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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BRUSQUE

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BRUSQUE-SC.
[10LINHAS]
 PAULO, brasileiro, viúvo, militar da reserva, portador da Cédula de Identidade nº._______, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob o nº ______,endereço eletrônico:__________, residente e domiciliado na Rua Bauru, 371, Brusque/SC, CEP:_____, por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo) com endereço eletrônico_______, com escritório profissional sito à Rua____, nº___, Bairro____, Cidade ____,Estado_____, onde recebe notificações e intimações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência propor:
 AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO CUMULADO COM REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PEDIDO DE LIMINAR, em face de:
 JUDITE, brasileira, solteira, advogada, portadora da Cédula de Identidade nº._______, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob o nº ______,eletrônico:__________, residente na Rua dos Diamantes, n° 123, Brusque/SC;
 JONATAS, espanhol, casado, comerciante, portador da Cédula de Identidade nº._______, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob o nº ____________, endereço eletrônico:__________ e sua esposa JULI ANA, brasileira, casada, portadora da Cédula de Identidade nº._______, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob o nº ______,endereço eletrônico______, ambos residentes na Rua Jirau, 366, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
PRELIMINARES
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 Requer o autor nos termos da lei não possuindo condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta-se declaração de hipossuficiência (Doc. X) e comprovante de renda.
 Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela lei nº 1.060 de 1950 e do artigo 98 e seguintes do NCPC.
 Vejamos o que diz o ilustre professor Gabriel de Rezende Filho: 
 "a justiça deve estar ao alcance de todos, ricos e poderosos, pobres e desprotegidos, mesmo porque o Estado reservou-se o direito de administrá-la, não consentindo que ninguém faça justiça por suas próprias mãos. Comparecendo em juízo um litigante desprovido completamente de meios para arcar com as despesas processuais, inclusive honorários de advogado, é justo seja dispensado do pagamento de quaisquer custas...”(grifo meu)
DA TRAMITAÇÃO PRIORITARIA 
 Como o Autor da demanda se trata de uma pessoa idosa na forma da lei, uma vez que o mesmo possui 65 (sessenta e cinco) anos de idade, com isso a tramitação prioritária se faz necessário, devendo assim ter prioridade de análise e celeridade em toda sua tramitação de atos, diligências e procedimentos, conforme demonstra a documentação em anexo (X), atraindo a incidência do art. 71 da Lei n˚ 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) e o artigo 1.048 do NCPC.
 Art.71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. (Lei nº 10.741/03).
 Art.1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: 
 I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988. (CPC).
DA NECESSIDADE DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO
 Excelência, como se verá no decorrer do presente feito, torna-se necessário o estabelecimento do litisconsórcio passivo necessário simples, tendo em vista a conexão entre os pedidos e a causa de pedir que o feito reclama perante os réus, e a inda, podendo-se acrescentar o contexto fático e jurídico do caso exposto. Nos termos do artigo 113 e 114 e seguintes do NCPC:
 Art.113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
 I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. (CPC) 
 Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. (CPC)
FATOS 
 Ocorre que PAULO, já qualificado anteriormente, era proprietário de um imóvel de veraneio situado na Rua Rubi, n° 350, em Balneário Camboriú/SC, juntamente com sua irmã, Judite, advogada, qual lhe outorgou uma procuração em novembro de 2011 que lhe concedia poderes especiais e expressos para alienação. Incide que em 15/12/2016 a Ré, utilizasse da procuração outorgada pelo autor e alienou o imóvel em questão para Jonatas e sua esposa JULIANA pelo valor de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Contudo, a procuração aqui citada havia sido revogada pelo autor em 16/11/2016, onde o Cartório do 1° Ofício de Notas aonde foi lavrada, e sua irmã, foram devidamente notificados da revogação em 05/12/2016, dez dias antes da alienação. O demandante só teve conhecimento da alienação no dia 01/02/2017 ao chegar ao mencionado imóvel e ver que o mesmo estava ocupado Jonatas e sua esposa já qualificados anteriormente. 
 
