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ATPS - DIREITO PENAL III - CRIMES CONTRA A VIDA E CONTRA A HONRA

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ANHANGUERA EDUCACIONAL LEME
DIREITO PENAL III
CRIMES CONTRA A VIDA
e
CRIMES CONTRA A HONRA
Bruna Letícia dos Santos
26 de Setembro de 2014.
CRIMES CONTRA A VIDA
Os crimes contra vida estão descritos no Título I – Dos crimes contra a pessoa – Capitulo I, da Parte Especial do Código Penal.
O Código Penal elenca os seguintes crimes contra a vida: Homicídio (art. 121); Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122); Infanticídio (art. 123) e Aborto (arts. 124 a 128).
1 – HOMICÍDIO:
“Homicídio é a morte de um homem provocada por outro homem. É a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra” (CAPEZ, 2006, v. 2, p. 3).
A conduta típica do homicídio é matar alguém, eliminar a vida de uma pessoa humana, podendo ser praticada de forma livre, por meios diretos ou indiretos.
Objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. O Código Penal obedece a um critério que leva em consideração o objeto jurídico do crime, colocando-se em primeiro lugar os bens jurídicos mais importantes: vida, integridade corporal, honra, patrimônio etc. Especificamente, o homicídio tem por objeto jurídico é o direito à vida.
 Genericamente, objeto material de um crime é a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. É o objeto da ação. Não se deve confundi-lo com o objeto jurídico, que é o interesse protegido pela lei penal. Assim, o objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão. 
Sujeito ativo da conduta típica é o ser humano que pratica a figura típica descrita na lei, isolada ou conjuntamente com outros autores. O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata), como também o partícipe, que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado. Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa.
Já o sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. No caso do delito de homicídio, o sujeito passivo é qualquer pessoa com vida humana.
Em relação ao Elemento subjetivo, o fato típico, tradicionalmente, é composto de quatro elementos: conduta dolosa ou culposa + resultado naturalístico (só nos crimes materiais) + nexo causal (só nos crimes materiais) + tipicidade. A mera subsunção for mal da ação ou omissão ao tipo não é suficiente para operar o fato típico, sendo imprescindível que a atuação do agente tenha sido dolosa ou, quando prevista tal modalidade, culposa. Sem dolo e culpa não existe fato típico; logo, não há crime. O CP só conhece as figuras do homicídio doloso e do culposo, de maneira que a ausência de um desses elementos acarreta atipicidade, pois não há uma terceira forma de homicídio. O tipo penal, portanto, tem uma parte objetiva, consistente na correspondência externa entre o que foi feito e o que está descrito na lei, e uma parte subjetiva, que é o dolo e a culpa. Por essa razão, o caso fortuito e a força maior excluem a conduta, dado que eliminam a parte subjetiva da infração, excluindo dolo e culpa, o mesmo ocorrendo com a coação física, ou com atos derivados de puro reflexo. O elemento subjetivo do homicídio doloso é o dolo.
Dolo é o elemento psicológico da conduta. É à vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal, isto é, de praticar o verbo do tipo e produzir o resultado. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta.
No homicídio a consumação do crime é aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal (CP, art.14, I). No caso dos crimes materiais, como o homicídio, a consumação se dá com a produção do resultado naturalístico morte.
Outrossim, considera-se tentado o crime quando, iniciada a sua execução, não se verifica o resultado naturalístico por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Tratando-se de crime material, o homicídio admite tentativa, que ocorrerá quando, iniciada a execução do homicídio, este não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente. Para a tentativa, é necessário que o crime saia de sua fase preparatória e comece a ser executado, pois somente quando se inicia a execução é que haverá início de fato típico.
Agora vejamos separadamente alguns tipos de homicídio.
1.2 – Homicídio Simples:
“Art. 121. Matar alguém”:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte anos).
No art. 121 do Código Penal brasileiro, vemos que será simples o homicídio que não for qualificado ou privilegiado, sendo aquele que é cometido buscando o resultado de morte, sem qualquer agravante no ato criminoso.
Trata-se de crime onde há morte de uma pessoa humana praticada por outra.
Matar alguém, mediante conduta dolosa, sem qualquer causa de diminuição de pena, qualquer circunstância privilegiada ou qualquer circunstância qualificadora, no homicídio simples, o modo de execução é livre, que pode ser comissivo ou omissivo, valendo-se na maioria dos casos de mecanismos físicos como armas de fogo, instrumentos perfuro cortante ou mesmo mecanismos psíquicos, podendo ser cometido por autoria direta ou interposta, a pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo de homicídio simples.
1.3 – Homicídio Privilegiado:
Está previsto no art. 121, §1º: “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. 
As hipóteses que geram o privilégio in casu abordado são: 
a) motivo de relevante valor social ou moral para cometimento do crime: o relevante valor social diz respeito aos interesses da coletividade (ex: matar um traidor da pátria); enquanto que o relevante valor moral corresponde a interesses individuais do agente (ex: pai que mata o estuprador da sua filha); 
b) domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima: para ocorrência dessa hipótese deve o agente estar tomado (e não apenas influenciado) por poderosa emoção e sua ação se dar imediatamente depois de ter sido provocado injustamente pela vítima. Vale lembrar que na hipótese do agente reagir à injusta (antijurídica) agressão, a hipótese será de exclusão da ilicitude por legítima defesa, e não de crime privilegiado, daí ser importante distinguir injusta provocação de injusta agressão. 
Ainda, que o CP fala que o juiz “pode” reduzir a pena uma vez detectada uma dessas hipóteses, porém esse “pode” não indica uma faculdade, mas sim um dever, pois a redução trata-se de direito subjetivo do agente. 
1.4 – Homicídio Qualificado:
Encontra previsão no art. 121, § 2º, do CP.
