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SERVIÇO SOCIAL E CONSELHO TUTELAR

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agradecimentos
A professora Tauana Mendes Nunes que do começo ao fim nos acompanhou nessa luta para chegarmos ao final dessa jornada.
A professora Elzi de Fátima por sempre nos levantar e nos fazer acreditar que, sim, é possível passar por todas essas dificuldades e ter a vitória.
 Á Professora Cecília Lima Navarro que apesar da sua curta estadia conosco, soube nos passar grande sabedoria e conhecimentos fazendo-nos acreditar que sonhos podem se tornar realidade.
Às nossas amigas de turma, por ter caminhado todas juntas nessa conquista.
Carneiro, Virgínia Maria Siqueira. SERVIÇO SOCIAL e CONSELHO TUTELAR: Perspectivas para a garantia de direitos. 2014. 47 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Muriaé, 2014.
RESUMO
As perspectivas para o Serviço Social e os órgãos de garantia de direitos estão passando por transformações na sociedade atual. Para que haja efetivação dos atendimentos e dos encaminhamentos de uma forma abrangente, o Assistente Social deve levar em consideração a legislação que protege crianças e adolescentes de todas as formas de expressão da Questão Social. As equipes multidisciplinares que atuam nos CRAS e nos CREAS formam, junto com os conselheiros tutelares mais uma ferramenta de defesa de crianças e jovens em situação de risco e com seus direitos violados.
Palavras-chave: Serviço Social. Questão Social. Violação de direitos. ECA. 
Carneiro, Virgínia Maria Siqueira. SOCIAL SERVICE AND GUARDIANSHIP COUNCIL Prospects for securing rights. 2014. 47 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso EM Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Muriaé, 2014.
ABSTRACT
Prospects for Social Service agencies and warranty rights are undergoing transformations in society today. So there effectiveness of care and referrals in a comprehensive manner, the Social Worker should consider legislation that protects children and adolescents from all forms of expression of Social Issues. Multidisciplinary staff working in CRAS and CREAS form, along with council members another tool to defend children and youth at risk and their rights violated.
Key-words: Social Service. Social Issues. Violation of rights. ECA.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	ABNT
	Associação Brasileira de Normas Técnicas
	UNOPAR
CT 
ECA
CF/88 
CM
CMM
LBA
SDH
TJ
MP
CONANDA
CEDCA
CMDCA
CSSF
	Universidade Norte do Paraná
Conselho Tutelar
Estatuo da Criança e do Adolescente
Constituição Federal de 1988
Código de Menores
Código Mello Mattos
Legião Brasileira de Assistência
Secretaria de Direitos Humanos
Tribunal de Justiça
Ministério Público
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Comissão de Seguridade Social e à Família
	
	
	
	
	
	
SUMÁRIO
131	INTRODUÇÃO	�
172	DESENVOLVIMENTO	�
423	CONCLUSÃO	�
47REFERÊNCIAS	�
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INTRODUÇÃO
O objetivo desse texto é analisar e avaliar o papel dos Conselhos Tutelares no Brasil através de estudos bibliográficos que se reportam ao tema. Atualmente são muitas as violações sofridas por essa parte da população, entre elas, a violência, o abuso, a negligência entre outras. Podemos perceber que como é uma parte da população que ainda não é considerada cidadã enquanto não possui título de eleitor, a efetivação de políticas públicas em sua defesa ainda está passando por transformações.
O problema da pesquisa que deu origem a esse texto é: os Conselhos Tutelares estão preparados para o enfrentamento dessa expressão da Questão Social que é a vulnerabilidade a qual estão expostas crianças e adolescentes?
Com a identificação do problema podemos estabelecer como:
Objetivo Geral: compreender que os Conselhos Tutelares são falhos desde que não exigem graduação para seus membros.
E os:
Objetivos específicos:
- Identificar a necessidade de graduação para conselheiros tutelares;
- Proporcionar a abertura de novos campos de trabalho para profissionais graduados dentro da área das ciências sociais;
- Efetivar assistentes sociais e outros profissionais graduados como interventores da realidade social dos Conselhos Tutelares.
Podemos então entender que os Conselhos tutelares, órgãos de garantia de direitos não deve ficar à mercê de pessoas leigas e sem conhecimento específico da área de atuação. Tanto o usuário pode ficar prejudicado quanto o próprio agente de defesa da criança e do adolescente.
Para que haja um entendimento maior da abordagem do tema será necessário um resgate histórico das lutas pela implantação da garantia dos direitos da criança e do adolescente.
O termo “menor” usado até bem pouco tempo para classificar o não-adulto foi substituído por criança e adolescente. Esse termo pejorativo sugeria que esses sujeitos eram menores em sua concepção de direitos em contra partida aos adultos.
Falar em direitos de crianças e adolescentes é trabalhar um tema relativamente novo, haja visto que o surgimento dos órgãos de proteção e defesa foram colocados em prática no final do século passado.
Os direitos da criança e do adolescente é um conjunto de normas que tem como principal objetivo organizar a sociedade para zelar e cuidar desses sujeitos. É um ramo jurídico próprio com legislação que consagra a proteção integral. Esta doutrina reconhece crianças e adolescentes como sujeitos de direitos e pessoas em estágio diferente do desenvolvimento enquanto seres. Essa diferenciação faz com que esses seres tenham prioridades à frente das legislações e possam usufruir de tudo aquilo que a idade lhes permite.
Como forma de zelar pelos direitos da criança e do adolescente é surgiram os vários organismos de proteção que englobam as esferas federais, estaduais e municipais.
A Política de Atendimento abrange direitos integrais e permanentes que são originados das pesquisas científicas com crianças e adolescentes em situação de risco ou vulnerabilidades.
O Serviço Social como profissão de lutas pelas liberdades e por direitos é a principal forma de intervenção para que haja aplicabilidade das leis.
Assim sendo, podemos colocar que enquanto reconhecedor das expressões da Questão Social os profissionais de Serviço Social estão aptos a atuar à frente dos Conselhos Tutelares como forma de garantir a preservação da integridade física, mental e moral das crianças e adolescentes.
A criação dos Conselhos Tutelares foi uma exigência da sociedade civil enquanto primeira instância de proteção da população infanto-juvenil.
Para esse artigo o objeto do estudo terá seu embasamento nas leis do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e fará uma análise crítica dos organismos federais, estaduais e municipais que tem por obrigatoriedade a defesa, a proteção e o cumprimento das legislações com as crianças e adolescentes e seus direitos.
Muitos documentos já publicados também poderão fazer parte desse estudo e demais materiais bibliográficos que poderão ser encontrados no ambiente virtual.
