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Adriano Conrado Rodrigues VOLUME 2 TERAPIA OCUPACIONAL (Livro)

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Prévia do material em texto

Copyright © 2018 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional da Terceira Região – Crefito 3.
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, 
constitui violação do copyright (Lei 5.988/73 e Lei 9.610/98).
___________________________________________________
A Interface da Terapia Ocupacional no Contexto Multiprofissional da 
Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social / Adriano Conrado 
Rodrigues - São Paulo, SP: Maio, 2018.
 
1.TERAPIA OCUPACIONAL 2.EDUCAÇÃO 3.SAÚDE 4.ASSISTÊNCIA 
SOCIAL 5.REABILITAÇÃO 6.SAÚDE MENTAL 7.PRÁTICAS INTEGRATIVAS 
8.PREVIDÊNCIA
I. Rodrigues, Adriano Conrado (org.)
4 VOLUMES - Essa obra contém material inédito.
Realização:
 
Apoio técnico institucional e divulgação:
 
Responsável Técnico, Coordenação do Projeto e Produção:
Adriano Conrado Rodrigues – TERAPEUTA OCUPACIONAL
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou
total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda 
ou qualquer fim comercial. 
All rights reserved. It allowed the partial or total reproduction of this 
work provided that the source is mentioned and is not for sale or any 
commercial purpose. 
5
Citação Especial - Homenagem - Crefito 3/TO
“Terapia Ocupacional - Profissão Centenária”
17 de março de 1917: 
 Nessa data, há exatamente um século, um grupo multidisciplinar 
vinculado direta e indiretamente à área da saúde, se reuniu na cidade de 
Nova Iorque para oficializar a criação da NSPOT – National Society for the 
Promotion os Occupational Therapy, a Associação Nacional para a Promoção 
da Terapia Ocupacional (hoje AOTA – Associação Americana de Terapia 
Ocupacional). Presentes àquela primeira reunião, apenas seis pessoas.
 Cem anos depois, e próxima de reunir meio milhão de profissionais 
em todo o mundo, a Terapia Ocupacional se consolida como uma 
profissão que se expande desde a área da saúde para abraçar também os 
campos social e da educação.
 Por meio de suas práticas e dos avanços em pesquisas, onde o 
fazer humano é abordado de forma transformadora, evidenciamos a 
importância da atuação dos terapeutas ocupacionais.
Saiba mais sobre os 100 anos da Terapia Ocupacional em:
https://youtu.be/VYfOK_3sr5s
6
Agradecimentos
 Agradeço a todos os TERAPEUTAS OCUPACIONAIS e demais 
profissionais, compromissados com o saber e a prática clínica / 
assistencial, que fazem a “linha de frente” do acolhimento à população. 
Graças à vocês, esse livro têm integralidade e humanização!!!
 Agradeço aos mais de 90 Autores Colaboradores, tamanha a 
generosidade dispensada a cada capítulo, texto, palavra... Vocês foram 
incríveis! Referenciar uma Categoria, exige competência, experiência, 
ética e responsabilidade. Aqui, isso é realidade!!!
 Agradeço a Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima (Vice-presidente 
do Coffito) e ao Dr. José Renato de Oliveira Leite (Presidente do Crefito 
3), além de todos os colegas terapeutas ocupacionais e fisioterapeuta do 
Sistema Coffito-Crefitos, pela parceria e por acreditarem que podemos 
sim, avançar nas demandas da Terapia Ocupacional!!!
 Agradeço em especial à minha família pelo apoio incondicional, e 
todo o amor e carinho!!!
 Obrigado a Deus, pela oportunidade de servir e me realizar através 
dessa linda profissão, pelo bem comum. 
 Adriano Conrado Rodrigues
7
Dedicatória
Essa obra é dedicada ao terapeuta ocupacional, professor, orientador, 
mestre, e como ele gostava de ser apresentado, AMIGO Roberto Ciasca. 
Eterno em nossos corações.
 In Memoriam
#contamine-se com o prazer da dança!
- Grupo de Dança ParaTodos na Mostra de dança do CCA da PUC-
Campinas. Coreografia Swing da Lata, criação coletiva. Música de 
Herbert Viana e Fernanda Abreu. Coordenação Roberto Ciasca.
Disponível em:
http://robertociasca.blogspot.com.br/2009/08/grupo-de-danca-
paratodos-estreia.html (acesso em 05/03/2018)
8
Capa
Significado
 -Trechos retirados do TCC dos TOs Hélio Hissaoh Ikeda e Lívia 
Aparecida Soares de Lima. MANDALAS: UMA REFLEXÃO SOBRE SEU 
POTENCIAL TERAPÊUTICO OCUPACIONAL. UNISO, 2014. Orientação 
Acadêmica: Rita Gianolla Miranda.
“...a Terapia Ocupacional pode utilizar o mandala, 
uma vez que necessita de uma atividade que 
proporcione através do simbolismo, a emersão 
para o consciente de conflitos internos, o 
mandala por sua vez é uma maneira de projeção 
simbólica de tais conteúdos inconscientes.”
“...conexão com conteúdos inconscientes que 
nos bloqueiam e sentimentos que necessitam 
ser trabalhados. O Terapeuta Ocupacional pode 
aproveitar deste recurso e auxiliar o indivíduo no 
reconhecimento e aceitação destas limitações.”
“...para que haja a reorganização consciente do 
cotidiano é necessário reorganizar conteúdos 
internos.... o mandala permite uma transformação 
alquímica ao nível de psiquismo que favorece 
para que as imagens representativas se tornem 
realidade e assim seja capaz de remanejar 
conteúdos conflitantes, visibilizando a clarificação 
dos conteúdos que possam vir a serem emergidos, 
permitindo uma reorganização interna.”
10
SUMÁRIO
VOLUME 2
TERAPIA OCUPACIONAL - MÉTODOS, ABORDAGENS E INTERVENÇÕES 
PARA GANHO DE AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
Prefácio 1................................................................................................................. 14
Prefácio 2................................................................................................................. 15
I - APRESENTAÇÃO.....................................................................................................17
II - CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................25
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia Ocupacional por Geopro-
cessamento no Brasil: Aspectos Sociais, de Saúde e de Educação
III - AQUECIMENTO.....................................................................................................43
Introdução à Ciência Ocupacional
CAPÍTULO 1...............................................................................................................65
- Introdução - Atividades da Vida Diária e Interdisciplinaridade
CAPÍTULO 2................................................................................................................71
– Princípios de Tecnologia Assistiva 
CAPÍTULO 3................................................................................................................96
– Avaliação, Prescrição e Adequação Postural em Cadeira de Rodas
CAPÍTULO 4.............................................................................................................105
- Órteses e Próteses
11
CAPÍTULO 5.............................................................................................................124
- Adaptações de Espaços/Ambientes de Interação: Acessibilidade e Prevenção 
de Quedas
CAPÍTULO 6.............................................................................................................131
- Comunicação Aumentativa (Suplementar) e Alternativa - Terapia Ocupacional e 
Aspectos Multiprofissionais
CAPÍTULO 7.............................................................................................................142
- Deficiência Visual - Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissiomais
CAPÍTULO 8.............................................................................................................149
- Disfagia: Considerações para a Prática Multiprofissional
CAPÍTULO 9.............................................................................................................167
- Terapia Aquática – Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais
CAPÍTULO 10...........................................................................................................192- Equoterapia – Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais
CAPÍTULO 11...........................................................................................................209
- Intervenções Assistidas por Animais – O Olhar da Terapia Ocupacional
CAPÍTULO 12...........................................................................................................224
- Ergonomia Cognitiva e Terapia Ocupacional - Resignificando a Relação com o 
Trabalho nas Empresas
CAPÍTULO 13...........................................................................................................247
- “Integração Sensorial Combinada” nas Alterações Neurofuncionais: Terapia 
Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais
CAPÍTULO 14...........................................................................................................290
- Distúrbios do Sono - Terapia Ocupacional e Aspectos Multiprofissionais
CAPÍTULO 15...........................................................................................................313
- Assimetrias Cranianas – Abordagem da Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANEXO 1...................................................................................................................327
- Reabilitação Visual - Relato de Experiência (Ref. ao Cap. 7)
ANEXO 2...................................................................................................................334
- Terapia da Mão/Órtese de Membro Superior - Relato de Experiência
(Ref. ao Cap. 4)
SUMÁRIO
12 Terapia Ocupacional • Volume 2
IV - APÊNDICE..........................................................................................................338
 - Cartilha de Apoio para a Inserção de Terapeutas Ocupacionais nos Pro-
gramas e Serviços Públicos de Saúde e Assistência Social.......................339
 – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – 
CIF: Considerações para Terapeutas Ocupacionais...............................342
 - Apresentação dos mini-currículos dos autores / colaboradores, em 
acordo com a identificação numérica em sobrescrito...........................351
14
Prefácio 1
Dra. Patrícia Luciane Santos de Lima* 
 
