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2014II UCAM ECONOMIA POLÍTICA 5 MOEDA E BACEN

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
ECONOMIA POLÍTICA
Prof. Carlos Mello
AULA 5
O Mercado Monetário
A moeda na Economia.
As diversas correntes de pensamento econômico têm um ponto de convergência quanto à existência da moeda e suas funções na economia, principalmente a de reserva de valor e meio de troca.
É difícil imaginar a realização de transações econômicas sem o uso da moeda. Nesse sentido, o estudo das funções do banco central como instituição capaz de promover a multiplicação ou expansão da moeda primária emitida transformando-a em meio de pagamentos para os agentes econômicos, e também sua retração ou destruição é o objetivo dessa etapa do curso.
O termo Moeda.
Desde sua introdução nas relações comerciais pelos fenícios (precursores do mercantilismo internacional), o uso da moeda revolucionou as relações econômicas. O Termo moeda vem do latim Moneta� ou ainda de monetarius, que indica aquele que fabrica moedas, para o português, daí derivada, sendo sua utilização verificada desde o séc XIV.
Na Antigüidade usava-se a troca direta de bens contra bens (escambo), tanto para efetuar transações como para saldar dívidas. O desenvolvimento do sistema de trocas levou ao aparecimento do conceito de moeda-mercadoria, a partir da separação dos atos de vender e de comprar. Podendo ser guardada para posteriores trocas. 
Várias mercadorias foram utilizadas com esse fim: fumo, peles, couro, óleo de oliva, cobre, ferro, prata, diamante, ouro, sal (de onde deriva o termo salário), e o gado. O gado era o instrumento de maior aceitação no mundo antigo, mas dificuldades derivadas do volume, transporte e divisibilidade ou fracionamento, foram maiores que a vantagem de acumulação (pois o gado podia se reproduzir enquanto aguardava por transações). Sendo substituída pelo uso de metais como a prata (de onde deriva o termo francês argent) e o ouro, que detinham características de durabilidade e imunidade à corrosão.
Com a finalidade de reduzir o desgaste desses materiais (dada sua grande maleabilidade) adotou-se o uso de ligas metálicas (cobre, níquel) associados aos mesmos, que deram maior dureza e resistência às moedas metálicas.
Para segurança, muitos deixavam suas moedas com ourives, aceitando um recibo ou certificado. Sendo também procurados para empréstimos, esses ourives se transformaram na primeira figura dos banqueiros. 
De certa forma a moeda contribuiu para uma maior divisão do trabalho, pois até certos comerciantes se transformavam em fiéis depositários dessas moedas. E com o passar do tempo se verificou que os certificados circulavam na economia sem que o lastro metálico sequer fosse tocado, logo, esses depósitos serviam como garantia ou reserva de valor. 
Os bancos então, passaram a emitir bilhetes, independente de depósito correspondente, surgindo o termo moeda fiduciária, ou seja, a moeda baseada na confiança da conversibilidade em ouro a qualquer tempo.
A evolução passou então por: moeda-papel (que era a representação do lastro equivalente depositado); papel-moeda (independe de um lastro metálico correspondente e sem conversibilidade)�; moeda bancária (cheques e ordens de pagamento); cartão de crédito (também é um tipo de moeda fiduciária).
A evolução da moeda mercadoria para a fiduciária trouxe um desenvolvimento extraordinário nas relações de troca numa economia. E, embora atualmente o curso dessas moedas seja “forçado” existem diferentes graus de confiabilidade nas moedas dos diversos países, existindo moedas tradicionalmente mais fortes e outra mais fracas. O público em geral, tende a guardar moedas fortes (dólar americano, yen japonês, euros – 12 moedas européias , libras esterlinas), por acreditarem estar lastreadas sob um signo de “seguro contra instabilidades”.�
Funções da Moeda. 
São funções da moeda:
Meio de troca; que possibilita as inúmeras transações na economia, facilitando o tempo, o transporte, e agilidade desses movimentos. 
