outra forma). A tarefa da ordem jurídica consiste exatamente em harmonizar as relações sociais intersubjetivas, a fim de ensejar a máxima realização dos valores humanos com o mínimo de sacrifício e desgaste. O critério que deve orientar essa coordenação ou harmonização é o critério do justo e do equitativo, de acordo com os valores prevalentes em determinado momento e lugar. DIREITO (aspecto sociológico) é geralmente apresentado como um dos instrumentos – sem dúvida o mais importante e eficaz entre os povos civilizados – do chamado controle social, entendido como o conjunto de instrumentos de que a sociedade dispõe em sua tendência à imposição dos modelos culturais, dos ideais coletivos e dos valores que cultiva, para a superação das antinomias, das tensões e dos conflitos que lhe são próprios. Relação sociedade x Direito - Principal: Função Reguladora do Direito (regula a sociedade) – O Dir. Processual se faz mais presente na pacificação dos conflitos! - O direito coordena os interesses que se manifestam na vida social. - Organiza as atividades das pessoas e compõe/resolve os conflitos entre elas. - A ordem jurídica harmoniza as relações sociais intersubjetivas - Pelo aspecto sociológico, o Direito é a mais importante e eficaz forma de controle social. Conflito: É uma insatisfação do indivíduo. A Função reguladora do direito não é capaz de eliminar/ evitar os conflitos no meio da sociedade. Os conflitos se caracterizam por situações em que uma pessoa, pretendendo para si determinado bem, não pode obtê-lo: a) Porque aquele que poderia satisfazer sua pretensão não a satisfaz (resistência de outrem), ou b) Porque o próprio Direito proíbe a satisfação voluntária da pretensão. V. G = “VerbiGratia”: o indivíduo não pode satisfazer a pretensão punitiva estatal por mera submissão. - Com o conflito, nasce a insatisfação do indivíduo, e este é um fator anti-social, independente do indivíduo ter ou não ter direito ao bem pretendido. A indefinição da situação das pessoas envolvidas no conflito, uma perante a outra, perante os bens pretendidos e perante o próprio Direito é sempre motivo de angústia e tensão individual e social. Esse fator antissocial provoca desequilíbrio e deve ser resolvido. CONFLITO INSATISFAÇÃO DO INDIVÍDUO FATOR ANTISSOCIAL (ANGÚSTIA/TENSÃO INDIVIDUAL/SOCIAL) 5 A existência do direito regulador da cooperação entre pessoas e apto à atribuição de bens a elas não é, porém, suficiente para evitar ou eliminar os conflitos que entre elas podem surgir. A eliminação dos conflitos ocorrentes na vida em sociedade pode se verificar por obra de um ou de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes, ou por ato de terceiro. Na primeira hipótese, um dos sujeitos (ou cada um deles) consente no sacrifício total ou parcial do próprio interesse (solução consensual, ou autocomposição) ou impõe o sacrifício do interesse alheio (autodefesa ou autotutela). Na segunda enquadram-se a defesa de terceiro, a conciliação, a mediação e o processo (estatal ou arbitral). Solução dos Conflitos Conflitos é a matéria-prima da nossa ciência processual. Mas como o Direito irá resolvê-lo? A eliminação dos conflitos pode ocorrer: 1) Por obra de um ou de ambos os sujeitos dos interesses conflitantes (AutoTutela ou AutoComposição) Quando um ou ambos resolvem o conflito já não mais interessa a ciência processual, pois se resolve antes de ser judicializado. 2) Por obra de 3º [mediação (conciliação e arbitragem), Jurisdição, Processo] O que interessa a ciência é para os casos onde não conseguem resolver sozinhos os conflitos, para isso será necessário a obra de terceiro. Modernamente, diante de um conflito intersubjetivo de interesse, convoca-se o ESTADO-JUIZ, para a resolução. Nem sempre foi assim: Evolução Histórica da Solução dos Conflitos: 1) Auto Tutela / Auto Defesa Caracterizava-se pela vitória do mais forte, mais astuto sobre o mais fraco, mais tímido. A satisfação da pretensão era obtida através da FORÇA e na medida dela. Nessa fase não havia normas gerais e abstratas impostas pelo Estado ou um Estado forte a impor o direito acima da vontade do particular, ou ainda, sem a intervenção de órgãos ou pessoas imparciais, independentes e desinteressadas. Os indivíduos resolviam as suas pendências através do uso da força. Quem pretendesse alguma coisa que outrem o impedisse de obter haveria de, com sua própria força e na medida dela, tratar de conseguir por si mesmo a satisfação da pretensão. A própria repressão aos atos criminosos se fazia em regime de vingança privada. A esse regime chama-se autotutela. Característica principal: não tinha Estado (ausência) ou não era forte o suficiente para impor as decisões. Quem resolvia era os próprios interesses. Existe a autotutela (contemporaneamente) como exercício para a resolução de conflitos? A resposta é não. A autotutela não tem resolução de conflitos e sim cria-se um novo conflito. já não existe no nosso tempo, o que é permitido está previsto em lei e deve ser dentro dos limites legais. Ex: traficantes que matam outros não é autotutela, é sim um crime. Por que o Direito não consegue evitar o nascimento dos conflitos? Porque todo ser humano tem o chamado ARBÍTRIO que faz com que decida descumprir as normas. O Direito não consegue entrar na mente das pessoas e mudar seu arbítrio, em virtude disso não consegue evitar a existência de conflitos, por isso, tenta regular através do material, mas não consegue evitar, porém consegue solucionar. O fim último do direito processual é resolver o conflito. Só o conflito resistido que é objeto da disciplina (se é resolvido entre as partes já não interessa mais ao direito). CONFLITO: fenômeno social entre duas pessoas com interesses distintos sobre um direito material. Todo conflito tem que ser resolvido. Desde o mais simples até o mais complexo. 6 São fundamentalmente dois os traços característicos da autotutela: a) ausência de juiz distinto das partes; b) imposição da decisão por uma das partes à outra. 2) AutoComposição elemento vontade – “abrir mão” – renunciam ao seu direito resistido. Uma ou ambas as partes abrem mão do interesse ou de parte dele. Instrumento: é a vontade – elemento volitivo São 3 as formas: Desistência: Renúncia à pretensão Desistir do bem que pretendia. Ex: carona Submissão: Renúncia à resistência oferecida à pretensão Desiste de resistir, mesmo sem querer. Não quer mais o embate, mas sem querer desistir se submete. Transação: Concessões Recíprocas Acordo – através da vontade, renuncia em parte o próprio interesse para consentir reciprocamente para solucionar o conflito. *NÃO está dentro da jurisdição, mesmo que pareça ser, pois esse tipo de transação aconteceu sem um terceiro. E não é a mais evoluída porque o elemento volitivo pode ser viciado por elementos externos e nem sempre vem da livre e espontânea vontade. Todas essas soluções têm em comum a circunstância de serem PARCIAIS. A Solução do conflito dependem da vontade (fator volitivo) e da atividade de uma ou ambas as partes envolvidas. Na autotutela, aquele que impõe ao adversário uma solução não cogita de apresentar ou pedir a declaração de existência ou inexistência do direito; satisfaz-se simplesmente pela força. A autocomposição e a arbitragem, ao contrário, limitam-se a fixar a existência ou inexistência do direito; o cumprimento da decisão, naqueles tempos iniciais, continuava dependendo da imposição de solução violenta e parcial (autotutela). Semelhança entre autotutela e autocomposição é que as próprias partes é que resolviam o conflito – ausência de terceiro; e ambas são decisões parciais. Mais tarde , e à medida que o Estado foi se firmando e conseguiu impor-se aos particulares mediante a invasão de suas antes indiscriminada esfera de liberdade, nasceu, também gradativamente, sua tendência a absorver o poder de ditar as soluções para os conflitos. 