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COMPETIÇÃO É UMA LUTA CONSTANTE PELA SINGULARIDADE Na disputa cada dia mais acirrada e tumultuada pela atenção e preferência do cliente, as empresas tentam criar e entregar um conjunto de benefícios que gerem atratividade e valor distintos para a marca. Para superar os concorrentes, é preciso ser único na percepção do cliente. Construída esta Singularidade, o cliente estabelece um contrato emocional com a marca capaz de blindar a empresa contra os assédios da concorrência – uma blindagem que aglutina e retém clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros. A Estratégia corretamente escolhida e implementada com excelência é o meio de se desenvolver e consolidar esta atratividade singular no mercado, permitindo à empresa alcançar sua Visão de Futuro com crescimento sustentável. Entretanto, antes de formular (ou revisar) a Estratégia, a empresa deve revelar seus alicerces, sua plataforma de estruturação – a Singularidade nasce da essência, da alma da organização: sua Missão, Valores e Visão de Futuro. A DECLARAÇÃO DE MISSÃO Toda organização tem um Propósito Central formalmente declarado ou implícito na gestão da rotina. A maioria das empresas, porém, normalmente expressa seu Propósito na forma de uma Declaração de Missão. A Missão revela e comunica uma finalidade profunda e motivadora para os colaboradores que vai muito além de gerar riqueza financeira. Revela a vocação (do latim vocatione, que significa “chamamento”), o chamado da alma da empresa. Se de um lado a Estratégia define o que e como vamos fazer, a Missão estabelece porque fazemos – uma tradução do porquê a empresa existe. “É mais importante conhecer quem você é do que para onde você está indo, uma vez que para onde você vai mudará sempre que o mundo à sua volta se transformar” • As palavras escolhidas na redação de uma missão são fundamentais para conferir precisão semântica às diretrizes da empresa. • A Missão não pode ser confundida com a Estratégia. • Um dos erros mais graves e traumáticos para uma empresa é formular uma Declaração de Missão e definir uma Estratégia que contrariam sua verdadeira essência, sua alma. Mobilizar e engajar as pessoas a agirem em consistência com o Propósito constituem os pilares estruturais da Singularidade e da identidade da marca • O fator mais importante para o compromisso emocional é o senso de conexão com a Missão da empresa. A MISSÃO TEM DE TER PRECISÃO SEMÂNTICA • Armadilha 1 - "Enxuta, mas incompreensível" - A Missão bem escrita revela a verdadeira vocação da organização de tal forma que conseguimos identificar o seu negócio central. • Armadilha 2 - "Ambiguidade de interpretação da verdadeira essência" - falhas de redação podem gerar um perigoso distanciamento entre a palavra escrita e o significado real do Propósito. • Armadilha 3 - "Gerar lucro é vital, mas não é a essência para todos os colaboradores" - Evitar inserir mensagens de cunho financeiro na Missão. Para surtir efeito, a Missão precisa ser vivida pela organização. Então, juntos, Missão e Valores estruturam a alma da organização. Por isso, dizemos que os Valores não são criados, mas sim identificados porque já existem e permeiam a empresa ao longo de sua história, mesmo que de maneira implícita. Normalmente, refletem o espírito empreendedor do(a) fundador(a) da companhia e ajudam a compreender seu sucesso. Entretanto, os Valores só agregam significado e poder à Missão e à Estratégia se houver consistência e reforço mútuo. Deve-se ter entre 3 ou 4 Valores Centrais. Quando a empresa supera este número, corre o risco de confundir os Valores Centrais de fato com práticas operacionais, Estratégias ou diretrizes culturais. Por isso, é melhor focalizar a atenção das pessoas em um pequeno e assimilável conjunto de 3 ou 4 Valores, do que tentar fazê-las lembrar de uma extensa lista de princípios. Quando são constantemente comunicados e reforçados, os Valores constituem as fundações da Cultura Organizacional porque influenciam o comportamento e as crenças das pessoas. Embora possamos encontrar um mesmo Valor adotado por empresas diferentes como, por exemplo, "Integridade", ao serem combinados com a Missão, criam uma personalidade única para a empresa e soldam os elementos estruturais para a execução bem-sucedida da Estratégia. "Copiar" Cultura, o Capital Organizacional da empresa, é impossível. A Cultura e o engajamento das pessoas passam a ser, portanto, a principal