Não é demais lembrar que a qualificadora é um tipo derivado da figura simples de determinado delito. Traz, portanto, um preceito secundário (pena) próprio, que independe daquele constante no tipo simples do qual deriva. No caso em questão, o homicídio simples impõe uma pena de seis a vinte anos de reclusão, enquanto que o homicídio qualificado eleva esse quantum para 12 (doze) a 30 (trinta anos).
O homicídio se torna qualificado quando praticado:
a) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: torpe é o motivo abjeto que causa repugnância, nojo, sensação de repulsa pelo fato praticado pelo agente; paga é o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou não natureza patrimonial, recebida antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa. Já na promessa de recompensa, como a própria expressão está a demonstrar, o agente não recebe antecipadamente, mas sim existe uma promessa de pagamento futuro.
b) Motivo fútil: É o motivo insignificante, evidentemente desproporcional ao resultado produzido.
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: é indispensável frisar que a qualificadora em estudo trata de estabelecer uma maior apenação quando o homicídio for praticado por meio insidioso ou cruel, ou de quepossa resultar perigo comum. 
d) Homicídio à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: Traição é ataque desleal, repentino e inesperado (ex.: atirar na vítima pelas costas ou durante o sono). A emboscada pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. Denota essa circunstância maior covardia e perversidade por parte do delinquente. Já a dissimulação significa fingimento, ocultando (disfarçando) o agente a sua intenção hostil, apanhando a vítima desatenta e indefesa.
e) para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Trata-se de qualificação pela conexão (ligação) com outro crime. O homicídio, nesse caso, aparece em um plano secundário, pois somente é levado a efeito em razão de outro delito. O outro crime mencionado pode ser pertinente ao próprio sujeito ativo do homicídio ou a terceiro.
2 – INDUZIMENTO, INVESTIGAÇÃO E AUXÍLIO AO SUICÍDIO
Sobre o tema, o Código Penal em seu artigo 122 traz:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
“O suicídio é a deliberada destruição da própria vida” (Fernando Capez). A conduta de destruir a própria vida não é incriminada. 
O suicídio ocorre quando alguém, deliberadamente, subtrai contra a própria vida. O suicídio não é crime (o fato é atípico), até mesmo pela impossibilidade física de cumprir a sanção. A tentativa de suicídio também não é punível. Isto se dá porque o bem mais valioso tutelado pelo Direito Penal é a vida.
Além disso, o objeto jurídico desse crime é a preservação da vida.
Elemento Subjetivo é o dolo direto ou eventual consistente na vontade livre e consciente de concorrer para que a vítima se suicide, porém, á também o dolo específico – fim de que o sujeito passivo se suicide.
O sujeito ativo é qualquer pessoa, pois trata de crime comum. Já o passivo é qualquer pessoa com capacidade de resistência e discernimento. Isto por que: “Quando o suicida é inimputável ou menor sem compreensão, não ocorrerá o delito em estudo, diante da capacidade de resistência nula da vítima, mas um homicídio típico. Aquele que convence uma criança de três anos ou um doente mental a matar-se pratica o crime mais grave porque a vítima, no caso, é mero instrumento do agente” (MIRABETE, 2008, v.II, p. 51).
A vítima tem que ser determinada (uma ou mais pessoas); de modo que, o crime não se aperfeiçoa se o sujeito ativo age em desfavor de pessoas indeterminadas.
 2.1 - Ação Nuclear
Núcleo do tipo: Induzir, Instigar ou Auxiliar. 
Tipo misto alternativo: o agente, ainda que realize todas as condutas, responde por um só crime;
Crime de ação livre: não exige o tipo qualquer forma especial de execução do delito;
Participação moral:
-Induzir: suscitar a ideia, sugerir o suicídio;
-Instigar: reforçar, estimular, encorajar um desejo já existente.
Participação material:
-Auxílio: prestação de ajuda material (caráter meramente secundário)
-Auxílio por omissão: Admissível – agente tem o dever de impedir o resultado e sua omissão acaba sendo causa para a produção do evento (Manzini, Altavilla, Maggiori, Magalhães Noronha, Nélson Hungria, Mirabete, Capez); Inadmissível – prestar auxílio é sempre conduta comissiva (José Frederico Marques, Damásio, Celso Delmanto).
O crime em apreciação somente se consuma com a morte da vítima ou quando esta sofre, em decorrência do fato, lesão corporal de natureza grave. É, portanto, um crime material.
Porém, a tentativa é inadmissível. De acordo com a previsão legal do Código Penal, se não houver ocorrência de morte ou lesão corporal de natureza grave, o fato é atípico. 
As formas simples estão previstas no caput do art. 122, e as qualificadas no parágrafo único do art. 122;
- Motivo egoístico: diz respeito a interesse próprio, à obtenção de vantagem pessoal;
- Vítima menor: funda-se na menor capacidade de resistência moral da vítima à criação ou estímulo do propósito suicida por parte do agente (doutrina majoritária – maior de 14 e menor de 18 anos);
- Capacidade de resistência diminuída por qualquer causa: diz respeito à diminuição da capacidade de resistência por qualquer causa (embriaguez, idade avançada, enfermidade física ou mental). Se a capacidade de resistência for nula, o delito será de homicídio.
2.2 - Suicídio a dois ou Pacto De Morte.
Quando duas pessoas resolvem suicidar-se juntas. Havendo um sobrevivente que realizou o ato executório, o crime será de homicídio, e se não realizar o ato executório, o delito será o do artigo 122.
Se os dois sobreviverem, havendo lesão corporal de natureza grave: aquele que realizou o ato executório, responderá por tentativa de homicídio; se não realizou o ato executório, o delito será o do art. 122;
Se os dois sobrevivem e não há lesão corporal de natureza grave: aquele que realizou o ato executório, responderá por tentativa de homicídio; e se não realizou o ato executório o fato será atípico;
Se os dois sobrevivem e ambos realizaram atos executórios, responderão por homicídio tentado.
2.3 - Roleta Russa e Duelo Americano:
Roleta Russa: aqui temos uma arma com um projétil, assim os participantes ficam a mercê da sorte, puxando o gatilho (contra si mesmo). O sobrevivente responde pelo art. 122 do Código Penal.