3) Estado - (Árbitros) – a sociedade começou a enxergar a necessidade de um terceiro para resolução de um conflito, atribuindo autoridade, no sentido de respeitabilidade, denominada árbitro, que eram pessoas respeitadas, para resolução de conflitos na sociedade, então as pessoas optavam por obedecer ou não, uma vez que não existia sistema de coerção. Eram os mais respeitados, mas não tinham força para fazer valer a sua decisão. Pouco a pouco, os indivíduos começaram a proferir a solução amigável através de árbitros (sacerdotes - Vontade de Deus / Anciãos - costumes sociais – pessoas de sua confiança mútua em que as partes se louvavam para que resolvam os conflitos), ao invés de solução parcial dos seus conflitos. (Embrião da arbitragem moderna que hoje está ligada a jurisdição). 4) Jurisdição Império Romano - Período Formular (arcaico e clássico) do Direito Romano – o Estado tinha alguma participação, pequena embora, na solução dos litígios. O poder da justiça era delegado pelo Imperador a um cidadão particular, não é um membro do corpo estatal – era uma justiça privada. “Ordo Judiciorum Privatorum” Séc. II a. c - II d. c (arcaico e clássico). Prevalecia sistema de arbitragem. Os cidadãos escolhiam os árbitros e o Estado (Pretor Romano) o investia de poder. Assim desenvolvia-se em dois estágios: perante o magistrado (pretor) e perante o árbitro. Correspondentemente ao fortalecimento do Estado, aumentou a participação deste no processo através da conquista do poder de nomear oárbitro (o qual de início nomeado pelas partes e apenas investido pelo magistrado). Vedada que era a autotutela, o sistema então implantado consistia numa arbitragem obrigatória, que veio a substituir a anterior arbitragem facultativa. Além disso, para facilitar a sujeição das partes às decisões de terceiro, a autoridade pública começa a preestabelecer, em forma abstrata, regras destinadas a servir de critério objetivo e vinculativo para tais 7 decisões, afastando assim os temores de julgamentos arbitrários e subjetivos. Surge, então, o legislador. A Lei das XII Tábuas, do ano 450 a.C, é um marco histórico fundamental dessa época. - Ordo privatoria judiciorem – No império romano, compreende a fase do direito arcaico, em que prevalecia um sistema de justiça privada, onde os cidadãos romanos colhiam árbitros do ceio da sociedade, e os conflitos resolvidos. Em determinado momento o imperador romano se deu conta de que deveria trazer para si a função de resolver os conflitos de Roma, e assim ele passaria a ter ainda mais poder. - Período “Cognitio Extra Ordinem” Séc. III d. c. – evolução da “justiça privada” para a “justiça pública”. Os juízes estatais (Império Romano) impunham com autoridade a solução dos conflitos.Nasce quando o imperador romano enxerga que se trouxesse para si a função de resolver os conflitos na sociedade, ele teria ainda mais poder, ou seja, a justiça sai do âmbito privado, e passa a ser pública, a justiça passa a ser exclusiva do império romano. Com o advento desse nasce a Jurisdição.Mas como eram muitas demandas, o imperador passa a instituir juízes que representavam o império romano, para resolução dos conflitos e impondo as suas decisões (não mais pretores). Não havia mais a possibilidade de descumprimento, pois a decisão era de um representante estatal com a força do Estado para fazer valer, onde dizia o direito em nome do Imperador. Caracterizou pela invasão de área antes não pertencente ao pretor: contrariando a ordem estabelecida, passou este a conhecer ele próprio do mérito dos litígios entre os particulares, inclusive proferindo sentença, em vez de nomear ou aceitar a nomeação de um árbitro que o fizesse. Evoluiu da “Justiça Privada” para a “Justiça Pública”. Os juízes estatais impunham com autoridade a solução dos conflitos, À ATIVIDADE MEDIANTE A QUAL OS JUÍZES ESTATAIS EXAMINAVAM AS PRETENSÕES E RESOLVIAM OS CONFLITOS DÁ-SE O NOME DE JURISDIÇÃO. Vemos desde a gênese da jurisdição, que há a presença de um desinteressado, imparcial, para resolução dos conflitos (árbitros que evoluíram depois para juízes estatais que representavam o império romano). Pela Jurisdição os juízes agem em substituição às partes, que não podem fazer justiça com as próprias mãos (345, CP – vedada a autotutela).Às partes, resta a possibilidade de fazer agir, provocando o exercício da função jurisdicional e, como a jurisdição se exerce através do processo, este pode ser, provisoriamente, conceituado como instrumento por meio do qual os órgãos jurisdicionais atuam para pacificar os conflitos da sociedade( as pessoas conflitantes), eliminando os conflitos e fazendo cumprir o preceito jurídico pertinente a cada caso que lhes é apresentado em busca de solução. A jurisdição é a ferramenta moderna para resolução dos conflitos, que por sua vez, utiliza-se do processo. As considerações acima mostram que, antes de o Estado conquistar para si o poder de declarar qual o direito no caso concreto e promover a sua realização prática (jurisdição), houve três fases distintas: a)autotutela; b)arbitragem facultativa; c)arbitragem obrigatória. A autocomposição, forma de solução parcial dos conflitos, é tão antiga quanto a autotutela. O processo surgiu com a arbitragem obrigatória. A jurisdição estatal, com a capacidade de impor a solução dos conflitos, só depois (no sentido em que a entendemos hoje). A evolução histórica dos conflitos não se deu de forma linear, houve avanços e retrocessos até nossos dias. Em determinada sociedade, em algum lugar poderia estar mais desenvolvido e outros não. Nem sempre seguiu- se aquela ordem. Função Estatal - Jurisdição A Jurisdição é uma das expressões do poder estatal, caracterizando-se pela capacidade que o Estado tem de decidir, imperativamente, e impor suas decisões. O que distingue a jurisdição das demais funções do Estado (legislação, administração) é precisamente, em primeiro plano, a finalidade pacificadora com que o Estado a exerce. A pacificação é o espaço magno da jurisdição e de todo o sistema processual. – uma vez que todo ele pode ser definido como a disciplina jurídica da jurisdição e seu exercício. O objetivo síntese do Estado contemporâneo é o bem-comum. A jurisdição cumpre este objetivo quando promove a pacificação. São de três ordens os escopos visados pelo Estado no exercício dela: SOCIAIS (educação para o exercício dos próprios direitos e respeito aos direitos alheios); POLÍTICOS (a preservação do valor liberdade, a oferta de meios 8 de participação nos destinos da nação e do Estado e a preservação do ordenamento jurídico e da própria autoridade deste); JURÍDICO (a atuação da vontade concreta do direito). É para a consecução dos objetivos da jurisdição, e particularmente daquele relacionado com a pacificação com justiça, que o Estado institui o sistema processual, ditando normas a respeito (direito processual), criando órgãos jurisdicionais, fazendo despesas com isso e exercendo através deles o seu poder. Afirma-se que o objetivo-síntese do Estado contemporâneo é o bem comum, e quando se passa AP estudo da jurisdição é lícito dizer que a projeção particularizada do bem comum nessa área é a pacificação com justiça. O extraordinário fortalecimento do Estado, ao qual se aliou a consciência da sua essencial função pacificadora, conduziu à afirmação da quase absoluta exclusividade estatal no exercício dessa função. Atualmente, vem ganhando corpo a consciência de que, se o que importa é pacificar, torna-se irrelevante que a pacificação venha por obra do Estado ou por outros meios, desde que eficientes. Meios alternativos de Pacificação Social (resolução de conflitos) no Dir. Moderno Autocomposição/composição (conciliação/transação) – [art. 269, incisos II a IV do CPC] Arbitramento (Lei 9307/96) – conciliação/mediação/arbitragem O PROCESSO é necessariamente formal (embora não devam ser formalistas aqueles que operam o processo) porque