Reserva de valor; como a moeda é um título (título líquido), pode-se guardá-la para trocas futuras.
Medida de Valor; ou denominador comum de valores, por meio do qual os demais preços da economia ficam convertidos (reduzindo o número de trocas na economia ao número de bens transacionados).
Padrão de Pagamentos Diferidos no Tempo; em razão de sua liquidez e confiabilidade, podem ser formulados contratos para serem pagos no futuro (de forma única ou parcelados), sendo os débitos e saldos calculados e pagos em moeda padrão. Essa característica viabiliza os gastos em investimentos e consumo, nem sempre sincronizados com as rendas recebidas. (Ex. salários, aluguéis, royalties, financiamentos).
Base Monetária e o papel de um Banco Central: o Banco Central do Brasil - BACEN. 
Um Banco Central é o organismo de caráter público que tem como principal tarefa a manutenção do valor da moeda nacional, isto é, da estabilidade do sistema de preços da economia. Para tanto, o BACEN necessita de instrumentos para realizar a política que for a mais propícia a cada momento. Essas políticas somadas constituem a Política Monetária da economia.
Política Monetária.
Atuação do Banco Central para dimensionar e equalizar os meios de pagamento e os níveis das taxas de juro, adequando essas variáveis aos objetivos de crescimento da produção e do emprego, com estabilidade de preços. Sua maior eficácia em relação a outras políticas econômicas se deve à flexibilidade com que pode ser aplicada e ao conjunto de medidas práticas ao alcance da autoridade monetária, sem apreciação do legislativo do país.
Convém ressaltar que, num extremo, suas práticas de autonomia levadas ao extremo, podem gerar distorções e resultados muitas vezes amplificados e contraditórios com as metas iniciais (idéia defendida pela corrente de pensamento econômico estruturalista).
Na outra vertente, os monetaristas da Escola de Chicago, acreditam que a regulação da atividade econômica deve ser exercida pelo rígido controle da massa monetária da economia, aumentando em conformidade aos ideais de expansão econômica previamente determinada, ou restringida numa estreita faixa de variação. 
São instrumentos de Política Monetária: (i) operações de mercado aberto (Open-market), lançamento, compra e venda de títulos federais, estaduais, municipais; (ii) alíquota de depósito compulsório (parcela obrigatória dos depósitos bancários retidos junto ao BACEN para servir como “garantia” contra riscos sistêmicos); (iii) taxas de redesconto, cobradas dos títulos apresentados pelos bancos; todos esses instrumentos visam o controle da variável taxa de juros.
Base Monetária.
Estoque líquido de papel-moeda (cédulas e moedas metálicas) emitido pelo Bacen desde o início da história econômica do país. Nesse sentido, é possível se verificar sua elevação ou criação (emissão), ou por outro lado, sua desacumulação (destruição) por parte da autoridade monetária do país. Sendo então um montante (estoque) acumulado ao longo do tempo.
A emissão de base monetária por parte do Bacen atende um critério contábil, não sendo gratuita sua distribuição aos agentes econômicos. Assim, ao emitir base monetária (uma obrigação ou passivo) o Bacen retira algo que tenha valor da economia, passando a fazer parte de seu ativo. Então, o Bacen emite base monetária quando troca as divisas internacionais entregues por um exportador, ou agente econômico que tenha contraído algum empréstimo no exterior, pelo equivalente em moeda nacional (Reais) à taxa de câmbio vigente.
Essas divisas passam a integrar o ativo do Bacen sob a forma de Reservas Internacionais, enquanto que a base monetária emitida (o papel-moeda entregue ao exportador/tomador do empréstimo) passa a fazer parte do passivo do Bacen, caracterizando uma obrigação.
O Bacen também emite/destrói base monetária quando concede crédito ao governo ou ao setor privado da economia, ou quando enxuga a liquidez do sistema, através das operações com títulos públicos.