Duelo Americano: nesse caso temos duas armas, sendo certo que somente uma delas está carregada. Assim, os participantes atiram contra a própria cabeça. O sobrevivente responde pelo art. 122 do Código Penal.
3 - INFANTICÍDIO
Segundo o artigo 123 do Código Penal, define o infanticídio como o crime que a mãe realiza contra o próprio filho sob a influência do estado puerperal, “durante o parto ou logo após”, como tipifica nosso ordenamento.
O objetivo jurídico do Estado é preservar a vida desde o momento do nascimento, protegendo o direito à vida.
O infanticídio denomina-se pela realização do verbo matar, assim como no delito de homicídio, que significa destruir a vida alheia. É a ação física da própria mãe, que deve ocorrer durante ou logo após o parto a eliminação da vida de seu próprio filho.
É o crime que pode ser praticado por qualquer meio comissivo, ou seja, intencionalmente, por exemplo, enforcamento, estrangulamento, afogamento, fraturas cranianas, ou por qualquer meio omissivo, ou seja, dever de agir para impedir o resultado, por exemplo, deixar de amamentar a criança, abandonar recém-nascido em lugar ermo, com o fim de provocar a sua morte.
Como é denominado,
1."matar" ( nucleo verbal, tirar a vida alheia);
 2. sob a influencia do estado puerperal (situação de alterações e transtornos mentais, advindas das dores físicas capazes de alterar temporariamente o psiquismo da mulher previamente sã de modo a levá-la a agir violentamente contra o próprio filho durante o seu nascimento ou logo após o parto);
3. o próprio filho ( se a mãe, conferindo a criança, acreditando ser dela, e vem a matar, comete o crime de infanticídio, artigo 123 do CPB. Porém, se a identidade da criança, nao foi conferida,  houve erro quanto à pessoa artigo 20 § 3º do CPB, contudo, responderá pelo crime de homicídio, artigo 121 do CPB). (ANDRADE)
 Em relação ao sujeito passivo do crime, o  artigo 123 do Código Penal referencia-se ao filho “durante ou após o parto”.  Denomina-se contra o “ser nascente” se o crime for cometido durante o parto, e ao “recém-nascido”  ou “neonato”, se logo após.
É importante ressaltar que haverá o crime de infanticídio se o feto nascente estava vivo, a principal e mais simples característica é da própria respiração como sinal mínimo de atividade funcional.
3.1 - Da influência do estado puerperalA mulher, em consequência das circunstancias do parto, referentes à convulsão, emoção causada pelo choque físico etc., pode sofrer perturbação de sua saúde mental. O Código fala em influencia do estado puerperal. Este é o conjunto das perturbações psicológicas e físicas sofridas pela mulher em fase do fenômeno de parto. Não é suficiente que a mulher realize a conduta durante o período do estado puerperal. É necessário que haja uma relação de causalidade entre a morte do nascente ou neonato e o estado puerperal. Essa relação causal não é meramente objetiva, mas também subjetiva. O Código Penal exige que o fato seja cometido pela mãe “sob a influência do estado puerperal”.
Não há incompatibilidade entre a descrição típica do infanticídio ( artigo 123) e o disposto no artigo 26 e se parágrafo único do Código Penal, que trata da inimputabilidade e da semiresponsabilidade.
Três hipóteses podem ocorrer:
1.ª) Se, em decorrência do estado puerperal, a mulher vem a ser portadora de doença mental, causando a morte do próprio filho, aplica-se o artigo 26, caput, do Código Penal: exclusão da culpabilidade pela inimputabilidade causada pela doença mental.
 2.ª) Se, em consequência da influência do estado puerperal, a mulher vem a sofrer simplesmente perturbação da saúde mental, que não lhe retire a inteira capacidade de entendimento e de autodeterminação, aplica-se o disposto no artigo 26.parágrafo único, do Código Penal. Neste caso, desde que se prove tenha sido portadora de uma perturbação psicológica patológica, como delírio ou psicose, responde por infanticídio com a pena atenuada.
3.ª) É possível que, em consequência do puerpério, a mulher venha a sofrer uma simples influencia psíquica, que não se amolde à regra do artigo 26, parágrafo único, do Código Penal. Neste caso, responde pelo delito de infanticídio, sem atenuação da pena.
Assim, se o puerpério não causa nenhuma perturbação psicológica na mulher, se ela matar o próprio filho, pratica crime de homicídio. Entretanto, é possível que o estado puerperal cause na mulher uma perturbação psicológica de natureza patológica. Nesta hipótese, é preciso distinguir. Se essa perturbação psíquica constitui doença mental, está isenta de pena nos termos do artigo 26, caput. Se a perturbação psíquica não lhe retira a inteira capacidade de entender e de querer, responde pelo delito de infanticídio, porém com a pena atenuada, em face do artigo 26. parágrafo único, do estatuto penal.
3.2 - Limite temporal: O Código Penal determina um limite temporal para que se possa caracterizar o delito de infanticídio. Determina que esse comportamento seja levado a efeito durante o parto ou logo após.
A expressão “durante o parto” nos está a indicar o momento a partir do qual o fato deixa de ser considerado como aborto e passa a ser entendido como infanticídio. Dessa forma, o marco inicial para o raciocínio correspondente à figura típica do infanticídio é, efetivamente, o início do parto.
A doutrina tem afirmado que o início do parto pode ocorrer em três momentos, a saber: a) com a dilatação do colo do útero; b) com o rompimento da membrana amniótica; c) com a incisão das camadas abdominais, no parto cesariana.
Por outro lado, o que devemos entender pela expressão „logo após‟ o parto? Entendemos que a expressão “logo após” o parto deve ser entendida à luz do princípio da razoabilidade. A lei penal usa, expressamente, a expressão “logo após” o parto, e não somente “após” o parto. Assim, a parturiente somente será beneficiada com o reconhecimento do infanticídio se entre o início do parto e a morte do seu próprio filho houver uma relação de proximidade, a ser analisada sob o enfoque do princípio da razoabilidade.