Será feito um resgate histórico dos movimentos que deram origem à defesa e proteção à infância e juventude no Brasil e sua aplicabilidade nos estados e municípios.
A discussão apresentada neste artigo tem como objetivo contribuir para que o papel dos conselhos tutelares deixe de ser um mero espectador das vulnerabilidades enfrentadas por crianças e adolescentes e passe a ser autor e protagonista das políticas de direito.
	A Constituição Federal de 1988 (CF/88) é a maior representação de democracia e de implementação de políticas sociais quevisam os direitos essenciais dos cidadãos, mas principalmente há uma severidade quanto à responsabilização do Estado de garantir que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam cumpridos.
	Com a constituição cidadã, como é conhecida, a sociedade passou a encarar como seu um papel que até então era exclusivo da cada bloco familiar em sua individualidade.
	A coletividade tem então oportunidade de reconhecer os “menores” como sujeitos de direitos e de proteção social.
Esse estudo está complementado com as publicações de autores especializados no tema Serviço Social e Conselhos Tutelares.
DESENVOLVIMENTO
Durante o século XVIII o Brasil vivenciou uma infância que analfabeta e trabalhadora dentro de uma sociedade rural e conservadora.
Os meninos ajudavam nos afazeres das lavouras e da pecuária enquanto as meninas bordavam e ajudavam nos serviços domésticos.
Apenas alguns jovens de famílias abastadas podiam estudar e se especializar em profissões exclusivamente machistas como advogados, médicos e dentistas. Para as moças só restava se preparar para o casamento e a constituição de famílias. Muitas dessas em idade precoce assumiam as responsabilidades familiares onde essa temática era mais uma situação vista como normalidade por essa sociedade tipicamente machista.
Durante a implantação tardia da indústria no Brasil ficou configurado que as famílias que possuíam mais membros teriam maiores oportunidades de melhorar a situação financeira dando origem ao êxodo rural e a um aumento populacional das grandes cidades configurando assim o início da Questão social.
	Aos poucos o olhar sobre as crianças, principalmente as mais pobres, oriundas do êxodo rural e tendo que trabalhar na indústria foi adquirindo uma realidade gritante que exigia do Estado respostas efetivas na busca por direitos para esses sujeitos.
	A Igreja Católica, enquanto pioneira em assistência social juntamente com seu corpo voluntário tiveram um papel importantíssimo na busca pela escolarização desses agentes sociais implantando as primeiras escolas de graduação tanto para moças quanto para rapazes, pois essa atividade era considerada exclusivamente feminina.
	A primeira lei que buscava beneficiar as crianças, no Brasil, foi a Lei do Ventre Livre.
Lei nº 2.040, de 28 de Setembro de 1871
Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a libertação annual de escravos.
A Princeza Imperial Regente, em nome de Sua Magestade o Imperador e Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os subditos do Imperio que a Assembléa Geral Decretou e ella Sanccionou a Lei seguinte: 
 Art. 1º Os filhos de mulher escrava que nascerem no Imperio desde a data desta lei, serão considerados de condição livre. 
  § 1º Os ditos filhos menores ficarão em poder o sob a autoridade dos senhores de suas mãis, os quaes terão obrigação de crial-os e tratal-os até a idade de oito annos completos. 
 Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãi terá opção, ou de receber do Estado a indemnização de 600$000, ou de utilisar-se dos serviços do menor até a idade de 21 annos completos. 
 No primeiro caso, o Governo receberá o menor, e lhe dará destino, em conformidade da presente lei. 
 A indemnização pecuniaria acima fixada será paga em titulos de renda com o juro annual de 6%, os quaes se considerarão extinctos no fim de 30 annos. 
 A declaração do senhor deverá ser feita dentro de 30 dias, a contar daquelle em que o menor chegar á idade de oito annos e, se a não fizer então, ficará entendido que opta pelo arbitrio de utilizar-se dos serviços do mesmo menor. 
 § 2º Qualquer desses menores poderá remir-se do onus de servir, mediante prévia indemnização pecuniaria, que por si ou por outrem offereça ao senhor de sua mãi, procedendo-se á avaliação dos serviços pelo tempo que lhe restar a preencher, se não houver accôrdo sobre o quantum da mesma indemnização. 
 § 3º Cabe tambem aos senhores criar e tratar os filhos que as filhas de suas escravas possam ter quando aquellas estiverem prestando serviços. 
 Tal obrigação, porém, cessará logo que findar a prestação dos serviços das mãis. Se estas fallecerem dentro daquelle prazo, seus filhos poderão ser postos à disposição do Governo. 
 §4º Se a mulher escrava obtiver liberdade, os filhos menores de oito annos, que estejam em poder do senhor della por virtude do § 1º, lhe serão entregues, excepto se preferir deixal-os, e o senhor annuir a ficar com elles. 
§ 5º No caso de alienação da mulher escrava, seus filhos livres, menores de 12 annos, a acompanharão, ficando o novo senhor da mesma escrava subrogado nos direitos e obrigações do antecessor. 
§ 6º Cessa a prestação dos serviços dos filhos das escravas antes do prazo marcado no § 1°, se, por sentença do juizo criminal, reconhecer-se que os senhores das mãis os maltratam, infligindo-lhes castigos excessivos. 
 § 7º O direito conferido aos senhores no § 1º transfere-se nos casos de successão necessaria, devendo o filho da escrava prestar serviços á pessoa a quem nas partilhas pertencer a mesma escrava. 
Art. 2º O Governo poderá entregar a associações por elle autorizadas, os filhos das escravas, nascidos desde a data desta lei, que sejam cedidos ou abandonados pelos senhores dellas, ou tirados do poder destes em virtude do art. 1º § 6º. 
 § 1º As ditas associações terão direito aos serviços gratuitos dos menores até a idade de 21 annos completos, e poderão alugar esses serviços, mas serão obrigadas: 
1º A criar e tratar os mesmos menores; 
 2º A constituir para cada um delles um peculio, consistente na quota que para este fim fôr reservada nos respectivos estatutos; 
 3º A procurar-lhes, findo o tempo de serviço, apropriada collocação. 
 § 2º As associações de que trata o paragrapho antecedente serão sujeitas á inspecção dos Juizes de Orphãos, quanto aos menores. 
§ 3º A disposição deste artigo é applicavel ás casas de expostos, e ás pessoas a quem os Juizes de Orphãos encarregarem da educação dos ditos menores, na falta de associações ou estabelecimentos creados para tal fim. 
§ 4º Fica salvo ao Governo o direito de mandar recolher os referidos menores aos estabelecimentos publicos, transferindo-se neste caso para o Estado as obrigações que o § 1º impõe ás associações autorizadas. 