Adestruição de base monetária se dá no sentido inverso, ou seja, quando um importador tem que adquirir as divisas necessárias para saldar compromissos internacionais, ou algum agente econômico procura saldar seus compromissos no exterior (pagamento de dívidas, amortizações), entregam ao Bacen papel-moeda (base monetária), em troca dessa divisas à taxa de câmbio vigente, que ao saírem reduzem o ativo do Bacen, ao passo que a redução da base monetária representa a queda compensatória do passivo.
O Bacen realiza essas operações indiretamente (em relação ao público) junto ao sistema financeiro (daí ser considerado “banco dos bancos”). Por extensão, é considerado como autoridade monetária pelo seu poder normativo.
Duas fontes primárias de criação/destruição de base monetária podem ser destacadas: (i) externa, traduzida nas trocas de moeda nacional por divisas estrangeiras (por exportadores, importadores, tomadores/pagadores de empréstimos ou amortizações), de forma geral fora do controle do Bacen; (ii) interna, que ocorre quando o Bacen aumenta/reduz o montante de crédito ao governo (compra/venda de títulos públicos), ou ao setor privado (mecanismo de redesconto – determinação da taxa SELIC), sob os quais o Bacen tem controle. 
Sinteticamente, o balanço do Bacen contém sob a forma de Ativo, Reservas Internacionais e Títulos representativos dos créditos domésticos concedidos ao governo ou ao setor privado; e sob a forma de Passivo, a Base monetária, que pode ser dividida em duas partes: em circulação (em poder do público ou em depósitos a vista nos bancos comerciais); e a parcela recolhida junto ao Bacen como reservas bancárias (compulsórias ou estratégicas).
BANCO CENTRAL
 ATIVO PASSIVO
 Reservas Internacionais Base Monetária
 - Papel-moeda em circulação
 Crédito doméstico - Em poder do público
Ao setor privado - Caixa dos Bancos Comerciais 
Ao setor público - Reservas bancárias no Bacen
É fundamental a distinção entre o processo de criação e de destruição de base monetária (variação de base monetária). Sendo um passivo do Bacen, não é propriedade sua mas sim uma obrigação, um compromisso.
Nesse sentido, quando uma empresa deposita (entrega reais) a um banco comercial, e este de acordo com a lei, deposita parte desse depósito compulsoriamente junto ao Bacen, não ocorre variação de base monetária, pois esses recursos já eram primariamente, um passivo do Bacen, o que ocorre é o desmembramento do papel-moeda depositado, parte em caixa dos bancos e parte como reserva compulsória. Então, só houve uma mudança de composição da base monetária.
Se, uma empresa vai a um banco comercial e entrega reais para saldar compromissos de importação no exterior, necessitando adquirir as divisas internacionais equivalentes aos reais à taxa de câmbio vigente, o banco vai ao Bacen e entrega esses recursos na sua totalidade, e o Bacen vai remeter as divisas (parte de seu Ativo), para quitar a operação.
Nesse exemplo, o Bacen utiliza divisas acumuladas no passado, reduzindo seu Ativo, passando a ser proprietário do valor total do depósito (já descontadas as taxas e comissões da operação), que deixa então de ser base monetária, reduzindo também seu Passivo ou obrigação.
Esse é um exemplo de destruição de base monetária, o contrário (criação), ocorreria quando um exportador fosse a um banco comercial entregando as divisas obtidas na exportação de seu bem ou serviço, desencadeando toda uma ação ao contrário da anterior.
Meios de Pagamento e multiplicação monetária: o papel dos Bancos comerciais. 
Visto os processos de criação e destruição de base monetária, será determinado daqui para frente o caminho da moeda desde sua criação até seu efetivo cumprimento do papel de meio de pagamento nas transações de uma economia moderna.
Entende-se como meios de pagamento (moeda) os ativos em geral aceitos como forma de realizar os pagamentos de bens e serviços transacionados na economia. Nesse sentido, equivalem ao estoque de moeda da economia. Podem variar de acordo com o grau de liquidez, da maior (M1) para a menor (M4).
