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Copyright © 2018 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira Região – Crefito 3. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright (Lei 5.988/73 e Lei 9.610/98). ___________________________________________________ A Interface da Terapia Ocupacional no Contexto Multiprofissional da Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social / Adriano Conrado Rodrigues - São Paulo, SP: Maio, 2018. 1.TERAPIA OCUPACIONAL 2.EDUCAÇÃO 3.SAÚDE 4.ASSISTÊNCIA SOCIAL 5.REABILITAÇÃO 6.SAÚDE MENTAL 7.PRÁTICAS INTEGRATIVAS 8.PREVIDÊNCIA I. Rodrigues, Adriano Conrado (org.) 4 VOLUMES - Essa obra contém material inédito. Realização: Apoio técnico institucional e divulgação: Responsável Técnico, Coordenação do Projeto e Produção: Adriano Conrado Rodrigues – TERAPEUTA OCUPACIONAL Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this work provided that the source is mentioned and is not for sale or any commercial purpose. 5 Citação Especial - Homenagem - Crefito 3/TO “Terapia Ocupacional - Profissão Centenária” 17 de março de 1917: Nessa data, há exatamente um século, um grupo multidisciplinar vinculado direta e indiretamente à área da saúde, se reuniu na cidade de Nova Iorque para oficializar a criação da NSPOT – National Society for the Promotion os Occupational Therapy, a Associação Nacional para a Promoção da Terapia Ocupacional (hoje AOTA – Associação Americana de Terapia Ocupacional). Presentes àquela primeira reunião, apenas seis pessoas. Cem anos depois, e próxima de reunir meio milhão de profissionais em todo o mundo, a Terapia Ocupacional se consolida como uma profissão que se expande desde a área da saúde para abraçar também os campos social e da educação. Por meio de suas práticas e dos avanços em pesquisas, onde o fazer humano é abordado de forma transformadora, evidenciamos a importância da atuação dos terapeutas ocupacionais. Saiba mais sobre os 100 anos da Terapia Ocupacional em: https://youtu.be/VYfOK_3sr5s 6 Agradecimentos Agradeço a todos os TERAPEUTAS OCUPACIONAIS e demais profissionais, compromissados com o saber e a prática clínica / assistencial, que fazem a “linha de frente” do acolhimento à população. Graças à vocês, esse livro têm integralidade e humanização!!! Agradeço aos mais de 90 Autores Colaboradores, tamanha a generosidade dispensada a cada capítulo, texto, palavra... Vocês foram incríveis! Referenciar uma Categoria, exige competência, experiência, ética e responsabilidade. Aqui, isso é realidade!!! Agradeço a Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima (Vice-presidente do Coffito) e ao Dr. José Renato de Oliveira Leite (Presidente do Crefito 3), além de todos os colegas terapeutas ocupacionais e fisioterapeuta do Sistema Coffito-Crefitos, pela parceria e por acreditarem que podemos sim, avançar nas demandas da Terapia Ocupacional!!! Agradeço em especial à minha família pelo apoio incondicional, e todo o amor e carinho!!! Obrigado a Deus, pela oportunidade de servir e me realizar através dessa linda profissão, pelo bem comum. Adriano Conrado Rodrigues 7 Dedicatória Essa obra é dedicada ao terapeuta ocupacional, professor, orientador, mestre, e como ele gostava de ser apresentado, AMIGO Roberto Ciasca. Eterno em nossos corações. In Memoriam #contamine-se com o prazer da dança! - Grupo de Dança ParaTodos na Mostra de dança do CCA da PUC- Campinas. Coreografia Swing da Lata, criação coletiva. Música de Herbert Viana e Fernanda Abreu. Coordenação Roberto Ciasca. Disponível em: http://robertociasca.blogspot.com.br/2009/08/grupo-de-danca- paratodos-estreia.html (acesso em 05/03/2018) 8 Capa Significado -Trechos retirados do TCC dos TOs Hélio Hissaoh Ikeda e Lívia Aparecida Soares de Lima. MANDALAS: UMA REFLEXÃO SOBRE SEU POTENCIAL TERAPÊUTICO OCUPACIONAL. UNISO, 2014. Orientação Acadêmica: Rita Gianolla Miranda. “...a Terapia Ocupacional pode utilizar o mandala, uma vez que necessita de uma atividade que proporcione através do simbolismo, a emersão para o consciente de conflitos internos, o mandala por sua vez é uma maneira de projeção simbólica de tais conteúdos inconscientes.” “...conexão com conteúdos inconscientes que nos bloqueiam e sentimentos que necessitam ser trabalhados. O Terapeuta Ocupacional pode aproveitar deste recurso e auxiliar o indivíduo no reconhecimento e aceitação destas limitações.” “...para que haja a reorganização consciente do cotidiano é necessário reorganizar conteúdos internos.... o mandala permite uma transformação alquímica ao nível de psiquismo que favorece para que as imagens representativas se tornem realidade e assim seja capaz de remanejar conteúdos conflitantes, visibilizando a clarificação dos conteúdos que possam vir a serem emergidos, permitindo uma reorganização interna.” 10 SUMÁRIO VOLUME 2 TERAPIA OCUPACIONAL - MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO. Prefácio 1................................................................................................................. 14 Prefácio 2................................................................................................................. 15 I - APRESENTAÇÃO.....................................................................................................17 II - CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................25 Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geopro- cessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação III - AQUECIMENTO.....................................................................................................43 Introdução à Ciência Ocupacional CAPÍTULO 1...............................................................................................................65 - Introdução - Atividades da Vida Diária e Interdisciplinaridade CAPÍTULO 2................................................................................................................71 – Princípios de Tecnologia Assistiva CAPÍTULO 3................................................................................................................96 – Avaliação, Prescrição e Adequação Postural em Cadeira de Rodas CAPÍTULO 4.............................................................................................................105 - Órteses e Próteses 11 CAPÍTULO 5.............................................................................................................124 - Adaptações de Espaços/Ambientes de Interação: Acessibilidade e Prevenção de Quedas CAPÍTULO 6.............................................................................................................131 - Comunicação Aumentativa (Suplementar) e Alternativa - Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais CAPÍTULO 7.............................................................................................................142 - Deficiência Visual - Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissiomais CAPÍTULO 8.............................................................................................................149 - Disfagia: Considerações para a Prática Multiprofissional CAPÍTULO 9.............................................................................................................167 - Terapia Aquática – Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais CAPÍTULO 10...........................................................................................................192- Equoterapia – Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais CAPÍTULO 11...........................................................................................................209 - Intervenções Assistidas por Animais – O Olhar da Terapia Ocupacional CAPÍTULO 12...........................................................................................................224 - Ergonomia Cognitiva e Terapia Ocupacional - Resignificando a Relação com o Trabalho nas Empresas CAPÍTULO 13...........................................................................................................247 - “Integração Sensorial Combinada” nas Alterações Neurofuncionais: Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais CAPÍTULO 14...........................................................................................................290 - Distúrbios do Sono - Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais CAPÍTULO 15...........................................................................................................313 - Assimetrias Cranianas – Abordagem da Fisioterapia e Terapia Ocupacional ANEXO 1...................................................................................................................327 - Reabilitação Visual - Relato de Experiência (Ref. ao Cap. 7) ANEXO 2...................................................................................................................334 - Terapia da Mão/Órtese de Membro Superior - Relato de Experiência (Ref. ao Cap. 4) SUMÁRIO 12 Terapia Ocupacional • Volume 2 IV - APÊNDICE..........................................................................................................338 - Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nos Pro- gramas e Serviços Públicos de Saúde e Assistência Social.......................339 – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF: Considerações para Terapeutas Ocupacionais...............................342 - Apresentação dos mini-currículos dos autores / colaboradores, em acordo com a identificação numérica em sobrescrito...........................351 14 Prefácio 1 Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima* Este referencial direcionado aos Terapeutas Ocupacionais, chegou para enriquecer o conhecimento teórico prático de nossa profissão e proporcionar condições para desempenharmos nosso trabalho com mais diversidade, qualidade e abrangência. Uma grande equipe multiprofissional transformou esta produção em realidade, perpassando temas que transitam não só pela saúde, mas trazendo reflexões acerca do nosso papel ocupacional na sociedade enquanto promotores do bem estar bio psico social do indivíduo e apontando materiais, métodos, recursos, para que este indivíduo atinja a sua máxima independência e autonomia. Trazer aos profissionais, reflexões a respeito deste fazer, ilustrando a prática com relatos de casos também é o desafio desta obra, e nos remete a potencializar um bom networkinq que nos capacite a reconhecer e aprimorar nossas habilidades e competências, somando forças com a equipe multiprofissional, para alcançarmos a excelência das boas práticas em saúde. Estar prefaciando este livro é, além de uma honra, uma grande responsabilidade: a de indicar a leitura e incentivar os demais colegas a se aventurarem nas interfaces da nossa profissão, mas acima de tudo, é uma imensa alegria, pois participo da trajetória do autor, que vem, com extrema competência, ética e dedicação, transformando conceitos e quebrando paradigmas da Terapia Ocupacional no Brasil. Fica como sugestão a leitura e o desejo de que esta sucessão de temas atuais e aquilatados pelo olhar cuidadoso do autor, nos faça caminhar para a excelência do cuidado e para o fortalecimento de uma rede de referência que gere autonomia, inclusão social, geração de renda e melhor qualidade de vida ao paciente. *Terapeuta Ocupacional - Vice-presidente e Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO). 15 Prefácio 2 Dr. José Renato de Oliveira Leite* Esta obra tem por objetivo ressaltar a interface da Terapia Ocupacional no contexto multiprofissional nas mais diversas situações que envolvem as ações de planejamento e gestão em saúde, os programas de reabilitação, os ganhos funcionalidade, e as redes de atenção à saúde, bem como a aplicação de inovados recursos e métodos terapêuticos por especialistas na área da reabilitação. Cabe lembrar que o processo de promoção da saúde, física ou mental, têm por finalidade a reintegração do indivíduo à sociedade. E para a sua ocorrência, deve-se ter, além do domínio de conhecimento técnico e científico, a garantia do trabalho multiprofissional, o envolvimento do Estado, a efetiva participação da sociedade, bem como do próprio indivíduo a ser reintegrado, e de seus familiares. Dessa forma, o autor procurou reunir renomados profissionais que atuam nas áreas de planejamento, gestão e promoção de saúde, sobretudo ressaltando a importância do trabalho em equipe multiprofissional, e que por meio das suas ações experiências, irão contribuir de forma consubstancial na tomada de decisões e adoção de condutas. Portanto, esse livro é recomendado para todos os profissionais que estão envolvidos com estratégias de gestão, e aqueles que desejam ter o amplo conhecimento da importância do trabalho multiprofissional que é realizado ao longo de todo o processo de reabilitação. E por fim, aproveito também a oportunidade para parabenizar o Dr. Adriano Conrado Rodrigues e seus respectivos colaboradores, pelo excelente trabalho realizado nessa obra, e pela iniciativa de construção e compartilhamento do conhecimento científico, o qual é de vital importância para toda a nossa sociedade. *Fisioterapeuta – Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Terceira Região (CREFITO-3); Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO); Especialista em Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR; Coordenador das Atividades de Ensino do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HC. FMUSP) 17 I - APRESENTAÇÃO. Adriano Conrado Rodrigues É com imensa satisfação e alegria que apresento essa obra em formato digital, em consonância com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO, para referenciar ou instrumentalizar de forma ampla e acessível o maior número possível de Terapeutas Ocupacionais, conforme o interesse nas temáticas abordadas. Dimensionar a Terapia Ocupacional em sua amplitude não é tarefa fácil, e talvez nem seja possível considerando as características da profissão, além das vertentes político-sociais em constante transformação. Mas creio ter aqui um ótimo retrato, contemporâneo, que conta com a experiência e colaboração de mais de 90 profissionais, Terapeutas Ocupacionais e outros, que em suas expertises e de forma generosa evidenciaram uma base sólida de fundamentos e práticas terapêuticas ocupacionais e multiprofissionais. Hoje no Brasil, conforme estimativa do próprio Coffito (Dez/2017) somos 17.865 Terapeutas Ocupacionais. Isso representa um crescimento de 21%, em relação ao número de profissionais no ano de 2015. Apesar do impacto positivo desse valor, pois sim, estamos crescendo, ainda nos encontramos aquém quando esse levantamento é dimensionado por cobertura territorial, atenção às demandas, programas, instituições e serviços, e pelo número de cursos ofertados nas instituições de ensino superior do território nacional. Atualmente, não são raros os concursos e vagas de trabalho, sem profissionais inscritos, bem como novas políticas públicas que venham adaptadas ao baixonúmero de profissionais com especialidade ou competência para uma área específica. Baixo também é o número de mestres e doutores na profissão. Daí a importância de estarmos incorporados em ações planejadas, tanto de cunho político (ético/responsáveis), quanto de evidência da própria prática, pois a mesma fala por si. Esse deve ser um compromisso de cada profissional, de cada instituição e de cada órgão de representação dessa categoria. Assim, vejo como essencial a evidência de nossas “boas práticas”, em acordo com o código de ética da Terapia Ocupacional. Hoje em dia, com os 18 Terapia Ocupacional • Volume 2 adventos tecnológicos é muito fácil se comunicar. Saibamos usar isso a nosso favor, e mostremos toda a riqueza da Terapia Ocupacional à sociedade. Acesse material de divulgação da Terapia Ocupacional em: http://www.crefito3.org.br/dsn/manuais.asp É nesse ideal de CRESCIMENTO, que essa obra compõe seu alicerce! Para ilustrar a obra e marcar a transição de conteúdos, temos “o Mandala”, e aqui vale uma fundamentação quanto a pertinência da escolha: O Mandala - Através do simbolismo, leva a emersão para o consciente de conflitos ou limitações, que, a partir disso, poderão ser trabalhados para uma reorganização interna e no cotidiano, ou seja, um excelente recurso terapêutico (nada mais pertinente!). Derivação Cultural de concepção, o Mandala, presente na tradição hinduísta, e mais precisamente na tradição budista tibetana, presente nos estudos de C. G. Jung, representa uma imagem interior que gradualmente é construída nos momentos de equilíbrio psíquico perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado. O Mandala estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os processos físicos, ajudando a restabelecer sua função plena e assim passa a ser uma fonte de cura; e encontra a sua simbiose técnico-afetiva com a Terapia Ocupacional. E assim, a beleza fascinante e misteriosa do Mandala nos acompanhará ao longo dessa jornada, abraçando a dimensão contemporânea da Terapia Ocupacional, sem nos deixar esquecer o quão fascinante, complexa e rica é a essência e o trabalho com o ser humano! Outro ponto importante da obra é o fato da característica multiprofissional da composição dos assuntos; o que torna o conteúdo extremamente esclarecedor quanto ao papel do terapeuta ocupacional, quando frente às outras profissões, quer seja no campo da Educação, da Saúde, da Previdência ou da Assistência Social, nas prerrogativas, competências e amplitude de Abordagens, Métodos, Técnicas e intervenções terapêuticas ocupacionais. Não há atenção integral à Saúde da população, sem a presença do Terapeuta Ocupacional nos programas, serviços e equipes de trabalho! Da mesma forma, conhecer as prerrogativas e práticas profissionais das demais categorias que nos relacionamos como Terapeutas Ocupacionais, nos auxilia a intervir de forma ética, e partilhar nossos 19I - APRESENTAÇÃO objetivos (em equipe) ou gerar demandas colaborativas, para que tenhamos a riqueza da abordagem multiprofissional evidenciada nas dinâmicas de trabalho, e certamente maior assertividade nas avaliações e condutas profissionais. As práticas multiprofissionais nesse contexto têm como principal objetivo lançar um olhar amplo sobre os indivíduos, tanto para prevenir doenças e fatores de exclusão, como para promover a saúde e a Qualidade de Vida. Esse é um processo que passa pela busca de independência nas atividades da vida diária, autonomia para o desenvolvimento pessoal, projetos de vida, respeito pelos valores individuais ou comunitários, manutenção de vínculos sociais e ocupacionais, que considerem o potencial funcional e relacional. Essas questões compõem as premissas do trabalho do Terapeuta Ocupacional, e por conseqüência as premissas dessa obra. Talvez o terapeuta ocupacional seja o profissional