Art. 3º Serão annualmente libertados em cada Provincia do Imperio tantos escravos quantos corresponderem á quota annualmente disponivel do fundo destinado para a emancipação. 
§1º O fundo de emancipação compõe-se: 
1º Da taxa de escravos. 
2º Dos impostos geraes sobre transmissão de propriedade dos escravos. 
3º Do producto de seis loterias annuaes, isentas de impostos, e da decima parte das que forem concedidas d'ora em diante para correrem na capital do Imperio. 
4º Das multas impostas em virtude desta lei. 
 5º Das quotas que sejam marcadas no Orçamento geral e nos provinciaes e municipaes. 
6º De subscripções, doações e legados com esse destino. 
§ 2º As quotas marcadas nos Orçamentos provinciaes e municipaes, assim como as subscripções, doações e legados com destino local, serão applicadas á emancipação nas Provincias, Comarcas, Municipios e Freguezias designadas. 
Art. 4º É permittido ao escravo a formação de um peculio com o que lhe provier de doações, legados e heranças, e com o que, por consentimento do senhor, obtiver do seu trabalho e economias. O Governo providenciará nos regulamentos sobre a collocação e segurança do mesmo peculio. 
§ 1º Por morte do escravo, a metade do seu peculio pertencerá ao conjuge sobrevivente, se o houver, e a outra metade se transmittirá aos seus herdeiros, na fórma da lei civil. 
 Na falta de herdeiros, o peculio será adjudicado ao fundo de emancipação, de que trata o art. 3º. 
 § 2º O escravo que, por meio de seu peculio, obtiver meios para indemnização de seu valor, tem direito a alforria. Se a indemnização não fôr fixadapor accôrdo, o será por arbitramento. Nas vendas judiciaes ou nos inventarios o preço da alforria será o da avaliação. 
§ 3º É, outrossim, permittido ao escravo, em favor da sua liberdade, contractar com terceiro a prestação de futuros serviços por tempo que não exceda de sete annos, mediante o consentimento do senhor e approvação do Juiz de Orphãos. 
§ 4º O escravo que pertencer a condominos, e fôr libertado por um destes, terá direito á sua alforria, indemnizando os outros senhores da quota do valor que lhes pertencer. Esta indemnização poderá ser paga com serviços prestados por prazo não maior de sete annos, em conformidade do paragrapho antecedente. 
§ 5º A alforria com a clausula de serviços durante certo tempo não ficará annullada pela falta de implemento da mesma clausula, mas o liberto será compellido a cumpril-a por meio de trabalho nos estabelecimentos publicos ou por contractos de serviços a particulares. 
§ 6º As alforrias, quér gratuitas, quér a titulo oneroso, serão isentas de quaesquer direitos, emolumentos ou despezas. 
  § 7º Em qualquer caso de alienação ou transmissão de escravos, é prohibido, sob pena de nullidade, separar os conjuges, e os filhos menores de 12 annos, do pai ou da mãi. 
§ 8º Se a divisão de bens entre herdeiros ou sócios não comportar a reunião de uma familia, e nenhum delles preferir conserval-a sob o seu dominio, mediante reposição da quota parte dos outros interessados, será a mesma famlia vendida e o seu producto rateado. 
 § 9º Fica derogada a Ord. liv. 4º, titl 63, na parte que revoga as alforrias por ingratidão. 
Art. 5º Serão sujeitas á inspecção dos Juizes de Orphãos as sociedades de emancipação já organizadas e que de futuro se organizarem.
 Paragrapho unico. As ditas sociedades terão privilegio sobre os serviços dos escravos que libertarem, para indemnização do preço da compra.  
 Art6º Serão declarados libertos: 
§ 1º Os escravos pertencentes á nação, dando-lhes o Governo a occupação que julgar conveniente. 
 § 2º Os escravos dados em usufructo à Corôa. 
 § 3º Os escravos das heranças vagas. 
 § 4º Os escravos abandonados por seus senhores. 
 Se estes os abandonarem por invalidos, serão obrigados a alimental-os, salvo o caso de penuria, sendo os alimentos taxados pelo Juiz de Orphãos. 
§ 5º Em geral, os escravos libertados em virtude desta Lei ficam durante cinco annos sob a inspecção do Governo. Elles são obrigados a contractar seus serviços sob pena de serem constrangidos, se viverem vadios, a trabalhar nos estabelecimentos publicos. 
 Cessará, porém, o constrangimento do trabalho, sempre que o liberto exhibir contracto de serviço. 
Art. 7º Nas causas em favor da liberdade: 
§ 1º O processo será summario. 
 § 2º Haverá appellações ex-officio quando as decisões forem contrarias á liberdade. 
Art. 8º O Governo mandará proceder á matricula especial de todos os escravos existentes do Imperio, com declaração do nome, sexo, estado, aptidão para o trabalho e filiação de cada um, se fôr conhecida. 
§ 1º O prazo em que deve começar e encerrar-se a matricula será annunciado com a maior antecedencia possivel por meio de editaes repetidos, nos quaes será inserta a disposição do paragrapho seguinte. 
§ 2º Os escravos que, por culpa ou omissão dos interessados, não forem dados á matricula, até um anno depois do encerramento desta, serão por este facto considerados libertos. 
§ 3º Pela matricula de cada escravo pagará o senhor por uma vez sómente o emolumento de 500 réis, se o fizer dentro do prazo marcado, e de 1$000 se exceder o dito prazo. O producto deste emolumento será destinado ás despezas da matricula e o excedente ao fundo de emancipação. 
 § 4º Serão tambem matriculados em livro distincto os filhos da mulher escrava, que por esta lei ficam livres. 
 Incorrerão os senhores omissos, por negligencia, na multa de 100$ a 200$, repetida tantas vezes quantos forem os individuos omittidos, e, por fraude nas penas do art. 179 do codigo criminal. 
 § 5º Os parochos serão obrigados a ter livros especiaes para o registro dos nascimentos e obitos dos filhos de escravas, nascidos desde a data desta lei. Cada omissão sujeitará os parochos á multa de 100$000. 
Art. 9º O Governo em seus regulamentos poderá impôr multas até 100$ e penas de prisão simples até um mez. 
Art. 10. Ficam revogadas as disposições em contrário. 
Manda, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém. O Secretario de Estado de Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, aos vinte e oito de Setembro de mil oitocentos setenta e um, quinquagesimo da Independencia e o Imperio.