suas formas constituem o modo pelo qual as partes têm a garantia de legalidade e imparcialidade no exercício da jurisdição. Os dois principais óbices a efetividade da função pacificador são: a duração do processo e o custo. Para tentar amenizar as dificuldades e melhorar o acesso à justiça é a utilização de meios alternativos para a solução de conflitos. A primeira característica dessas vertentes alternativas é a ruptura com o formalismo processual. A desformalização é uma tendência quando se trata de celeridade. Depois, dada a preocupação social de levar justiça a todos, também a gratuidade constitui característica marcante dessa tendência. Constitui também como característica a delegalização, caracterizada por amplas margens de liberdade nas soluções a cargo dos órgãos jurisdicionais estatais. Meios “alternativos”, alternativos entre aspas porque são do campo jurisprudencial. Formas de resolver o conflito na sociedade através da jurisdição. É alternativo porque é um método que não é a jurisdição comum tradicional. Não são autônomos, estão dentro da jurisdição. Conciliação: pode ser extraprocessual (submissão, transação ou desistência da pretensão) ou endoprocessual (desistência da ação – revogação da demanda inicial para que o processo se extinga sem que o conflito receba solução alguma). Em ambos os casos visa a induzir os própriossujeitos em conflito a ditar uma solução para sua pendência, mas em matéria criminal não há possibilidade de conciliação fora do processo. Mediação: assemelha-se à conciliação: os interessados utilizam a intermediação de um terceiro, particular, para chegarem à pacificação de seu conflito. Distingue-se dela somente porque a conciliação busca sobretudo o acordo entre as partes, enquanto a mediação trabalha o conflito, surgindo o acordo como mera consequência. Trata-se de uma diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo. Arbitragem: Com as Leis 9099/95 (Juizados Especiais) e 9037/96 (Arbitragem), ganhou nova força e vigor e, em alguma medida, vai passando a ser utilizada efetivamente como meio alternativo para a pacificação de pessoas em conflito. Ela só admite em matéria civil (não penal), na medida da disponibilidade dos interesses substanciais em conflito. É um meio jurisdicional, pois é o Estado que disciplina a arbitragem por meio de lei federal. Os indivíduos em conflito tem que firmar um compromisso arbitral (cláusula expressa que não pode ser retratada para usar a jurisdição tradicional). Se não chegam a um acordo, cabe ao árbitro decidir. A sentença tem a mesma eficácia que a sentença de juiz togado e caso não seja cumprida, seve como título executivo extrajudicial para cumprir na jurisdição tradicional dando efetividade aquela sentença. Autotutela, autocomposição e arbitragem no direito moderno Autotutela: apesar da enérgica repulsa à autotutela como meio ordinário para a satisfação de pretensões em benefício do mais forte ou astuto, em relação a certos casos excepcionalíssimos a própria lei abre exceções a tal proibição. Ex: legítima defesa ou estado de necessidade, entre outros. São duas as razões pelas quais se admite a conduta unilateral invasora da esfera jurídica alheia nesses casos excepcionais : a) a impossibilidade de estar o 9 Estado-juiz presente sempre que um direito esteja sendo violado ou prestes a sê-lo; b) a ausência de confiança de cada um no altruísmo alheio, inspirador de uma possível autocomposição. Autocomposição: é considerado legítimo meio alternativo de solução dos conflitos estimulado pelo direito mediante as atividades consistentes na conciliação. De um modo geral pode-se dizer que é admitida sempre que não se trate de direitos intimamente ligados ao próprio modo de ser da pessoa, que sua perda a degrade a situações intoleráveis. Principais modalidades são a conciliação e a mediação, utiliza um terceiro facilitador para ajudar os próprios interessados a solucionar seu conflito. A conciliação tende à obtenção de um acordo e é mais indicada para conflitos que não se protraiam no tempo (acidentes de veículos, relações de consumo). A mediação visa prioritariamente a trabalhar o conflito, consistindo na busca de um acordo objetivo secundário, e é mais indicada para conflitos que protraiam no tempo (relações de vizinhança, de família ou entre empresas, etc). A autocomposição é instrumento precipuamente voltado a pacificação social, mais que a própria sentença, pois lida com todo o conflito existente entre as partes em sua vida real e não apenas com a parcela de conflito levada a juízo. Mediação e conciliação a diferença está no método. A autocomposição tem a intervenção de um terceiro e esse terceiro será sempre um representante do Estado (juiz, juiz leigo, conciliador) por meio da jurisdição. Poderosa tendência doutrinária atribui à arbitragem natureza jurisdicional. A única diferença entre a jurisdição arbitral e a jurisdição estatal consistiria na circunstância de que o juízo arbitral é atribuído a um privado, investido de jurisdição pela vontade das partes, enquanto a jurisdição estatal é desempenhada pelo Estado, por intermédio de seus juízes e tribunais – mas muito acima disso paira o escopo de pacificar sujeitos mediante a solução de seus conflitos, que é inerente a todo exercício da jurisdição, quer estatal, quer arbitral. Em certas matérias não se admitem exceções à regra da proibição da autotutela nem é, em princípio, permitida a autocomposição para a imposição das sanções legais. É o que sucedia de modo absoluto em matéria criminal antes da lei dos Juizados Especiais. Essa lei introduziu no sistema um novo modelo consensual para a Justiça criminal, por intermédio de quatro medidas despenalizadoras: a) nas infrações de menor potencial ofensivo de iniciativa privada ou pública condicionada, havendo composição civil, resulta extinta a punibilidade; b) não havendo composição civil ou tratando-se de ação penal incondicionada, a lei autoriza a aplicação imediata de pena alternativa, mediante transação penal; c) as lesões corporais culposas e leves passam a depender de representação; os crimes cuja pena mínima não seja superior a um ano permitem a suspensão condicional do processo. O acesso à justiça é a ideia central a que converge toda a oferta constitucional e legal desses princípios e garantias. Assim, (a) oferece-se a mais ampla admissão de pessoas e causas ao processo (universalidade da jurisdição), depois (b) garante-se a todas elas (no cível e no criminal) a observância das regras que consubstanciam o devido processo legal, para que (c) possam participar intensamente da formação do convencimento do juiz que irá julgar a causa (princípio do contraditório), podendo exigir dele (d) a efetividade de uma participação em diálogo - tudo isso com vista a preparar uma solução que seja justa e capaz de eliminar todo resíduo de insatisfação. Os quatro óbices a efetividade do processo são: a) a admissão ao processo – é preciso eliminar as dificuldades que impeçam ou desanimem as pessoas de litigar ou dificultem o oferecimento de defesa adequada; b) o modo de ser do processo; c) a justiça das decisões; d)efetividade das decisões – todo processo deve dar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem o direito de obter. O PROCESSO E O DIREITO PROCESSUAL Linhas evolutivas - 3 fases metodológicas fundamentais. * Dir. Material X Dir. Processual Princípio X Norma (Regras) Função do Estado moderno: a função fundamental é de promover a plena realização dos valores humanos, isso deve servir, de um lado, para pôr em destaque a função jurisdicional pacificadora como fator de eliminação dos 10 conflitos que afligem as pessoas ou grupos e lhes trazem angústia; de outro, para advertir os encarregados do sistema quanto à necessidade de fazer do processo um meio efetivo para a realização da justiça. Objetivo-síntese do Estado contemporâneo é o bem comum, e quando