mais competente na atenção às pessoas em estado de vulnerabilidade; até aqui, pouca novidade uma vez que essa profissão advém de situações adversas da humanidade. A questão é que no Brasil, pela própria condição sócio-econômica e política do país, a vulnerabilidade está intimamente ligada ao risco de morte, o que torna a presença do terapeuta ocupacional nos programas e serviços públicos, necessária, indispensável, imprescindível, ou qualquer outro adjetivo que demonstre a extrema importância de sua presença. Assim, num verdadeiro malabarismo metodológico /organizacional para abraçar todo o arcabouço teórico-prático levantado, e sem a pretensão de ser perfeita nessa questão, essa obra divide-se em 4 partes, precedidas pela contextualização em forma de análise situacional da profissão no cenário nacional, e por uma brilhante viagem à Ciência Ocupacional como terra fértil a ser explorada por acadêmicos e profissionais, e que ancora e subsidia a prática da Terapia Ocupacional. A Parte 1 aborda de forma ampla, estratégias de GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING para terapeutas ocupacionais, deixando clara a capacidade (e aptidão) desse profissional em gerenciar pessoas, equipes e serviços ou empresas. Na Parte 2 são apresentados de forma técnica, MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO. Nessa mesma linha entramos na Parte 3, onde os autores colaboradores relatam suas experiências e saberes nos CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. E finalmente a Parte 4 percorre a extensão terapêutica ocupacional 20 Terapia Ocupacional • Volume 2 no campo das PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE, e que demandam o envolvimento dos profissionais, pois já temos inclusive a Política Nacional das PICS, com grande atenção Ministerial para a sua consolidação. Assim, concluo a apresentação considerando essa obra um marco de evidência, em que a profissão parece SE FORTALECER nas mãos de gestores e profissionais que entendem ser esse, o momento de construção e união pelo ideal da profissão em si; e o que não for para agregar em representação, competência, sustentabilidade, monitoramento, eficiência e efetividade, já não cabe mais. A TERAPIA OCUPACIONAL BRASILEIRA SOMOS TODOS NÓS! APRESENTAÇÃO DOS AUTORES / COLABORADORES POR SESSÃO*: I - (APRESENTAÇÃO). II - CONTEXTUALIZAÇÃO. 1. Adriano Conrado Rodrigues (1) 2. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94) 3. Jamile Cristina Albieiro Silva (31) 4. Dimaima Vitória Castro da Graça (93) 5. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) III - AQUECIMENTO. Otavio Augusto de Araujo Costa Folha (57) VOLUME 1. TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING. 1. Priscilla Regina Cordeiro (33) 2. Annie Betune Ramalhão (3) 3. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite (9) “Nenhum homem é uma ilha; qualquer homem é uma parte do todo. A morte de qualquer homem me diminui, porque faço parte da humanidade;...” John Donne (1572-1631). 21 4. Adriano Conrado Rodrigues (1) 5. Bruno Souza Bechara Maxta (59) 6. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi (58) 7. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) 8. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano (91) 9. Maria Aparecida Pereira Machado (80) 10. Katia Maki Omura (75) 11. Carmen Ligia Cucê Nobre (21) 12. Adriano de Oliveira* (28) 13. Julia Hatakeyama Jóia* (27) 14. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22) 15. Janaína Eleutério Martins (23) 16. Luiza Franco (26) 17. Maria Luiza Rezende (24) 18. Maria Luiza Santa Cruz (19) 19. Marina Rodrigues Camargo (17) 20. Silvia Regina Rocha (18) 21. Viviane de Mancilha Lima (25) VOLUME 2. TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE E REABILITAÇÃO - MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO. 1. Daniel Marinho Cezar da Cruz (11) 2. Maria Aparecida Ferreira de Mello (37) 3. Cândida Luzzo (39) 4. Tatiani Marques (40) 5. Adriano Conrado Rodrigues (1) 6. Fernando Vicente de Pontes(56) 7. Daniela Nascimento Augusto (17) 8. Roberta Abduch Rolim Credidio (16) 9. Adriano Conrado Rodrigues (1) 10. Luciana Diniz Freitas (70) 11. Gisele Pellegrini (5) 12. Renata Aparecida Conejo (8) 13. Ana Cláudia Tavares Rodrigues (88) 14. Luciane Padovani (6) 15. Ana Maria D. O. Belleza (2) 16. Fábio Jakaitis (4) I - APRESENTAÇÃO 22 Terapia Ocupacional • Volume 2 17. Luciane Padovani (6) 18. Marussia Fialho Hamsi Caridá (15) 19. Eduardo Peres Honório (14) 20. Célia Aparecida Tomba (13) 21. Adriana Garcia Tosta Vieira (12) 22. Andressa Chodur (83) 23. Patrícia Luciane Santos de Lima (53) 24. Sandra C. Pizzocaro Volpi (36) 25. Caio Cesar Benetti Filho (51) 26. Kátia Cezário da Silva (90) 27. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo (66) 28. Vanessa Raquel Pires Ferracini (68) 29. Evelin Cadrieskt Ribeiro Mello (67) 30. Carolina Gomes Matarazzo (92) 31. Antonia Alice de Souza Fonseca (42) 32. Evelyn Kirkcov de Souza (45) 33. Helenice Oliveira (44) 34. Márcia Conceição Abbamonte (43) 35. Renata Rocha (49) 36. Renata Schoedler (10) 37. Carolina Gomes Matarazzo (92) 38. Márcia Helena Valente da Costa (95) VOLUME 3. TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. 1. Maria Fernanda dos Santos (74) 2. Daniela Nascimento Augusto (17) 3. Leonardo Costa Lima (35) 4. Alexandre Martinho (76) 5. Aide Mitie Kudo (46) 6. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47) 7. Gabriela Pereira do Carmo (71) 8. Luciana Diniz Freitas (70) 9. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47) 10. Patrícia Luciane Gomes dos Santos (53) 11. José Naum de Mesquita Chagas (77) 12. Carolina Maria do Carmo Alonso (48) 13. Priscila Blasquez da Costa Leite (55) 23 14. Jamile Cristina Albieiro Silva (31) 15. Adriano Conrado Rodrigues (1) 16. Gisele Monnerat Tardin (50) 17. Tatiani Marques (40) 18. Luis Ferreira Monteiro Neto (54) 19. Fernando Vicente de Pontes (56) 20. Patricia Leite de Oliveira (52) 21. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga (69) 22. Patrícia Leite de Oliveira (52) 23. Carolina Cimardi Becker (29) 24. Cristina Maria Quaggio (30) 25. Jamile Cristina Albiero Silva (31) 26. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição (32) 27. Priscilla Regina Cordeiro (33) 28. Talita Cristina de Moraes (34) 29. Cíntia Schwab (41) 30. Leiliane Helena Gomes(89) 31. Márcia de Souza Rodrigues (61) 32. Aline Paz Perussi (73) 33. Carolina Maria do Carmo Alonso (48) 34. Priscila Blasquez da Costa Leite (55) 35. Gisele Monnerat Tardin (50) 36. Marina Rodrigues Camargo (17) 37. Silvia Regina Rocha (18) 38. Maria Luiza Santa Cruz (19) 39. Walter Augusto Bahia Pereira (20) 40. Maria Luiza Rezende (24) 41. Carmen Ligia Cucê Nobre (21) 42. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22) 43. Janaína Eleutério Martins (23) 44. Luiza Franco (26) 45. Viviane de Mancilha Lima (25) 46. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94) 47. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82) 48. Maria Imaculada da Costa Mendonça (96) I - APRESENTAÇÃO 24 Terapia Ocupacional • Volume 2 VOLUME 4. TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE (PICS). 1. Ana Teraza Costa Galvanese (79) 2. Fábia Cilene Dellapiazza (38) 3. Márcia de Souza Rodrigues (61) 4. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82) 5. Adriano Conrado Rodrigues (1) 6. Leonardo Costa Lima (35) 7. Flavia Liberman (78) 8. Rachel Azulay Leite (60) 9. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima (62) 10. Lídia Seade Vieira Maia (63) 11. Socorro de Maria Castro (65) 12. Maria de Nazareth Mendes (64) 13. Patrícia Luciane Gomes dos Santos (53) 14. Karla Adriana Ferreira Beckman (84) 15. Alan Senigalia (85) 16. Ana Maria Fernandes Pitta (86) 17. Lara Susan Silva Lima (80) 18. Clarissa Dantas de Carvalho (87) IV - APÊNDICE 1. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) / Câmara Técnica Sócio-Sanitária - Crefito 3. 2. Adriano Conrado Rodrigues (1) *Acesse os mini-currículos dos autores, em acordo com a identificação numérica, no tópico IV – Apêndice, parte 3. 25 II - CONTEXTUALIZAÇÃO Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geoprocessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação. Adriano Conrado Rodrigues Colaboração: Susilene Maria Tonelli Nardi Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade Jamile Cristina Albieiro Silva Dimaima Vitória Castro da Graça 1 - Introdução. Após a apresentação dessa obra, é importante que se apresente a Terapia Ocupacional, bem como contextualizá-la numa dimensão de interesse dos gestores, acadêmicos e profissionais. Essa importante profissão já difundida no mundo, no Brasil caminha para a sua consolidação, habitando e se desenvolvendo nos espaços da saúde, educação, assistência social e cultura. Portanto, é essencial o entendimento das variáveis que compõem a Terapia Ocupacional, e dos parâmetros que a delimitam em nosso país, tanto no que se refere à distribuição geográfica dos profissionais, como de suas práticas e contribuições para as Políticas de Atenção. A partir do correto entendimentos desse contexto, e da evidência do impacto das ações profissionais, o planejamento para a valorização e o próprio crescimento da profissão passam a ser possíveis, e em acordo com as reais demandas da profissão e da própria população brasileira. 2 - Terapia Ocupacional. 