 Este referencial direcionado aos Terapeutas Ocupacionais, chegou 
para enriquecer o conhecimento teórico prático de nossa profissão e 
proporcionar condições para desempenharmos nosso trabalho com mais 
diversidade, qualidade e abrangência. 
 Uma grande equipe multiprofissional transformou esta produção 
em realidade, perpassando temas que transitam não só pela saúde, 
mas trazendo reflexões acerca do nosso papel ocupacional na sociedade 
enquanto promotores do bem estar bio psico social do indivíduo e 
apontando materiais, métodos, recursos, para que este indivíduo atinja 
a sua máxima independência e autonomia. 
 Trazer aos profissionais, reflexões a respeito deste fazer, ilustrando 
a prática com relatos de casos também é o desafio desta obra, e 
nos remete a potencializar um bom networkinq que nos capacite a 
reconhecer e aprimorar nossas habilidades e competências, somando 
forças com a equipe multiprofissional, para alcançarmos a excelência 
das boas práticas em saúde.
 Estar prefaciando este livro é, além de uma honra, uma grande 
responsabilidade: a de indicar a leitura e incentivar os demais colegas a 
se aventurarem nas interfaces da nossa profissão, mas acima de tudo, é 
uma imensa alegria, pois participo da trajetória do autor, que vem, com 
extrema competência, ética e dedicação, transformando conceitos e 
quebrando paradigmas da Terapia Ocupacional no Brasil. 
 Fica como sugestão a leitura e o desejo de que esta sucessão de 
temas atuais e aquilatados pelo olhar cuidadoso do autor, nos faça 
caminhar para a excelência do cuidado e para o fortalecimento de uma 
rede de referência que gere autonomia, inclusão social, geração de 
renda e melhor qualidade de vida ao paciente.
*Terapeuta Ocupacional - Vice-presidente e Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares 
(CAP) do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO). 
15
Prefácio 2
Dr. José Renato de Oliveira Leite* 
 Esta obra tem por objetivo ressaltar a interface da Terapia 
Ocupacional no contexto multiprofissional nas mais diversas situações 
que envolvem as ações de planejamento e gestão em saúde, os 
programas de reabilitação, os ganhos funcionalidade, e as redes de 
atenção à saúde, bem como a aplicação de inovados recursos e métodos 
terapêuticos por especialistas na área da reabilitação. 
 Cabe lembrar que o processo de promoção da saúde, física ou 
mental, têm por finalidade a reintegração do indivíduo à sociedade. E 
para a sua ocorrência, deve-se ter, além do domínio de conhecimento 
técnico e científico, a garantia do trabalho multiprofissional, o 
envolvimento do Estado, a efetiva participação da sociedade, bem como 
do próprio indivíduo a ser reintegrado, e de seus familiares.
 Dessa forma, o autor procurou reunir renomados profissionais que 
atuam nas áreas de planejamento, gestão e promoção de saúde, sobretudo 
ressaltando a importância do trabalho em equipe multiprofissional, 
e que por meio das suas ações experiências, irão contribuir de forma 
consubstancial na tomada de decisões e adoção de condutas.
 Portanto, esse livro é recomendado para todos os profissionais que 
estão envolvidos com estratégias de gestão, e aqueles que desejam ter o 
amplo conhecimento da importância do trabalho multiprofissional que é 
realizado ao longo de todo o processo de reabilitação.
 E por fim, aproveito também a oportunidade para parabenizar o 
Dr. Adriano Conrado Rodrigues e seus respectivos colaboradores, pelo 
excelente trabalho realizado nessa obra, e pela iniciativa de construção 
e compartilhamento do conhecimento científico, o qual é de vital 
importância para toda a nossa sociedade.
*Fisioterapeuta – Presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
da Terceira Região (CREFITO-3); Membro da Comissão de Assuntos Parlamentares (CAP) 
do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO); Especialista em 
Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR; Coordenador das Atividades de Ensino do Instituto 
do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HC. FMUSP)
17
I - APRESENTAÇÃO.
Adriano Conrado Rodrigues
 