fonte de criação de novas Estratégias e Vantagens Competitivas que podem distanciar a empresa dos follow-me's ou me too's - os seguidores oportunistas que vivem à espreita do processo criativo dos líderes de mercado. Os Valores norteiam as normas e os padrões de comportamento da empresa porque agem como o "lado direito do cérebro da organização", alimentando a lógica emocional e moral no dia a dia das pessoas, fortalecendo seu aprendizado e influenciando seu alinhamento com a Missão e a Estratégia, transformando o Propósito em atitude diária e consistente. A identificação dos Valores pelos clientes, investidores e fornecedores produz a confiança necessária para todas as "partes interessadas". Portanto, atitudes inconsistentes da empresa podem afetar negativamente a percepção de todos os stakeholders. OS VALORES NORTEIAM O PROCESSO DECISÓRIO É muito comum os líderes terem de se posicionar diante de situações que apresentam alternativas contraditórias - "certo-versus-errado" - ou uma única escolha entre alternativas igualmente corretas ou boas para a empresa. - "certo-versus- certo". Estas situações são consideradas "momentos definidores", porque sempre percorrem três instantes críticos: 1. Resgatam e revelam os Valores que, de verdade, o líder ou a empresa assimilaram; 2. Testam os Valores porque colocam à prova a força do comprometimento do líder ou da empresa com esses Valores; e 3. Moldam o futuro porque criam a referência real do Valor no inconsciente cultural da empresa e orientam as atitudes e decisões futuras. Nestas situações, Valores precisamente identificados e fortemente disseminados na empresa servem como referência e facilitadores do processo decisório da liderança e suas equipes. As decisões empresariais, consistentes com os Valores, agregam e reforçam o poder dos mesmos na empresa. Por outro lado, o desrespeito aos Valores gera "dissonância cognitiva", uma frustração chocante que mina o engajamento das pessoas com a empresa e progressivamente as afasta do comportamento imprescindível para preservar a meritocracia e assegurar o alto desempenho da organização. OS VALORES CONSPIRAM A FAVOR DA BLINDAGEM DA EMPRESA E DO SEU PROPÓSITO Valores criam um sistema imunológico no inconsciente cultural da empresa, criando um código que permeia e blinda a organização contra pessoas e atitudes que poderiam corromper sua essência e a Estratégia. Colaboradores que compartilham e incorporam os Valores estabelecidos agem como verdadeiros anticorpos organizacionais. Assim, para preservar a essência da empresa, os representantes convictos de seus Valores lançam diversas ações bloqueadoras de atitudes indesejáveis daquele corpo estranho e não aderente à Cultura Organizacional. O sistema imunológico dos Valores opera nas empresas de maneira aparentemente invisível, mas uma análise cuidadosa de fatos do dia a dia poderevelar sua presença efetiva. Se por razões de interesse pessoal de um líder específico, ou por decisão corporativa, a empresa proteger um talento que violou os Valores e o mantiver na organização, cria-se uma referência contrária, de perversão. Propaga-se uma permissividade na companhia que desequilibra todo seu sistema imunológico, tornando-a exposta e vulnerável a todo tipo de malefícios e doenças no seu sistema, porque corrompeu seus próprios Valores - ainda que nem se enxergue "a olho nu" o efeito devastador nas relações de trabalho e no Clima Organizacional, pois os Valores operam de maneira subterrânea, estabelecendo um contrato emocional com as pessoas e uma identidade aglutinante, geradora de senso de orgulho e de desejo de pertencimento. Tamanha dissonância cognitiva poderia provocar a perda de muitos outros talentos decepcionados com a organização. Contudo, vale lembrar que para constituírem o sistema imunológico da empresa, os Valores precisam ser consistentes com a Missão da empresa. Desta forma, os Valores contribuem para o desenvolvimento das competências essenciais ao negócio. A VISÃO DE FUTURO ESTIMULA O PROGRESSO Uma Visão bem articulada, disseminada e corretamente utilizada no exercício da liderança gera impactos efetivos no desempenho das organizações, e de fato contribui para a criação de um senso de urgência necessário para engajar e mobilizar as pessoas na execução da Estratégia. Enquanto a Missão esclarece porque existimos e os Valores como trabalhamos, a Visão estabelece o que nós queremos ser no futuro - a Intenção Estratégica da empresa. Estratégia não é Visão de Futuro, mas sim o caminho para conduzir a empresa ao estado almejado e descrito na Visão. Normalmente, as empresas optam por um dos seguintes critérios na formulação de sua Visão: 1. A Visão indica o que a empresa gostaria de se tornar e como gostaria de ser reconhecida pelo mercado. 