2.1 - Apresentação Numa visão contemporânea, a Terapia Ocupacional é uma profissão 26 Terapia Ocupacional • Volume 2 de nível superior e que de acordo com a Organização Mundial de Saúde, utiliza a atividade humana como recurso terapêutico, com o objetivo de habilitar e/ou reabilitar indivíduos com dificuldades físicas, psíquicas, cognitivas, perceptivas e sociais, que estejam interferindo no desenvolvimento e/ou na independência do indivíduo. Desta forma sua atuação permeia todos os ciclos de vida (recém- nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), trabalhando em equipamentos públicos e privados dos setores de Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, Previdência Social e nos Sistemas Judiciário e Penitenciário. Participa da organização, planejamento e gestão dos serviços, da pesquisa, prevenção de alterações funcionais dos sistemas do corpo humano e do desempenho nas atividades cotidianas de pessoas em seus diferentes contextos sociais. Atua em situações de risco, de fragilidade e vulnerabilidade social e problemas de ordem física, cognitiva e mental em diferentes níveis de complexidade. Auxilia na integração das pessoas aos diferentes cenários sociais, conforme suas demandas, papéis ocupacionais, necessidades ou interesses, visando melhorar a auto- realização, o bem-estar e a qualidade de vida, e advinda de áreas de estudo como a Ciência Ocupacional (vide tópico III – Aquecimento). 2.2 - Áreas de Atuação. O CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO) reconhece as seguintes Especialidades do profissional Terapeuta Ocupacional: A - Especialidade: Acupuntura Área de Atuação: • Todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente/ paciente/usuário. B - Especialidade: Contextos Hospitalares A formação profissional dessa especialidade, enquadrada na área requerida - “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”, apresenta três áreas de atuação: “Atenção intra-hospitalar”, “Atenção extra- hospitalar oferecida pelo hospital” e “Atenção em cuidados paleativos”. A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos” compreende o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes 27II - CONTEXTUALIZAÇÃO multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão em tratamento sem condições de modificação da doença;os Cuidados Paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-hospitalares, como através de ações em contextos extra-hospitalares oferecidas por equipe hospitalar, não se restringe à fase de terminal idade da vida e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas, psicossociais e espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado. Serão consideradas áreas afins: Terapia Ocupacional em Saúde Funcional; Terapia Ocupacional em Saúde Mental; Terapia Ocupacional em Saúde Coletiva nas áreas de atuação Desempenho Ocupacional e Saúde do Idoso; Desempenho Ocupacional e Saúde da Mulher; Desempenho Ocupacional e Saúde do Trabalhador; Desempenho Ocupacional e Saúde do Escolar, considerando neonato, infância e adolescência; e Cuidados Paliativos e Tanatologia. C – Especialidade: Contextos Sociais Áreas de Atuação: • Desempenho Ocupacional e Contexto Asilar • Desempenho Ocupacional e Contexto Prisional • Desempenho Ocupacional e Geração de Renda • Desempenho Ocupacional e Justiça e Cidadania • Desempenho Ocupacional e Inclusão Laboral • Desempenho Ocupacional e Liberdade Assistida • Desempenho Ocupacional e Liberdade Condicional • Desempenho Ocupacional e Seguridade Social D - Especialidade: Gerontologia • Atenção à saúde da pessoa idosa; Assistência social à pessoa idosa; • Cultura e lazer para a pessoa idosa e Educação à pessoa idosa. E – Especialidade: Saúde da Família Área de Atuação: • Desempenho Ocupacional na Saúde da Criança e do Adolescente; • Desempenho Ocupacional na Saúde do Adulto; • Desempenho Ocupacional na Saúde do Idoso. 28 Terapia Ocupacional • Volume 2 F – Especialidade: Saúde Mental Áreas de Atuação: • Desempenho Ocupacional Psicossocial • Desempenho Ocupacional Percepto-Cognitivo • Desempenho Ocupacional Senso-Perceptivo • Desempenho Ocupacional Psicoafetivo • Desempenho Ocupacional Psicomotor 2.3 - Locais de Atuação. Sistema Único de Saúde (SUS): • Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) • Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) • Centro Dia para Idosos • Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) • Unidade de Referência para Idosos • Clínicas e Policlínicas • Hospitais (UTI, ambulatórios e enfermarias) • Centro Especializado de Reabilitação (CER) • Centro de referência em saúde do trabalhador (CEREST). • Grupo de Vigilância Epidemiológica (municipal, regional ou estadual) • Atendimento domiciliar (SAD) Sistema Único de Assistência Social (SUAS): • Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) • Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) • Terceiro Setor Entidades públicas, privadas e filantrópicas: • Consultórios particulares • Casas de repouso • Instituições de longa permanência • Creches • Clubes esportivos • Escolas • Organização Não Governamental (ONGs) • Redes de atenção especializada (AMA; Lucy Montoro; APAE; entre outros) • Museus e Pontos de Cultura 29II - CONTEXTUALIZAÇÃO • Presídios • Universidades • Institutos de Pesquisa • Indústrias • Gestão • Serviço militar em geral. • Centros de Defesa em Direitos Humanos 3 - Instituições Ensino Superior – IES - Curso de Terapia Ocupacional. Tabela 1. Relação das IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional, por Estado. Estado Universidades TO AL Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas CE Universidade de Fortaleza DF Universidade de Brasília ES Universidade Federal do Espírito Santo GO Faculdade União de Goyazes MG Universidade Federal do Triângulo Mineiro Universidade Federal de Minas Gerais PA Escola Superior da Amazônia Universidade da Amazônia Universidade do Estado do Pará Universidade Federal do Pará PR Universidade Federal do Paraná União do Ensino Superior do Iguaçu PE Universidade Federal do Pernambuco PI Faculdade Integral Diferencial RJ Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro RS Faculdade Serra Gaúcha Centro Universitário Franciscano Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Pelotas RO Faculdades Integradas Aparício Carvalho SC Associação Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala 30 Terapia Ocupacional • Volume 2 Estado Universidades TO SP Centro Universitário de Araraquara Brasil Centro Universitário São Camilo Faculdade de Medicina do ABC Pontifícia Universidade Católica de Campinas Universidade Sagrado Coração Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto Universidade de Sorocaba Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Universidade Federal de São Carlos Universidade Federal de São Paulo SE Universidade Federal de Sergipe Fig. 1 – Mapa para análise de cobertura com o número de IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional/Estado (em acordo com a Tabela 1). Considerando a dimensão nacional de cobertura dos programas e serviços públicos de Educação, Saúde e Assistência Social, considerando a demanda populacional por saúde, e considerando as IES como instituições de extrema relevância no cenário de formação e prática, impactando diretamente a oferta do serviço, na figura acima resta evidente a necessidade de um plano político administrativo que amplie o número da oferta de cursos de Terapia Ocupacional no Brasil. 31II - CONTEXTUALIZAÇÃO 4 - Dados do Ministério da Saúde do Brasil, para correlação. 4.1 - Atenção Básica. Compreende o Departamento de Atenção Básica, e define-se pelo conjunto de iniciativas do Ministério da Saúde para cuidar da população no ambiente em que vive, sob o slogan “Saúde mais perto de você”. Nele está incluída a Estratégia Saúde da Família (que compõe a Política Nacional de Atenção Básica), o Brasil Sorridente (Política Nacional de Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde; Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB); Programa Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde da Família (PROESF), entre outros programas, ações e estratégias, que compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS.) Em janeiro de 2018, de acordo com o levantamento realizado no Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Departamento de Atenção Básica (DAB), havia registro de 43.741 Estratégias de Saúde da Família implantadas no País, garantindo uma cobertura na Atenção básica estimada em 75,7% da população, que significa a abrangência de 157.138.501 habitantes. O Terapeuta Ocupacional faz parte da gestão, bem como da Rede de Atenção à Saúde (RAS) da Atenção Básica, e desempenha papel fundamental para que os objetivos preconizados pelo Ministério da Saúde e pela OMS sejam alcançados. 4.2 - Atributos da Rede de Atenção à Saúde (o que aqui denominarei como DIRETRIZES). Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram que o conjunto de atributos apresentados a seguir é essencial ao seu funcionamento, no modo a que se propõe (conteúdo citado na íntegra -http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras. php?conteudo=atributos_ras): 1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde. 2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão 32 Terapia Ocupacional • Volume 2 de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integram osprogramas focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos. 3. Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada preferencial do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, e atendendo às suas necessidades de saúde. 4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado. 5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção. 6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade da população. 7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações. 8. Participação social ampla. 9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico. 10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com incentivos pelo alcance de metas da rede. 11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis pertinentes. 12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede. 13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde. 14. Gestão baseada em resultado. Para compor esse cenário, a página do Ministério da Saúde traz: - Elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde (http://dab. saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=elementos_ras); 33II - CONTEXTUALIZAÇÃO - Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção a Saúde (http:// dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=funcoes_ab_ras); - Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência (http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras. php?conteudo=rede_deficiencias); - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) (http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras. php?conteudo=rede_psicossocial); - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) (http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp. php?conteudo=saude_mental_sistema_prisional). 5 - Apresentação dos Mapas Geoanalíticos. A seguir, apresento uma análise por geoprocessamento na dimensão do território nacional, que retrata (entre tantos outros) a densidade demográfica, consumo de saúde, consumo de educação, beneficiários de planos de saúde (saúde suplementar), renda média familiar e a distribuição dos profissionais TERAPEUTAS OCUPACIONAIS. Esses dados (e mapas) quando correlacionados, podem evidenciar informações preciosas, para análise e diagnóstico de impacto da profissão, e gestão dos programas e serviços da Rede de Atenção à Educação, Saúde e Assistência Social. Ao pensarmos no contexto da Terapia Ocupacional como um sistema, e sendo esse sistema ativo (pois temos, entre tantas variáveis, novos profissionais todos os anos ingressando ao mercado de trabalho), para seu correto funcionamento e para cumprir os objetivos a que se propõe no âmbito social, há que se estabelecer uma análise crítico- situacional adequada e contínua de seus dados. Nesse sentido, qualquer estratégia para crescimento e valorização da Terapia Ocupacional que não considere a interdependência dos componentes desse sistema, bem como do monitoramento e gestão dos dados gerados, certamente incorrerão em ineficiência. 34 Terapia Ocupacional • Volume 2 1- Densidade Demográfica Refere-se a distribuição da população no território nacional. Ano referencia: 2018 2- Consumo de Saúde Refere-se a distribuição da população que paga por saúde no território nacional. Ano referencia: 2018 35II - CONTEXTUALIZAÇÃO 3- Consumo de Educação Refere-se a distribuição da população que paga por educação no território nacional. 4- Beneficiários de Planos de Saúde Refere-se a cobertura da rede de saúde suplementar no território nacional. Ano referencia: 2018 36 Terapia Ocupacional • Volume 2 5- Renda Média Familiar Refere-se a distribuição de renda familiar no território nacional. Ano referencia: 2018 6- Número de Profissionais Refere-se a distribuição dos profissionais terapeutas ocupacionais no território nacional. Ano referencia: 2018 37II - CONTEXTUALIZAÇÃO 5.1 – Análise e Discussão. Diante dos mapas expostos (não sobrepostos) conclui-se que, mesmo com uma análise limitada, há uma maior densidade demográfica (Mapa 1) nos estados do norte, centro-oeste, sul e sudeste; o consumo de saúde, (Mapa 2) e educação (Mapa 3) particulares dessa população, são mais evidentes nos estados do sul e sudeste e parcos no norte (exceto o Pará), nordeste e centro oeste; já a renda familiar (Mapa 5), com exceção do Amapá, também se apresenta mais baixa nos estados do norte e nordeste do Brasil. Densidade demográfica, consumo de saúde e educação, e renda familliar ou cobertura de saúde suplementar são dados importantes de planejamento, quando confrontados com os princípios do Sistema Único de Saúde - SUS (equidade, universalidade e integralidade). A presença do Terapeuta Ocupacional no País (Mapa 6) se dá em maior quantidade no sul e sudeste e com precariedade numérica, exceto nos estados do Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos estados do norte, nordeste e centro-oeste. Justaposto, nota-se evidencia da maior necessidade deste profissional nos estados do norte-nordeste e centro oeste para desenvolver ações junto à população destes estados e garantir a cobertura assistencial terapêutica ocupacional adequada. Numa correlação mais criteriosa dos dados, vemos que na análise de cobertura por número de profissionais x região x população, fica ainda mais clara a escassez de terapeutas ocupacionais no território nacional, o que também se apresenta quantificado nos dados da tabela abaixo, que evidenciam essa condição e nos alertam para o fato de o Brasil seguir a margem do que a Organização Mundial da Saúde recomenda, e da realidade assistencial dos países mais desenvolvidos. Ainda assim, por mais que se pese o fator econômico, ou por qualquer outro parâmetro que se queira referenciar, a condição não deixa de ser grave, onde a população figura como grande prejudicada. 38 Terapia Ocupacional • Volume 2 Tabela 2. Disposição dos dados para análise de Cobertura (região x população x número de profissionais). Diante dessa realidade, incentivamos os Terapeutas Ocupacionais a ocuparem espaços ainda não explorados, haja vista que nesta situação, como ocorre com outras categorias profissionais, a valorização financeira e empregabilidade são condição sine qua non. Em consonância a esta análise, urge a necessidade do poder público (Saúde, Educação e Assistência Social) fomentarem políticas públicas e estratégias para aumento do número de terapeutas ocupacionais na assistência à população, inclusive com apoio às Instituições de Ensino Superior para mais cursos e vagas; dos Conselhos regionais e Conselho Federal para o reconhecimento das especialidades, o fortalecimento e validação das ações do Terapeuta Ocupacional, bem como a normatização, criação e divulgação dos procedimentos operacionais padrão dentro das especialidades que assim permitem; e da população em buscar seu direito a uma atenção integral, onde a presença do terapeuta ocupacional é imprescindível; e finalmente,sustentarmos a nossa profissão e a embasarmos com evidencias científicas é talvez o maior desafio dos próximos anos. Para tanto, é importante que nossas associações de categoria sejam protagonistas nesse papel. 39II - CONTEXTUALIZAÇÃO 6 - Considerações Finais. Contextualizar a Terapia Ocupacional no cenário nacional, assim como contextualizar a própria prática da Terapia Ocupacional, envolve a compreensão acerca da identidade profissional e de fato o entendimento de até que ponto conseguimos sensibilizar profissionais e população acerca da complexidade de nossa atuação. Falar de uma forma clara para as pessoas sobre quem somos, como atuamos, e conceituar de uma forma simples e didática o instrumento da Terapia Ocupacional – a análise da atividade humana, para que uma pessoa possa associar uma questão de sua rotina ou cotidiano, à intervenção do terapeuta ocupacional, pode ser um caminho. No imaginário popular, por exemplo, uma dieta pode remeter a pessoa ao nutricionista, assim como uma entorse pode remeter ao fisioterapeuta. E assim poderíamos citar outras profissões que já possuem a identidade forte quanto ao fazer que lhes caracterizem. Na Terapia Ocupacional, consolidar a identidade ainda é uma busca. Trabalhamos com os preceitos da ocupação humana, fazer humano, rotina, cotidiano, dentre tantos outros conceitos que utilizamos para explicar às pessoas o que fazemos e o que permeia nossa atuação. Todavia, nós profissionais sabemos da complexidade da nossa prática, e diante disso, desistimos de tentar explicar ou partimos para a evidência clinica, expressa pela prática profissional. Num contraponto a essa complexidade, o próprio nome da profissão traz em si um estigma difícil de ser “desconstruído”... A idéia do ocupar por ocupar, o que acaba sendo mais um problema. Com a experiência e a formação continuada, passamos a considerar mais claramente a ciência por traz dos fatos. Refletir sobre a Ocupação Humana, e o quanto essa ciência influencia a população em geral, bem como a nossa atuação enquanto terapeutas ocupacionais, pode auxiliar nesse processo de sensibilização para a identidade da Terapia Ocupacional. Em nossa atuação profissional, somos constantemente observados (pacientes, familiares, outros profissionais...), e considero esse um importante momento de divulgação do nosso fazer. Como exemplo, compartilho um atendimento especifico do Programa Melhor em Casa (do SUS), localizado na Zona Norte da cidade de São Paulo. Esse programa se dá pela intervenção domiciliar, onde acessamos uma diversidade enorme de contextos. Na avaliação de um Senhor Idoso, 71 anos de idade, com 40 Terapia Ocupacional • Volume 2 diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico (por queda de própria altura no banheiro de seu domicilio), constatei um quadro de dependência moderada em suas Atividades Básicas da Vida Diária - ABVD, e déficit funcional por diminuição do grau de forca muscular e de amplitude de movimento dos membros superiores (alta da internação recente). No momento da visita domiciliar, o paciente estava acompanhado de sua esposa. A avaliação foi realizada, e como conduta, antecipei orientações acerca de adaptação ambiental, maior participação nas ABVD, importância de posicionamento adequado no leito e cadeira de rodas, além de mudanças de decúbito (condutas para objetivos terapêuticos ocupacionais). Durante todo o momento da avaliação, foi reforçado que ali estava ocorrendo um atendimento de Terapia Ocupacional, que era realizado por um terapeuta ocupacional, e quais eram os objetivos terapêuticos ocupacionais ali propostos. O resultado foi excelente. Ao final do atendimento, a esposa do paciente, ao ser questionada pelo filho que ali chegara naquele instante, que Terapia Ocupacional era a profissão que trabalhava com o Cotidiano! Talvez esse seja realmente um caminho, mas certamente não deve ser considerado o único. Estendendo essa discussão, a descrição acima me remete a uma recente supervisão prestada a uma profissional terapeuta ocupacional da rede de Atenção à Saúde, de um Município do Estado de São Paulo. Nessa supervisão, como em tantas outras, as questões colocadas foram: - O que realmente faz o Terapeuta Ocupacional no programa “X”? - Como posso organizar a minha prática no programa “X”? - O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e atribuições? Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo de trabalho como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, propósito ou características do meio de interação ou ambiente de relação. Essa correlação é o norte que dirige a exposição de evidências e “boas práticas” profissionais. Nesse caminho, temos o conceito de trabalho em “rede”, como por exemplo, a Rede de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, citada anteriormente. O conceito de trabalho em rede nos remete diretamente a outro conceito denominado “matriciamento”. Como descrito no texto do “Portal Educação”: “Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por profissionais e diversas áreas especializadas, dado a uma equipe 41II - CONTEXTUALIZAÇÃO interdisciplinar com o intuito de ampliar o campo de atuação e qualificar suas ações. Ou seja, matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico- terapêutica. E essa relação amplia a possibilidade de realizar a clínica ampliada e a integração ou diálogo entre diferentes especialidades e profissões, onde o conhecimento a cerca de cada profissão é essencial para que essa rede realmente funcione nos parâmetros de eficiência e efetividade desejados”. (Ministério da Saúde, 2011) Em resumo, quanto maior o matriciamento entre os serviços, inclusive considerando os diferentes níveis de atenção, mais fortalecida a rede, e mais eficiente a estratégia ou a gestão; eficiência essa que deve ser mensurada a partir das variáveis pautadas, com base nos resultados alcançados. Basicamente, é uma questão de REFERÊNCIA e CONTRA-REFERÊNCIA, como preconiza o SUS, e efetivá-la deve ser responsabilidade de cada profissional inserido nesse processo. Por outro lado, dada a complexidade das demandas de Educação, Saúde e Assistência Social, e da própria complexidade do ser humano, a falta de matriciamento e consequente fragmentação da rede, não só leva a ineficiência dos serviços, como a desorganização e descaracterização dos mesmos, além da frustração dos profissionais. O reflexo disso se dá na falta de atenção às demandas e na formação de filas infindáveis. Cabe ressaltar ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, o número correto de Terapeutas Ocupacionais é 1(um) profissional para cada 1.000 (mil) habitantes, e como vimos anteriormente, o Brasil está muito aquém dessa realidade. O conceito de rede está intimamente ligado as prerrogativas dos serviços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas profissionais. E assim, já temos parâmetros para responder as questões inicialmente pautadas. E finalmente, como parte de uma análise criteriosa para o entendimento ou diagnóstico contextual, apresentamos o Geoprocessamento, onde dados valiosos podem ser compilados e disponibilizados para uma avaliação e reflexão do contexto atual da profissão e de possíveis indicadores que justifiquem parte das dificuldades de crescimento e consolidação da profissão no país. Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para 42 Terapia Ocupacional • Volume 2 planejamento da cobertura da atenção, quando correlacionado com a distribuição dos programas e serviços. Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por exemplo, permite que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades na atenção, quando correlacionadocom as demandas igualmente avaliadas por região. Saber onde há a cobertura de saúde suplementar, auxilia no direcionamento/investimento dos recursos públicos, assim como o conhecimento da renda familiar por região, Estado ou Município. E por fim, nessa breve tomada de dados geoprocessados, analisar a distribuição dos profissionais numa correlação com todos os cenários acima descritos, dá um indicador quanti-qualitativo de INTEGRALIDADE na atenção, evidenciando inclusive a necessidade de inserção de maior número de profissionais no cenário como um todo, o que certamente envolve o número e a distribuição das instituições de ensino superior. Referência Bibliográfica (sugerida para consulta). 1- BIANCHI, P.C.; MALFITANO, A.P.S. Formação graduada em Terapia Ocupacional. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2017 maio/ago. 28(2): 135- 46. Disponível em: HTTPS://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/120273/134856 (acesso em 28/03/2018) 2- O que é Atenção Básica? Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_o_que_e.php (acesso em 28/03/2018) 3- Governo do Brasil. Disponível em: http://brasil.gov.br/barra#acesso-informacao (acesso em 28/03/2018) 4- FONSECA, J. M.G. Compreendendo o que é matriciamento. Disponível em: www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/ compreendendo-o-que-e-matriciamento/49963 (acesso em 28/03/2018) 43 III - AQUECIMENTO INTRODUÇÃO À CIÊNCIA OCUPACIONAL. Otavio Augusto de Araujo Costa Folha 1. Considerações Iniciais. Este capítulo pretende apresentar, de forma introdutória, a Ciência Ocupacional e suas potenciais contribuições para a Terapia Ocupacional no contexto brasileiro. No entanto, faz-se necessário elucidar primeiro a minha aproximação com esta disciplina acadêmica. Talvez, por meio deste relato, outras pessoas, como alunos de graduação e terapeutas ocupacionais, encontrem ressonâncias em suas dúvidas e inquietações individuais acerca dos fundamentos teóricos da nossa profissão. Ainda enquanto aluno de graduação em terapia ocupacional na Universidade do Estado do Pará, o meu interesse pelas teorias de base da profissão foi despertado. A diversidade de possibilidades de áreas de atuação com variados públicos e em diferentes condições, o leque de procedimentos e recursos, de objetivos de intervenção e do suporte teórico utilizado para fundamentar as boas práticas, foi a força motriz que impulsionou o meu interesse acerca das teorias de base que sustentam singular diversidade. Quais conceitos e teorias são desenvolvidos e utilizados pela profissão, que possibilitam tamanha variedade na prática profissional? Essa passou a ser uma questão central em minha formação. Ao buscar respostas para esta questão, o lugar comum que encontrei, entre as várias produções existentes, foi a compreensão da intricada relação entre o ser humano e suas ações na vida cotidiana. A partir de então, pareceu central que, enquanto terapeuta ocupacional, era essencial aprofundar os meus conhecimentos sobre o ser humano, seus fazeres diários e sua relação com outros elementos que constituem a vida humana, como o ambiente, as condições sociais e de saúde e as diferentes formas de existir na sociedade. Nesse período, em conversas e debates com outros alunos, professores e profissionais que atuavam na assistência, percebi que 44 Terapia Ocupacional • Volume 2 algumas dúvidas e inquietações não eram só minhas. Elas também germinavam em outros colegas da área. Juntos então passamos a estudar e pesquisar sobre as produções que abordavam esta temática. Focamos inicialmente em estudos e autores nacionais. De imediato, identificamos que eram raras as pessoas que se dedicavam e se atreviam a produzir conhecimentos sobre o ser humano e suas ações na vida cotidiana no cenário nacional. Era mais frequente a utilização de conceitos e teorias desenvolvidas em outros países ou, quando produzidos no cenário brasileiro, estes conceitos e teorias eram baseados em conhecimentos de outros campos do saber, tais como, psicologia, sociologia, educação, saúde coletiva, etc. Por entendermos, ainda, que a produção nacional não tinha como foco central o que estávamos buscando, lançamo-nos na aventura de conhecer o que a literatura internacional da profissão abordava sobre o assunto. Identificamos assim, que muitos terapeutas ocupacionais em outros países produziram e responderam questões semelhantes às nossas. Percebemos que, embora semelhantes e passíveis de