O desenvolvimento do sistema financeiro proporcionou a criação de ativos capazes de se converter em espécie de forma mais rápida que em outras épocas. Daí a existência de conceitos mais abrangentes para os meios de pagamento.� O conceito atual desmembra os Meios de Pagamento em: (i) Restritos; (ii) Ampliados; e, (iii) Poupança Financeira.
Conceitos Anteriores: 
M1 – Representa o papel moeda em poder do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais;
M2 – Equivale ao M1 mais os depósitos a prazo;
M3 – Expressa o M2 mais os depósitos em poupança;
M4 – Engloba o M3 mais o saldo dos títulos públicos federais em circulação.
Conceitos Atuais:
 Meios de Pagamento Restritos
M1 – Representa o papel moeda em poder do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais;
Meios de Pagamento Ampliados
M2 – Equivale ao M1 mais os depósitos especiais remunerados, mais depósitos em Poupança, mais Títulos emitidos por Instituições Depositárias;
M3 – Expressa o M2 mais as quotas de Fundos de Renda Fixa, mais operações compromissadas registradas no SELIC;
Poupança Financeira
M4 – Engloba o M3 mais os Títulos Públicos Federais em circulação de alta liquidez.
De qualquer modo, conforme o conceito avança do grau 1 ao grau 4, a liquidez diminui. Visando simplificar a análise pretendida o conceito de M1 será utilizado, pois os demais conceitos implicam a noção de que, em um primeiro passo, devam ser transformados em moeda, dado o fato de estarem sob a forma de títulos. Nesse sentido, não podem ser utilizados, primariamente, na aquisição de bens e serviços.
Uma regra básica e importante é: uma vez emitida, a base monetária tem dono, que é o agente econômico que recebeu esses recursos do Bacen em contrapartida a algum valor que passou a integrar o Ativo da instituição.
Guardar consigo ou realizar depósitos incorre em opções distintas para outros agentes econômicos, na primeira forma, o caminho é único desde sua criação até a realização de transações, no segundo caminho (depósitos), a parcela depositada incorre num mecanismo multiplicador.
Suponha uma emissão de base monetária no valor de R$ 100 mil originários da compra de título pelo Bacen, admitindo ainda, uma alíquota de depósito compulsório de 50%:
O agente econômico, vendedor do título, deposita integralmente os R$ 100.000,00 junto ao seu banco comercial. Este por sua vez, recolhe R$ 50.000,00 (50%) ao Bacen e empresta os R$ 50.000,00 restantes a uma empresa ou indivíduo que imediatamente deposita no Banco B. Este último, recolhe ao Bacen R$ 25.000,00 (50%), emprestando os outros R$ 25.000,00 ao Banco C, que recolhe R$ 12.500,00, emprestando os outros R$ 12.500,00 a um cliente, que deposita o valor em seu Banco D, que recolhe R$ 6.250,00 ao Bacen, emprestando os outros R$ 6.250,00... 
Verifique que a emissão original de R$ 100.000,00 de base monetária resulta em meios de pagamento adicionais para um agente que vende os títulos ao governo (dado o depósito integral do valor junto ao banco comercial), com rebatimento a todos os demais agentes que obtém empréstimos junto ao sistema financeiro (bancos comerciais, por exemplo).
A expansão dos meios de pagamentos (sucessivos aumentos dos depósitos à vista) em R$ mil, é:
100+50+25+12,50+6,25+...=100 . [1+0,5+(0,5)2+(0,5)3+...] = 100 . [1/(0,5)] = 100(2) = 200
Então a emissão primária de R$ 100.000,00 de base monetária acarreta um acréscimo em reais de R$ 200.000,00 dos meios de pagamento. O multiplicador monetário (razão entre os meiosde pagamento e a base monetária) é, nesse exemplo igual a 2.