Merece ser frisado, ainda, que para o infanticídio ser reconhecido haverá necessidade, também, de prova pericial, a fim de que fique evidenciado que, ao tempo da ação ou da omissão da parturiente, encontrava-se esta sob a influência do estado puerperal, pois, caso contrário, o crime por ela praticado se amoldará à figura do art. 121 do CP. 
3.3 – Consumação e Tentativa:
O crime de infanticídio consuma-se com a morte da vítima. Sendo um crime plurissubsistente, é possível a ocorrência de tentativa.
4 – ABORTO
O aborto é a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção, que pode ser o ovo, o embrião ou o feto, conforme a fase de sua evolução. Pode ser espontâneo, natural ou provocado, sendo neste último caso criminoso, exceto se praticado em uma das formas previstas no artigo 128 do CP.
4.1 - Espécies de aborto:
Podem ocorrer duas espécies de aborto, a saber:
a) natural ou espontâneo;
b) provocado (dolosa ou culposamente).
Ocorre o chamado aborto natural ou espontâneo quando o próprio organismo materno se encarrega de expulsar o produto da concepção. Para fins de aplicação da lei penal, não nos interessa o chamado aborto natural ou espontâneo. Por outro lado, temos o aborto provocado, sendo esta provocação subdividida em: dolosa e culposa, também reconhecida como acidental.
As espécies dolosas são aquelas previstas nos arts. 124 (auto-aborto ou aborto provocado com o consentimento da gestante), 125 (aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante) e 126 (aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante).
4.2 - Bem juridicamente protegido e objeto material:
O bem juridicamente protegido, de forma precípua, por meio dos três tipos penais incriminadores, é a vida humana em desenvolvimento.
O objeto material do delito de aborto pode ser o óvulo fecundado, o embrião ou o feto, razão pela qual o aborto poderá ser considerado ovular (se cometido até os dois primeiros meses de gravidez), embrionário (praticado no terceiro ou quarto mês de gravidez) e, por último, fetal (quando o produto da concepção já atingiu os cinco meses de vida intra-uterina e daí em diante).
4.3 - Elemento subjetivo:
Os crimes de auto-aborto, aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante e aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante somente podem ser praticados a título de dolo, seja ele direto ou eventual.
Também poderá o agente atuar com dolo eventual, uma vez que, ao agredir uma mulher sabidamente grávida, não se importava se essa viesse a abortar, o que realmente acontece. Nessa hipótese, deverá responder pelas lesões corporais produzidas na gestante em concurso formal impróprio com o delito de aborto, pois que agia com desígnios autônomos, aplicando-se-lhe, no caso em exame, a regra do cúmulo material de penas.
4.4 - Consumação e tentativa: 
Consuma-se o crime com a morte do feto, resultante da interrupção da gravidez. Pode ocorrer dentro do útero materno como ser subsequente à expulsão prematura. Fundamental é a prova de que o feto estava vivo no momento da ação ou da omissão do agente, dirigidas no sentido de causar-lhe a morte.
Não exige a doutrina, para fins de caracterização do aborto, que o feto seja viável, ou seja, que possua uma capacidade de desenvolvimento que o conduza à maturação. Na qualidade de crime material, podendo-se fracionar o iter criminis, é perfeitamente admissível à tentativa de aborto.
4.5 - Prova da vida: 
O aborto é um crime que deixa vestígios. Nesse caso, nos termos do art. 158 do CPP, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Contudo, também de acordo com o art. 167 do CPP, não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá supri-lhe a falta.
JURISPRUDÊNCIA: 
PENAL. HOMICIDIO SIMPLES. EXCESSO DOLOSO NA LEGITIMA DEFESA. APELAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ACUSAÇÃO NA AUSENCIA DE RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO POR TER SIDO A SENTENÇA CONDENATORIA. VIABILIDADE. JURI. SEGUNDA ANULAÇÃO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA POR ENTENDER QUE CABIA AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JURI PROSSEGUIR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITAÇÃO (LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E LEGITIMA DEFESA DA HONRA DOS FILHOS). RECURSO ESPECIAL CONHECIDOE PROVIDO. I - O APELADO, EM SEGUNDO JURI, FOI CONDENADO A SEIS ANOS DE RECLUSÃO (CP, ART. 121, CAPUT). A DEFESA APRESENTOU TRES SERIES DE QUESITOS: A) LEGITIMA DEFESA PROPRIA, B) LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E C) LEGITIMA DEFESA DA HONRA DE TERCEIROS (FILHOS). O JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JURI PAROU NA PRIMEIRA SERIE, UMA VEZ QUE O CONSELHO DE SENTENÇA RECONHECEU QUE O REU HAVIA AGIDO COM EXCESSO DOLOSO AO SE DEFENDER. ASSIM, PREJUDICADAS TERIAM RESTADO AS DUAS OUTRAS SERIES. A ASSISTÊNCIA DA ACUSAÇÃO APELOU PARA VER A PENA MAJORADA. O TRIBUNAL DE JUSTIÇA, POR SEU TURNO, ENTENDEU QUE HOUVE CERCEAMENTO DE DEFESA: CABIA AO JUIZ CONTINUAR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITAÇÕES E, INCLUSIVE, COM O QUESITO DA QUALIFICADORA. ANULOU O JULGAMENTO. A ASSISTÊNCIA DA ACUSAÇÃO INTERPOS RECURSO ESPECIAL (ALINEAS 'A' E 'C'). II - MESMO EM SE TRATANDO DE SENTENÇA CONDENATORIA, PODE A ASSISTÊNCIA DA ACUSAÇÃO, NA OMISSÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELEJAR POR PENA MAIOR. NÃO SE TRATA DE VINDITA, MAS DA BUSCA PELA PENA JUSTA. PRECEDENTES DO STF. III - NÃO SE PODE INVOCAR CERCEAMENTO DE DEFESA IN CASU. SE OS JURADOS RECONHECERAM QUE O RECORRIDO (REU), EMBORA TENHA MATADO EM DEFESA PROPRIA, AGIU COM EXCESSO DOLOSO, MISTER NÃO SE FAZIA CONTINUAR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITOS (LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E DA HONRA DOS FILHOS). TAMBEM PREJUDICADA RESTOU A QUALIFICADORA. ADEMAIS, POR OCASIÃO DO JULGAMENTO A DEFESA NÃO LAVROU NENHUM PROTESTO. NÃO HA REGISTRO EM ATA. IV - RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ - REsp: 31881 DF 1993/0002666-6, Relator: Ministro ADHEMAR MACIEL, Data de Julgamento: 24/08/1993, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 08.11.1993 p. 23586 RCJ vol. 62 p. 202 RDJTJDFT vol. 43 p. 63 REVJUR vol. 198 p. 99 DJ 08.11.1993 p. 23586 RCJ vol. 62 p. 202 RDJTJDFT vol. 43 p. 63 REVJUR vol. 198 p. 99)
INDUZIMENTO, INSTIGACAO OU AUXILIO A SUICIDIO. PROVA SUFICIENTE PARA CONDENAR REU NAS PENAS DO ART-122 DO CÓDIGO PENAL. (RESUMO) (Revisão Criminal Nº 696023738, Segundo Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vladimir Giacomuzzi, Julgado em 19/04/1996).