diálogo, estas questões não eram suficientes para dar conta de nossas demandas vivenciadas na prática profissional. Elas eram, na maioria das vezes, materializadas em modelos teóricos adequados a outras realidades de prática profissional vivenciadas em outros contextos e condições. No entanto, nesse momento, tomamos conhecimento da existência de uma disciplina acadêmica, germinada próxima aos princípios e valores de base da terapia ocupacional, que estava sendo desenvolvida por terapeutas ocupacionais de vários países, inclusive na América Latina, a chamada Ciência Ocupacional. Entendendo que esta disciplina poderia ser um campo fértil de produção de conhecimento acerca do ser humano, suas ocupações e sua relação com a vida cotidiana, possibilitando o desenvolvimento e aprimoramento de teorias e práticas germinadas e adequadas às nossas realidades de prática. Assim, realizamos, em 2009, um curso de formação em Ciência Ocupacional na Universidade do Chile, evento este identificado por Wicks (2012) como o primeiro evento do tipo na América do Sul. Desde então, temos buscado desenvolver e estabelecer diálogos entre a disciplina, os saberes teóricos brasileiros e nossas realidades de prática. Como fruto desse processo, desenvolvemos o Laboratório de Estudos em Ciência da Ocupação (2), grupo de estudo que mais tarde foi institucionalizado como Grupo de Pesquisa em Ciência da Ocupação no 45III - AQUECIMENTO Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente, este grupo é vinculado ao Curso de Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (3). Decorreu também deste período inicial o desenvolvimento de uma pesquisa acerca do modo como terapeutas ocupacionais da região compreendiam conceitos centrais da profissão, como o de ocupação, e como os relacionavam à sua prática profissional (4). Desde então, temos tentado articular e produzir conhecimento na interface entre os saberes desenvolvidos na ciência ocupacional e as demandas relacionadas à terapia ocupacional em nossos contextos teóricos e práticos. A seguir, apresento uma breve compreensão histórica do desenvolvimento desta disciplina acadêmica. Inicialmente, esboço alguns conceitos e estratégias de produção de conhecimento desenvolvidos no âmbito da ciência ocupacional. Por fim, apresento, sem buscar um esgotamento, algumas possíveis contribuições dessa ciência como mais uma alternativa para a fundamentação teórica e metodológica na profissão no cenário brasileiro. 2. Contexto Histórico e Desenvolvimento da Ciência Ocupacional. No âmbito internacional, mais particularmente no contexto norte- americano, sabe-se que inicialmente a prática de terapia ocupacional era sustentada em crenças e hipóteses sobre os benefícios do fazer algo, do ocupar-se para a “saúde e equilíbrio” das pessoas e da sociedade (5). Estas crenças e hipóteses eram derivadas de movimentos sociais e filosóficos precursores e eram colocadas em prática por pessoas de diferentes ramos do conhecimento (5; 6). Às primeiras gerações de terapeutas ocupacionais foi colocado o desafio de demonstrar a efetividade das ações profissionais da nova categoria, oriundo principalmente dos contextos históricos, econômicos e sociais da primeira metade do século XX e dos modelos médicos, psicológicos e científicosvigentes. A necessidade de desenvolvimento dos alicerces teóricos e metodológicos passou a ser uma questão de sobrevivência da profissão. Como resposta imediata, a produção de conhecimento na profissão se deu da prática à teoria. As primeiras gerações de terapeutas ocupacionais buscaram estruturar suas ações em conhecimentos oriundos de outros campos do saber (5). O desenvolvimento dos primeiros 46 Terapia Ocupacional • Volume 2 modelos teóricos da profissão foi fruto desse período inicial de produção de conhecimento teórico e prático, estruturado, principalmente, por conceitos advindos dos conhecimentos predominantes na medicina e psicologia, entre outras áreas do saber (7). No entanto, ao mesmo tempo em que produziu ancoragens teóricas e práticas que permitiram a aproximação com outros campos e a “validação” de suas ações, o conhecimento produzido pelos terapeutas ocupacionais distanciou-se das crenças e hipóteses iniciais da profissão sobre os benefícios do ocupar-se, do fazer algo, para a saúde humana (7). Este “fazer algo”, foi decomposto em componentes motores, sensoriais, psicológicos e sociais. Dessa forma, as ações profissionais, materializadas pelos instrumentos de avaliação, técnicas e procedimentos, e objetivos de intervenção, passaram a ser direcionadas cada vez mais para este enfoque, dificultando uma compreensão do foco central da profissão (8). Como consequência dessa produção de conhecimento e suas implicações para a constituição e consolidação da profissão, vários terapeutas ocupacionais nas décadas de 60 e 70, debateram e refletiram sobre a necessidade de retomar os valores iniciais da profissão, de sua visão holística e integrada do ser humano e dos benefícios do ocupar-se para a vida humana (5; 9). No entanto, agora era necessário desenvolver fundamentos próprios da área, fruto de pesquisas, práticas e teorias germinadas no próprio campo (8), bem como era primordial o desenvolvimento de uma terapia ocupacional autêntica (9). Foi a partir dessa época, no final de década de 70 e início dos anos 80, que surgiram os primeiros conceitos e teorias para auxiliar na sustentação da prática profissional, desenvolvidas por terapeutas ocupacionais e alicerçadas no próprio campo (10). Estes profissionais lançaram-se individualmente e/ou em pequenos grupos de trabalho no desenvolvimento dos primeiros modelos teóricos focados sobre as ocupações humanas (11). Também é consequência desse período o desenvolvimento de uma disciplina acadêmica com potencial para dar suporte à prática profissional da terapia ocupacional, a já citada “ciência ocupacional” ou “ciência da ocupação”. Dessa forma, como afirmam Molineux e Witheford (2012), acredita- se que o desenvolvimento da ciência ocupacional não está relacionado a um aspecto repentino da história da terapia ocupacional, mas sim a um processo de amadurecimento de reflexões acerca da necessidade de uma disciplina específica da profissão. Segundo estes autores, um fato que 47III - AQUECIMENTO contribuiu para esta perspectiva é que desde o seu surgimento formal enquanto profissão, por meio da sociedade para a promoção da terapia ocupacional em 1917, e mais tarde transformada na Associação Americana de Terapia Ocupacional, foi o estudo do conhecimento científico sobre a ocupação esteve entre os seus objetivos principais (8; 12). Atribui-se o surgimento formal da disciplina “ciência ocupacional” ao início do programa de doutorado do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, em 1989 (13) e à primeira publicação que apresentou a nova disciplina (14). Segundo Pierce (2012), as idéias sobre uma ciência da ocupação foram nutridas na teoria do comportamento ocupacional desenvolvida por Mary Reilly na década de 1960. Enquanto coordenadora do Departamento de Terapia Ocupacional dessa universidade, a professora Reilly influenciou na trajetória de pesquisa e prática de muitos alunos que mais tarde fizeram contribuições importantes para compreensão da ocupação para a terapia ocupacional. Este departamento tinha como forte característica o uso da ocupação na prática (15). Ainda segundo Pierce (2012; 2014) em 1976, a professora Elizabeth Yerxa assumiu a coordenação deste departamento, tendo como um de seus objetivos o desenvolvimento de uma contribuição singular da terapia ocupacional. Durante esta década, os docentes desse departamento submeteram uma proposta de doutorado em terapia ocupacional que foi recusada pela universidade. Para obter aprovação de um novo programa, era necessário ter um departamento altamente produtivo e focado na criação de uma nova disciplina. Assim, na década de 80, Yerxa e os professores do departamento realizaram consultorias e formações com acadêmicos e pesquisadores “de ponta” em várias áreas do conhecimento acerca de temas, métodos de pesquisa, estratégias de financiamento, publicação e colaboração científica no intuito de delinear um projeto de nova disciplina científica. No final dessa década, o projeto de um novo programa foi delineado e o objetivo de aprovação de um doutorado autêntico e focado na ocupação foi alcançado, tendo o departamento obtido financiamento para o seu desenvolvimento. Nesse processo, a professora Yerxa se aposentou e a terapeuta ocupacional Florence Clark assumiu a tarefa de coordenar o início desta nova disciplina em 1989 (16; 15). Assim, a então professora Yerxa coordenou a primeira publicação sobre a “ciência ocupacional”, em uma edição especial do periódico Occupational Therapy in Health Care, em 1989 (14). 