Repare que uma dúvida pode residir no fato de que: no momento em que os R$ 100mil são depositados integralmente no Banco A, isso não reduziria o papel-moeda em poder do público? Ocorrendo redução equivalente de base monetária (já que não inclui os depósitos à vista)?
Não, pois ao se verificar o que ocorre com a reserva bancária total, a outra parcela da base monetária, registra-se um aumento em cada banco comercial que retém os outros 50% dos valores, re-emprestando ao outros agentes. Assim, em R$ mil:
50+25+12,5+6,25+...=50.[1+0,5+(0,5)2+(0,5)3+...] = 50.[1/(0,5)] = 100 � 
Esses exemplos anteriores são formas passivas de atuação do Bacen no processo de criação ou destruição de base monetária. No entanto, para efetivar sua função de controle sobre a evolução da base monetária, garantindo a estabilidade do valor da moeda, o Bacen deve, e procura exercer papel ativo nesse processo, evitando que a moeda se torne abundante ou escassa (perda de valor ou valorização excessiva).
O Bacen não pode, entretanto, controlar diretamente a quantidade de moeda na sua utilização final (meio de pagamento), mas o faz indiretamente, uma vez que o controle do papel moeda em poder do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais é de difícil controle. Atuando, então, em sua origem, sobre a quantidade emitida de moeda e na trajetória (processo de multiplicação).
Para isso, o Bacen utiliza três mecanismos tradicionais, chamados Instrumentos de Política Monetária: 
Alíquota de Depósito Compulsório – alterando essa alíquota de depósito compulsório para mais ou para menos, o Bacen reduz ou aumenta a capacidade de expansão monetária pelos bancos comerciais;
Taxa de Redesconto – forma tradicional do Bacen conceder empréstimos ao setor privado da economia. A mais aparente forma de atuação do banco central como “banco dos bancos”, traduzida na taxa SELIC, que baliza todas as demais taxas da economia. Um banco comercial que deseje redescontar um título privado qualquer para conceder um empréstimo (com um spread superior à taxa SELIC), adiará a decisão, quanto maior for essa taxa de redesconto cobrada pelo Bacen;
Operações de Mercado Aberto (Open Market) – operações de compra e venda de títulos utilizadas pelo Bacen para emitir ou destruir base monetária, expandindo ou contraindo os meios de pagamento, dando ou “enxugando” liquidez ao sistema. É o mais utilizado instrumento de política monetária, uma vez que a maioria dos países têm esses mercado ativo, muito em função da existência de dívidas públicas, expressa na circulação de títulos públicos. E, outro fator é que, nesse mecanismo, o Bacen tem o exato valor expandido ou contraído da base monetária, nos demais, tem-se um valor aproximado.
Outras formas de controle da base monetária podem ser de cunho menos ortodoxos, expressas na imposição de depósitos compulsórios sobre distintas formas de depósito à prazo, estabelecimento de taxas seletivas de juros de redesconto (risco moral), e a obrigação de manter títulos públicos como parcela dos ativos de fundos privados de aplicação e de reserva técnicas de instituições previdenciárias e seguradoras privadas.
Oferta e Demanda por Moeda: O equilíbrio monetário.
Tratou-se até aqui da parte referente à oferta de moeda, traduzida no conceito tradicional de meios de pagamento (M1), sendo a partir daqui denominado de Oferta Nominal de Moeda, ou (MS).
A oferta nominal de moeda é, então, exógena, com total controle por parte do Bacen quanto à emissão de base monetária, e sobre o processo de multiplicação monetária (também hipótese inicial, mas fundamental ao entendimento dos mecanismos de ajuste do mercado monetário da economia).
A Oferta real de moeda (mS) é a razão entre oferta nominal e o índice de preços (P), dada por:
 mS = MS/P 
A demanda por moeda pelos diversos agentes econômicos deve partir do entendimento da diferença entre moeda e os demais ativos existentes na economia.