(TJ-RS - RVC: 696023738 RS , Relator: Vladimir Giacomuzzi, Data de Julgamento: 19/04/1996, Segundo Grupo de Câmaras Criminais, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia)
INFANTICÍDIO - Autoria e materialidade comprovadas - Decisão dos Jurados em conformidade com a prova dos autos - Impossibilidade de anulação do julgamento - Readequação da pena imposta e do regime de cumprimento - Recurso parcialmente provido Prescrição da pretensão punitiva reconhecida de ofício, com a consequente declaração da extinção da punibilidade da ré.
(TJ-SP - APL: 19764720048260052 SP 0001976-47.2004.8.26.0052, Relator: Christiano Kuntz, Data de Julgamento: 19/04/2012, 7ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 24/04/2012)
EMENTA: ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO (ARTIGO 125, DO CP). 1º- INÉPCIA DA DENÚNCIA INICIAL QUE NÃO OSTENTA, NEM DE LONGE, MÍNIMO VÍCIO, POIS A PROMOTORIA PÚBLICA CUMPRIU OS REQUISITOS CONTIDOS NO ARTIGO 41, DO CPP. 2º- CERCEAMENTO DE DEFESA - O ARTIGO 222, DO CPP, PRECONIZA O SEGUINTE: § 1º- A EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIA NÃO SUSPENDE A INSTRUÇÃO CRIMINAL. § 2º- FINDO O PRAZO MARCADO, PODERÁ REALIZAR-SE O JULGAMENTO, MAS, A TODO TEMPO, A PRECATÓRIA, UMA VEZ DEVOLVIDA, SERÁ JUNTA AOS AUTOS . ASSIM, NÃO SE REVESTE DE NULIDADE A OITIVA DE TESTEMUNHAS APÓS O INTERROGATÓRIO E SUBSEQUENTE PRONÚNCIA (PRECEDENTES DO STJ); 3º- ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (ARTIGO 415, DO CPP)- CONVICTO DA MATERIALIDADE DO FATO E DA EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA, O JUIZ PRO-NUNCIARÁ O ACUSADO (ARTIGO 413, DO CPP). SOB PENA DE NULIDADE DA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, É DEFESO AO MAGISTRADO ESMIUÇAR O ACERVO PROBATÓRIO (TAREFA COMPREENDIDA NA SOBERANA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO CORPO DE JURADOS). A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA EXIGE PROVA RO-BUSTA, CRISTALINA, DE CLAREZA SOLAR, ATRIBUTOS QUE NÃO SE FAZEM PRESENTES. DESTARTE, A TESE DEFENSIVA, CONSISTENTE NA NEGATIVA DE AUTORIA, DEVERÁ SER OBJETO DE AMPLA COGNIÇÃO PERANTE O CONSELHO DE SENTENÇA. DESPROVIMENTO DO APELO DEFENSIVO. 
(TJ-RJ - RSE: 00147317920128190000 RJ 0014731-79.2012.8.19.0000, Relator: DES. PAULO DE TARSO NEVES, Data de Julgamento: 04/09/2012, SEXTA CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 05/12/2013 18:05)
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
A honra na concepção comum é o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos de uma pessoa, porém esse conceito é muito singelo consoante à importância do atributo honra para o ser humano. Honra é o profundo sentimento de grandeza, de glória, de virtude e de probidade que cada um faz de si próprio, portanto a questão é sensivelmente subjetiva, haja vista, que cada ser humano tem embutido em seu subconsciente a valoração de seus atributos personalíssimos. 
 Assim, a ofensa a qualquer de seus atributos pessoais se caracteriza como fato típico e antijurídico, desta forma, requer punição ao ofensor por parte do Estado, que tem obrigação principal de tutelar a individualidade de cada pessoa. 
 Desta forma há que se caracterizar a honra em objetiva e subjetiva. Objetiva porque diz respeito ao conceito que os outros fazem de alguém, portanto quem ataca a honra objetiva de outra pessoa, também estará criando uma situação em que poderá acarretar uma mudança de conceito da sociedade em relação à pessoa ofendida, visto que lhe imputando fato seja ele falso ou ofensivo a sua reputação, estará consequentemente dificultando seu convívio social.