2. A Visão almeja uma posição bastante superior à atual. Qualquer que seja o critério ou o estilo adotado, aprendemos que a Visão de Futuro, por definição, tem de ser um objetivo bastante audacioso, por três motivos: 1. Toda empresa de sucesso evolui como um verdadeiro atleta continuamente se preparando para uma superação agressiva e desafiante. 2. Se a linha de chegada for muito próxima, facilmente será atingida e o estado de vitória "fácil" pode gerar a "Síndrome do Já Chegamos". A empresa se "perde" na dúvida de "o que fazer agora já que chegamos lá?" 3. Porém, a Visão de Futuro não pode ser impossível. A empresa tem de acreditar que poderá atingir aquele estado almejado pela Visão. Por definição, a Visão estabelece um horizonte de longo prazo (meta de, no mínimo, 5 anos). Entretanto, esta regra também pode ser repensada por empresas em cenário de crise econômico- financeira profunda - situações em que a organização não consegue pensar em horizontes superiores a 1 ou 2 anos. Empresas em fase inicial de recuperação judicial, por exemplo, podem estabelecer o horizonte de 2 anos para a Visão. 1. Como a Visão de Futuro é um objetivo extremamente audacioso, a empresa precisa evitar agendar um prazo muito próximo da largada ou ousado demais - porque o risco de enfrentar a frustração dos colaboradores pela não conquista da Visão na data programada pode ser difícil de gerenciar; 2. Não é fácil estabelecer uma data de chegada com razoável precisão, porque durante a formulação da Visão a empresa normalmente ainda não chegou ao fim do Planejamento Estratégico - e, portanto, o cálculo da meta se torna um palpite pouco adequado; 3. Não necessariamente a data é o principal fator gerador de senso de urgência, mas sim o estado almejado pela Visão de Futuro. É por esse momento que a empresa tem de lutar - a mobilização tem de ser focalizada no desejo de todos de se tornar aquela empresa da Visão. Ao se atingir a Visão de Futuro antes do tempo, ou até mesmo na data programada, a empresa pode escolher se continuará trabalhando pela consolidação da posição projetada ou se reformulará sua Visão. Simplesmente "eleve a barra": defina uma nova Visão que coloque a empresa em um patamar mais elevado e novamente distante, mas que todos irão adorar lutar por ele. Se você puder estabelecer uma data factível, uma estimativa em que todos os executivos(as) envolvidos(as) no processo sintam-se confiantes, então inclua a data no texto da Visão de Futuro. Caso contrário, concentre-se em ilustrar muito bem o estado desejado no texto da Visão - e deixe a data para ser calculada e inserida em outra oportunidade na forma de meta. Acima de tudo, crie uma Visão de Futuro que provoque um movimento coletivo vigoroso em busca de progresso. A VISÃO AJUDA A DAR SENTIDO À MUDANÇA Gerir a Estratégia é gerir a mudança, conduzindo a empresa a superações frequentes e assegurando sua evolução sustentável no mercado. Nesse sentido, a Visão é fundamental para determinar um parâmetro geral para a mudança, justificar o esforço de transformação e criar senso de urgência - a energia vital para a mobilização. Seis características principais de uma Visão eficaz, segundo Kotter: 1. Imaginável. Transporta as pessoas para uma visão de como será o futuro; 2. Desejável. Exerce um forte apelo emocional nos funcionários, clientes, acionistas e fornecedores, pelas possibilidades de transformação de todos os envolvidos; 3. Viável. Indica um objetivo possível de ser atingido - embora desafiador, é realista; 4. Focada. É clara o suficiente para prover orientação no processo decisório; 5. Precisa. Visões ineficazes normalmente são muito vagas, mas também não precisam ser muito específicas; 6. Comunicável. Tem de ser clara e compreensível por todas as pessoas que trabalham na empresa, e explicada com sucesso em no máximo 5 minutos, porque deve representar uma linha de chegada absolutamente clara. A Visão de Futuro complementa o Propósito e o caráter da organização, constituindo a ideologia central direcionadora de todos os colaboradores - atrai e conecta talentos pelo significado que agrega em suas vidas.
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