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Caso Concreto 04 Prática Simulada V

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TÍCIO, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG nº, inscrito no CPF sob o nº, residente e domiciliado na Rua, nº, Bairro, Cidade/UF, CEP, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua, nº, Bairro, Cidade/UF, CEP, local indicado para receber intimações, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXXII, da Constituição Federal de 1988 e Lei 9.507/1997, e artigo 319 e ss. do Código de Processo Civil, impetrar:
HABEAS DATA
contra Ato praticado pelo MINISTRO DE ESTADO DE DEFESA, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I - DO FORO COMPETENTE
O art.105, I, “b”, da Constituição Federal, bem como o artigo 20, I, “b”, da Lei 9507/97, estabelece que: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça, processar e julgar, originariamente, os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal”.
Desse modo, verifica-se que a competência para processamento e julgamento da presente ação direta de inconstitucionalidade é originária do Superior Tribunal de Justiça.
II - DO INTERESSE DE AGIR
Nos termos do artigo 8º, parágrafo único da Lei 9507/1997, comprovado o interesse de agir do Impetrante, legitimador do presente Habeas Data, pois junta-se cópia do anterior indeferimento do pedido à ficha de informações pessoais no período em que Tício foi monitorado pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado. 
Como se verifica dos documentos juntados, a atitude da Autoridade Coatora viola flagrantemente, o direito do Impetrante em ter acesso, às suas informações pessoais e, portanto, de seu pessoal interesse, que estão nos arquivos públicos do período em que foi monitorado e preso para averiguações.
III - DOS FATOS
O Impetrante na década de setenta, participou de movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. 
Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as instâncias administrativas. 
Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos.
IV - DO DIREITO
Ocorre que o artigo 5º, LXXII, da CF/1988 assim dispõe: conceder-se-á “habeas-data”: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
No mesmo sentido é a redação do artigo 7º, da Lei 9507/1997. De outro lado o artigo 5º, XIV da CF/1988 diz que é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
Ademais, o artigo 37, caput da CF/1988, assenta que administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Dessa forma, resta claro, que houve desrespeito aos dispositivos constitucionais ora elencados, pois ainda que haja ressalva do sigilo imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, não se pode confundir a preservação das atividades do Estado, com o direito, também, constitucional de ter-se acesso, somente, às suas informações pessoais, de interesse claramente particular. 
O sigilo estaria preservado e o respeito à Lei também, pois o acesso pretendido é somente dos dados pessoais do Impetrante, não houve e não há pedido para acesso de dados de terceiras pessoas constante dos arquivos públicos do período desejado.
Resta patente que o ato denegatório no fornecimento de informações do Impetrante, inclusive com o esgotamento da via administrativa, se mostra ilegal e abusivo, já que é contrário aos dispositivos Constitucionais que garantem o direito de acesso à informação de dados do Impetrante.
V- DOS PEDIDOS
Face ao exposto, requer o Impetrante que Vossa Excelência se digne:
a) notificar o coator sobre os fatos narrados a fim de prestar as informações que entender necessárias (artigo 9º, da Lei 9507/1997);
b) determinar a oitiva do representante do Ministério Público no prazo de cinco dias (artigo 12 da Lei 9507/1997);
c) julgar procedente o pedido, determinando ao Impetrado o fornecimento das informações pleiteadas (artigo 13 da Lei 9507/1997).
Nestes termos,
pede deferimento.
(Local), (Dia) de (Mês) de (Ano).
Advogado
OAB/UF

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