Quanto à honra subjetiva, podemos equacionar na forma do sentimento e no juízo que cada um faz de si mesmo, e é dividida em honra-dignidade que diz respeito às qualidades morais da pessoa e honra-decoro que preza pelas qualidades intelectuais e físicas. Justamente por ser tão importante para cada pessoa é que a honra tem capítulo especial no Código Penal, que caracteriza os crimes contra a honra em 
Calúnia, Difamação e Injúria. A seguir veremos como esses crimes podem afetar nossas vidas com apenas uma simples palavra.
1 – CALÚNIA
Calúnia significa imputar falsamente fato tipificado como criminoso a alguém, ou seja, atribuir a algum indivíduo a responsabilidade pela prática de algum fato previsto como criminoso. Não importa se a manifestação se refere a crime de ação pública ou privada (em regra é privada), importa sim a atribuição de um fato concreto pelo caluniador responsabilizando o caluniado pela autoria do fato. 
 A calúnia se consuma quando o fato propagado chega ao conhecimento de uma terceira pessoa, mesmo porque, se trata de crime que atinge a honra objetiva.
A calúnia é o mais grave de todos os crimes contra a honra previstos pelo CP.
Podemos indicar os três pontos principais que especializam a calúnia com relação às demais infrações penais contra a honra, a saber:
a) a imputação de um fato;
b) esse fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente, ser falso;
c) além de falso, o fato deve ser definido como crime.
Classificação doutrinária: Crime comum, formal (uma vez a sua consumação ocorre mesmo que a vítima não tenha sido, efetivamente, maculada em sua honra objetiva, bastando que o agente divulgue, falsamente, a terceiro, fato definido como crime), doloso, de forma livre, instantâneo, comissivo (podendo ser também omissivo impróprio, desde que o agente goze do status de garantidor), monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente (pois que o ato de caluniar pode ser concentrado, ou, ainda, fracionado, oportunidade em que se poderá visualizar a tentativa), transeunte (sendo que, em algumas situações, poderá ser considerado não transeunte, a exemplo do agente que divulga a terceiro, por meio de carta, um fato definido como crime falsamente atribuído à vítima), de conteúdo variado (podendo o agente não somente caluniar a vítima, como também se esforçar no sentido de divulgá-la a mais pessoas, devendo responder, portanto, por uma só infração penal).
Objeto material e bem juridicamente protegido: Bem juridicamente protegido pelo delito de calúnia é a honra, aqui concebidaobjetivamente. Objeto material é a pessoa contra qual são dirigidas as imputações ofensivas à sua honra objetiva.
Sujeito ativo e sujeito passivo: Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo ou como sujeito passivo do crime de calúnia.
Consumação e tentativa: A calúnia se consuma quando um terceiro, que não o sujeito passivo, toma conhecimento da imputação falsa de fato definido como crime. Dependendo do meio pelo qual é executado o delito, há possibilidade de se reconhecer à tentativa. Na calúnia por escrito existe um iter (não mais se trata de crime de único ato – unico actu perficiuntur) que pode ser fracionado ou dividido. Se uma pessoa, v.g., prepara folhetos caluniosos contra outra e está prestes a distribuí-los, quando é interrompida por esta, há, por certo, tentativa. Houve início de realização do tipo. Este não se integralizou, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
É fundamental a fim de se verificar a possibilidade de tentativa no delito de calúnia, como em geral em qualquer outra infração penal, que se aponte, com segurança, os atos iniciais de execução. Merece destaque, ainda, o fato de que para a consumação do delito de calúnia, a vítima não precisa sentir-se atingida em sua honra objetiva, bastando que o agente atue com essa finalidade.
 Exceção da Verdade: Chama-se exceção da verdade a faculdade atribuída ao suposto autor do crime da calúnia de demonstrar que, efetivamente, os fatos por ele narrados são verdadeiros, afastando-se, portanto, com essa comprovação, a infração penal a ele atribuída.
Exceção de notoriedade: A finalidade da exceção de notoriedade do fato (art. 523, CPP) é demonstrar que, para o agente, o fato que atribuía à vítima era verdadeiro, segundo foi induzido a crer. Atua, portanto, em erro de tipo, afastando-se o dolo e, consequentemente, eliminando a infração penal.
Diferença entre calúnia e denunciação caluniosa: A denunciação caluniosa está prevista no art. 339 do CP. A primeira diferença fundamental entre o crime de calúnia e o de denunciação caluniosa diz respeito ao bem jurídico por eles protegido. Na calúnia, protege-se a honra objetiva; na denunciação caluniosa, a correta administração da justiça. 
Na calúnia, macula-se, em virtude da afirmação falsa de fato definido como crime, a honra da vítima perante a sociedade; com a denunciação caluniosa, pode-se colocar em risco até mesmo o direito de liberdade daquele que é denunciado falsamente.
Para que ocorra a calúnia, basta que ocorra a imputação falsa de um fato definido como crime; para fins de configuração da denunciação caluniosa, deve ocorrer uma imputação de crime a alguém que o agente sabe inocente, sendo fundamental que o seu comportamento dê causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa.
A diferença fundamental entre eles reside, como já deixamos entrever, no elemento subjetivo de cada infração penal. Na calúnia, há o animus calumniandi, tão-somente. Na denunciação caluniosa, há a finalidade de prejudicar a vítima atribuindo-lhe a prática de crime que pode ter conseqüências graves com a Justiça.
2 – DIFAMAÇÃO
Para que exista a difamação é preciso que o agente impute fatos à vítima que sejam ofensivos à sua reputação. A difamação difere do delito de calúnia em vários aspectos.
Primeiramente, os fatos considerados ofensivos à reputação da vítima não podem ser definidos como crime, fazendo, assim, com que se entenda a difamação como um delito de menor gravidade, comparativamente ao crime de calúnia. Contudo, se tais fatos disserem respeito à imputação de uma contravenção penal, poderão configurar o delito de difamação.
Além de tão-somente ser exigida a imputação de fato ofensivo à reputação da vítima, na configuração da difamação, não se discute se tal fato é ou não verdadeiro. Isso significa que, mesmo sendo verdadeiro o fato, o que se quer impedir com a previsão típica da difamação é que a reputação da vítima seja malucada no seu meio social.