 É com imensa satisfação e alegria que apresento essa obra em 
formato digital, em consonância com o Conselho Federal de Fisioterapia 
e Terapia Ocupacional - COFFITO, para referenciar ou instrumentalizar 
de forma ampla e acessível o maior número possível de Terapeutas 
Ocupacionais, conforme o interesse nas temáticas abordadas. 
 Dimensionar a Terapia Ocupacional em sua amplitude não é tarefa 
fácil, e talvez nem seja possível considerando as características da 
profissão, além das vertentes político-sociais em constante transformação. 
Mas creio ter aqui um ótimo retrato, contemporâneo, que conta com 
a experiência e colaboração de mais de 90 profissionais, Terapeutas 
Ocupacionais e outros, que em suas expertises e de forma generosa 
evidenciaram uma base sólida de fundamentos e práticas terapêuticas 
ocupacionais e multiprofissionais. 
 Hoje no Brasil, conforme estimativa do próprio Coffito (Dez/2017) 
somos 17.865 Terapeutas Ocupacionais. Isso representa um crescimento 
de 21%, em relação ao número de profissionais no ano de 2015. Apesar 
do impacto positivo desse valor, pois sim, estamos crescendo, ainda 
nos encontramos aquém quando esse levantamento é dimensionado por 
cobertura territorial, atenção às demandas, programas, instituições e 
serviços, e pelo número de cursos ofertados nas instituições de ensino 
superior do território nacional. Atualmente, não são raros os concursos e 
vagas de trabalho, sem profissionais inscritos, bem como novas políticas 
públicas que venham adaptadas ao baixonúmero de profissionais com 
especialidade ou competência para uma área específica.
 Baixo também é o número de mestres e doutores na profissão. Daí a 
importância de estarmos incorporados em ações planejadas, tanto de cunho 
político (ético/responsáveis), quanto de evidência da própria prática, pois 
a mesma fala por si. Esse deve ser um compromisso de cada profissional, de 
cada instituição e de cada órgão de representação dessa categoria. 
 Assim, vejo como essencial a evidência de nossas “boas práticas”, em 
acordo com o código de ética da Terapia Ocupacional. Hoje em dia, com os 
18 Terapia Ocupacional • Volume 2
adventos tecnológicos é muito fácil se comunicar. Saibamos usar isso a nosso 
favor, e mostremos toda a riqueza da Terapia Ocupacional à sociedade.
Acesse material de divulgação da Terapia Ocupacional em:
http://www.crefito3.org.br/dsn/manuais.asp
 É nesse ideal de CRESCIMENTO, que essa obra compõe seu alicerce!
 Para ilustrar a obra e marcar a transição de conteúdos, temos “o 
Mandala”, e aqui vale uma fundamentação quanto a pertinência da escolha:
 O Mandala - Através do simbolismo, leva a emersão para o consciente 
de conflitos ou limitações, que, a partir disso, poderão ser trabalhados para 
uma reorganização interna e no cotidiano, ou seja, um excelente recurso 
terapêutico (nada mais pertinente!).
 Derivação Cultural de concepção, o Mandala, presente na 
tradição hinduísta, e mais precisamente na tradição budista tibetana, 
presente nos estudos de C. G. Jung, representa uma imagem interior 
que gradualmente é construída nos momentos de equilíbrio psíquico 
perturbado, ou quando um pensamento não pode ser encontrado.
 O Mandala estimula a mente a equilibrar as emoções e ativa os 
processos físicos, ajudando a restabelecer sua função plena e assim 
passa a ser uma fonte de cura; e encontra a sua simbiose técnico-afetiva 
com a Terapia Ocupacional. 
 E assim, a beleza fascinante e misteriosa do Mandala nos 
acompanhará ao longo dessa jornada, abraçando a dimensão 
contemporânea da Terapia Ocupacional, sem nos deixar esquecer o quão 
fascinante, complexa e rica é a essência e o trabalho com o ser humano!
 Outro ponto importante da obra é o fato da característica 
multiprofissional da composição dos assuntos; o que torna o conteúdo 
extremamente esclarecedor quanto ao papel do terapeuta ocupacional, 
quando frente às outras profissões, quer seja no campo da Educação, 
da Saúde, da Previdência ou da Assistência Social, nas prerrogativas, 
competências e amplitude de Abordagens, Métodos, Técnicas e 
intervenções terapêuticas ocupacionais.
 Não há atenção integral à Saúde da população, sem a presença do 
Terapeuta Ocupacional nos programas, serviços e equipes de trabalho! 
 Da mesma forma, conhecer as prerrogativas e práticas profissionais 
das demais categorias que nos relacionamos como Terapeutas 
Ocupacionais, nos auxilia a intervir de forma ética, e partilhar nossos 
19I - APRESENTAÇÃO
objetivos (em equipe) ou gerar demandas colaborativas, para que 
tenhamos a riqueza da abordagem multiprofissional evidenciada nas 
dinâmicas de trabalho, e certamente maior assertividade nas avaliações e 
condutas profissionais.
 As práticas multiprofissionais nesse contexto têm como principal 
objetivo lançar um olhar amplo sobre os indivíduos, tanto para prevenir 
doenças e fatores de exclusão, como para promover a saúde e a Qualidade 
de Vida. Esse é um processo que passa pela busca de independência nas 
atividades da vida diária, autonomia para o desenvolvimento pessoal, 
projetos de vida, respeito pelos valores individuais ou comunitários, 
manutenção de vínculos sociais e ocupacionais, que considerem o potencial 
funcional e relacional. Essas questões compõem as premissas do trabalho do 
Terapeuta Ocupacional, e por conseqüência as premissas dessa obra.
 Talvez o terapeuta ocupacional seja o profissional mais competente na 
atenção às pessoas em estado de vulnerabilidade; até aqui, pouca novidade 
uma vez que essa profissão advém de situações adversas da humanidade. A 
questão é que no Brasil, pela própria condição sócio-econômica e política 
do país, a vulnerabilidade está intimamente ligada ao risco de morte, o 
que torna a presença do terapeuta ocupacional nos programas e serviços 
públicos, necessária, indispensável, imprescindível, ou qualquer outro 
adjetivo que demonstre a extrema importância de sua presença.
 Assim, num verdadeiro malabarismo metodológico /organizacional 
para abraçar todo o arcabouço teórico-prático levantado, e sem 
a pretensão de ser perfeita nessa questão, essa obra divide-se em 
4 partes, precedidas pela contextualização em forma de análise 
situacional da profissão no cenário nacional, e por uma brilhante viagem 
à Ciência Ocupacional como terra fértil a ser explorada por acadêmicos 
e profissionais, e que ancora e subsidia a prática da Terapia Ocupacional. 
 A Parte 1 aborda de forma ampla, estratégias de GESTÃO, 
EMPREENDEDORISMO E MARKETING para terapeutas ocupacionais, 
deixando clara a capacidade (e aptidão) desse profissional em gerenciar 
pessoas, equipes e serviços ou empresas. 
 Na Parte 2 são apresentados de forma técnica, MÉTODOS, 
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, 
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO. 
 Nessa mesma linha entramos na Parte 3, onde os autores 
colaboradores relatam suas experiências e saberes nos CONTEXTOS DA 
EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. 
 E finalmente a Parte 4 percorre a extensão terapêutica ocupacional 
20 Terapia Ocupacional • Volume 2
no campo das PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE, e 
que demandam o envolvimento dos profissionais, pois já temos inclusive 
a Política Nacional das PICS, com grande atenção Ministerial para a sua 
consolidação. 
 Assim, concluo a apresentação considerando essa obra um 
marco de evidência, em que a profissão parece SE FORTALECER nas 
mãos de gestores e profissionais que entendem ser esse, o momento 
de construção e união pelo ideal da profissão em si; e o que não for 
para agregar em representação, competência, sustentabilidade, 
monitoramento, eficiência e efetividade, já não cabe mais. A TERAPIA 
OCUPACIONAL BRASILEIRA SOMOS TODOS NÓS! 
APRESENTAÇÃO DOS AUTORES / COLABORADORES POR SESSÃO*:
I - (APRESENTAÇÃO).
II - CONTEXTUALIZAÇÃO.
1. Adriano Conrado Rodrigues (1)
2. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
3. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)
4. Dimaima Vitória Castro da Graça (93)
5. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)
III - AQUECIMENTO.
 Otavio Augusto de Araujo Costa Folha (57)
VOLUME 1.
TERAPIA OCUPACIONAL - GESTÃO, EMPREENDEDORISMO E MARKETING.
1. Priscilla Regina Cordeiro (33)
2. Annie Betune Ramalhão (3)
3. Sandra Helena Iglesias Cordeiro Leite (9)
“Nenhum homem é uma ilha; qualquer 
homem é uma parte do todo. A morte 
de qualquer homem me diminui, 
porque faço parte da humanidade;...”
John Donne (1572-1631).
21
4. Adriano Conrado Rodrigues (1)
5. Bruno Souza Bechara Maxta (59)
6. Alessandro Rodrigo Pedroso Tomasi (58)
7. Susilene Maria Tonelli Nardi (72)
8. Lúcia Helena Soares Camargo Marciano (91)
9. Maria Aparecida Pereira Machado (80)
10. Katia Maki Omura (75)
11. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
12. Adriano de Oliveira* (28)
13. Julia Hatakeyama Jóia* (27)
14. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
15. Janaína Eleutério Martins (23)
16. Luiza Franco (26)
17. Maria Luiza Rezende (24)
18. Maria Luiza Santa Cruz (19)
19. Marina Rodrigues Camargo (17)
20. Silvia Regina Rocha (18)
21. Viviane de Mancilha Lima (25)
VOLUME 2.
TERAPIA OCUPACIONAL EM SAÚDE E REABILITAÇÃO - MÉTODOS, 
ABORDAGENS E INTERVENÇÕES PARA GANHO DE AUTONOMIA, 
INDEPENDÊNCIA OU PARTICIPAÇÃO.
1. Daniel Marinho Cezar da Cruz (11)
2. Maria Aparecida Ferreira de Mello (37)
3. Cândida Luzzo (39)
4. Tatiani Marques (40)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Fernando Vicente de Pontes(56)
7. Daniela Nascimento Augusto (17)
8. Roberta Abduch Rolim Credidio (16)
9. Adriano Conrado Rodrigues (1)
10. Luciana Diniz Freitas (70)
11. Gisele Pellegrini (5)
12. Renata Aparecida Conejo (8)
13. Ana Cláudia Tavares Rodrigues (88)
14. Luciane Padovani (6)
15. Ana Maria D. O. Belleza (2)
16. Fábio Jakaitis (4)
I - APRESENTAÇÃO
22 Terapia Ocupacional • Volume 2
17. Luciane Padovani (6)
18. Marussia Fialho Hamsi Caridá (15)
19. Eduardo Peres Honório (14)
20. Célia Aparecida Tomba (13)
21. Adriana Garcia Tosta Vieira (12)
22. Andressa Chodur (83)
23. Patrícia Luciane Santos de Lima (53)
24. Sandra C. Pizzocaro Volpi (36)
25. Caio Cesar Benetti Filho (51)
26. Kátia Cezário da Silva (90)
27. Fernanda Cristina Ferreira de Camargo (66)
28. Vanessa Raquel Pires Ferracini (68) 
29. Evelin Cadrieskt Ribeiro Mello (67)
30. Carolina Gomes Matarazzo (92)
31. Antonia Alice de Souza Fonseca (42)
32. Evelyn Kirkcov de Souza (45)
33. Helenice Oliveira (44)
34. Márcia Conceição Abbamonte (43)
35. Renata Rocha (49)
36. Renata Schoedler (10)
37. Carolina Gomes Matarazzo (92)
38. Márcia Helena Valente da Costa (95)
VOLUME 3.
TERAPIA OCUPACIONAL - CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE, PREVIDÊNCIA 
E ASSISTÊNCIA SOCIAL.
1. Maria Fernanda dos Santos (74)
2. Daniela Nascimento Augusto (17)
3. Leonardo Costa Lima (35)
4. Alexandre Martinho (76)
5. Aide Mitie Kudo (46)
6. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
7. Gabriela Pereira do Carmo (71)
8. Luciana Diniz Freitas (70)
9. Mônica Estuque Garcia Queiroz (47)
10. Patrícia Luciane Gomes dos Santos (53)
11. José Naum de Mesquita Chagas (77)
12. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
13. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
23
14. Jamile Cristina Albieiro Silva (31)
15. Adriano Conrado Rodrigues (1)
16. Gisele Monnerat Tardin (50)
17. Tatiani Marques (40)
18. Luis Ferreira Monteiro Neto (54)
19. Fernando Vicente de Pontes (56)
20. Patricia Leite de Oliveira (52) 
21. Ana Rita Costa de Souza Lobo Braga (69)
22. Patrícia Leite de Oliveira (52)
23. Carolina Cimardi Becker (29)
24. Cristina Maria Quaggio (30)
25. Jamile Cristina Albiero Silva (31)
26. Mariane Aparecida Terssoni da Conceição (32)
27. Priscilla Regina Cordeiro (33)
28. Talita Cristina de Moraes (34)
29. Cíntia Schwab (41)
30. Leiliane Helena Gomes(89)
31. Márcia de Souza Rodrigues (61)
32. Aline Paz Perussi (73)
33. Carolina Maria do Carmo Alonso (48)
34. Priscila Blasquez da Costa Leite (55)
35. Gisele Monnerat Tardin (50)
36. Marina Rodrigues Camargo (17)
37. Silvia Regina Rocha (18)
38. Maria Luiza Santa Cruz (19)
39. Walter Augusto Bahia Pereira (20)
40. Maria Luiza Rezende (24)
41. Carmen Ligia Cucê Nobre (21)
42. Keila Raquel Ferreira de Oliveira (22)
43. Janaína Eleutério Martins (23)
44. Luiza Franco (26)
45. Viviane de Mancilha Lima (25)
46. Álida Fernanda C. Murta Andrade (94)
47. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
48. Maria Imaculada da Costa Mendonça (96)
I - APRESENTAÇÃO
24 Terapia Ocupacional • Volume 2
VOLUME 4.
TERAPIA OCUPACIONAL - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM 
SAÚDE (PICS).
1. Ana Teraza Costa Galvanese (79)
2. Fábia Cilene Dellapiazza (38)
3. Márcia de Souza Rodrigues (61)
4. Luzianne Feijó Alexandre Paiva (82)
5. Adriano Conrado Rodrigues (1)
6. Leonardo Costa Lima (35)
7. Flavia Liberman (78)
8. Rachel Azulay Leite (60)
9. Ângela Maria Cecim de Souza Castro Lima (62)
10. Lídia Seade Vieira Maia (63)
11. Socorro de Maria Castro (65)
12. Maria de Nazareth Mendes (64)
13. Patrícia Luciane Gomes dos Santos (53)
14. Karla Adriana Ferreira Beckman (84)
15. Alan Senigalia (85)
16. Ana Maria Fernandes Pitta (86)
17. Lara Susan Silva Lima (80)
18. Clarissa Dantas de Carvalho (87)
IV - APÊNDICE 
1. Susilene Maria Tonelli Nardi (72) / Câmara Técnica Sócio-Sanitária 
- Crefito 3.
2. Adriano Conrado Rodrigues (1)
*Acesse os mini-currículos dos autores, em acordo com a identificação numérica, no 
tópico IV – Apêndice, parte 3.
25
II - CONTEXTUALIZAÇÃO 
Características e Breve Análise de Impacto da Terapia 
Ocupacional por Geoprocessamento no Brasil: Aspectos 
Sociais, de Saúde e de Educação.
 
Adriano Conrado Rodrigues
Colaboração:
Susilene Maria Tonelli Nardi
Álida Fernanda Corgozinho Murta Andrade
Jamile Cristina Albieiro Silva
Dimaima Vitória Castro da Graça
1 - Introdução.
 
 Após a apresentação dessa obra, é importante que se apresente 
a Terapia Ocupacional, bem como contextualizá-la numa dimensão de 
interesse dos gestores, acadêmicos e profissionais. 
 Essa importante profissão já difundida no mundo, no Brasil caminha 
para a sua consolidação, habitando e se desenvolvendo nos espaços 
da saúde, educação, assistência social e cultura. Portanto, é essencial 
o entendimento das variáveis que compõem a Terapia Ocupacional, e 
dos parâmetros que a delimitam em nosso país, tanto no que se refere 
à distribuição geográfica dos profissionais, como de suas práticas e 
contribuições para as Políticas de Atenção. 
 A partir do correto entendimentos desse contexto, e da evidência 
do impacto das ações profissionais, o planejamento para a valorização e 
o próprio crescimento da profissão passam a ser possíveis, e em acordo 
com as reais demandas da profissão e da própria população brasileira.
2 - Terapia Ocupacional. 
 