PRINCEZA IMPERIAL REGENTE 
Theodoro Machado Freire Pereira da Silva. Este texto não substitui o original publicado no Coleção de Leis do Império do Brasil de 1871 Publicação: Coleção de Leis do Império do Brasil - 1871, Página 147 Vol. 1 (Publicação Original)
		 Atualmente, à leitura dessa lei e seus artigos, podemos perceber o quão cruéis foram os anos de escravidão. Porém, para a época, tais fatos eram considerados normais. Os absurdos maiores podem ser observados quando entendemos que, segundo essa lei, a mãe escrava tem o direito de criar seu filho livre até os sete anos de idade; logo após essa idade seriam dois caminhos a serem adotados: o Estado indenizava o dono da mãe e escrava e colocava o filho em um orfanato ou o filho se iniciaria, em companhia da mãe, no trabalho escravo até os vinte e um anos de idade para ser então alforriado.
 A profissionalização do Serviço Social com a especialização desses profissionais foi um marco na história quando passou a lutar pelos direitos dos menores.
 O primeiro documento de que se tem conhecimento que buscava dar proteção às crianças e adolescentes data de 12 de outubro de 1927, o tão falado Código de Menores.
 A origem do Código Mello Mattos está no Direito do Menor explicado pelo Juiz João Batista Costa Saraiva: 
Em 1896, na cidade de Nova York, aconteceu um caso que ficou conhecido como o caso Mary Ann. Nova York já era Nova York em 1896. Consta da história que um casal maltratava muito a filha Mary Ann, de 9 anos. Toda acidade tinha conhecimento dessa relação perversa, mas ninguém fazia nada, até pelo conceito de que criança era como vaca: propriedade da família, que a educava como achasse melhor. 
No entanto, a situação chegou a tal extremo, que um belo dia um grupo de pessoas da sociedade local entrou na Justiça pleiteando junto ao juiz de direito da cidade a guarda da criança. Que grupo de pessoas fez isso? A Sociedade Protetora dos Animais de Nova York, que então já existia.
Quem é da área de Direito sabe o que um fato como esse gera de polêmica no Fórum: se tem competência ou não, se tem legitimidade ou não. O fato é que chegou-se ao consenso de que se aquela sociedade podia defender um cavalo, um cachorro, um gato ou uma vaca, evidentemente poderia defender uma criança. Pois bem. Um grupo da sociedade protetora dos animais de Nova York entrou na Justiça com ação de defesa da criança. A partir daí surgiu uma entidade até hoje existente chamada Save The Children of World. Essa ONG criada no final do século XIX teve grande influência no surgimento do Direito de Menores, no início do século XX, ou seja, o Direito Tutelar. Os menores, considerados bens de família, passaram a ser objeto de proteção do Estado. Com isso, surgiram as grandes legislações para menores. Nos primeiros 20 anos do século XX apareceram códigos de menores em todo o mundo. 
Insisto nesse assunto porque não consigo imaginar um foro de responsabilidade enfrentando esse tema sem conhecer a origem das legislações. 
Somos protagonistas de um processo histórico e, como tal, temos imensas responsabilidades. Não podemos trabalharmovidos por “achismos” porque não há mais espaço para amadores. É necessário absoluto conhecimento dos problemas, para os enfrentarmos.
 Esse Código, então conhecido como “Código Mello Mattos” ficou assim conhecido por fazer uma homenagem ao seu autor, o jurista José Cândido de Albuquerque Mello Mattos e possuía 231 artigos.
 Mello Mattos, nascido em Salvador, Bahia, em 19 de março de 1864, foi o primeiro juiz de menores do país, sendo nomeado em 02 de fevereiro de 1924 e permanecendo nesse cargo até a data de sua morte em 1934.
De acordo com os artigos do Código Mello Mattos a prioridade seria a manutenção da ordem pública e social. Crianças consideradas “de família” não estariam sujeitas à intervenções, enquanto as pobres, abandonadas ou delinqüentes teriam que enfrentar seus rigores.
Estariam em situação irregular aqueles menores de idade (18 anos) que estivessem expostos ( art.14 e ss, CMM); abandonados (art.26, CMM); ou fossem delinqüentes (art.69 e ss, CMM).
Ainda hoje funciona na cidade do Rio de Janeiro no Bairro do Jardim Botânico a Casa Maternal Mello Mattos que abriga mais de duzentas crianças de idades variadas até quatorze anos. Porém a primeira instituição de que se tem notícia que servia para abrigar crianças abandonadas foi o Juizado Privativo de Menores da Capital Federal.
Com a promulgação do Código de Menores surgiu uma nova carreira profissional, o Serviço Social, que recebeu visibilidade através de um grupo de pessoas organizadas. O Serviço Social originou-se no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro após a instalação da Agência de Família da Legião Brasileira de Assistência.
A profissão se tornou parte do quadro da justiça em 1948 a partir da realização de um concurso que admitiria dez assistentes sociais com as funções de:
Realizar sindicâncias sobre os casos de internação;
Verificar a real necessidade do benefício;
Investigar os meninos apreendidos, como vadios, nas vias públicas, pela polícia.
 Porém essas funções não estavam em acordo com a profissão, o que levou os assistentes sociais a uma discussão sobre uma reforma que desse aos assistentes sociais uma autonomia para agir.
O código de Menores atualizado em 10 de outubro de 1979 sob a Lei nº 6.697 estabelece que:
Art. 1º Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a menores:
I - até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular;
II - entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei.
Parágrafo único - As medidas de caráter preventivo aplicam-se a todo menor de dezoito anos, independentemente de sua situação.
Art. 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor:
I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de:
a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável;
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;
Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável;
III - em perigo moral, devido a:
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes;
b) exploração em atividade contrária aos bons costumes;
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável;
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária;
VI - autor de infração penal.
Parágrafo único. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de menor, ou voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato judicial.
O reconhecimento da criança em situação de risco mostrou ser um grande avanço após o decreto da referida lei.
As entidades de defesa do menor eram então repressoras e deveriam cumprir a legislação. A esse respeito, o CM/79 estabelece quais são as instituições responsáveis, que nada mais eram do que centros de recolhimento e abrigo:
Art. 9º As entidades de assistência e proteção ao menor serão criadas pelo Poder Público, segundo as diretrizes da Política Nacional do Bem-Estar do Menor, e terão centros especializados destinados à recepção, triagem e observação, e à permanência de menores.
§ 1º O estudo do caso do menor no centro de recepção, triagem e observação considerará os aspectos social, médico e psicopedagógico, e será feito no prazo médio de três meses.
§ 2º A escolarização e a profissionalização do menor serão obrigatórias nos centros de permanência.
§ 3º Das anotações sobre os menores assistidos ou acolhidos constarão data e circunstâncias do atendimento, nome do menor e de seus pais ou responsável, sexo, idade, ficha de controle de sua formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização de seu tratamento.