se passa ao estudo da jurisdição é lícito dizer que a projeção particularizada do bem comum nessa área é buscado mediante a pacificação com justiça. O Estado brasileiro quer uma ordem social que tenha como base o primado do trabalho e como objetivo o bem- estar e a justiça sociais e considera-se responsável por sua efetividade. Para o cumprimento desse desiderato propõe-se a desenvolver sua variada atividade em benefício da população. Essa atividade compreende a realização de obras e prestação de serviços relacionados com a ordem social e econômica, bem como as providências de ordem jurídica destinadas a disciplinar a cooperação entre os indivíduos e a dirimir os conflitos entre pessoas em geral. Tal é a função jurídica do Estado. No desempenho de sua função jurídica o Estado regula as relações intersubjetivas através de duas ordens de atividades, distintas mas intimamente relacionadas: Legislação: estabelece as normas que, segundo a consciência dominante, devem reger as mais variadas relações,são normas de caráter genérico e abstrato. Jurisdição: cuida o Estado de buscar a realização prática daquelas normas em casos concretos de conflitoentre pessoas ou grupos. Enquanto a legislação mira no futuro, a jurisdição volta-se ao passado mediante a apreciação de fatos concretos já ocorridos. Diz-se que as pessoas a quem se dirigem em concreto os preceitos do direito objetivo estão interligadas por uma relação jurídica (nexo, derivado do direito, que une dois ou mais sujeitos, atribuindo-lhes poderes, direitos, faculdades e os correspondentes deveres, obrigações, sujeições, ônus). Através da relação jurídica regulam-se não só os conflitos de interesses entre as pessoas, mas também a cooperação que estas devem desenvolver em benefício de determinado objetivo comum. Ex: relação que constitui o nexo entre devedor e credor. Caracterizada a insatisfação de alguma pessoa em razão de uma pretensão que não pôde ser ou de qualquer modo não satisfeita, o Estado poderá ser chamado a desempenhar sua função jurisdicional; e ele o fará em cooperação com ambas as partes envolvidas no conflito ou com uma só delas, segundo um método de trabalho estabelecido em normas adequadas. A essa soma de atividades em cooperação e à soma de poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições que impulsionam essa atividade dá-se o nome de processo, o qual será, conforme o caso, judicial ou arbitral. Diferença entre direito material e o direito processual vai ser o conteúdo da norma, objeto de disciplina daquela norma, princípio, regra. O OBJETO que diferencia. Não há interdependência, são autônomos. DIREITO MATERIAL Conjunto de normas (princípios e regras) que disciplinam as relações jurídicas referentes aos indivíduos entre si, a bens e a utilidades da vida. (D. Civil, Penal, Trabalho, Comercial,...). São princípio e regras que orientam as relações jurídicas referentes a bens e utilidades da vida, o nosso cotidiano, nós as encontramos no direito civil, penal, trabalhista, etc. Todas as normas que regulam a conduta cotidiana, relações rotineiras, coisas comuns...Todas essas disciplinas não passam de divisões didáticas de acordo com a natureza das normas. Normas se referem a princípios e regras, mas esses se diferenciam, princípios são espécies de norma que visam regulamentar de forma geral determinado assunto, eles são mais vistos na CF. Já as regras são espécie de normas mais específicas, sobre um tema mais específico, detalhado. Princípios e regras se complementam, pois eu precisarei de uma regra para detalhar um assunto já disciplinado por um princípio. Regulamentam condutas, vendando algumas quando necessário. Essas normas existem desde sempre no seio da sociedade, já as normas de direito processual surgem depois. Essas regras de direito material existem até o momento onde houver o CONFLITO RESISTIDO, a partir de então o direito material perde sua força, pois o sujeito que deveria respeitar a norma, não respeitou, gerando o conflito resistido, e a necessidade de restituir o direito material violado, e para isso, para fazer o direito material voltar a ter força, eu utilizarei as normas do Direito 11 Processual. O direito material só tem força enquanto há o respeito do direito do outro. Por si só não se restitui, não tem poder de autorregeneração porque disciplina a conduta do indivíduo e não a resolução da lesão. Para resolver o conflito é necessário da jurisdição, para o exercício da jurisdição o direito processual o rege como também a conduta dos indivíduos no processo. DIREITO PROCESSUAL Conjunto de normas (princípios e regras) que regem o exercício da jurisdição pelo Estado juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado. Não disciplina a conduta do indivíduo no cotidiano. É a disciplina dos 4 institutos fundamentais. Disciplina as relações dos sujeitos processuais, da posição e da situação de cada um deles no processo e na forma de se proceder/ realizar tais atos (processuais), sem nada dizer quanto ao bem da vida, objeto de interesse do indivíduo. Disciplinam a jurisdição pois a forma de resolver o conflito resistido é através da jurisdição, mas além disso disciplina também a ação do autor e a defesa do réu. Quem são os sujeitos processuais? Estado-juiz, autor e requerido (réu). O direito processual disciplina como o direito material será restituído, utilizando a jurisdição, a ação, a defesa e o processo, o direito processual disciplina TUDO a respeito desses 4 elementos. O direito material tem a função de organizar o cotidiano, enquanto a função do direito processual é ser instrumento a serviço do direito material, ou seja, no sentido de resolver o conflito resistido através da jurisdição e restabelecer a força do direito material. Normas que expressam “como fazer”. Quando estamos dentro de um processo, só iremos trabalhar com normas de direito processual, enquanto as normas de direito material só irão aparecer na SENTENÇA, onde será o momento em que o juiz dirá quem tem e quem não tem direito ao direito material. Em todo o processo não utiliza nenhuma norma material. A FUNÇÃO do direito processual é ser INSTRUMENTO (ferramenta) A SERVIÇO DO DIREITO MATERIAL, todos os seus institutos fundamentais são concebidos e justificam-se pela necessidade de garantir a autoridade do ordenamento jurídico. Para reparar o direito material é necessário a utilização do direito processual que só entra quando provocado. A INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO: seja ao legislar ou ao realizar atos de jurisdição, o Estado exerce seu poder, o poder estatal. Toda a atividade jurídica exercida pelo Estado visa a um objetivo maior, que é a pacificação social. É antes de tudo para evitar ou eliminar conflitos entre pessoas, fazendo justiça, que o Estado legisla, julga e executa. O processo é um instrumento a serviço da paz social. Aspecto positivo: da relação que liga o sistema processual à ordem jurídica-material e ao mundo das pessoas, dos grupos e do Estado, com realce à necessidade de predispô-lo ao integral cumprimento de todos os seus escopos sociais, políticos e jurídico. Aspecto negativo: Consiste em alertar para o fato de que ele não é um fim em si mesmo e não deve, na prática cotidiana, ser guindado à condição de fonte geradora de direitos. LINHAS EVOLUTIVAS – HISTÓRIA DO DIR. PROCESSUAL (como nasceu a ciência processual) A história do direito processual inclui três fases metodológicas fundamentais: FASES METODOLÓGICAS são marcadas por características e não por marco temporal 1ª FASE: SINCRETÍSMO (UNIDADE – PERÍODO SINCRÉTICO) O processo era considerado como simples meio de exercício dos direitos (materiais) vigendo até meados do séc. XX a) A ação era sinônima do próprio direito subjetivo (MATERIAL) - O cidadão romano, quando precisava reparar o seu direito violado, utilizava o direito material em exercício, pois não havia separação. b) Não havia sequer consciência da autonomia da relação jurídica processual em face da relação jurídica de natureza substancial eventualmente ligando os sujeitos do processo. c) Não havia, consequentemente, noção do direito processual como ramo autônomo do direito, BEM COMO, não havia elementos caracterizadores de sua autonomia científica. 