Para que se configure o delito de difamação deve existir uma imputação de fatos determinados, sejam eles falsos ou verdadeiros, a pessoa(s) determinada(s), que tenha por finalidade macular a sua reputação, vale dizer, a sua honra objetiva.
Classificação doutrinária: Crime comum, formal, doloso, de forma livre, comissivo (podendo, sendo garantidor o agente, ser praticado via omissão imprópria), instantâneo, monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente (dependendo do meio de execução de que se vale o agente na sua prática, cabendo a tentativa na última hipótese), transeunte (como regra, pois que pode ser praticado por meios que permitam a prova pericial, a exemplo da difamação escrita).
Objeto material e bem juridicamente protegido: A honra objetiva é o bem juridicamente protegido pelo delito de difamação, sendo nesse caso visualizada por meio da reputação da vítima no seu meio social.
Objeto material é pessoa contra qual são dirigidos os fatos ofensivos à sua honra objetiva.
Sujeito ativo e sujeito passivo: Crime comum quanto ao sujeito ativo, a difamação pode ser praticada por qualquer pessoa. Da mesma forma, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito passivo do delito em estudo, não importando se pessoa física ou jurídica.
Consumação e tentativa: Entendendo-se a honra objetiva como o bem juridicamente protegido pelo delito de difamação, consequentemente, tem-se por consumada a infração penal quando terceiro, que não a vítima, toma conhecimento dos fatos ofensivos à reputação desta última. Às vezes nos soa um pouco ilógico entender que a consumação se dá quando terceiro toma conhecimento dos fatos ofensivos à reputação da vítima, mas exigimos, em geral, que esses mesmos fatos cheguem ao conhecimento dela para que, se for da sua vontade, possa ser proposta ação penal contra o agente difamador, no prazo de 6 meses, sob pena de ocorrer a decadência do seu direito de ação.
Deve ser frisado, por oportuno, que, embora o prazo decadencial de 6 meses seja contado do dia em que a vítima veio a saber quem é o autor do crime, conforme determina o art. 38 do CPP, a afirmação do momento de consumação do delito possui outros efeitos, a exemplo da contagem do prazo prescricional. Assim, o art. 111 do CP assevera: “A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I – do dia em que o crime se consumou”.
Discute-se, ainda, sobre a possibilidade de tentativa no crime de difamação. O mesmo raciocínio que levamos a efeito quando estudamos o delito de calúnia aplica-se à difamação. O fundamental será apontar os meios utilizados na prática do delito, o que fará com que visualizemos se estamos diante de um crime monossubsistente ou plurissubsistente.
Se monossubsistente, não se admite a tentativa, pois que os atos que integram o iter criminis não podem ser fracionados. Se plurissubsistente, torna-se perfeitamente admissível a tentativa.
Elemento subjetivo: O delito de difamação somente admite a modalidade dolosa, seja o dolo direto ou mesmo eventual. Exige-se, aqui, que o comportamento do agente seja dirigido finalisticamente a divulgar fatos que atingirão a honra objetiva da vítima, maculando-lhe a reputação. Afasta-se o dolo quando o agente atua com animus jocandi.
Exceção da verdade: Como regra, não é admitida a exceção da verdade no delito de difamação, pois que, mesmo sendo verdadeiros os fatos ofensivos à reputação da vítima, ainda assim se concluirá pela tipicidade da conduta levada a efeito pelo agente.
Contudo, o parágrafo único do art. 139 do CP ressalvou admitir a exceptio veritatis se o ofendido é funcionário público e se a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. É de interesse da Administração Pública apurar possíveis faltas de seus funcionários quando no exercício das suas funções públicas. Entretanto, tem-se entendido não ser admissível a exceptio veritatis quando a vítima não mais ostenta o cargo de funcionário público, mesmo que os fatos tenham relação como exercício da função pública.
 Exceção de notoriedade: Dissemos anteriormente, quando do estudo do crime de calúnia, que a exceção de notoriedade servia para demonstrar a ausência de dolo do agente no que dizia respeito à falsidade do fato definido como crime por ele atribuído à vítima. Ao contrário do que ocorre com o delito de calúnia, a exceção de notoriedade não tem qualquer efeito no que diz respeito ao reconhecimento da difamação, uma vez que, nesta última, não há necessidade de que o fato atribuído seja falso, podendo ser verdadeiro, e mais, de conhecimento público.
3 – INJÚRIA
O CP trabalha com três espécies de injúria: a) Injúria simples (art. 140, caput, CP); b) Injúria real (art. 140, §2º, CP) e, c) Injúria preconceituosa (art. 140, §3º, CP)
Ao contrário da calúnia e da difamação, com a tipificação do delito de injúria busca-se proteger a chamada honra subjetiva, ou seja, o conceito, em sentido amplo, que o agente tem de si mesmo.
Como regra, na injúria não existe imputação de fatos, mas sim de atributos pejorativos à pessoa do agente. Importante destacar a impossibilidade de punir o agente por fatos que traduzem, no fundo, a mesma ofensa. 
Classificação doutrinária: Crime comum, doloso, formal, de forma livre, comissivo (podendo ser praticado omissivamente, se o agente gozar do status de garantidor), instantâneo, monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente (dependendo do meio utilizado na prática do delito), transeunte (como regra, ressalvada a possibilidade de se proceder a perícia nos meios utilizados pelo agente ao cometimento da infração penal).
Objeto material e bem juridicamente protegido: A honra subjetiva é o bem juridicamente protegido pelo delito de injúria. Busca-se proteger, precipuamente, as qualidades, os sentimentos, enfim, os conceitos que o agente faz de si próprio.
Objeto material do delito de injúria é a pessoa contra qual é dirigida a conduta praticada pelo agente.