Os artigos 59º e 60º são mais uma representação de que as vulnerabilidades sociais enfrentadas pelas crianças e adolescentes eram passíveis de correção:
Da execução das medidas judiciais pelas Entidades de Assistência e Proteção ao Menor
Art. 59. As medidas de assistência e proteção determinadas pela autoridade judiciária, no âmbito desta Lei, serão executadas pelas entidades criadas pelo Poder Público com a finalidade de atender aos menores a que se refere o art. 1º desta Lei.
Parágrafo único. As entidades privadas dedicadas à assistência e proteção ao menor comporão o sistema complementar de execução dessas medidas.
Art. 60. As entidades criadas pelo Poder Público e as de natureza privada planejarão e executarão suas atividades de assistência e proteção ao menor atendendo às diretrizes da Política Nacional do Bem-Estar do Menor.
§ 1º O trabalho de toda entidade dedicada à assistência e à proteção ao menor em situação irregular visará, prioritariamente, ao ajustamento ou integração sócio-familiar deste.
§ 2º As entidades comunicarão à autoridade judiciária cada caso de menor em situação irregular que acolherem.
Art. 61. As entidades fornecerão à autoridade judiciária, no prazo por esta assinado, relatório de seus órgãos técnicos, nas fases de estudo, diagnóstico e tratamento do caso, podendo a autoridade determinar a realização de estudos complementares.
Para colocar mais efervescência na situação, temos o artigo nº 83º que estabelece que:
Art. 83. A proteção ao trabalho do menor é regulada por legislação especial.
Podemos ver que a garantia de emprego do menor era estabelecida por uma legislação própria, mostrando que esse fato era absolutamente normal.
Mas, quando é que começou a ficar “anormal” uma criança trabalhar? Com a constituição Federal de 1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Parágrafo com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. (Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequadoàs pessoas portadoras de deficiência. 
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; (Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do poder público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente
§ 5º A adoção será assistida pelo poder público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. 
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204. 
§ 8º A Lei estabelecerá: 
I – o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II – o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Especialmente o parágrafo 3º do artigo 227 é muito claro quanto às normas para o adolescente se iniciar no trabalho. Para corroborar esse fato é que o ECA foi promulgado:
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
 A constituição Federal de 1988 é considerada o primeiro passo na busca pela afirmação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Como são leis consideradas muito “novas”78 o caminho a se percorrer na busca da proteção e garantia de direitos dessa classe da população ainda está em processo de afirmação. Ações de proteção e promoção dos direitos das crianças e dos adolescentes são parte das temáticas tanto da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) do governo federal quanto dos tribunais de justiça (TJ). Foi dois anos após a promulgação da CF/88 que ocorreu a criação do ECA. E junto com o ECA originou-se os Conselhos Tutelares no Brasil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está para completar vinte e cinco anos de sua promulgação e a sociedade ainda se pergunta se os direitos da criança e do adolescente estão sendo respeitados conforme as leis estabelecidas no referido documento.
O ECA foi decretado e sancionado em 13 de julho de 1990 e dispõe sobre as leis presentes nele. 
Os artigos 1º e 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelecem que:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
São consideradas crianças as pessoas que estão na faixa etária entre zero e doze anos e para tanto são reconhecidas como passíveis de cuidados próprios para a idade.
A proteção das crianças cabe em primeiro lugar aos pais e responsáveis conforme estabelecido na legislação. A esse respeito podemos destacar que família é considerada um grupo primário, pois suas relações são pautadas na afetividade, caracterizadas por vínculos biológicos sendo constituído por certo número de pessoas que habitam e convivem em um mesmo espaço. 
Existem várias definições de família, mas o que interessa aos conselheiros tutelares enquanto agentes de proteção é quem são os responsáveis pela criança ou adolescente.
Dentro do Código Civil podemos confirmar que a conceituação de família sugere um poder sobre os filhos, cabendo ao casal a obrigação de zelar pela criança. Assim estabelece o artigo 1.634: “compete aos pais, quanto às pessoas dos filhos menores:
Dirigir-lhes a criação e educação;
Tê-los em sua companhia e guarda;
Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casar;
Nomear-lhes tutor;
Representá-los e assisti-los nos atos da vida civil;
Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
Exigir obediência, respeito e serviços próprios de sua idade e condição.
O artigo 3º do ECA vem para estabelecer que alguns pontos são inerentes, porém ressalva mais a proteção:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Para confirmar essa ressalva, vamos analisar a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:
CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade,
CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,
CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente "Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo1
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo2
I) Todo o homemtem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo3
Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas.
Artigo5
Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo6
Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
Artigo7
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo8
Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo10
Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo11
I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias necessárias a sua defesa.
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo12
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo13
I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo14
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo15
I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo16
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Artigo17
I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo18
Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Artigo19
Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.
Artigo20
I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo21
I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo22
Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade.
Artigo23
I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentará se necessário, outros meios de proteção social.
IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo24
Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo25
I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem
star, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo26
I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo27
I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios.
II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo28
Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo29
I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
II) No exercício de seus direitose liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo30
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos.
A declaração Universal dos Direitos Humanos teve origem no período pós Segunda Grande Guerra e tinha como objetivo levar à frente uma sensação de paz. O desejo da sociedade era dissipar os horrores vivenciados com o evento e erradicar a guerra de suas vidas e comunidades. 
Antônio Carlos Gomes da Costa nos faz perceber que todas as tentativas de se proteger as crianças e adolescentes foram atitudes válidas para que a legislação se adaptasse e pudesse ser melhorada:
“Até o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, todas as legislações menoristas latino americanas, inclusive brasileiras, eram baseadas na doutrina da situação irregular. Assim foi com os Códigos de menores existentes em toda América latina. Hoje, com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a tendência é a doutrina de proteção integral. A primeira manifesta a negação formal e substancial da criança e do adolescente e a segunda respeita-os como sujeitos de direitos”.
O órgão mais próximo desse público alvo é o Conselho Tutelar que tem como funções encaminhar as denúncias para os órgãos competentes a elas. O ECA é o documento legal utilizado pelos conselheiros tutelares para embasar sua atuação. O Conselho Tutelar é um organismo composto por cinco membros da sociedade civil eleitos para um mandato de três anos, podendo haver uma recondução e deve funcionar de forma permanente e não jurisdicional zelando pelo cumprimento dos direitos da criança e doa adolescente. As condições para seu funcionamento devem vir do poder público municipal, bem como instalações e recursos físicos.