12 Nessa fase não havia divisão entre direito material e processual, não havia consciência da existência do dir. processual. Haviam leis, haviam princípios, mas só se era conhecido o direito como um todo, não havia divisão entre as classes de normas processuais e materiais. É como se houvesse apenas um código de direito, e nele continham juntos normas de direito material e processual, eles utilizam todas essas normas para reparar o direito material, que visavam ser simples meio de exercício de direitos. O direito processual nasce depois da divisão entre direito material e direito processual. Obs: Origem do nosso direito = DireitoRomano - Germânico (Civil Law) Marcada pela ausência de Direito Processual. 2ª FASE: FASE AUTONOMISTA OU CONCEITUAL (CIÊNCIA PROCESSUAL). Marcada pelas grandes construções científicas do direito processual. Nascimento da ciência Processual nasce, cresce e se desenvolve: 1868, Oskar Von Bulow, “Das exceções Dilatórias e dos Pressupostos processuais”. – Começou-se a observar que existiam normas que diferenciavam em suas abordagens e seus objetos. Oskar Von Bulow começou, em 1868, identificou que no ordenamento jurídico há duas classes de normas diferentes, ele identificou que existiam normas que pela sua característica, finalidade e objeto, poderiam ser aglutinadas e classificadas como uma matéria autônoma (Dir. Processual). Foi nessa fase que o direito processual se tornou autônomo, desvinculado do direito material. Hoje, as normas de direito processual são completamente autônomas, independentes das normas de direito material, enquanto as normas de direito processual tem função de pacificar os conflitos da sociedade, reparando o direito material lesado, o direito material serve para organizar a vida em sociedade. As normas de direito processual são normas instrumentais, ou seja, servem de instrumento a serviço da reparação do direito material. Se torna autônoma (porque contém um conjunto de regras de caráter universal, o caráter universal confere a autonomia da ciência que vale no mundo todo) e as doutrinas, teorias, institutos são criadas. - Durou aproximadamente 01 séc. - Foi marcada pelas grandes construções científicas-teóricas do Direito Processual, principalmente a natureza jurídica da ação, a natureza jurídica do processo, as condições da ação e os Pressupostos Processuais, exigindo-se definitivamente uma ciência processual. - A maior preocupação desta fase foi a afirmação da autonomia científica do Dir. Processual, em que as grandes estruturas do sistema foram traçadas e os conceitos largamente discutidos e amadurecidos. GRANDE PREOCUPAÇÃO: era sedimentar essa ciência teorizando e criando os grandes institutos, criar uma ciência autônoma, o que temos hoje é o aperfeiçoamento. Não se preocuparam com o sistema externo do direito processual, não interessava se o direito processual era bom, era justo, etc. O sistema processual era estudado mediante uma visão puramente introspectiva sem a análise de seus resultados na vida das pessoas ou uma suficiente preocupação pela justiça que ele fosse capaz de fazer. A preocupação era sedimentar o direito processual. FALTOU UMA POSTURA CRÍTICA. 3ª FASE: FASE INSTRUMENTALISTA. É eminentemente crítica É a última fase do Dir. Processual moderno (fase em andamento – ainda em curso). Fase que se desenvolveu a partir do momento em que os juristas tomaram consciência de que as normas do direito processual são autônomas, porém tem como finalidade servir ao direito material, então a partir dessa observação de que as normas de direito processual vem para reparar o direito material lesado, vem nascendo a fase instrumentalista do direito processual moderno. O aspecto técnico-dogmático havia atingido níveis de elevado desenvolvimento, mas o sistema deixava a desejar quanto a sua missão de “produzir” justiça entre os membros da sociedade. Diante disso, passou-se a ver o processo sobre um ângulo externo, examinando-o sob o prisma dos resultados práticos. Passaram a fazer crítica da visão interior que não se preocupava com os resultados práticos, se preocupavam com a efetividade da função de promover a justiça e a pacificação social. Passaram a ter uma visão mais externa – olhar para fora de si – preocupar com os resultados práticos. Tem que estar a serviços do direito material. 13 - Foi marcada pela visão crítica do Dir. Processual e um efetivo potencial reformista. – Diferentemente da fase autonomista, em que o direito processual era observado de dentro para fora, nessa fase o direito processual será observado de fora pra dentro, sob o ângulo externo, e sempre objetivando averiguar se o direito processual estava atingindo a sua finalidade: ser instrumento do direito processual, e reestabelecer o direito material lesado. Ponto de vista dos resultados práticos. Reformar os institutos que não estavam sendo efetivos, busca dos resultados, efetividade do direito processual. TORNAR O DIREITO PROCESSUAL EFETIVO. - “O aspecto técnico-dogmático atingiu níveis de elevado desenvolvimento, mas o sistema deixa a desejar em sua missão de produzir justiça entre os membros da sociedade”. – Com a visão externa, vimos que apesar de já havermos atingido um nível dogmático elevado, ainda haviam falhar no objetivo do direito material lesado, por isso, pelo fato do direito processual na fase instrumentalista ainda estar em andamento, essa ciência ainda está em forte potencial reformista. - Visão do processo sob o ângulo externo, examinando-o sob o ponto de vista dos resultados práticos (Potencial reformista). No decorrer dessa fase ainda em andamento tiveram lugar Três ondas renovatórias: - “Ondas Renovatórias” ocorridas nessa fase: Decorrentes de falhas na celeridade e acessibilidade da ciência processual, Mauro Capeletti foi o propulsor dessas ondas renovatórias. Veja as ondas renovatórias, que surgiram da análise crítica ao direito processual moderno: 1ª) Assistência judiciária gratuita aos necessitados; Para apresentar uma demanda, é necessário se pagar custas e despesas processuais, e não é barato, visando assistir aqueles que não tinham condição de pagar essas custas, promoveram-se normas que atingissem a classe mais humilde, democratizando ainda mais o acesso a justiça. Consiste nos estudos para a melhoria das aberturas para os segmentos menos favorecidos da sociedade, inclusive mediante a assistência judiciária. 2ª) Tutela dos interesses supra-individuais (difusos ou coletivos); - São as chamadas ações coletivas hoje em dia,voltada especialmente no tocante aos consumidores e a higidez ambiental. Ex: Se a Vivo parasse de funcionar por uma semana, os legitimados, em nome dos clientes da vivo, poderiam reivindicar os direitos dos clientes através de uma ação coletiva. No entanto, antigamente isso não poderia acontecer, cada cliente, teria que particularmente apresentar sua demanda, mas hoje, graças a essa onde renovatória, pode-se apresentar uma ação em conjunto, uma ação coletiva. 