da utilização de energia e insumos na captação, adução, tratamento e distribuição de água potável. Em zonas rurais e regiões onde há carência de água podem ser utilizadas reservatórios (cisternas) construídos com o objetivo de acumular água durante período de precipitações pluviométricas, para utilização na época de estiagem. A água de chuva armazenada sem tratamento adequado pode ser utilizada apenas para consumo não potável. A água de chuva tem potencial para utilização na descarga de vasos sanitários, lavagem de roupas, irrigação de jardins, na lavagem de carros, em sistemas de ar-condicionado e em sistemas de combate de incêndios, entre outros. Um sistema de aproveitamento de água de chuva possui, em geral, os seguintes componentes (figura 4.7): a) Área de coleta: local onde a chuva precipita a fim de ser captada. É importante no dimensionamento do volume de reservação, pois quanto mais for à área de captação maior será o volume de água de chuva capturado e armazenado. A área de captação deve suprir a demanda de consumo de água. b) Calhas e condutores: Condutos que levam a água captada até o reservatório. As calhas são dispostas na horizontal e os condutos na vertical. Os dimensionamentos desses componentes devem seguir a NBR 10844. c) Dispositivo de descarte das “primeiras águas”: componente utilizado para descartar a água que lava a área de captação, local onde se acumula poeira, fuligem e outros contaminantes atmosféricos que podem alterar a qualidade da água. Para este descarte pode-se dispor de desvio manual da água ou dispositivos instalados em bóias de tanques intermediários. d) Separador de materiais grosseiros: dispositivo utilizado para a separação de galhos, folhas e outros materiais que podem ser depositados na área de captação. Existem no mercado filtros produzidos para esta função, podendo também ser fabricados. e) Armazenamento: sistema composto por dois reservatórios. Um inferior, enterrado com o objetivo armazenar a água coletada e compensar a variação da precipitação de chuva, e um reservatório superior para distribuição por gravidade até os pontos de utilização. Instalações Hidrossanitárias Prediais 12 f) Sistema de recalque: composto por bomba, tubulações e conexões. Responsável pelo transporte de água do reservatório inferior para o reservatório superior. g) Sistema de distribuição: responsável pelo abastecimento de água de chuva nos pontos de utilização (ex.: bacias sanitárias). Composto por barrilete, colunas, ramais e sub-ramais de distribuição. Figura 4.7. Esquema do sistema de aproveitamento de água de chuva. (RAMOS; QUADROS; COUTINHO & MACHADO, 2006). Figura 4.8. Detalhe do sistema de aproveitamento de água de chuva. Instalações Hidrossanitárias Prediais 13 DIMENSIONAMENTO a) Previsão do consumo de água não potável Para o dimensionamento do sistema é necessário que primeiramente seja estimado o consumo de água a ser utilizado. Na ausência de dados locais podem ser utilizados dados da literatura, como os dados da tabela 4.7 ou da tabela 4.8. Tabela 4.7. – Demanda de água não potável em uma residência. Demanda Unidade Faixa Uso interno Vaso Sanitário – Volume L/descarga 6 a 15 Vaso Sanitário – Freqüência Descarga/hab/dia 3 a 6 Lavagem de roupas – Volume L/ciclo 108 a 189 Lavagem de roupas – Freqüência Carga/hab/dia 0,2 a 0,37 Uso externo Gramado ou Jardim – Volume L/dia/m² 2 Gramado ou Jardim – Freqüência Lavagem/mês 8 a 12 Lavagem de carro – Volume L/lavagem/carro 80 a 150 Lavagem de carro – Freqüência Lavagem/mês 1 a 4 Lavagem de área impermeável – Volume L/lavagem/carro 80 a 150 Lavagem de área impermeável – Freqüência Lavagem/mês 1 a 4 Manutenção de piscinas L/dia/m² 3 Fonte: Adaptado de TOMAZ, 2003. Tabela 4.8. – Estimativas médias de consumo de água não potável em uma residência. Aparelho/uso % do Consumo Descargas nas bacias sanitárias 14 a 41% Chuveiros e banheiras 24 a 47% Máquinas de lavar roupas 8 a 9% Tanque 4 a 18% Jardins 0 a 3% Outros 0 a 7% Fonte: Adaptado de ZANCHETTA & LINDNER, 2006. Segundo Mota (2006), o consumo mínimo diário de água é de 14 L/pessoa.dia. O volume de água a armazenar pode ser calculado pela expressão: Vmín = k * N * Cu * D Equação 4.5 Onde: Vmín = volume mínimo para o reservatório (L) k = coeficiente correspondente às perdas N = número de consumidores Cu = consumo unitário de água (L/pessoa.dia) D = número de dias de armazenamento de água b) Volume do reservatório Para determinação do volume de reservação deve ser calculado o volume precipitado em função de dados meteorológicos de precipitação da região. Para efeito de cálculo, o volume de água que pode ser aproveitado não é o mesmo que o precipitado. Para isto usa-se um coeficiente de escoamento superficial chamado de coeficiente de Instalações Hidrossanitárias Prediais 14 runoff (C), que depende do tipo de superfície, TOMAZ (2003) recomenda adotar C=0,8. O volume captado por uma superfície é dado pela expressão: Vc = A * P * C Equação 4.6 Onde: Vc = volume mensal ou anual captado (L) A = área de contribuição (m2) P = precipitação média mensal ou anual (mm) C = coeficiente de escoamento O volume mínimo de água necessário (Vmín) deve ser menor ou igual ao volume captado (Vc) para atender a demanda de água. Exercício 4.2: Dimensione as unidades do sistema de captação de água de chuva para uma residência com 5 pessoas. A área do telhado é de 200 m2 e a área do jardim de 100 m2 O uso será para fins não potáveis como descargas de vasos sanitários, lavagem de roupas e irrigação de jardim. Considere a precipitação média mensal = 160 mm e o número de dias de armazenamento de água = 20 dias. Referências bibliográficas ABNT (1998). NBR 5626 – Instalação predial de água fria. ABNT (1989). NBR 10844 – Instalações prediais de águas pluviais. BOTELHO, M. H. C. & RIBEIRO Jr., G. de A. (1998). Instalações Hidráulicas Prediais Feitas para Durar. Usando Tubos de PVC. São Paulo: ProEditores, 230p. il. CREDER, H. (2006). Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora, 6ª Edição. 423p. il. FENDRICH, R. & OLIYNIK, R. (2002) Manual de utilização de águas pluviais – 100 Maneiras práticas. 1 ed. – Curitiba: Livraria do Chain Editora. 190 p. MACINTYRE, A.J. (1990) Manual de instalações hidráulicas e sanitárias. Ed. Guanabara. MOTA, S. (2006) Sistemas de Saneamento. In: Introdução à engenharia ambiental. 4 ed. Rio de Janeiro: ABES. PAIVA, J. B. D. de & IRION, C. A. O. (2003) Notas de aula – Instalações Hidrossanitárias Prediais. Santa Maria: Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal de Santa Maria. RAMOS, B. de F.; QUADROS, D. A.; COUTINHO, L. C. G. & MACHADO, L. M. Avaliação da viabilidade econômica de sistema de aproveitamento de águas de chuva para fins não potáveis em residências. VIII Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES. Fortaleza, 2006. TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva – Água de Chuva para Áreas Urbanas e fins não Potáveis. Navegar Editora, São Paulo, 2003. TUCCI, CARLOS E. M. Hidrologia: Ciência e Aplicação. Editora da Universidade (UFRGS). Volume Único. p35 a ..p50.1ª Edição. 1993. ZANCHETTA, R. C. & LINDNER, E. A. Projeto hidro-sanitário de uma edificação multifamiliar com reuso de água: estudo de caso