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
O ECA prevê que os membros da sociedade civil que formam o corpo de trabalho dos Conselhos Tutelares possam ter um diálogo maior com a população, pois se tornou a primeira instância de atendimento. É através dos Conselhos Tutelares que se recebem denúncias de violação dos direitos de crianças e adolescentes. Seus membros, na maioria das vezes, têm que investigar as denúncias no âmbito familiar e na comunidade.
As atribuições do Conselho Tutelar são:
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
 XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
        Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
Enquanto órgão municipal, independente e jurisdicional, o Conselho Tutelar é o maior colaborador do Ministério Público na efetivação da proteção às crianças e adolescentes. 
Uma das atribuições do Ministério Público é zelar pelos direitos das crianças e adolescentes: vida, saúde, liberdade, respeito, dignidade, educação, cultura, lazer, esporte, convivência familiar e comunitária, direito à profissionalização e proteção no trabalho. Entre as ações das Promotorias de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude, estão o combate ao trabalho infantil, o enfrentamento à violência sexual, a tutela do direito à convivência familiar e do direito à saúde, o acompanhamento dos Conselhos Tutelares, dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social.
Como são pessoas da própria comunidade que fazem essa linha de comunicação entre crianças e adolescentes em situação de risco, famílias, entidades públicas e poder judiciário, surge um certo tipo de preconceito e demonização dos conselheiros. Como uma função que não é reconhecida como profissão, que não tem garantias de direitos e possui responsabilidades jurídicas pode se manter de pé?
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a:  (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;  (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares. 
Diante das “exigências” para cumprir funções de conselheiros tutelares podemos perceber que a lei está parecida com as do início do século passado.
 Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral.
Conforme expresso no artigo acima citado, podemos fazer indagações pertinentes que incomodam até mesmo os conselheiros tutelares:
Será que só esses requisitos bastam para que o serviço prestado seja de qualidade? 
Será que a remuneração é condizente com a complexidade da função? 
Quais são as perspectivas para esse novo milênio? 
Será necessário uma reforma ou uma atualização do Eca?
. Mas de que modo poderá ser essa abordagem? 
De que forma o assuntopoderá ser debatido? 
Quais são os profissionais habilitados para que o cargo de conselheiro tutelar faça jus ao nome? 
Conselho tutelar é uma nomenclatura correta diante das demandas apresentadas pela população de pouca idade? 
Para corroborar a necessidade de uma revisão da legislação podemos apresentar que a maioria das leis e dos documentos redigidos direcionados aos membros dos Conselhos Tutelares são realizados por profissionais graduados em suas áreas. Como exemplo temos o Manual de Orientações para Conselhos Tutelares do estado de Rondônia:
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA 
CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E DA DEFESA DOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO 
Rua Jamary, nº 1555 – Bairro Olaria 
CEP 78.903-037 – Porto Velho/RO 
(69) 3216-3700 
APOIO: 
DR. ABDIEL RAMOS FIGUEIRA 
Procurador Geral de Justiça do Estado de Rondônia 
DR. IVO BENITEZ 
Sub – Procurador 
COORDENAÇÃO: 
DR. MARCOS VALÉRIO TESSIL
DR. MARCOS VALÉRIO TESSILLA DE MELO - Promotor de Justiça Diretor do Centro de Apoio Operacional à Infância e Juventude e da Defesa dos Usuários dos Serviços de Educação 
COMISSÃO TÉCNICA DE ELABORAÇÃO – CAO/IJ: 
ANA LÚCIA CORTEZ DE MEDEIROS - Pedagoga 
DANIELA BENTES DE FREITAS – Psicóloga 
EMERIANA SILVA – Assistente Social 
Fausto Martuscelli Monteiro – Assessor Jurídico
Desse modo se percebe que para fazer as leis é necessário conhecimento, mas para aplicá-la não. Assim é com todos os documentos oficiais mostrando uma contradição entre fazer a legislação e fazer cumprir a legislação.
A sociedade precisa compreender que a dinâmica de trabalho teria uma conotação totalmente diferente se houvesse a realização de mais discussões sobre essa temática. 
O Conselho Tutelar pode contribuir através dos serviços socioassistenciais e com investigações sistemáticas da realidade territorial, para que o sistema seja pleno de garantia de direitos. Como é um ramo jurídico autônomo do Direito (?) há-se que avaliar se as ações realizadas estão dentro de sua capacitação. 
Os direitos das crianças e dos adolescentes ganharam visibilidade nacional no período entre a década de 1970 e 1980. Dentre os movimentos sociais que tiveram seu ápice durante essas décadas estão:
Movimento Nacional Meninos e Meninas de Rua, 
Movimento Criança Constituinte e 
Pastoral da Criança, vinculada a Igreja Católica.
Assim sendo, encontramos nesse cenário de abertura política e transição democrática uma sociedade ávida por resolver as vulnerabilidades enfrentadas pelos meninos de rua, O desejo por uma nova sociedade, um novo modelo de governo e uma nova visão dos pragmatismos sociais foram o estopim para que o Estado realizasse uma reforma constitucional. Na base do sistema de garantia de direitos temos a família que é responsável direta pela proteção dos filhos e também por ações de promoção e ou omissão quanto a eles. A esse respeito Silva (2009) entende que:
[...] a participação e a responsabilidade da família se amplia, não só pela necessidade de reconhecimento e promoção dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, mas também em razão dos novos desafios que se descortinam em decorrência da evolução da própria sociedade e que acabam determinando mudanças comportamentais no seio da família. Assim, a interpenetração entre a família e o grupo social é tão evidente que se tornou impossível repensar o sistema de proteção familiar sem que se ampliassem as responsabilidades da sociedade, o que foi feito pela inserção de vários dispositivos legais no Estatuto, a partir dos quais a sociedade é chamada a tomar parte do sistema de proteção integral. A partir dessa compreensão, todas as pessoas passam a ser co-responsáveis pelo bem-estar de crianças e adolescentes, o que implica a revisão das práticas, tanto familiares, quanto sociais.