3ª) Traduzida em múltiplas tentativas com vista à obtenção de fins diversos, ligados ao modo de ser do processo: - Simplificação/ Racionalização de Procedimentos, prestigiando: - Conciliação - Justiça mais acessível e participava; - Equidade social distributiva. Daqui surgi os juizados especiais. Retirada de obstáculos para a efetividade do direito processual. Tudo que já se fez e se pretende fazer nesse sentido visa, como se compreende, à EFETIVIDADE DO PROCESSO COMO MEIO DE ACESSO À JUSTIÇA. É indispensável a consciência de que o processo não é mero instrumento técnico a serviço da ordem jurídica, mas, acima disso, poderoso instrumento ético destinado a servir à sociedade e ao Estado. DENOMINAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL: Diferentes denominação têm sido atribuídas no curso do tempo ao conjunto de conhecimentos relativos ao processo judicial. Data da época da renovação dos estudos romantísticos no século XI o início das investigações dos juristas em torno dos problemas processuais. Em um primeiro momento, utilizando o material fornecido pelo direito romano e pelo canônico, os autores procuraram penetrar no próprio âmago do processo. Tal período culmina o Speculum judiciale (1271), de Duranti, que resume e condensa toda a doutrina até então elaborada. Duranti deu especial realce ao aspecto exterior do processo, em que por largo tempo passaram a concentraros autores, com prejuízo da pesquisa de seus nexos ocultos. Proliferaram, de então em diante e por longo tempo, as práticas e as praxes, cuja simples designação deixava clara a intenção de limitar seu conteúdo ao aspecto externo do fenômeno processual sem preocupações de ordem científica, mas com objetivos meramente pragmáticos. A denominação DIREITO JUDICIÁRIO, vinculada à 14 designação romana do processo (judicium) e ao seu principal sujeito (o juiz, o órgão judiciário), revelou sem dúvida, um progresso no sentido da visão mais científica do objeto da nossa ciência. Tal locução, no entanto, mereceu a crítica de indicar demais (porque nem todo o judiciário é processual) ou indiciar de menos (porque o juiz é apenas o sujeito imparcial do processo, que exige ao menos mais dois sujeitos – os litigantes). Por influência alemã difundiu-se a expressão DIREITO PROCESSUAL, hoje dominante e contra a qual não se podem levantar as mesmas restrições suscitadas contra as demais designações da disciplina. Posição enciclopédica do direito processual: Informado por princípios próprios, decorrentes da função do processo e tendo este por objeto específico, o direito processual é uma ciência autônoma no campo da dogmática jurídica. Incluída dentro do direto público, suas raízes principais prendem-se estreitamente ao tronco do direito constitucional, envolvendo-se suas normas com as de todos os demais campos do direito. O direito processual, por sua vez, inclusive por meio de disposições contidas no próprio texto constitucional, cria e regula a efetivação dos remédios aptos a tornar efetivo todo o ordenamento jurídico, em todos os seus ramos, com o objetivo precípuo de dirimir conflitos interindividuais, pacificando e fazendo justiça em casos concretos. E, ademais dessa conexão instrumental genérica que se estabelece entre o direito processual e todos os demais ramos da árvore jurídica, outras existem, mais específicas, que o relacionam com cada um dos ramos do direito substancial. Divisão do direito processual: Como é uma a jurisdição, expressão do poder estatal igualmente uno, uno também é o direito processual, como sistema de princípios e normas para o exercício da jurisdição. O direito processual como um todo decorre dos grandes princípios e garantias constitucionais pertinentes e a grande bifurcação entre processo civil e processo penal corresponde apenas as exigências pragmáticas relacionadas com o tipo de normas jurídico-substaciais a atuar. Obviamente, a unidade fundamental do direito processual não pode levar à falsa ideia da identidade ou uniformização de seus ramos distintos. Conforme a natureza da pretensão sobre a qual incide, o processo será civil ou penal. Processo penal é aquele que apresenta, em um de seus polos constratantes, uma pretensão punitiva do Estado. E civil, por seu turno, é o que não é penal e por meio do qual se resolvem conflitos regulados não só pelo direito privado, como também pelo direito constitucional, administrativo, tributário, trabalhista, etc (todos, ramos do direito não penal). NORMA, PRINCÍPIO E REGRA: Objeto do direito é as normas. NORMAS: é um dever-ser, um comando reconhecido pelo seu destinatário, que se constitui como princípios e como regra. Uma regra de conduta, podendo ser jurídica, moral, técnica, etc. Norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico. As normas presentes no ordenamento jurídico podem ser expressas (positivadas) ou tácitas (permeiam o ordenamento). Normas são gênero de duas espécies: princípio e regra. PRINCÍPIOS: consiste em norma jurídica que consagra modelos genéricos e abstratos de conduta, sem estabelecer uma solução única e predeterminada abstratamente. Veiculam valores, diretrizes. São pilares, alicerces, o que dá sustentação para as normas. Regra básica de toda ordenação fundamental. São vetores para interpretação das normas. São normas de natureza geral, programáticas, fornecem as diretrizes, os caminhos que tem que seguir para conhecer o ramo de direito específico, no caso, direito processual. REGRA: traduz uma solução concreta e definida onde contém uma descrição teórica e abstrata de certa situação cuja ocorrência aplica-se um mandamento que determina como os sujeitos devem (é obrigatório), não devem (é proibido) ou podem (é facultado) conduzir-se. Pautas normativas que determinam em termos mais preciso as condutas facultadas, proibidas ou obrigatórias. São normas de cunho específico, regulamentam e disciplinam de forma detalhada uma conduta específica. A regra tem que observar o princípio. O princípio se sobrepõe a regra – a regra só se sobrepõe se for hierarquicamente superior, mas a regra nunca poderá contrariar o princípio. TODOS os ramos tem como fonte principal a Constituição Federal. 15 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL - Ligações entre a Constituição Federal e o Direito Processual. - Direito Constitucional Processual e Direito Processual Constitucional (distinção didática). - Divisão Doutrinária: DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL Todo o direito processual, como ramo do direito público, tem suas linhas fundamentais traçadas pelo direito constitucional, o qual fixa a estrutura dos órgãos jurisdicionais, garante a distribuição da justiça e a efetividade do direito objetivo, estabelece alguns princípios processuais; e o direito processual penal chega a ser apontado como direito constitucional aplicado à relações entre autoridade e liberdade. Mas além de seus pressupostos constitucionais, comuns a todos os ramos do direito, o direito processual é fundamentalmente delineado pela Constituição em muitos de seus aspectos e institutos característicos. É justamente a Constituição, como resultante do equilíbrio das forças políticas existentes na sociedade em dado momento histórico, que se constitui no instrumento jurídico de que deve utilizar-se o processualista para o completo entendimento do fenômeno processo e de seus princípios. - A condensação metodológica e sistemática dos princípios constitucionais do processo to ma o nome de direito processual constitucional. Não se trata de um ramo autônomo do direito processual mas de uma colocação científica, de um ponto de vista metodológico e sistemático, do qual se pode examinar o processo em suas relações com a Constituição. O direito processual constitucional abrange, de um lado, (a) a tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do processo e (b) de outro, a jurisdição constitucional. - A tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária corresponde às normas constitucionais sobre os órgãos da jurisdição, sua competência e suas garantias. - A jurisdição constitucional compreende, por sua vez o controle judiciário da constitucionalidade das leis e dos atos da Administração, bem como a denominada jurisdição constitucional das liberdades, como o uso dos remédios constitucionais-processuais – habeas corpus, habeas data, etc. - A tutela constitucional do processo é matéria atinente à teoria geral do processo com sua dupla