Simplificadamente, será dividido em dois ativos somente (existem modelos mais sofisticados, quantitativos que desmembram os ativos) nosso estudo: (i) a moeda (papel-moeda em poder do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais); (ii) e os títulos (todos os demais ativos da economia que não são utilizados normalmente para efetuar pagamentos/transações). Nesse sentido, toda a riqueza dos agentes econômicos está guardada sob a forma de moeda ou títulos.
Duas distinções importantes entre moeda e títulos: a primeira se refere ao poder da moeda em realizar pagamentos e efetuar transações, generalizadamente aceita na economia, sendo os títulos eventualmente aceitos, mas numa proporção mínima, não invalidando esse argumento; a segunda é que a moeda não tem qualquer forma de rendimento, todo e qualquer rendimento deve ser creditado aos títulos.
Daí decorre uma questão importante. Se só os títulos rendem juros (prêmio pela renúncia ao consumo presente), por que os agentes mantém, ou demandam moeda? Por que não guardam riqueza sob a forma de títulos, deixando para transformar em moeda no momento das transações? 
Duas são as razões para isso: (i) o motivo transacional; (ii) o motivo especulativo; sendo que a literatura econômica admite uma terceira classificação (a precaucional), mas, como diz o nome pode-se subentender como fazendo parte da primeira (transacional). Além do fato de que, com o avanço do sistema financeiro, uma grande parte dos títulos, pode ser facilmente convertida em moeda, num espaço de tempo bem menor.
DEMANDA TRANSACIONAL DE MOEDA
A demanda de moeda por motivos transacionais pode ser interpretada como aquela demanda para viabilizar as transações na economia, isto é, compra de bens e serviços por parte dos agentes econômicos. Como uma economia mais aquecida representa um número maior de transações é razoável supor que quanto maior o produto (renda) da economia, maior a demanda para fins transacionais. 
É importante ressaltar que se trata de uma demanda por moeda em valor real, ou seja, os preços dos bens e serviços vão influenciar o valor real do volume de moeda procurado. Nesse sentido, uma elevação do nível de preços elevará a quantidade de moeda para transações, elevando a demanda por moeda para fins transacionais.
Pode-se verificar então, uma relação positiva, ou diretamente relacionada entre a demanda por moeda para fins transacionais e o nível de renda da economia, assim determinada:
 (+) (+)
mT = MT/P = mT( y ) = k( y )
Onde mT representa a demanda real por moeda pra fins transacionais e é representada pela razão entre a demanda nominal de moeda para transações MT e o Nível de preços da economia P, (expresso MT/P).
Verifica-se que mT é uma função da renda da economia y, e o sinal positivo acima da renda representa a relação direta entre as variáveis explicativa e explicada.
 (+)
A literatura econômica representa mT pela letra k. Assim, a relação é expressa: mT = k( y )
Graficamente: 
 y
 
 (+)
 k( y )
 y1
 
 y0 
 0 m0 m1 m = M/P 
DEMANDA ESPECULATIVA DE MOEDA
A procura de moeda por motivos especulativos passa pela lógica de se observar que somente títulos rendem juros (prêmio pela renúncia ao consumo no presente). Nesse sentido, é razoável supor que, quanto maior é ataxa de juros real da economia, maior é a demanda por títulos, e menor a demanda de moeda para fins especulativos.
Admitindo-se que toda riqueza se distribui entre títulos (Títulos, Certificados de Propriedade) e moeda, quanto maior a taxa de juros real da economia, maior a disposição dos agentes econômicos em guardar uma parte dessa riqueza sob a forma de títulos, reduzindo-se o interesse em reter moeda para fins especulativos.
Observa-se então uma relação inversa ou negativa entre demanda especulativa de moeda e taxa real de juros da economia, expressa por:
 (-) (-) 
mE = ME/P = mE ( r ) = l ( r )
Onde mE representa a demanda real de moeda para fins especulativos que se dá pela razão entre a demanda nominal de moeda para fins especulativos ME e o nível de preços da economia P (ME/P).