Atualmente o conceito de família está passando por mutações sociais que transformaram seus núcleos em “galhos” que se estendem. São as famílias originadas de casamentos desfeitos e formadas com novos pares. Sendo assim podemos entender que as novas uniões geram filhos formando uma família composta por pai, mãe, padrasto, madrasta e vários irmãos convivendo entre si. A responsabilidade fica cada vez maior para os adultos envolvidos nesse processo. A família é considerada uma instituição responsável por promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento dos mesmos no meio social. O papel da família no desenvolvimento de cada indivíduo é de fundamental importância. É no seio familiar que são transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o processo de socialização da criança, bem como as tradições e os costumes perpetuados através de gerações. O ambiente familiar é um local onde deve existir harmonia, afetos, proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de conflitos ou problemas de algum dos membros. As relações de confiança, segurança, conforto e bem-estar proporcionam a unidade familiar. Voltando ao ECA, em seus artigos do 21º ao 24º temos que:
Art. 21. O pátrio poder poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   
Cabe aqui ressaltar que os Conselhos Tutelares são organismos subordinados ao Ministério Público e à Vara da Infância e Juventude e contam com as orientações da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal e do governo estadual. Entre as entidades que colaboram com o funcionamento dos Conselhos tutelares temos o Conselho Nacional dos direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), criado em 12 de outubro de 1991 sob a Lei nº 8.242 e que tem como competências:
  Art. 2º Compete ao Conanda:
        I - elaborar as normas gerais da política nacional de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, fiscalizando as ações de execução, observadas as linhas de ação e as diretrizes estabelecidas nos arts. 87 e 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
        II - zelar pela aplicação da política nacional de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
        III - dar apoio aos Conselhos Estaduais e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, aos órgãos estaduais, municipais, e entidades não-governamentais para tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos estabelecidos na Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990;
        IV - avaliar a política estadual e municipal e a atuação dos Conselhos Estaduais e Municipais da Criança e do Adolescente;
        V -(Vetado)
        VI - (Vetado)
        VII - acompanhar o reordenamento institucional propondo, sempre que necessário, modificações nas estruturas públicas e privadas destinadas ao atendimento da criança e do adolescente;
        VIII - apoiar a promoção de campanhas educativas sobre os direitos dacriança e do adolescente, com a indicação das medidas a serem adotadas nos casos de atentados ou violação dos mesmos;
        IX - acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da União, indicando modificações necessárias à consecução da política formulada para a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
        X - gerir o fundo de que trata o art. 6º da lei e fixar os critérios para sua utilização, nos termos do art. 260 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
        XI - elaborar o seu regimento interno, aprovando-o pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros, nele definindo a forma de indicação do seu Presidente.
Outra entidade de apoio aos Conselhos tutelares é o Conselho Estadual dos Direitos da criança e do Adolescente (CEDCA) que é responsável pelo repasse de orientações e materiais de trabalho e estudo. Entre as competências do CEDCA temos:
a) acompanhar, monitorar e avaliar as políticas no seu âmbito;
b) divulgar e promover as políticas e práticas bem-sucedidas;
c) difundir junto à sociedade local a concepção de criança e de adolescente como sujeitos de direitos e pessoas em situação especial de desenvolvimento, e o paradigma da proteção integral como prioridade absoluta;
d) conhecer a realidade de seu território e elaborar o seu plano de ação;
e) definir prioridades de enfrentamento dos problemas mais urgentes;
f) propor e acompanhar o reordenamento institucional, buscando o funcionamento articulado em rede das estruturas públicas governamentais e das organizações da sociedade;
g) promover e apoiar campanhas educativas sobre os direitos da criança e do adolescente;
h) propor a elaboração de estudos e pesquisas com vistas a promover, subsidiar e dar mais efetividade às políticas;
i) participar e acompanhar a elaboração, aprovação e execução do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) local e suas execuções, indicando modificações necessárias à consecução dos objetivos da política dos direitos da criança e do adolescente;
j) gerir o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente no sentido de definir a utilização dos respectivos recursos por meio de plano de aplicação. Vale destacar que não compete ao Conselho executar ou ordenar os recursos do Fundo, cabendo, ao órgão público ao qual se vincula, a ordenação e execução administrativas desses recursos;
k) acompanhar e oferecer subsídios na elaboração legislativa local relacionada à garantia dos direitos da criança e do adolescente;
l) fomentar a integração do Judiciário, Ministério Público, Defensoria e Segurança Pública na apuração dos casos de denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade que versem sobre ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente;
m) atuar como instância de apoio no nível local nos casos de petições, denúncias e reclamações formuladas por qualquer pessoa ou entidade, participando de audiências ou ainda promovendo denúncias públicas quando ocorrer ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente, acolhendo-as e dando encaminhamento aos órgãos competentes;
n) integrar-se com outros órgãos executores de políticas públicas direcionadas à criança e ao adolescente e demais Conselhos setoriais.
Á nível municipal os Conselhos Tutelares contam com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e é o responsável pela fiscalização, orientação e apoio aos conselheiros. O funcionamento do CMDCA se dá através da eleição de membros da sociedade civil e do poder público, com número paritário de conselheiros e entre suas competências estão:
Reunir ao menos uma vez ao mês;
Deliberar sobre assuntos pertinentes aos direitos da criança e do adolescente;
Participar de cursos de capacitação e atualização oferecidos pelo poder público e demais entidades.
registrar as organizações da sociedade civil sediadas em sua base territorial que prestem atendimento a crianças, adolescentes e suas respectivas famílias, executando os programas a que se refere o art.90, caput, e, no que couber, as medidas previstas nos artigos 101, 112 e 129, todos da Lei nº 8.069/90;
b) inscrever os programas de atendimento a crianças, adolescentes e suas respectivas famílias em execução na sua base territorial por entidades governamentais e organizações da sociedade civil;
c) recadastrar as entidades e os programas em execução, certificando-se de sua contínua adequação à política traçada para a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
d) regulamentar, organizar e coordenar o processo de escolha dos conselheiros tutelares, seguindo as determinações da Lei nº 8.069/90 e da Resolução nº 75/2001 do Conanda;
e) instaurar sindicância para apurar eventual falta grave cometida por conselheiro tutelar no exercício de suas funções, observando a legislação municipal pertinente ao processo de sindicância ou administrativo/disciplinar, de acordo com a Resolução nº 75/2001 do Conanda.
Como instância superior a Justiça da Infância e Juventude de cada comarca brasileira conforme consta do ECA:
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder poder familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.
A apresentação da legislação redigida exclusivamente aos direitos da criança e do adolescente se faz necessária quando desejamos analisar o funcionamento dos Conselhos Tutelares. 
Em municípios de pequeno porte, a população encara o Conselho tutelar não como órgão de direitos e sim como entidade repressora, que deve zelar pela ordem e pelo bom comportamento dessa faixa etária nas famílias, nas escolas e na sociedade. E em muitos municípios ainda se encontra conselheiros que agem assim. Como os atendimentos são sigilosos, não raro se encontra algum membro da sociedade que deseja saber do andamento em tal “caso”. 
Portanto, torna-se necessário elevar essa função para profissão, visando um maior conhecimento da legislação, das abordagens e da linguagem utilizada com a população, com outros profissionais e com representantes do poder judiciário. 