 2.1 - Apresentação
 Numa visão contemporânea, a Terapia Ocupacional é uma profissão 
26 Terapia Ocupacional • Volume 2
de nível superior e que de acordo com a Organização Mundial de 
Saúde, utiliza a atividade humana como recurso terapêutico, com o 
objetivo de habilitar e/ou reabilitar indivíduos com dificuldades físicas, 
psíquicas, cognitivas, perceptivas e sociais, que estejam interferindo no 
desenvolvimento e/ou na independência do indivíduo.
 Desta forma sua atuação permeia todos os ciclos de vida (recém-
nascidos, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), trabalhando 
em equipamentos públicos e privados dos setores de Saúde, Educação, 
Assistência Social, Cultura, Previdência Social e nos Sistemas Judiciário 
e Penitenciário. Participa da organização, planejamento e gestão dos 
serviços, da pesquisa, prevenção de alterações funcionais dos sistemas 
do corpo humano e do desempenho nas atividades cotidianas de pessoas 
em seus diferentes contextos sociais. Atua em situações de risco, de 
fragilidade e vulnerabilidade social e problemas de ordem física, cognitiva 
e mental em diferentes níveis de complexidade. Auxilia na integração 
das pessoas aos diferentes cenários sociais, conforme suas demandas, 
papéis ocupacionais, necessidades ou interesses, visando melhorar a auto-
realização, o bem-estar e a qualidade de vida, e advinda de áreas de 
estudo como a Ciência Ocupacional (vide tópico III – Aquecimento).
 2.2 - Áreas de Atuação.
 O CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
(COFFITO) reconhece as seguintes Especialidades do profissional 
Terapeuta Ocupacional: 
 
 A - Especialidade: Acupuntura
Área de Atuação:
• Todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do 
desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção, promoção, 
proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação do cliente/
paciente/usuário.
 
 B - Especialidade: Contextos Hospitalares
 A formação profissional dessa especialidade, enquadrada na área 
requerida - “Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares”, apresenta 
três áreas de atuação: “Atenção intra-hospitalar”, “Atenção extra-
hospitalar oferecida pelo hospital” e “Atenção em cuidados paleativos”.
 A área de atuação de “Atenção em Cuidados Paliativos” compreende 
o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes 
27II - CONTEXTUALIZAÇÃO
multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas 
potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão 
em tratamento sem condições de modificação da doença;os Cuidados 
Paliativos podem ser realizados tanto em contextos intra-hospitalares, 
como através de ações em contextos extra-hospitalares oferecidas por 
equipe hospitalar, não se restringe à fase de terminal idade da vida 
e são considerados cuidados preventivos, pois previnem um grande 
sofrimento motivado por dores, sintomas e pelas múltiplas perdas físicas, 
psicossociais e espirituais e podem reduzir o risco de luto complicado.
 Serão consideradas áreas afins: Terapia Ocupacional em Saúde 
Funcional; Terapia Ocupacional em Saúde Mental; Terapia Ocupacional 
em Saúde Coletiva nas áreas de atuação Desempenho Ocupacional 
e Saúde do Idoso; Desempenho Ocupacional e Saúde da Mulher; 
Desempenho Ocupacional e Saúde do Trabalhador; Desempenho 
Ocupacional e Saúde do Escolar, considerando neonato, infância e 
adolescência; e Cuidados Paliativos e Tanatologia.
 C – Especialidade: Contextos Sociais
Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional e Contexto Asilar
• Desempenho Ocupacional e Contexto Prisional
• Desempenho Ocupacional e Geração de Renda
• Desempenho Ocupacional e Justiça e Cidadania
• Desempenho Ocupacional e Inclusão Laboral
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Assistida
• Desempenho Ocupacional e Liberdade Condicional
• Desempenho Ocupacional e Seguridade Social
 D - Especialidade: Gerontologia
• Atenção à saúde da pessoa idosa; Assistência social à pessoa idosa; 
• Cultura e lazer para a pessoa idosa e Educação à pessoa idosa.
 E – Especialidade: Saúde da Família
Área de Atuação:
• Desempenho Ocupacional na Saúde da Criança e do Adolescente;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Adulto;
• Desempenho Ocupacional na Saúde do Idoso.
 
28 Terapia Ocupacional • Volume 2
 F – Especialidade: Saúde Mental
Áreas de Atuação:
• Desempenho Ocupacional Psicossocial
• Desempenho Ocupacional Percepto-Cognitivo
• Desempenho Ocupacional Senso-Perceptivo
• Desempenho Ocupacional Psicoafetivo
• Desempenho Ocupacional Psicomotor
 2.3 - Locais de Atuação.
 Sistema Único de Saúde (SUS):
• Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades Básicas de Saúde da 
Família (UBSF)
• Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
• Centro Dia para Idosos
• Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e outros serviços da Rede de 
Atenção Psicossocial (RAPS)
• Unidade de Referência para Idosos 
• Clínicas e Policlínicas 
• Hospitais (UTI, ambulatórios e enfermarias) 
• Centro Especializado de Reabilitação (CER)
• Centro de referência em saúde do trabalhador (CEREST).
• Grupo de Vigilância Epidemiológica (municipal, regional ou estadual) 
• Atendimento domiciliar (SAD)
Sistema Único de Assistência Social (SUAS):
• Centro de Referência de Assistência Social (CRAS)
• Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)
• Terceiro Setor 
Entidades públicas, privadas e filantrópicas:
• Consultórios particulares 
• Casas de repouso 
• Instituições de longa permanência 
• Creches 
• Clubes esportivos 
• Escolas 
• Organização Não Governamental (ONGs) 
• Redes de atenção especializada (AMA; Lucy Montoro; APAE; entre outros)
• Museus e Pontos de Cultura 
29II - CONTEXTUALIZAÇÃO
• Presídios 
• Universidades
• Institutos de Pesquisa 
• Indústrias
• Gestão 
• Serviço militar em geral.
• Centros de Defesa em Direitos Humanos 
3 - Instituições Ensino Superior – IES - Curso de Terapia 
Ocupacional.
Tabela 1. Relação das IES que oferecem o curso de Terapia Ocupacional, 
por Estado.
 Estado Universidades TO
AL Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
CE Universidade de Fortaleza
DF Universidade de Brasília
ES Universidade Federal do Espírito Santo
GO Faculdade União de Goyazes
MG Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Universidade Federal de Minas Gerais
PA
Escola Superior da Amazônia
Universidade da Amazônia
Universidade do Estado do Pará
Universidade Federal do Pará
PR
Universidade Federal do Paraná
União do Ensino Superior do Iguaçu
PE Universidade Federal do Pernambuco
PI Faculdade Integral Diferencial
RJ
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio de Janeiro
RS
Faculdade Serra Gaúcha
Centro Universitário Franciscano
Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Federal de Pelotas
RO Faculdades Integradas Aparício Carvalho
SC Associação Catarinense de Ensino - Faculdade Guilherme Guimbala
30 Terapia Ocupacional • Volume 2
 Estado Universidades TO
SP
Centro Universitário de Araraquara Brasil
Centro Universitário São Camilo
Faculdade de Medicina do ABC
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Universidade Sagrado Coração
Universidade de São Paulo
Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
Universidade de Sorocaba
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Universidade Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Paulo
SE Universidade Federal de Sergipe
 
Fig. 1 – Mapa para análise de cobertura com o número de IES que oferecem 
o curso de Terapia Ocupacional/Estado (em acordo com a Tabela 1).
 Considerando a dimensão nacional de cobertura dos programas e 
serviços públicos de Educação, Saúde e Assistência Social, considerando 
a demanda populacional por saúde, e considerando as IES como 
instituições de extrema relevância no cenário de formação e prática, 
impactando diretamente a oferta do serviço, na figura acima resta 
evidente a necessidade de um plano político administrativo que amplie o 
número da oferta de cursos de Terapia Ocupacional no Brasil. 
31II - CONTEXTUALIZAÇÃO
4 - Dados do Ministério da Saúde do Brasil, para correlação.
 