 Como houve a revogação por parte do autor fica claro que houve o dolo no presente caso, pois a ré sabia da revogação da procuração e mesmo assim realizou o negocio com os demais réus.
 Diante do exposto, requer o autor à anulação do negocio jurídico celebrado pela a primeira ré entre o segundo e terceira ré.
 DO MÉRITO
3.1- DA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
 No presente caso fica claro que houve o vício de consentimento, uma vez que o autor não queria a realização do negocio jurídico, como prova que o próprio autor revogou a procuração feita para a sua irmã, ora primeira ré.
 Desde logo é valido registrar que o negócio jurídico firmado no caso em testilha padece de evidente nulidade na celebração, uma vez que a procuração outorgada já estava revogada à época da venda, tornando o negocio jurídico viciado pela ilegalidade. Ilegalidade esta expressa nos artigos 662 e 682 do Código Civil que vão ao encontro do que se dispõe no artigo 166, inciso V, do mesmo Código, assim devastando o negocio jurídico entra as partes. É sabido que o vício de consentimento é causa de anulabilidade de qualquer negócio jurídico.
Sendo assim Vejamos:
 Art. 662.Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar. (CC).
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
 I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
 IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; (CC)(grifo meu).
 LEI DE REGISTROS PUBLICOS 
 Art.. 214 é taxativo ao estabelecerque: “As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente de ação direta”
Ementa: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. COMPRA E VENDA. AUTOMÓVEL. PROCURAÇÃO. AMPLOS PODERES. TRADIÇÃO. VENDA A NON DOMINO Na venda a non domino há falta do consentimento do verdadeiro dono, sendo, portanto, nula de pleno direito. Não subsiste a tradição havida pelo vendedor sem poderes para a negociação. 4. Negou-se provimento ao apelo. (grifo meu).
 
Na doutrina calha reproduzir o magistério de PONTES DE MIRANDA a propósito da nulidade e das consequências do seu reconhecimento:
 A nulidade é o que mais consulta os interesses gerais e dos figurantes, porque, não vedando a entrada do suporte fático no mundo jurídico, evita que se faça depender de verificação in casu a resposta à questão da existência ou inexistência, e, negando-lhe efeitos desde logo e concebendo como nulo, e não só “anulável, o negócio jurídico, permite a alegabilidade pelos interessados, quaisquer, e de ofício. Constitui, portanto, a aquisição técnica de primeira ordem à classificação do ilícito como causa de nulidade (...) a infração é a regra jurídica que proíbe o negócio jurídico em si mesmo” (grifo meu).
 Importante observar a lição de Orlando Gomes quanto aos requisitos para que seja um negócio jurídico considerado perfeito:
"O negócio jurídico somente é perfeito quando a vontade é declarada de maneira lícita, livre e consciente, isto é, de acordo com a lei, sem pressões físicas e morais e com correta percepção da realidade." (Gomes, Orlando. Introdução ao Direito Civil, 18ª ed., Forense, Rio de Janeiro, 2001, p. 414).
 Diante exposto não resta dúvida que faltou alguns dos requisitos essências do plano da existência do negocio jurídico e no caso resta cristalino que houve a ausência da manifestação ou declaração de vontade do autor.
DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR
 Desde já o autor requer que uma vez reconhecida a ilegalidade da alienação do imóvel que Vossa Excelência reconheça o esbulho sofrido pelo legítimo proprietário do imóvel em questão.
 Tendo em consideração que o autor encontra-se impedido de entra em sua casa, que à luz de todo direito, lhe pertence, neste caso faz-se necessária a concessão de liminar, inaudita a ltera pars, para reintegração de posse em face dos réus Jonatas e sua esposa Juliana, entretanto não custa relembrar a acerca da possibilidade de uma possível ação de regressiva contra o vendedor impróprio, haja vista o crucial motivo determinante que os levaram ao polo passivo desta demanda. 
 Assim sendo, vejamos: 
 Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. (CC) 
 Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. (CC).
 Ainda, havendo comprovação da posse, do esbulho, da data de sua ocorrência, bem como da perda da posse, o que restou comprovado na vestibular, é cediço que seja cabível a concessão de pedido liminar de reintegração de posse, conforme já decidiu o egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
 “(...) REINTEGRAÇÃO DE POSSE - PROVA DA POSSE E DO ESBULHO PRESENTES - LIMINAR – POSSIBILIDADE - Existindo a comprovação da posse, do esbulho, da data da sua ocorrência, bem como da perda da posse, nos exatos termos do artigo 927 do CPC, cogente resta a concessão de liminar de reintegração de posse” (TJMG, proc. 1.0433.15.026671-9/001, Rel. Des. Pedro Aleixo, DJ de 18/03/2016).
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
Designar dia e hora para a realização da audiência de conciliação, com fundamento no art. 334 da lei processual, determinando o aperfeiçoamento da citação dos réus, nos endereços anteriormente fornecidos, para que, querendo, contestem a ação no prazo legal, sob pena de revelia;
Sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita;
Ao final, JULGAR PROCEDENTE a ação, declarando e reconhecendo a nulidade do negócio jurídico, visto o ato ilegal sobre esta venda sem procuração válida;
A tramitação prioritária da presente demanda, em razão de ser pessoa idosa na forma da lei.
Requer a condenação dos réus ao pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios.
Seja expedido, sem oitiva do réu, mandado de liminar de reintegração de posse em favor do autor;
Dar-se à causa o valor de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), correspondentes ao valor do imóvel.
Nestes termos, pede deferimento.
BRUSQUE , ____ de ____de 2018.
ADVOGADO__________________
 OAB/MG (...)___________________

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