A literatura econômica denomina de l (preferência pela liquidez) a demanda real de moeda para fins especulativos mE, e o sinal negativo (-) acima da variável explicativa taxa real de juros ( r ) indica uma relação negativa ou inversa entre as variáveis. Assim definida: 
 (-) 
mE = l ( r ) 
Graficamente:
 
 r
 r1
 
 r0 (-)
 l ( r )
 0 m1 m0 m = M/P
DEMANDA TOTAL DE MOEDA
Observando atentamente que variáveis estão em cada eixo de ordenadas, isto é, se y ou r, uma vez que no eixo das abscissas se mede a demanda por moeda m = M/P, define-se se a demanda é para fins transacionais (y), positivamente relacionada, ou se é para fins especulativos ( r ), inversamente relacionada.
Pode-se então adicionar as funções para obter a demanda total de moeda da economia mD. Dada por:
 (+) (-) (+) (-)
mD = MD/P = mT + mE = mT ( y ) + mE ( r ) = k ( y ) + l ( r )
 (+) (-)
Então, mD = k ( y ) + l ( r )
Demanda Total (transacional e especulativa) de Moeda:
2
 y r
 mD( r2 )
 mD( r1 )
 mD( r0 ) 
 y0 y0
 
 mD(y2)
 mD(y1) 
 mD(y0)
 0 m2 m1 m0 m = M/P 0 m0 m1 m2 m = M/P 
Observe cada eixo (coordenadas), no gráfico 1, verifica-se que o eixo das ordenadas mede a renda da economia ( y ) com uma relação direta entre as variáveis, já o gráfico 2, mede a taxa real de juros da economia ( r ) numa relação inversa com a demanda real de moeda para fins especulativos. 
Note que, para cada gráfico existe uma curva específica para cada nível de taxa real de juros (gráfico 1) e renda da economia (gráfico 2). Logo, mantido o mesmo nível de renda nos dois casos, em 1, a cada aumento da taxa real de juros equivale um deslocamento contracionista da curva de demanda por moeda (para a esquerda), pois é a parcela de demanda especulativa que se contrai diminuindo o lado direito da equação de demanda total de moeda.
 (+) (-) (+) (-)
mD = k ( y ) + l ( r ) logo, se (r: r0 ( r1 então mD ( k ( y ) + l ( r ) ( devendo ocorrer uma contração de mD para re-equilibrar a equação de demanda de moeda total.
Por outro lado, em 2, a cada aumento do nível da renda da economia, a parcela de demanda transacional é que vai sofrer um impacto direto dessa elevação, aumentando o lado direito da equação de demanda, resultando em deslocamentos expansionistas da demanda total de moeda (para a direita).
 (+) (-) (+) (-) 
mD = k ( y ) + l ( r ) E, se (y: y0 ( y1 então mD( k ( y ) ( + l ( r ) devendo ocorrer uma expansão de mD para re-equilibrar a equação de demanda de moeda total. 
EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO
O equilíbrio do mercado monetário ocorre, quando as quantidades de oferta e demanda de moeda são iguais.
 (+) (-)
MS/P = mD ou seja: MS/P = k ( y ) + l ( r ) 
Oferta real de Moeda é igual a demanda real de moeda (transacional + especulativa).
Note que o lado esquerdo da equação de equilíbrio é conhecido, pois o valor do nível de preços P é conhecido, e a oferta nominal de moeda MS é de total controle do Banco Central.
Então, falta definir uma equação com duas variáveis (y e r), assim não existe uma solução única, mas uma infinidade de pontos, isto é, uma CURVA, ou pares combinados de renda e taxa de juros que equilibram o mercado monetário.
Derivação gráfica do equilíbrio do mercado de moeda.