CONCLUSÃO
Podemos entender que as atribuições dos conselheiros tutelares estão além dos seus conhecimentos. A legislação não especifica e nem exige conhecimento de qualquer nível para os candidatos ao cargo.A sugestão que se entende é que basta ler e escrever para realizar atividades praticamente exclusivas do poder judiciário. O Projeto de Lei 4.860/2009 foi rejeitado e a participação de assistentes sociais como membros do Conselho Tutelar foi vetada. Será que a comissão que analisou o projeto não está se omitindo quanto à garantia de direitos da criança e do adolescente?
	Conforme consta na CF/88:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
E no ECA:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Se é dever da sociedade e do Estado zelar pelos direitos da criança e do adolescente, essa sociedade e o Estado podem se omitir e transformar os Conselhos Tutelares em órgãos ornamentais? 
Qual é a opinião da sociedade a esse respeito? Para a redação do projeto de lei acima citado foi realizado algum tipo de pesquisa que pudesse embasar o reconhecimento do problema e as intervenções necessárias para sua aplicabilidade?
Podemos entender que a sociedade citada em ambos os documentos é a parcela responsável pela garantia de direitos da criança e do adolescente. E foi partindo dessa premissa que se configurou que para exercer as funções de conselheiro tutelar não é necessário conhecimento específico, bastando assim idoneidade moral e inegável capacidade técnica.
O Manual dos Conselhos de Direitos esclarece que:
É preciso destacar os modos de abordagem e relacionamento que os Conselheiros vão desempenhar na sua atribuição básica: “atender à criança, ao adolescente, a seus pais e responsáveis”. 
 Deve ser sempre um relacionamento capaz de criar empatia, aceitação, afeto. 
 É sempre um relacionamento educativo. 
 O Conselheiro é, antes de tudo, um educador de crianças, jovens e da comunidade. 
 Por isso o Conselheiro deve ser capaz de bem transmitir uma informação, interpretar a lei, pôr em linguagem simples as orientações e encaminhamentos necessários. 
 O Conselheiro deve saber defender a criança e deve saber promovê-la. 
 O Conselheiro não pode ser intolerante e julgar a priori. 
 A aceitação envolve de início, compreensão. A compreensão verdadeira só ocorre quando estamos despidos de preconceitos e desapegados do poder. 
 O ECA consagra alguns mecanismos dos quais o Conselho Tutelar, no exercício de sua autoridade, deve se valer. 
 O exercício da autoridade do Conselho Tutelar deve ser acompanhado, no entanto, de respeito, de capacidade de escuta, de orientações e encaminhamentos competentes. O exercício da autoridade envolve capacidade de negociar a melhor decisão para cada caso. 
 Por incrível que pareça, o exercício da autoridade envolve humildade. O exercício da autoridade não é o exercício do autoritarismo. 
 Daí que a abordagem de crianças, jovens, pais, diretores de escolas, donos de bares, boates, etc., é sempre educativa. Envolve escuta, negociação e decisão, pautadas na compreensão. 
 As decisões emanadas do Conselho Tutelar são sempre decisões coletivas. As atitudes adotadas devem ser discutidas pelo conjunto dos Conselheiros. A responsabilidade, tanto das atitudes como das decisões assumidas, são do Conselho Tutelar como um todo. 
Verifica-se que as orientações ofertadas no referido manual coloca os conselheiros tutelares como pedagogos, psicólogos, policial, assistentes sociais, menos pessoas comuns que devem lidar com situações problemáticas.
Entendemos então que as brechas na legislação oferecem margem para todo tipo de ação que se puder colocar contra os membros do Conselho Tutelar. Os conselheiros tutelares estão sujeitos a todo tipo de ação que possa prejudicar sua integridade desde que não tenha capacitação e conhecimento necessários.
Ainda fazendo referência ao Manual dos Conselhos de Direito temos:
A autoridade que a lei conferiu ao Conselho é tal que constitui crime, sujeito à pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos (art. 236 do Estatuto), impedir ou embaraçar a ação de membro(s) do Conselho Tutelar, tal como da autoridade judiciária, ou do membro do Ministério Público. 
 O descumprimento, doloso ou culposo da determinação do Conselho Tutelar constitui infração administrativa, punível com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários de referência, que será aplicada em dobro, no caso de reincidência (art. 249 do Estatuto). 
 Finalmente, o Estatuto determina, no art. 237: 
Art. 237 - As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. 
 Esse ponto contribui para exemplificar, com bastante clareza, a questão da hierarquização da função judicial a que já se fez referência anteriormente. 
O interesse das pessoas recorrentes e sua legitimidade deverão ser examinados à luz do Direito Processual Civil. 
Se, entretanto, o Conselho Tutelar praticar ilegalidade ou abusar de sua autoridade, lesando direito líquido e certo de alguém, caberá ação mandamental, regida pelas Normas do Mandado de Segurança. 
 Além disso, para defesa dos direitos e interesses protegidos pelo Estatuto, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes, aplicando-se as normas do Código de Processo Civil. 
Analisando mais essa brecha, a legislação confere aos membros do Conselho Tutelar as penalidades aplicadas a qualquer profissional graduado e não que apenas tenha conhecimento técnico. Diante da legislação exposta especificamente no artigo 237 do ECA, o conselheiro tutelar que puder compreender a gravidade da aplicabilidade da lei vai formar uma barricada em seu local de atendimento e se enclausurar até decorrer os três anos de seu mandato.
Não basta participar de cursos de atualização para exercer as funções de conselheiro tutelar quando não se conhece as leis e sua aplicabilidade.
Foi para preencher essa lacuna que o parlamentar apresentou o projeto. Ilderlei Cordeiro lembra que nem sempre os integrantes dos conselhos possuem experiência como assistente social ou formação na área.
“A nossa intenção é dotar o Conselho Tutelar de pelo menos um profissional da área social – o assistente social – e, assim, garantir condições efetivas para o cumprimento de suas atribuições, o que seguramente resultará em mais independência, agilidade e eficácia na defesa dos direitos da criança e do adolescente”, argumenta o deputado.
O Projeto de Lei nº 4.860 de março de 2009 foi apresentado à Comissão de Seguridade Social e à Família (CSSF) e foi rejeitado com a alegação de que as atribuições do assistente social vão além de atendimentos básicos em Conselhos Tutelares. A posição do CFESS quanto ao referido projeto foi publicada em dezembro de 2009 e se coloca em concordância com as providências tomadas e explica os motivos para essa concordância.
Apresentado em 17/03/2009 pelo deputado Ilderlei Cordeiro (PPS/AC), a matéria propõe alteração da Lei 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) incluindo assistente social como membro do Conselho Tutelar. Foi encaminhada para apreciação na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), tendo com relatora a deputada

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