 4.1 - Atenção Básica.
 Compreende o Departamento de Atenção Básica, e define-se pelo 
conjunto de iniciativas do Ministério da Saúde para cuidar da população 
no ambiente em que vive, sob o slogan “Saúde mais perto de você”. 
Nele está incluída a Estratégia Saúde da Família (que compõe a Política 
Nacional de Atenção Básica), o Brasil Sorridente (Política Nacional de 
Saúde Bucal); Política Nacional de Alimentação e Nutrição; Política 
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares; Programa de 
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde; Programa Nacional de 
Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB); Programa 
Telessaúde Brasil Redes; Equipes de Consultórios na Rua; Programa Saúde 
na Escola (PSE); Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde 
da Família (PROESF), entre outros programas, ações e estratégias, que 
compõem a Rede de Atenção à Saúde (RAS.)
 Em janeiro de 2018, de acordo com o levantamento realizado no 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), Departamento 
de Atenção Básica (DAB), havia registro de 43.741 Estratégias de Saúde 
da Família implantadas no País, garantindo uma cobertura na Atenção 
básica estimada em 75,7% da população, que significa a abrangência de 
157.138.501 habitantes. 
 O Terapeuta Ocupacional faz parte da gestão, bem como da Rede 
de Atenção à Saúde (RAS) da Atenção Básica, e desempenha papel 
fundamental para que os objetivos preconizados pelo Ministério da 
Saúde e pela OMS sejam alcançados.
 4.2 - Atributos da Rede de Atenção à Saúde (o que aqui denominarei 
como DIRETRIZES).
 Considera-se que não há como prescrever um modelo 
organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram 
que o conjunto de atributos apresentados a seguir é essencial 
ao seu funcionamento, no modo a que se propõe (conteúdo 
citado na íntegra -http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras. 
php?conteudo=atributos_ras):
 1. População e território definidos com amplo conhecimento de suas 
necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde.
 2. Extensa gama de estabelecimentos de saúde que prestam 
serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão 
32 Terapia Ocupacional • Volume 2
de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integram osprogramas 
focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de 
saúde individuais e os coletivos.
 3. Atenção Básica à Saúde estruturada como primeiro nível de 
atenção e porta de entrada preferencial do sistema, constituída de 
equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, 
coordenando o cuidado, e atendendo às suas necessidades de saúde.
 4. Prestação de serviços especializados em lugar adequado.
 5. Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do 
cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção.
 6. Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na 
comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero, 
assim como a diversidade da população.
 7. Sistema de governança único para toda a rede com o propósito 
de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem 
a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos 
no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e 
desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar 
e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações.
 8. Participação social ampla.
 9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico 
e logístico.
 10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e 
com incentivos pelo alcance de metas da rede.
 11. Sistema de informação integrado que vincula todos os membros 
da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, 
origem étnica e outras variáveis pertinentes.
 12. Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com 
as metas da rede.
 13. Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e 
da equidade em saúde.
 14. Gestão baseada em resultado.
 Para compor esse cenário, a página do Ministério da Saúde traz: 
 - Elementos constitutivos da Rede de Atenção à Saúde (http://dab.
saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=elementos_ras); 
 
33II - CONTEXTUALIZAÇÃO
 - Funções da Atenção Básica nas Redes de Atenção a Saúde (http://
dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=funcoes_ab_ras);
 
 - Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_deficiencias);
 
 - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.
php?conteudo=rede_psicossocial);
 
 - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas 
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
(http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnaisp.
php?conteudo=saude_mental_sistema_prisional). 
 
5 - Apresentação dos Mapas Geoanalíticos. 
 
 A seguir, apresento uma análise por geoprocessamento na dimensão 
do território nacional, que retrata (entre tantos outros) a densidade 
demográfica, consumo de saúde, consumo de educação, beneficiários de 
planos de saúde (saúde suplementar), renda média familiar e a distribuição 
dos profissionais TERAPEUTAS OCUPACIONAIS. Esses dados (e mapas) quando 
correlacionados, podem evidenciar informações preciosas, para análise e 
diagnóstico de impacto da profissão, e gestão dos programas e serviços da 
Rede de Atenção à Educação, Saúde e Assistência Social. 
 Ao pensarmos no contexto da Terapia Ocupacional como um 
sistema, e sendo esse sistema ativo (pois temos, entre tantas variáveis, 
novos profissionais todos os anos ingressando ao mercado de trabalho), 
para seu correto funcionamento e para cumprir os objetivos a que se 
propõe no âmbito social, há que se estabelecer uma análise crítico-
situacional adequada e contínua de seus dados. 
 Nesse sentido, qualquer estratégia para crescimento e valorização 
da Terapia Ocupacional que não considere a interdependência dos 
componentes desse sistema, bem como do monitoramento e gestão dos 
dados gerados, certamente incorrerão em ineficiência.
 
 
34 Terapia Ocupacional • Volume 2
 1- Densidade Demográfica
 
Refere-se a distribuição da população no território nacional. Ano 
referencia: 2018
 2- Consumo de Saúde
 
Refere-se a distribuição da população que paga por saúde no território 
nacional. Ano referencia: 2018
 
35II - CONTEXTUALIZAÇÃO
 3- Consumo de Educação
 
Refere-se a distribuição da população que paga por educação no 
território nacional.
 
 4- Beneficiários de Planos de Saúde 
 
Refere-se a cobertura da rede de saúde suplementar no território 
nacional. Ano referencia: 2018
 
 
36 Terapia Ocupacional • Volume 2
 5- Renda Média Familiar
 
Refere-se a distribuição de renda familiar no território nacional. Ano 
referencia: 2018
 6- Número de Profissionais 
 
Refere-se a distribuição dos profissionais terapeutas ocupacionais no 
território nacional. Ano referencia: 2018
 
37II - CONTEXTUALIZAÇÃO
 5.1 – Análise e Discussão.
 Diante dos mapas expostos (não sobrepostos) conclui-se que, 
mesmo com uma análise limitada, há uma maior densidade demográfica 
(Mapa 1) nos estados do norte, centro-oeste, sul e sudeste; o consumo 
de saúde, (Mapa 2) e educação (Mapa 3) particulares dessa população, 
são mais evidentes nos estados do sul e sudeste e parcos no norte 
(exceto o Pará), nordeste e centro oeste; já a renda familiar (Mapa 5), 
com exceção do Amapá, também se apresenta mais baixa nos estados do 
norte e nordeste do Brasil.
 Densidade demográfica, consumo de saúde e educação, e renda 
familliar ou cobertura de saúde suplementar são dados importantes de 
planejamento, quando confrontados com os princípios do Sistema Único 
de Saúde - SUS (equidade, universalidade e integralidade).
 A presença do Terapeuta Ocupacional no País (Mapa 6) se dá em 
maior quantidade no sul e sudeste e com precariedade numérica, exceto 
nos estados do Rio grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, nos estados 
do norte, nordeste e centro-oeste.
 Justaposto, nota-se evidencia da maior necessidade deste 
profissional nos estados do norte-nordeste e centro oeste para 
desenvolver ações junto à população destes estados e garantir a 
cobertura assistencial terapêutica ocupacional adequada.
 Numa correlação mais criteriosa dos dados, vemos que na análise 
de cobertura por número de profissionais x região x população, fica ainda 
mais clara a escassez de terapeutas ocupacionais no território nacional, 
o que também se apresenta quantificado nos dados da tabela abaixo, que 
evidenciam essa condição e nos alertam para o fato de o Brasil seguir 
a margem do que a Organização Mundial da Saúde recomenda, e da 
realidade assistencial dos países mais desenvolvidos. 
 Ainda assim, por mais que se pese o fator econômico, ou por 
qualquer outro parâmetro que se queira referenciar, a condição não 
deixa de ser grave, onde a população figura como grande prejudicada.
38 Terapia Ocupacional • Volume 2
Tabela 2. Disposição dos dados para análise de Cobertura (região x 
população x número de profissionais).
 
 
Diante dessa realidade, incentivamos os Terapeutas Ocupacionais a 
ocuparem espaços ainda não explorados, haja vista que nesta situação, 
como ocorre com outras categorias profissionais, a valorização financeira 
e empregabilidade são condição sine qua non.
 Em consonância a esta análise, urge a necessidade do poder público 
(Saúde, Educação e Assistência Social) fomentarem políticas públicas 
e estratégias para aumento do número de terapeutas ocupacionais na 
assistência à população, inclusive com apoio às Instituições de Ensino 
Superior para mais cursos e vagas; dos Conselhos regionais e Conselho 
Federal para o reconhecimento das especialidades, o fortalecimento 
e validação das ações do Terapeuta Ocupacional, bem como a 
normatização, criação e divulgação dos procedimentos operacionais 
padrão dentro das especialidades que assim permitem; e da população 
em buscar seu direito a uma atenção integral, onde a presença do 
terapeuta ocupacional é imprescindível; e finalmente,sustentarmos a 
nossa profissão e a embasarmos com evidencias científicas é talvez o 
maior desafio dos próximos anos. Para tanto, é importante que nossas 
associações de categoria sejam protagonistas nesse papel. 
39II - CONTEXTUALIZAÇÃO
6 - Considerações Finais.
 