configuração: (1) direito de acesso à justiça (ou direito de ação e de defesa); (2) direito ao processo (ou garantias do devido processo legal). - A análise da Constituição brasileira em vigor aponta vários dispositivos portadores da tutela constitucional da ação e do processo. Ela própria incumbe-se de configurar o direito processual não mais como mero conjunto de regras acessórias de aplicação do direito material, mas, cientificamente, como instrumento público de realização da justiça e preservação do valor da liberdade. Reconhecendo a relevância da ciência processual, a Constituição atribui à União a competência para legislar sobre o direito processual, unitariamente conceituado; quanto a “procedimentos em matéria processual”, dá competênciaconcorrente à União, aos Estados e ao DF. - O direito de ação, com o correlato acesso à justiça, é ainda sublinhado pela disposição constitucional sobre os juizados especiais para pequenas causas, civis e penais, agora obrigatórios e todos informados pela conciliação e pelos princípios da oralidade e concentração. Mesmo fora dos juizados a Constituição valoriza a função conciliatória extrajudicial, pela ampliação dos poderes do juiz de paz. Direito processual: é expressão dotada de conteúdo próprio, em que se traduz a garantia da tutela jurisdicional do Estado, através de procedimentos demarcados formalmente em lei. 1) Direito de acesso à justiça 16 O direto de ação, tradicionalmente reconhecido no Brasil como direito de acesso à justiça para a defesa de direitos individuais violados, foi ampliado, pela CF/88, à via preventiva, para englobar a ameaça. Para a efetivação dessa garantia a CF não apenas se preocupou com a assistência judiciária aos que comprovarem insuficiência de recursos, mas a estendeu à assistência jurídica pré-processual. Sendo ambas consideradas dever do Estado, ficou este obrigado a organizar a carreira jurídica dos defensores públicos, cercada de muitas das garantias reconhecidas ao MP. 2) Direito ao processo (garantia do devido processo legal) (está no quadro acima) É entendido como o conjunto de garantias constitucionais que, de um lado, asseguram às partes o exercício de suas faculdades e poderes processuais e, do outro, são indispensáveis ao correto exercício da jurisdição. São garantias que não servem apenas aos interesses das partes, como direitos públicos subjetivos (ou poderes e faculdades processuais) destas, mas que configuram, antes de mais nada, a salvaguarda do próprio processo, objetivamente considerado, como fator legitimante do exercício da jurisdição. • Compreende-se modernamente na cláusula do devido processo legal o direito ao procedimento adequado: não só deve o procedimento ser conduzido sob o pálio do contraditório, como também há de ser aderente à realidade social e consentâneo com a relação de direito material controvertida. • A investigação administrativa realizada pela polícia judiciária e denominada inquérito policial não está abrangida pela garantia do contraditório e da defesa, mesmo perante o vigente texto constitucional, pois nela ainda não há acusado, mas mero indiciado – com a consequência de que o inquérito não será apto a gerar, por si próprio, uma imposição de pena a esse sujeito. Consistem no conjunto de garantias constitucionais que asseguram às partes o exercício de suas faculdades e poderes processuais, sendo indispensáveis ao correto exercício da jurisdição. Pela primeira vez o texto constitucional (CF - 88) adotou, expressamente, a fórmula do direito anglo-saxão no art. 5º, LIV - “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Cláusula do Devido Processo Legal (CDPL) composta de várias outras garantias e princípios constitucionais, como se fosse um resumo, juntos são diretrizes para o processo. Por que conjugou vários dentro desta cláusula? Porque entende que são os princípios e as garantias mais importantes dos 4 institutos fundamentais indispensáveis. A inobservância de uma dessas garantias fere a cláusula, pois tudo é essencial. Vício de nulidade absoluta irreparável. Assim, o devido processo legal não é uma garantia e sim um conjunto de garantias constitucionais. O que vai definir se é um Estado Democrático de Direito ou não será os princípios que o constitui, se os princípios forem democráticos o Estado será democrático. Vale para todos: Conteúdo da Cláusula - Garantia - Dever do processo Legal A garantia do Devido Processo Legal foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro de forma a trazer ao indivíduo a segurança necessária à realização de seus direitos. "Garantias das partes e do próprio processo: eis o enfoque completo e harmonioso da clausula devido processo legal, que não se limita ao perfil subjetivo da ação e da defesa, como direitos, mas que acentue, também e especialmente seu perfil objetivo. Garantia, e não direitos, porquanto são de índole assecuratória, e não meramente declaratória, visando a tutelar o exercício de outros direitos e guardando com estes uma relação de instrumentalidade(...)."Da garantia do Devido Processo Legal emanam outras garantias, que objetivam assegurar o regular desenvolvimento do processo. As garantias do devido processo legal Entende-se, com essa fórmula, o conjunto de garantias constitucionais que, de um lado, asseguram às partes o exercício de suas faculdades e poderes processuais e, de outro, são indispensáveis ao correto exercício da jurisdição. Servem não só aos interesses das partes, como direitos públicos subjetivos (ou poderes e faculdades processuais) destas, mas que configuram, antes de tudo, a salvaguarda do próprio processo, objetivamente considerado, como fator legitimante do exercício da jurisdição. a) Garantia do Juiz Natural (5º, XXXVII e LIII, do CF) - Proibição de juízos e tribunais de exceção 17 - Juiz competente - Diretamente ligado a Jurisdição Juiz natural (unidade judiciária e não pessoa física) estabelece conhecimento aos cidadãos, garantia de saber previamente por de lei, antes dos fatos acontecerem, de forma geral e abstrata, qual será o juiz competente. Jamais poderá ser criado tribunal ou juiz após o fato, ou específico para julgar aquele fato, fato este concreto e ocorrido e não mais abstrato. O juiz natural é a garantia de que seremos julgados e processados apenas pelo juízo competente. O princípio do Juiz Natural, com previsão implícita na Constituição Federal de 1988, assegura a toda pessoa, conhecer previamente daquele que a julgará no processo em que seja parte, revestindo tal juiz em jurisdição competente para a matéria específica do caso. Em termos conceituais, extrai-se que, Juiz Natural seja aquele previamente constituído de jurisdição, com atribuições inerentes a função, para julgar determinadas causas de matérias específicas. De outro modo, Brasileiro destaca que “[...] o juiz natural é equiparado à garantia de que ninguém pode ser subtraído de seu juízo constitucional, de modo que se considera juiz natural o órgão judicial cujo poder de julgar derive de fontes constitucionais [...]”