Sujeito ativo e sujeito passivo: Qualquer pessoa física pode ser sujeito ativo do delito de injúria. No que diz respeito ao sujeito passivo, é regra geral que qualquer pessoa física possa ser considerada como sujeito passivo da mencionada infração penal, sendo de todo impossível que a pessoa jurídica ocupe também essa posição, haja vista que a pessoa moral não possui honra subjetiva a ser protegida, mas tão-somente honra objetiva.
A mencionada infração penal também ofende a honra subjetiva dos inimputáveis, seja por doença mental, seja em virtude da menoridade? Trabalhando com o critério da razoabilidade, não há qualquer problema em se afirmar que os inimputáveis podem ser considerados sujeitos passivos da injúria.
Consumação e tentativa: Consuma-se a injúria no momento em que a vítima toma conhecimento das palavras ofensivas à sua dignidade ou decoro. Dependendo do meio utilizado na execução do crime de injúria, pode ser perfeitamente possível à tentativa.
Perdão Judicial: Há o crime, mas o juiz pode deixar de aplicar a pena (extinção de punibilidade) quando (duas hipóteses autônomas): provocação da vítima - quando, por reação provocação de forma reprovável, o réu cometeu a injúria; ou, retorsão imediata - quando há injúria contra injúria. Houve um fato anterior, que também era uma injúria e a nova injúria foi apenas uma retorsão à primeira. Não se trata de legítima defesa porque o objetivo da segunda injúria não é impedir a primeira. Não é compensação porque os dois serão processados, mas apenas o segundo será perdoado.
No mais, vejamos algumas Jurisprudências sobre o assunto tratado:
PENAL E PROCESSO PENAL. CRIMES CONTRA A HONRA. CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. QUEIXA-CRIME. VOTO PROFERIDO EM COLEGIADO COM EXPRESSÕES SUPOSTAMENTE OFENSIVAS À HONRA OBJETIVA DO ADVOGADO. MEMBROS QUE ACOMPANHAM O VOTO DO RELATOR. CONDUTA QUE NÃO SE AMOLDA AO CRIME DE CALÚNIA. VOTO CONDUTOR CUJAS RAZÕES NÃO DEMONSTRAM DOLO ESPECÍFICO DO PROLATOR EM OFENDER A HONRA SUBJETIVA OU OBJETIVA DO CAUSÍDICO. NARRATIVA CONFORME O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER FUNCIONAL. DEFICIÊNCIA DAS IMPUTAÇÕES DOS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. 1. Nos crimes de calúnia (art. 138 do CPB) e difamação (art. 139 do CPB), a lei tipifica, respectivamente, as condutas de "caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime" e "difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação". 2. O voto do relator é peça processual de autoria pessoal do seu prolator, que se responsabiliza individualmente por eventuais excessos dolosos. O simples fato de terem os demais membros de um órgão colegiado concordado com o voto proferido pelo relator não os transforma em coautores de crime contra a honra. 3. Tendo o querelante narrado de forma clara o fato que, a seu ver, configura os crimes imputados ao querelado, indicando expressamente quais as afirmações configurariam a calúnia e a difamação, atende-se minimamente o requisito do art. 41 do CPP (a queixa conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias), o que viabiliza o exercício do direito de defesa e afasta a inépcia da queixa. 4. No crime de calúnia, o tipo penal exige a falsa imputação de fato definido como crime. No crime de difamação, o bem jurídico tutelado é a honra objetiva, consistindo na imputação de um fato ofensivo à honra objetiva da vítima, desde que tais fatos não sejam crimes (hipótese em que o crime seria de calúnia). 5. No caso, a análise dos autos demonstra inexistência do elemento subjetivo (dolo específico) dos tipos imputados, dado que o querelado tão somente narrou os fatos, sem evidenciar intenção de imputar crime ao querelante ou de atingir sua reputação, agindo, assim, no estrito cumprimento do dever legal. Ante a atipicidade da conduta, queixa rejeitada.
(STJ - APn: 713 SP 2012/0245150-8, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 20/11/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 29/11/2013).
QUEIXA-CRIME. CRIMES DE DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. ALEGAÇÕES PRELIMINARES DE IMUNIDADE PARLAMENTAR E “LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA CRÍTICA POLÍTICA”: INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES. PRELIMINARES REJEITADAS. ABSOLVIÇÃO QUANTO AO CRIME DE DIFAMAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENÇÃO PUNITIVA ESTATAL DO CRIME DE INJÚRIA. AÇÃO PENAL JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A preliminar de imunidade parlamentar analisada quando do recebimento da denúncia: descabimento de reexame de matéria decidida pelo Supremo Tribunal. 2. Ofensas proferidas que exorbitam os limites da crítica política: publicações contra a honra divulgadas na imprensa podem constituir abuso do direito à manifestação de pensamento, passível de exame pelo Poder Judiciário nas esferas cível e penal. 3. Preliminares rejeitadas. 4. A difamação, como ocorre na calúnia, consiste em imputar a alguém fato determinado e concreto ofensivo a sua reputação. Necessária a descrição do fato desonroso. Fatos imputados ao querelado que não se subsumem ao tipo penal de difamação; absolvição; configuração de injúria. 5. Crime de injúria: lapso temporal superior a dois anos entre o recebimento da denúncia e a presente data: prescrição da pretensão punitiva do Estado. 6. Ação penal julgada improcedente.
(STF - AP: 474 DF , Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 12/09/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-026 DIVULG 06-02-2013 PUBLIC 07-02-2013)
BIBLIOGRAFIA:
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 5ª. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005.
CARVALHO, Marcela : A Influência do Estado Puerperal na Parturiente, disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=295, Acesso em 27/10/2012.
JESUS, Damásio de, Direito Penal: parte especial. 32 Ed. São Paulo: Saraiva, 2012. V.2. 
ANDRADE, Estela Fasciani, ROCHA, Bernadete. Infanticídio: Um crime de Difícil Caracterização, disponível em: http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1667&idAreaSel=4&seeArt=yes, Acesso em: 28/10/2012.

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