 Contextualizar a Terapia Ocupacional no cenário nacional, assim 
como contextualizar a própria prática da Terapia Ocupacional, envolve a 
compreensão acerca da identidade profissional e de fato o entendimento 
de até que ponto conseguimos sensibilizar profissionais e população 
acerca da complexidade de nossa atuação. Falar de uma forma clara 
para as pessoas sobre quem somos, como atuamos, e conceituar de 
uma forma simples e didática o instrumento da Terapia Ocupacional 
– a análise da atividade humana, para que uma pessoa possa associar 
uma questão de sua rotina ou cotidiano, à intervenção do terapeuta 
ocupacional, pode ser um caminho. 
 No imaginário popular, por exemplo, uma dieta pode remeter 
a pessoa ao nutricionista, assim como uma entorse pode remeter 
ao fisioterapeuta. E assim poderíamos citar outras profissões que já 
possuem a identidade forte quanto ao fazer que lhes caracterizem. 
 Na Terapia Ocupacional, consolidar a identidade ainda é uma busca.
 Trabalhamos com os preceitos da ocupação humana, fazer humano, 
rotina, cotidiano, dentre tantos outros conceitos que utilizamos para 
explicar às pessoas o que fazemos e o que permeia nossa atuação. 
Todavia, nós profissionais sabemos da complexidade da nossa prática, e 
diante disso, desistimos de tentar explicar ou partimos para a evidência 
clinica, expressa pela prática profissional. 
 Num contraponto a essa complexidade, o próprio nome da profissão 
traz em si um estigma difícil de ser “desconstruído”... A idéia do ocupar 
por ocupar, o que acaba sendo mais um problema. 
 Com a experiência e a formação continuada, passamos a 
considerar mais claramente a ciência por traz dos fatos. Refletir 
sobre a Ocupação Humana, e o quanto essa ciência influencia a 
população em geral, bem como a nossa atuação enquanto terapeutas 
ocupacionais, pode auxiliar nesse processo de sensibilização para a 
identidade da Terapia Ocupacional.
 Em nossa atuação profissional, somos constantemente observados 
(pacientes, familiares, outros profissionais...), e considero esse um importante 
momento de divulgação do nosso fazer. Como exemplo, compartilho um 
atendimento especifico do Programa Melhor em Casa (do SUS), localizado na 
Zona Norte da cidade de São Paulo. Esse programa se dá pela intervenção 
domiciliar, onde acessamos uma diversidade enorme de contextos. 
 Na avaliação de um Senhor Idoso, 71 anos de idade, com 
40 Terapia Ocupacional • Volume 2
diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico (por queda de própria altura 
no banheiro de seu domicilio), constatei um quadro de dependência 
moderada em suas Atividades Básicas da Vida Diária - ABVD, e déficit 
funcional por diminuição do grau de forca muscular e de amplitude de 
movimento dos membros superiores (alta da internação recente). No 
momento da visita domiciliar, o paciente estava acompanhado de sua 
esposa. A avaliação foi realizada, e como conduta, antecipei orientações 
acerca de adaptação ambiental, maior participação nas ABVD, 
importância de posicionamento adequado no leito e cadeira de rodas, 
além de mudanças de decúbito (condutas para objetivos terapêuticos 
ocupacionais). Durante todo o momento da avaliação, foi reforçado 
que ali estava ocorrendo um atendimento de Terapia Ocupacional, que 
era realizado por um terapeuta ocupacional, e quais eram os objetivos 
terapêuticos ocupacionais ali propostos. O resultado foi excelente.
 Ao final do atendimento, a esposa do paciente, ao ser questionada 
pelo filho que ali chegara naquele instante, que Terapia Ocupacional era 
a profissão que trabalhava com o Cotidiano!
 Talvez esse seja realmente um caminho, mas certamente não deve 
ser considerado o único. 
 Estendendo essa discussão, a descrição acima me remete a uma 
recente supervisão prestada a uma profissional terapeuta ocupacional da 
rede de Atenção à Saúde, de um Município do Estado de São Paulo.
Nessa supervisão, como em tantas outras, as questões colocadas foram: 
 - O que realmente faz o Terapeuta Ocupacional no programa “X”? 
 - Como posso organizar a minha prática no programa “X”? 
 - O que fazer para que a equipe entenda o meu trabalho e atribuições?
 Esse entendimento depende das variáveis interferentes do processo 
de trabalho como terapeuta ocupacional, bem como do perfil, propósito 
ou características do meio de interação ou ambiente de relação. Essa 
correlação é o norte que dirige a exposição de evidências e “boas 
práticas” profissionais. 
 Nesse caminho, temos o conceito de trabalho em “rede”, como 
por exemplo, a Rede de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, citada 
anteriormente. O conceito de trabalho em rede nos remete diretamente 
a outro conceito denominado “matriciamento”. 
 Como descrito no texto do “Portal Educação”: 
 
 “Entende-se por matriciamento, o suporte realizado por 
profissionais e diversas áreas especializadas, dado a uma equipe 
41II - CONTEXTUALIZAÇÃO
interdisciplinar com o intuito de ampliar o campo de atuação e 
qualificar suas ações. 
 Ou seja, matriciamento ou apoio matricial é um novo modo de 
produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção 
compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-
terapêutica. E essa relação amplia a possibilidade de realizar a clínica 
ampliada e a integração ou diálogo entre diferentes especialidades e 
profissões, onde o conhecimento a cerca de cada profissão é essencial 
para que essa rede realmente funcione nos parâmetros de eficiência e 
efetividade desejados”. (Ministério da Saúde, 2011)
 Em resumo, quanto maior o matriciamento entre os serviços, 
inclusive considerando os diferentes níveis de atenção, mais fortalecida 
a rede, e mais eficiente a estratégia ou a gestão; eficiência essa que 
deve ser mensurada a partir das variáveis pautadas, com base nos 
resultados alcançados. Basicamente, é uma questão de REFERÊNCIA 
e CONTRA-REFERÊNCIA, como preconiza o SUS, e efetivá-la deve ser 
responsabilidade de cada profissional inserido nesse processo.
 Por outro lado, dada a complexidade das demandas de Educação, 
Saúde e Assistência Social, e da própria complexidade do ser humano, a 
falta de matriciamento e consequente fragmentação da rede, não só leva 
a ineficiência dos serviços, como a desorganização e descaracterização 
dos mesmos, além da frustração dos profissionais. O reflexo disso se dá na 
falta de atenção às demandas e na formação de filas infindáveis. 
Cabe ressaltar ainda, que segundo a Organização Mundial da Saúde - 
OMS, o número correto de Terapeutas Ocupacionais é 1(um) profissional 
para cada 1.000 (mil) habitantes, e como vimos anteriormente, o Brasil 
está muito aquém dessa realidade.
 O conceito de rede está intimamente ligado as prerrogativas dos 
serviços, que por sua vez estão intimamente ligados às prerrogativas 
profissionais. E assim, já temos parâmetros para responder as questões 
inicialmente pautadas. 
 E finalmente, como parte de uma análise criteriosa para 
o entendimento ou diagnóstico contextual, apresentamos o 
Geoprocessamento, onde dados valiosos podem ser compilados e 
disponibilizados para uma avaliação e reflexão do contexto atual 
da profissão e de possíveis indicadores que justifiquem parte das 
dificuldades de crescimento e consolidação da profissão no país.
 Avaliar a distribuição populacional nos permite ter uma base para 
42 Terapia Ocupacional • Volume 2
planejamento da cobertura da atenção, quando correlacionado com a 
distribuição dos programas e serviços.
 Evidenciar a população que paga por saúde e educação, por 
exemplo, permite que o gestor ou o profissional estabeleça prioridades 
na atenção, quando correlacionadocom as demandas igualmente 
avaliadas por região.
 Saber onde há a cobertura de saúde suplementar, auxilia no 
direcionamento/investimento dos recursos públicos, assim como o 
conhecimento da renda familiar por região, Estado ou Município.
 E por fim, nessa breve tomada de dados geoprocessados, analisar 
a distribuição dos profissionais numa correlação com todos os cenários 
acima descritos, dá um indicador quanti-qualitativo de INTEGRALIDADE 
na atenção, evidenciando inclusive a necessidade de inserção de maior 
número de profissionais no cenário como um todo, o que certamente 
envolve o número e a distribuição das instituições de ensino superior.
 
 Referência Bibliográfica (sugerida para consulta).
1- BIANCHI, P.C.; MALFITANO, A.P.S. Formação graduada em Terapia 
Ocupacional. Rev. Ter Ocup Univ São Paulo. 2017 maio/ago. 28(2): 135-
46. Disponível em: 
HTTPS://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/120273/134856 
(acesso em 28/03/2018)
2- O que é Atenção Básica? Disponível em:
http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_o_que_e.php
(acesso em 28/03/2018)
3- Governo do Brasil. Disponível em:
http://brasil.gov.br/barra#acesso-informacao
(acesso em 28/03/2018)
4- FONSECA, J. M.G. Compreendendo o que é matriciamento. Disponível 
em:
www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/
compreendendo-o-que-e-matriciamento/49963 
(acesso em 28/03/2018)
43
III - AQUECIMENTO
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA OCUPACIONAL.
Otavio Augusto de Araujo Costa Folha
1. Considerações Iniciais.
 