[6]. E ainda aponta o desdobramento dessa garantia em três regras de proteção indicadas por Antônio Scarance Fernandes: 1) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; 2) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 3) entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja. Vale dizer que o dispositivo faz menção ao juízo, órgão estatal competente para exercer a tutela jurisdicional e não ao juiz, pessoa física investida, pelo Estado, de poder de julgar. Assim, pela garantia do juízo natural deve de existir um órgão jurisdicional competente predeterminado ou preestabelecido em lei, que não se constitua em um juízo de exceção. Rejeita-se portanto o juízo pós constituído devido a certas situações particulares ou específicas que despertem o interesse do Estado e de seus governantes. Dessa forma prevê o juízo natural um órgão jurisdicional competente instituído, determinado e delimitado sob critérios gerais fixados previamente no ordenamento jurídico. b) Garantia do Contraditório e Ampla Defesa (5º, LV, CF) - Valida para todos os processos, inclusive administrativos, exceto o inquérito policial. - Diretamente ligado a Defesa. Se não for seguido o contraditório o processo é nulo. É TÃO IMPORTANTE para o direito processual que vai além dele. Não é obrigatoriedade de apresentar defesa,mas a garantia de poder se manifestar. O inquérito policial não tem porque ele é sigiloso. Contraditório ≠ Ampla Defesa garantia própria do requerido de se contrapor a tese autoral É a ambas as partes, se um se manifesta o outro tem direito também de se manifestar (é uma diferença doutrinária, mas que para alguns é a mesma coisa) A garantia de não surpresa propiciada pelo princípio do contraditório, a qual traduz-se em possibilitar às partes o debate prévio de quaisquer questões processuais que vierem à tona no processo, dando-lhes a oportunidade de argumentar, arguir elementos comprobatórios ou refutá-los, visto que é defeso ao juiz motivar suas decisões com base em argumentos não suscitados pelas partes. "A ciência bilateral dos atos e termos processuais e possibilidade de contrariá-los." O contraditório significa que toda pessoa física ou jurídica que tiver de manifestar-se no processo tem o direito de invocá-lo a seu favor. Deve ser dado conhecimento da ação e de todos os atos do processo às partes, bem como a possibilidade de responderem, de produzirem provas próprias e adequadas à demonstração do direito que alegam ter. Princípio do Contraditório: assegurado nos processos judiciais e administrativos e compreende a idéia de conceder às partes igualdade perante o órgão julgador, fornecendo oportunidades iguais para se manifestarem no processo sobre os fatos alegados, provas produzidas e demais alegações relacionadas ao processo. Observa- se que a parte poderá até mesmo permanecer em silêncio, mas pelo Princípio do Contraditório, sempre estará garantida a ela a possibilidade de se manifestar se este for seu interesse. Dessa premissa, pode-se deduzir que a defesa não pode sofrer restrições, tendo em vista que tal princípio supõe igualdade entre a acusação e a defesa- princípio da igualdade processual.Na lição de Norberto Avena, o contraditório trata-se do direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo se manifestar a respeito e produzir as provas necessárias antes de ser proferida a decisão jurisdicional a respeito. O contraditório é um dos princípios mais caros do processo penal, haja vista que sua observância constitui requisito de validade do processo e, caso não seja observado, poderá acarretar a nulidade absoluta do processo, 18 gerando prejuízos ao acusado. Por fim, há de se destacar que o princípio do contraditório não se aplica a fase de inquérito policial. Isso porque, o inquérito policial é um mero procedimento administrativo que busca a colheita de provas para informações acerca do fato que infringiu a norma, bem como a sua autoria. Demais, nesta fase não existe acusado ou réu, mas apenas indiciado. Na Constituição brasileira o Princípio da Ampla Defesa está tutelado no mesmo dispositivo que o Contraditório, devido a sua essência, que os torna intimamente ligados e dependentes. egundo Edílson Mougenot o Princípio da Ampla Defesa consiste no direito do réu, dentro dos limites legais, oferecer argumentos em seu favor, bem como constituir prova para demonstrá-los. Mougenot pondera que tal princípio não supõe “uma infinitude de produção defensiva a qualquer tempo”, pois essa produção deve realizar-se “pelos meios e elementos totais de alegações e provas no tempo processual oportunizado pela lei” (BONFIM, 2010, pág. 75). De tudo isso, pode-se afirmar que o Princípio da Ampla Defesa apresenta-se enquanto um princípio garantidor de direitos, que tem como essência evitar que ocorram condenações sem direito de defesa plausível, coerente e justa, o que implicaria necessariamente em um ato autoritário e ditatorial, ferindo o Estado Democrático de Direito e solapando a Constituição Federal. Princípio da Ampla Defesa: garante que a parte construa a sua defesa por todas as formas de provas que a lei processual permitir, podendo assim ser produzida pelos meios e elementos totais que se julgarem disponíveis e convenientes.Mas ressalte-se que ampla produção de provas observará o limite de tempo estipulado na lei processual, não podendo se dar ao mero alvedrio das partes. Com efeito, pode-se afirmar que deste princípio decorre certas garantias processuais, como: dever estatal de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados; o acusado deve ter conhecimento claro da imputação que lhe está sendo feita; o acusado pode apresentar alegações contra a acusação; o acusado pode acompanhar a prova produzida e fazer contraprova; o acusado deve ser representado por advogado; o acusado pode recorrer de decisões desfavoráveis; entre outras. Outrossim, a ampla defesa também trata de uma verdadeira paridade de armas, que é indispensável para a concretização do contraditório, bem como da efetiva imparcialidade do juiz. # o contraditório e ampla defesa vêm assegurados em todos os processos, inclusive administrativos, desde que neles haja litigantes ou um acusado. c) Garantia da Igualdade Processual - Decorre do Princípio da Isonomia (5º, I) - Paridade de Armas - Equilíbrio dos Litigantes no Processo Civil, e da acusação e defesa no Processo Penal Todos os sujeitos processuais tem que ter tratamento igualitário. Não pode haver tratamento diferenciado durante todo o processo. A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualdade perante o juiz: da norma inscrita no art 5º, caput, da Constituição, brota o princípio da igualdade processual. As partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões. ‘[...] As partes se acham no litígio em pé de igualdade e essa igualdade, dentro do processo, outra coisa não é senão uma manifestação do Princípio da Igualdade dos indivíduos perante a lei [...]’. (MEDEIROS, 2001, p.104). “[...] A igualdade de tratamento, todavia, corresponde à igualdade nas oportunidades que serão oferecidas às partes no referente à pratica dos atos processuais, encontrando certa restrições em alguns casos legais, não sendo, portanto, absoluto [...]” (DA SILVA, 1997, p.35). O processo, para ser democrático, demanda igualdade substancial. O princípio da igualdade deve ser dinâmico no sentido de promover a igualização das condições entre as partes de acordo com as respectivas necessidades. d) Garantia da Publicidade e o Dever da Motivação das Decisões Judiciais (5º, LX; 93, IX) Em todo o processo deve observar e garantir a publicidade dos atos processuais. Todos os processos têm que ser públicos (regra geral), e todas as decisões judiciais tem que ser motivadas. Não pode haver decisão sem motivação, pois tem a obrigação constitucional de dizer o porquê chegou àquela decisão – expor os argumentos que o levaram a concluir daquela maneira e dar publicidade a decisão (garantia de controle social – sociedade fiscalizar a atividade jurisdicional). Está expresso no artigo 93, IX da Constituição Federal que: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;... Ao analisarmos a letra da lei, podemos concluir que não é apenas a sentença e o acórdão que deverão ser fundamentados, mas sim todas as decisões proferidas pelos juízes. 19 Conforme leciona Misael Montenegro Filho toda a decisão judicial deve ser fundamentada dando às partes envolvidas a oportunidade de entender os motivos daquela decisão e poder, se for o caso impugnar através de recurso para cada caso. Se isso não for respeitado, a parte poderá oferecer embargos declaratórios para que o juiz se manifeste sobre sua omissão. Deve, pois,
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