Pode partir de qualquer dos gráficos analisados 1 ou 2, demanda transacional ou especulativa de moeda, incluindo-se o lado da oferta real de moeda MS/P, que por ser um valor conhecido, P é dado, e MS é controlado pelo Bacen, não depende nem de y, nem de r, sendo uma curva vertical em relação ao eixo das ordenadas.
 
Tomando o gráfico 1 como exemplo, o eixo das ordenadas mede o nível de renda da economia (y), e o das abcissas mede a demanda por moeda total, com relação positiva para a demanda transacional e negativa para a demanda especulativa de moeda, tem-se que para cada elevação da taxa de juros, a demanda especulativa tende a reduzir-se exigindo uma retração da curva de demanda por moeda, e que para permanecer em equilíbrio, já que a oferta real de moeda é dada, tem-se que obter níveis cada vez mais elevados de renda.
Unindo-se os infinitos pontos formados por pares combinados de renda e taxa de juros (y,r), a um determinado nível de preço, obtém-se a curva de equilíbrio do mercado monetário ou Curva LM (Liquidez Monetária – ou Liquid Money), onde cada agente econômico que procura crédito é atendido. Onde oferta real e demanda real de moeda se equilibram. 
Equilíbrio no mercado monetário.
 y
 MS/P0 
 mD( r2 )
 y2 A2 mD( r1 ) 
 y1 mD( r0 ) 
 A1
 y0 
 A0 
 m = M/P 
 0 MS/P0 
 r
 LM(P0) 
 r2 A2A1
 r1 
 r0 A0
 0 y0 y1 y2 y
A união dos pontos A0(y0, r0), A1(y1, r1), A2(y2, r2) e outros infinitos pares combinados de renda y e taxa de juros r, (y, r), corresponde à curva de equilíbrio do mercado monetário LM, tem declividade positiva e corresponde a igualdade entre Oferta real de moeda e Demanda real de moeda da economia.
DETERMINAÇÃO DA CURVA LM PELO DIAGRAMA DE 4 QUADRANTES
 r
 LM 
 
 
 r1 A1
 A0 
 r0 
 l ( r ) 
 
 l 0 y0 y1 y 
 MS/P0 
 k(y)
 45º 
 
 MS/P0
 k
� SOUZA, Nali de Jesus de, Curso de Economia, São Paulo, ATLAS, 2000, p.194 – Uma vez que em Roma, as moedas eram cunhadas próximo ao templo da deusa Juno Moneta. 
� Embora seja um tipo de moeda fiduciária, o papel-moeda (que se baseia na confiança) se diferencia por ter o chamado curso forçado, que significa ter sua aceitação geral e determinada por lei. 
� O mesmo vale para metais preciosos, como o ouro e a prata.
� A partir de 22 de abril de 2002, entrou em vigor o SPB, Sistema de Pagamentos Brasileiro, com acomodação de seis meses, para a efetivação de transações eletrônicas financeiras. Na prática, os pagamentos superiores a R$ 5.000,00 serão transferidos on-line, suprimindo o atual sistema de compensação/liquidação D+1, ou D zero. Além de garantir uma maior transparência nas operações, o BACEN visa diminuir custos de transação com compensações. Isso, efetivamente, provocará uma alteração nos conceitos de grau de liquidez do sistema, uma vez que os bancos poderão facilmente dispor de recursos (como já o fazem) de cadernetas de poupança para lastrearem contas correntes. Assim, poupanças sairiam de M3 para M2.
� FERREIRA DA SILVA, José Cláudio, op,cit. – de acordo com o autor, algumas simplificações didáticas são adotadas como hipóteses: (i) os bancos comerciais mantém, como reservas totais (depósitos compulsórios ao Bacen e reservas em caixa), sempre 50% do valor dos depósitos à vista, emprestando a diferença; e, (ii) tanto o vendedor dos títulos, quanto os tomadores de empréstimo, depositam integralmente seus valores junto ao respectivos bancos comerciais, nada mantendo sob a forma de papel-moeda.
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