 Este capítulo pretende apresentar, de forma introdutória, a Ciência 
Ocupacional e suas potenciais contribuições para a Terapia Ocupacional 
no contexto brasileiro. No entanto, faz-se necessário elucidar primeiro 
a minha aproximação com esta disciplina acadêmica. Talvez, por meio 
deste relato, outras pessoas, como alunos de graduação e terapeutas 
ocupacionais, encontrem ressonâncias em suas dúvidas e inquietações 
individuais acerca dos fundamentos teóricos da nossa profissão. 
 Ainda enquanto aluno de graduação em terapia ocupacional 
na Universidade do Estado do Pará, o meu interesse pelas teorias de 
base da profissão foi despertado. A diversidade de possibilidades de 
áreas de atuação com variados públicos e em diferentes condições, 
o leque de procedimentos e recursos, de objetivos de intervenção e 
do suporte teórico utilizado para fundamentar as boas práticas, foi a 
força motriz que impulsionou o meu interesse acerca das teorias de 
base que sustentam singular diversidade. Quais conceitos e teorias são 
desenvolvidos e utilizados pela profissão, que possibilitam tamanha 
variedade na prática profissional? Essa passou a ser uma questão central 
em minha formação.
Ao buscar respostas para esta questão, o lugar comum que encontrei, 
entre as várias produções existentes, foi a compreensão da intricada 
relação entre o ser humano e suas ações na vida cotidiana. A partir 
de então, pareceu central que, enquanto terapeuta ocupacional, era 
essencial aprofundar os meus conhecimentos sobre o ser humano, seus 
fazeres diários e sua relação com outros elementos que constituem a 
vida humana, como o ambiente, as condições sociais e de saúde e as 
diferentes formas de existir na sociedade. 
 Nesse período, em conversas e debates com outros alunos, 
professores e profissionais que atuavam na assistência, percebi que 
44 Terapia Ocupacional • Volume 2
algumas dúvidas e inquietações não eram só minhas. Elas também 
germinavam em outros colegas da área. Juntos então passamos a 
estudar e pesquisar sobre as produções que abordavam esta temática. 
Focamos inicialmente em estudos e autores nacionais. 
 De imediato, identificamos que eram raras as pessoas que se 
dedicavam e se atreviam a produzir conhecimentos sobre o ser humano 
e suas ações na vida cotidiana no cenário nacional. Era mais frequente 
a utilização de conceitos e teorias desenvolvidas em outros países ou, 
quando produzidos no cenário brasileiro, estes conceitos e teorias eram 
baseados em conhecimentos de outros campos do saber, tais como, 
psicologia, sociologia, educação, saúde coletiva, etc. 
 Por entendermos, ainda, que a produção nacional não tinha como 
foco central o que estávamos buscando, lançamo-nos na aventura de 
conhecer o que a literatura internacional da profissão abordava sobre 
o assunto. Identificamos assim, que muitos terapeutas ocupacionais 
em outros países produziram e responderam questões semelhantes às 
nossas. Percebemos que, embora semelhantes e passíveis de diálogo, 
estas questões não eram suficientes para dar conta de nossas demandas 
vivenciadas na prática profissional. Elas eram, na maioria das vezes, 
materializadas em modelos teóricos adequados a outras realidades de 
prática profissional vivenciadas em outros contextos e condições. No 
entanto, nesse momento, tomamos conhecimento da existência de 
uma disciplina acadêmica, germinada próxima aos princípios e valores 
de base da terapia ocupacional, que estava sendo desenvolvida por 
terapeutas ocupacionais de vários países, inclusive na América Latina, 
a chamada Ciência Ocupacional.
 Entendendo que esta disciplina poderia ser um campo fértil de 
produção de conhecimento acerca do ser humano, suas ocupações e 
sua relação com a vida cotidiana, possibilitando o desenvolvimento e 
aprimoramento de teorias e práticas germinadas e adequadas às nossas 
realidades de prática. 
 Assim, realizamos, em 2009, um curso de formação em Ciência 
Ocupacional na Universidade do Chile, evento este identificado por 
Wicks (2012) como o primeiro evento do tipo na América do Sul. Desde 
então, temos buscado desenvolver e estabelecer diálogos entre a 
disciplina, os saberes teóricos brasileiros e nossas realidades de prática. 
Como fruto desse processo, desenvolvemos o Laboratório de Estudos 
em Ciência da Ocupação (2), grupo de estudo que mais tarde foi 
institucionalizado como Grupo de Pesquisa em Ciência da Ocupação no 
45III - AQUECIMENTO
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 
 Atualmente, este grupo é vinculado ao Curso de Graduação em 
Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Pará (3). Decorreu 
também deste período inicial o desenvolvimento de uma pesquisa 
acerca do modo como terapeutas ocupacionais da região compreendiam 
conceitos centrais da profissão, como o de ocupação, e como os 
relacionavam à sua prática profissional (4). Desde então, temos tentado 
articular e produzir conhecimento na interface entre os saberes 
desenvolvidos na ciência ocupacional e as demandas relacionadas à 
terapia ocupacional em nossos contextos teóricos e práticos. 
 A seguir, apresento uma breve compreensão histórica do 
desenvolvimento desta disciplina acadêmica. Inicialmente, esboço 
alguns conceitos e estratégias de produção de conhecimento 
desenvolvidos no âmbito da ciência ocupacional. Por fim, apresento, 
sem buscar um esgotamento, algumas possíveis contribuições dessa 
ciência como mais uma alternativa para a fundamentação teórica e 
metodológica na profissão no cenário brasileiro.
2. Contexto Histórico e Desenvolvimento da Ciência 
Ocupacional.
 