48 Terapia Ocupacional • Volume 2 Em 1991, Clark e colaboradores publicou no periódico American Journal of Occupational Therapy o primeiro artigo que apresentou o potencial de uma ciência básica para a prática da terapia ocupacional (17). Ainda nesses anos, tiveram início os primeiros eventos de ciência ocupacional, inclusive com o apoio de renomados cientistas de várias áreas do saber para auxiliar no desenvolvimento da nova disciplina (16). É importante destacar que, durante este período, a ciência ocupacional também se desenvolveu em outros países, como por exemplo, na Austrália sob a liderança da terapeuta ocupacional Ann Wilcock. Nesse caso, em especial, o surgimento da disciplina não esteve diretamente ligado aos estudos sobre a prática da terapia ocupacional, e sim, foram estruturados no contexto da saúde comunitária visando apresentar perspectivas populacionais capazes de auxiliar no sistema de saúde do país (16; 15). Em 1993, sob a liderança de Wilcock, foi lançado o primeiro periódico especializado da disciplina, que foi intitulado de Journal of Occupational Science: Australia, que nos dias atuais chama-se Journal of Occupational Science, o qual possui o foco sobre a divulgação de pesquisas interdisciplinares sobre as ocupações (16). Atualmente, observa-se o desenvolvimento da ciência ocupacional em vários países na América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e também na América do Sul, principalmente no Chile, e mais recentemente no Brasil (1). Em alguns países, essa disciplina tem sido bastante difundida, em outros, seu valor tem sido relativizado, pouco compreendido e tensionado (18). No que diz respeito à relação com a terapia ocupacional, é importante destacar que o desenvolvimento da ciência ocupacional associado à profissão nunca foi unanimidade entre os pesquisadores no cenário internacional (13). Inúmeros debates acerca das implicações positivas e negativas da disciplina para a profissão ocorreram desde o seu surgimento (19; 20). No entanto, embora nos dias atuais coexistam diferentes perspectivas acerca disciplina (21), o seu desenvolvimento ainda é fortemente relacionado e produzido por pesquisadores no âmbito da terapia ocupacional, conforme evidenciado por revisõesde literatura no campo (22; 23; 24). 3. Crescimento e Desenvolvimento da Ciência Ocupacional. A ciência ocupacional surgiu como uma disciplina emergente e focada no estudo do ser humano enquanto “um ser ocupacional” (14), e 49III - AQUECIMENTO sua relação com a fundamentação teórica da terapia ocupacional foi um importante marcador inicial (17; 15). A ocupação é o constructo central da disciplina (17) e suas relações com a saúde, inclusão e participação das pessoas são elementos fundamentais (10; 25). Acredita-se que atualmente a disciplina está em pleno processo de amadurecimento e consolidação (26; 15). E um dos modos de averiguar o desenvolvimento do campo, é com base na análise da formação de pessoas e organizações para atuar no mesmo. Pierce (2012) informa que o desenvolvimento da disciplina tem ocorrido dentro da academia. Assim, a primeira turma do programa de doutorado em ciência ocupacional Universidade do Sul da Califórnia foi composta por 7 pessoas (15). Atualmente, existem diversos programas de graduação e pós- graduação em ciência ocupacional em vários países (16; 1). Inúmeros departamentos de terapia ocupacional nas universidades passaram a incluir o nome “ciência ocupacional” em suas denominações (16). Aldrich, Gupta e Rudman (2017) identificaram que mais de 100 pessoas que se graduaram em ciência ocupacional a partir de instituições acadêmicas nos Estados Unidos e Canadá. No que diz respeito às instituições e organizações, existem no mundo várias associações e sociedades científicas voltadas para a promoção da ciência ocupacional (16; 1). Entre elas, destaca-se a Sociedade Internacional para a Ciência Ocupacional (International Society for Occupational Science, ISOS), que é uma sociedade que advoga por um mundo “ocupacionalmente justo”, um mundo no qual “as pessoas têm oportunidades e escolhas para fazer as coisas que elas precisam e querem fazer” (1). Como um de seus objetivos, esta sociedade visa congregar uma rede mundial de indivíduos e instituições comprometidas com pesquisa e educação sobre ocupação e sua relação com saúde e o desenvolvimento das sociedades (1), bem como favorecer o desenvolvimento de pesquisa e da formação em ciência ocupacional nas maiores universidades do mundo (27). Hoje em dia, a ciência ocupacional tem sua relevância reconhecida pela Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (28) e seus estudos são utilizados como base no delineamento dos padrões internacionais de formação em terapia ocupacional (12; 1). Uma outra forma de se compreender o crescimento e a consolidação da disciplina no contexto mundial é por meio da produção de conhecimento que tem sido desenvolvida a partir dela. A evolução da publicação de livros e artigos, por exemplo, é um meio efetivo para se 50 Terapia Ocupacional • Volume 2 compreender este processo (15). Em 1996, o primeiro livro sobre o assunto foi publicado, Occupational Science: The evolving discipline (10). Em 1998, a partir de seu doutorado no âmbito da saúde comunitária, Wilcock (1998) publicou o segundo livro da área, intitulado An Occupational Perspective of Health. Desde então, outros livros têm sido publicados no âmbito dessa disciplina, alguns focados principalmente em teorias e pesquisa sobre a relação entre o ser humano e suas ocupações, tais como: The meaning of everyday life (29), Occupation by design: Building therapeutic power (30), Introduction to Occupation: The Art and Science of Living (31), Occupational Science in the service of Gaia (51), Life Balance: Multidisciplinary and Research (32), Occupational Science: Society, Inclusion, Participation (33), Transactional Perspectives on Occupation (34). Já outros, têm focado a contribuição da ciência ocupacional para a terapia ocupacional, como por exemplo, Occupation for Occupational Therapists (35) e Occupational Science for Occupational Therapy (15). O crescimento e o amadurecimento da ciência ocupacional também podem ser visualizados pelo aumento do número de pesquisas e trabalhos acadêmicos publicados em periódicos especializados e apresentados em eventos acadêmicos. O Journal of Occupational Science têm estado em atividade desde 1993 (12; 16). Este periódico aumentou seu número de edições por ano em 2010, indicando claramente o aumento da publicação na área (1). É importante destacar também que outros periódicos no âmbito da terapia ocupacional têm dedicado números especiais para divulgação da ciência ocupacional, tais como, The American Journal of Occupational Therapy, The Scandinavian Journal of Occupational Therapy e Work (16). Na América Latina, algumas revistas científicas, como os “Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional” e a “Revista Chilena de Terapia Ocupacional”, trazem em seu escopo a publicação de assuntos relacionados à disciplina. Em relação ao conhecimento produzido no interior da ciência ocupacional e divulgado por meio dos artigos publicados, alguns estudos têm sido realizados. Como no caso de Molke, Rudman e Polatajko (2004), que compararam dois períodos de produção de artigos, 1990 e 2000, no intuito de descrever e analisar criticamente o crescimento e o desenvolvimento desse campo. Estes autores identificaram um aumento no número de publicações, bem como uma maior variabilidade de periódicos que publicaram trabalhos e pesquisas relacionados à 51III - AQUECIMENTO disciplina, e da afiliação dos autores no que diz respeito ao país e o campo profissional de origem. Glover (2009) realizou uma análise quantitativa dos artigos publicados, entre 1996 e 2006, sobre a ciência da ocupação, e também identificou um aumento no número de artigos publicados, com predomínio de difusão no periódico Journal of Occupational Science. Este trabalho detalhou os principais tipos de estudo, as abordagens de pesquisa predominantes, a orientação disciplinar dos autores, o público estudado, entre outros aspectos (23). Em outro estudo, Pierce et al (2010) analisou os trabalhos apresentados durante um período de cinco anos nos encontros anuais da Sociedade de Ciência da Ocupação nos Estados Unidos e caracterizaram os trabalhos apresentados neste país quanto aos tipos de estudo, perspectiva teórica e sua relação com a terapia ocupacional, público abordado e foco de pesquisa em relação às ocupações. Mais recentemente, Aldrich, Gupta e Rudman (2017) analisaram 101 trabalhos relacionados ao doutoramento em programas de pós-graduação em ciência ocupacional nos Estados Unidos e Canadá. Este estudo forneceu importantes reflexões sobre o propósito na disciplina no que diz respeito à produção de conhecimento sobre as ocupações e o ser humano como ser ocupacional. Cabe ressaltar que todos os estudos e pesquisas acima apresentados possibilitaram informações sobre os principais focos e estratégias de pesquisa produzida ao longo do desenvolvimento da ciência ocupacional. 4. Focos e Estratégias de Pesquisa em Ciência Ocupacional. O desenvolvimento de conhecimentos sobre a ocupação e o reconhecimento dos seres humanos como “seres ocupacionais”, têm sido adotados como foco central da ciência ocupacional (21). Com base nessa premissa e na produção do conhecimento desenvolvidos ao longo do tempo, observa-se, assim como também detectado por Molineux e Whiteford (2012), que caminhos diferentes têm sido preferidos por alguns pesquisadores. Inicialmente, as publicações em ciência ocupacional incluíam predições e apresentações do que a disciplina deveria ser e como deveria se desenvolver (16). Mais tarde, pesquisas focadas sobre a análise da produção bibliográfica detectaram algumas características e tendências (36; 22; 23; 24; 21). 52 Terapia Ocupacional • Volume 2 Hocking (2000) apresentou uma estrutura conceitual inicial para analisar o conhecimento gerado por esta ciência. Baseada na compreensão
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