 No âmbito internacional, mais particularmente no contexto norte-
americano, sabe-se que inicialmente a prática de terapia ocupacional 
era sustentada em crenças e hipóteses sobre os benefícios do fazer algo, 
do ocupar-se para a “saúde e equilíbrio” das pessoas e da sociedade 
(5). Estas crenças e hipóteses eram derivadas de movimentos sociais 
e filosóficos precursores e eram colocadas em prática por pessoas de 
diferentes ramos do conhecimento (5; 6). 
 Às primeiras gerações de terapeutas ocupacionais foi colocado 
o desafio de demonstrar a efetividade das ações profissionais da nova 
categoria, oriundo principalmente dos contextos históricos, econômicos 
e sociais da primeira metade do século XX e dos modelos médicos, 
psicológicos e científicosvigentes. A necessidade de desenvolvimento 
dos alicerces teóricos e metodológicos passou a ser uma questão de 
sobrevivência da profissão. 
 Como resposta imediata, a produção de conhecimento na profissão 
se deu da prática à teoria. As primeiras gerações de terapeutas 
ocupacionais buscaram estruturar suas ações em conhecimentos oriundos 
de outros campos do saber (5). O desenvolvimento dos primeiros 
46 Terapia Ocupacional • Volume 2
modelos teóricos da profissão foi fruto desse período inicial de produção 
de conhecimento teórico e prático, estruturado, principalmente, por 
conceitos advindos dos conhecimentos predominantes na medicina e 
psicologia, entre outras áreas do saber (7).
 No entanto, ao mesmo tempo em que produziu ancoragens 
teóricas e práticas que permitiram a aproximação com outros campos 
e a “validação” de suas ações, o conhecimento produzido pelos 
terapeutas ocupacionais distanciou-se das crenças e hipóteses iniciais 
da profissão sobre os benefícios do ocupar-se, do fazer algo, para a 
saúde humana (7). Este “fazer algo”, foi decomposto em componentes 
motores, sensoriais, psicológicos e sociais. Dessa forma, as ações 
profissionais, materializadas pelos instrumentos de avaliação, técnicas e 
procedimentos, e objetivos de intervenção, passaram a ser direcionadas 
cada vez mais para este enfoque, dificultando uma compreensão do foco 
central da profissão (8).
Como consequência dessa produção de conhecimento e suas implicações 
para a constituição e consolidação da profissão, vários terapeutas 
ocupacionais nas décadas de 60 e 70, debateram e refletiram sobre a 
necessidade de retomar os valores iniciais da profissão, de sua visão 
holística e integrada do ser humano e dos benefícios do ocupar-se para 
a vida humana (5; 9). No entanto, agora era necessário desenvolver 
fundamentos próprios da área, fruto de pesquisas, práticas e teorias 
germinadas no próprio campo (8), bem como era primordial o 
desenvolvimento de uma terapia ocupacional autêntica (9).
 Foi a partir dessa época, no final de década de 70 e início dos 
anos 80, que surgiram os primeiros conceitos e teorias para auxiliar 
na sustentação da prática profissional, desenvolvidas por terapeutas 
ocupacionais e alicerçadas no próprio campo (10). Estes profissionais 
lançaram-se individualmente e/ou em pequenos grupos de trabalho 
no desenvolvimento dos primeiros modelos teóricos focados sobre 
as ocupações humanas (11). Também é consequência desse período 
o desenvolvimento de uma disciplina acadêmica com potencial para 
dar suporte à prática profissional da terapia ocupacional, a já citada 
“ciência ocupacional” ou “ciência da ocupação”. 
 Dessa forma, como afirmam Molineux e Witheford (2012), acredita-
se que o desenvolvimento da ciência ocupacional não está relacionado a 
um aspecto repentino da história da terapia ocupacional, mas sim a um 
processo de amadurecimento de reflexões acerca da necessidade de uma 
disciplina específica da profissão. Segundo estes autores, um fato que 
47III - AQUECIMENTO
contribuiu para esta perspectiva é que desde o seu surgimento formal 
enquanto profissão, por meio da sociedade para a promoção da terapia 
ocupacional em 1917, e mais tarde transformada na Associação Americana 
de Terapia Ocupacional, foi o estudo do conhecimento científico sobre a 
ocupação esteve entre os seus objetivos principais (8; 12).
 Atribui-se o surgimento formal da disciplina “ciência ocupacional” ao 
início do programa de doutorado do Departamento de Terapia Ocupacional 
da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, em 1989 
(13) e à primeira publicação que apresentou a nova disciplina (14). 
Segundo Pierce (2012), as idéias sobre uma ciência da ocupação foram 
nutridas na teoria do comportamento ocupacional desenvolvida por Mary 
Reilly na década de 1960. Enquanto coordenadora do Departamento de 
Terapia Ocupacional dessa universidade, a professora Reilly influenciou na 
trajetória de pesquisa e prática de muitos alunos que mais tarde fizeram 
contribuições importantes para compreensão da ocupação para a terapia 
ocupacional. Este departamento tinha como forte característica o uso da 
ocupação na prática (15).
 Ainda segundo Pierce (2012; 2014) em 1976, a professora Elizabeth 
Yerxa assumiu a coordenação deste departamento, tendo como um 
de seus objetivos o desenvolvimento de uma contribuição singular 
da terapia ocupacional. Durante esta década, os docentes desse 
departamento submeteram uma proposta de doutorado em terapia 
ocupacional que foi recusada pela universidade. Para obter aprovação 
de um novo programa, era necessário ter um departamento altamente 
produtivo e focado na criação de uma nova disciplina.
 Assim, na década de 80, Yerxa e os professores do departamento 
realizaram consultorias e formações com acadêmicos e pesquisadores 
“de ponta” em várias áreas do conhecimento acerca de temas, métodos 
de pesquisa, estratégias de financiamento, publicação e colaboração 
científica no intuito de delinear um projeto de nova disciplina científica. 
 No final dessa década, o projeto de um novo programa foi 
delineado e o objetivo de aprovação de um doutorado autêntico e 
focado na ocupação foi alcançado, tendo o departamento obtido 
financiamento para o seu desenvolvimento. Nesse processo, a professora 
Yerxa se aposentou e a terapeuta ocupacional Florence Clark assumiu 
a tarefa de coordenar o início desta nova disciplina em 1989 (16; 15). 
Assim, a então professora Yerxa coordenou a primeira publicação 
sobre a “ciência ocupacional”, em uma edição especial do periódico 
Occupational Therapy in Health Care, em 1989 (14). 
48 Terapia Ocupacional • Volume 2
 Em 1991, Clark e colaboradores publicou no periódico American 
Journal of Occupational Therapy o primeiro artigo que apresentou o 
potencial de uma ciência básica para a prática da terapia ocupacional 
(17). Ainda nesses anos, tiveram início os primeiros eventos de ciência 
ocupacional, inclusive com o apoio de renomados cientistas de várias 
áreas do saber para auxiliar no desenvolvimento da nova disciplina (16). 
 É importante destacar que, durante este período, a ciência 
ocupacional também se desenvolveu em outros países, como por 
exemplo, na Austrália sob a liderança da terapeuta ocupacional Ann 
Wilcock. Nesse caso, em especial, o surgimento da disciplina não esteve 
diretamente ligado aos estudos sobre a prática da terapia ocupacional, 
e sim, foram estruturados no contexto da saúde comunitária visando 
apresentar perspectivas populacionais capazes de auxiliar no sistema de 
saúde do país (16; 15). Em 1993, sob a liderança de Wilcock, foi lançado 
o primeiro periódico especializado da disciplina, que foi intitulado de 
Journal of Occupational Science: Australia, que nos dias atuais chama-se 
Journal of Occupational Science, o qual possui o foco sobre a divulgação 
de pesquisas interdisciplinares sobre as ocupações (16). 
 Atualmente, observa-se o desenvolvimento da ciência ocupacional 
em vários países na América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e também na 
América do Sul, principalmente no Chile, e mais recentemente no Brasil (1). 
Em alguns países, essa disciplina tem sido bastante difundida, em outros, 
seu valor tem sido relativizado, pouco compreendido e tensionado (18).
 No que diz respeito à relação com a terapia ocupacional, é 
importante destacar que o desenvolvimento da ciência ocupacional 
associado à profissão nunca foi unanimidade entre os pesquisadores no 
cenário internacional (13). 
 Inúmeros debates acerca das implicações positivas e negativas da 
disciplina para a profissão ocorreram desde o seu surgimento (19; 20). No 
entanto, embora nos dias atuais coexistam diferentes perspectivas acerca 
disciplina (21), o seu desenvolvimento ainda é fortemente relacionado e 
produzido por pesquisadores no âmbito da terapia ocupacional, conforme 
evidenciado por revisõesde literatura no campo (22; 23; 24).
3. Crescimento e Desenvolvimento da Ciência 
Ocupacional.
 A ciência ocupacional surgiu como uma disciplina emergente e 
focada no estudo do ser humano enquanto “um ser ocupacional” (14), e 
49III - AQUECIMENTO
sua relação com a fundamentação teórica da terapia ocupacional foi um 
importante marcador inicial (17; 15). 
 A ocupação é o constructo central da disciplina (17) e suas relações 
com a saúde, inclusão e participação das pessoas são elementos 
fundamentais (10; 25). Acredita-se que atualmente a disciplina está em 
pleno processo de amadurecimento e consolidação (26; 15). E um dos 
modos de averiguar o desenvolvimento do campo, é com base na análise 
da formação de pessoas e organizações para atuar no mesmo. 
Pierce (2012) informa que o desenvolvimento da disciplina tem ocorrido 
dentro da academia. Assim, a primeira turma do programa de doutorado 
em ciência ocupacional Universidade do Sul da Califórnia foi composta 
por 7 pessoas (15). 
 Atualmente, existem diversos programas de graduação e pós-
graduação em ciência ocupacional em vários países (16; 1). Inúmeros 
departamentos de terapia ocupacional nas universidades passaram 
a incluir o nome “ciência ocupacional” em suas denominações (16). 
Aldrich, Gupta e Rudman (2017) identificaram que mais de 100 pessoas 
que se graduaram em ciência ocupacional a partir de instituições 
acadêmicas nos Estados Unidos e Canadá.
 No que diz respeito às instituições e organizações, existem no mundo 
várias associações e sociedades científicas voltadas para a promoção 
da ciência ocupacional (16; 1). Entre elas, destaca-se a Sociedade 
Internacional para a Ciência Ocupacional (International Society for 
Occupational Science, ISOS), que é uma sociedade que advoga por um 
mundo “ocupacionalmente justo”, um mundo no qual “as pessoas têm 
oportunidades e escolhas para fazer as coisas que elas precisam e querem 
fazer” (1). Como um de seus objetivos, esta sociedade visa congregar uma 
rede mundial de indivíduos e instituições comprometidas com pesquisa e 
educação sobre ocupação e sua relação com saúde e o desenvolvimento das 
sociedades (1), bem como favorecer o desenvolvimento de pesquisa e da 
formação em ciência ocupacional nas maiores universidades do mundo (27).
 Hoje em dia, a ciência ocupacional tem sua relevância reconhecida 
pela Federação Mundial dos Terapeutas Ocupacionais (28) e seus estudos 
são utilizados como base no delineamento dos padrões internacionais de 
formação em terapia ocupacional (12; 1).
 Uma outra forma de se compreender o crescimento e a 
consolidação da disciplina no contexto mundial é por meio da produção 
de conhecimento que tem sido desenvolvida a partir dela. A evolução da 
publicação de livros e artigos, por exemplo, é um meio efetivo para se 
50 Terapia Ocupacional • Volume 2
compreender este processo (15). 
 Em 1996, o primeiro livro sobre o assunto foi publicado, 
Occupational Science: The evolving discipline (10). Em 1998, a partir de 
seu doutorado no âmbito da saúde comunitária, Wilcock (1998) publicou o 
segundo livro da área, intitulado An Occupational Perspective of Health. 
 Desde então, outros livros têm sido publicados no âmbito dessa 
disciplina, alguns focados principalmente em teorias e pesquisa sobre a 
relação entre o ser humano e suas ocupações, tais como: The meaning 
of everyday life (29), Occupation by design: Building therapeutic 
power (30), Introduction to Occupation: The Art and Science of Living 
(31), Occupational Science in the service of Gaia (51), Life Balance: 
Multidisciplinary and Research (32), Occupational Science: Society, 
Inclusion, Participation (33), Transactional Perspectives on Occupation 
(34). Já outros, têm focado a contribuição da ciência ocupacional para 
a terapia ocupacional, como por exemplo, Occupation for Occupational 
Therapists (35) e Occupational Science for Occupational Therapy (15).
 O crescimento e o amadurecimento da ciência ocupacional 
também podem ser visualizados pelo aumento do número de pesquisas 
e trabalhos acadêmicos publicados em periódicos especializados e 
apresentados em eventos acadêmicos. O Journal of Occupational 
Science têm estado em atividade desde 1993 (12; 16). Este periódico 
aumentou seu número de edições por ano em 2010, indicando 
claramente o aumento da publicação na área (1).
 É importante destacar também que outros periódicos no âmbito da 
terapia ocupacional têm dedicado números especiais para divulgação da 
ciência ocupacional, tais como, The American Journal of Occupational 
Therapy, The Scandinavian Journal of Occupational Therapy e 
Work (16). Na América Latina, algumas revistas científicas, como os 
“Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional” e a “Revista Chilena de 
Terapia Ocupacional”, trazem em seu escopo a publicação de assuntos 
relacionados à disciplina.
 Em relação ao conhecimento produzido no interior da ciência 
ocupacional e divulgado por meio dos artigos publicados, alguns estudos 
têm sido realizados. Como no caso de Molke, Rudman e Polatajko 
(2004), que compararam dois períodos de produção de artigos, 1990 
e 2000, no intuito de descrever e analisar criticamente o crescimento 
e o desenvolvimento desse campo. Estes autores identificaram um 
aumento no número de publicações, bem como uma maior variabilidade 
de periódicos que publicaram trabalhos e pesquisas relacionados à 
51III - AQUECIMENTO
disciplina, e da afiliação dos autores no que diz respeito ao país e o 
campo profissional de origem. 
 Glover (2009) realizou uma análise quantitativa dos artigos 
publicados, entre 1996 e 2006, sobre a ciência da ocupação, e também 
identificou um aumento no número de artigos publicados, com 
predomínio de difusão no periódico Journal of Occupational Science. 
Este trabalho detalhou os principais tipos de estudo, as abordagens de 
pesquisa predominantes, a orientação disciplinar dos autores, o público 
estudado, entre outros aspectos (23).
 Em outro estudo, Pierce et al (2010) analisou os trabalhos 
apresentados durante um período de cinco anos nos encontros anuais da 
Sociedade de Ciência da Ocupação nos Estados Unidos e caracterizaram os 
trabalhos apresentados neste país quanto aos tipos de estudo, perspectiva 
teórica e sua relação com a terapia ocupacional, público abordado e foco 
de pesquisa em relação às ocupações. Mais recentemente, Aldrich, Gupta 
e Rudman (2017) analisaram 101 trabalhos relacionados ao doutoramento 
em programas de pós-graduação em ciência ocupacional nos Estados 
Unidos e Canadá. Este estudo forneceu importantes reflexões sobre o 
propósito na disciplina no que diz respeito à produção de conhecimento 
sobre as ocupações e o ser humano como ser ocupacional. 
Cabe ressaltar que todos os estudos e pesquisas acima apresentados 
possibilitaram informações sobre os principais focos e estratégias de 
pesquisa produzida ao longo do desenvolvimento da ciência ocupacional.
4. Focos e Estratégias de Pesquisa em Ciência 
Ocupacional.
 O desenvolvimento de conhecimentos sobre a ocupação e o 
reconhecimento dos seres humanos como “seres ocupacionais”, têm 
sido adotados como foco central da ciência ocupacional (21). Com base 
nessa premissa e na produção do conhecimento desenvolvidos ao longo 
do tempo, observa-se, assim como também detectado por Molineux 
e Whiteford (2012), que caminhos diferentes têm sido preferidos por 
alguns pesquisadores. 
 Inicialmente, as publicações em ciência ocupacional incluíam 
predições e apresentações do que a disciplina deveria ser e como 
deveria se desenvolver (16). Mais tarde, pesquisas focadas sobre a 
análise da produção bibliográfica detectaram algumas características e 
tendências (36; 22; 23; 24; 21).
52 Terapia Ocupacional • Volume 2
 Hocking (2000) apresentou uma estrutura conceitual inicial 
para analisar o conhecimento gerado por esta ciência. Baseada na 
compreensão

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