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6. REQUISITOS PARA O EXERCICIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

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REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO 
DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
6
SUMÁRIO: 6.1 Capacidade para o exercício da empresa - 6.2 O menor empresário 
- 6.3 Proibidos de exercer atividade empresarial - 6.4 Exercício da empresa por 
estrangeiros - 6.5 Consequências da prática da empresa pelo proibido de exercer 
atividade empresarial.
6.1. Capacidade para o exercício da empresa
Atualmente a atividade empresarial é desenvolvida principalmente por socie­
dades empresárias, cujo regime jurídico será tratado mais adiante, quando estu­
darmos as várias espécies de sociedades empresárias existentes em nosso direito. 
Existe ainda a possibilidade da atividade empresarial ser desenvolvida pelo em­
presário individual, pessoa física, o qual deverá contar com capacidade para o 
exercício da ocupação mercantil. Com o advento da Lei 12.441/2011, que inseriu 
o art. 980-A ao Código Civil, a atividade empresarial também poderá ser desen­
volvida pela chamada Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - El- 
RELI, a qual é constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital 
social, como visto acima.1 O Código Civil, em seu art. 972, determina que “podem 
exercer á atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade 
civil e não forem legalmente impedidos”.
Muito embora se trate de matéria atinente ao direito civil, cabem aqui algu­
mas considerações acerca da capacidade da pessoa para os atos da vida civil, na 
medida em que é o sistema a ser utilizado com referência ao comerciante indivi­
dual. Como se sabe, todo homem, desde o nascimento até a sua morte, tem ca­
pacidade para ser titular de direitos e obrigações na ordem civil, não significando 
isso, contudo, que possa exercer pessoalmente tais direitos, ou seja, uma coisa é 
a titularidade de direitos, e outra é a capacidade para, pessoalmente, exercê-los.
Existem casos em que o legislador entendeu por bem limitar o exercício pes­
soal de direitos, dependendo da idade, saúde ou cognição mental de determinadas 
pessoas, sempre levando em conta a necessidade de protegê-las, de tal sorte que os 
incapazes são classificados em absolutamente incapazes e relativamente incapazes. 
Fazem parte da primeira classe, nos termos do art. 3.° do CC, os menores de 16
1. Vide Capítulo 4 supra.
74 T e o r ia G eral d o D ireito C o m e r c ia l - M a r c e l o M . B erto ld i
anos. A segunda espécie, estabelece o art. 4.° do CC, é composta pelos maiore; 
de 16 e menores de 18 anos; os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, aquele; 
que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; e 
os pródigos - aqueles que desordenadamente se desfazem de seu patrimônio.
Para que os atos praticados pelos incapazes tenham validade, devem ser re­
vestidos de determinados requisitos. Os absolutamente incapazes deverão ser re­
presentados pelos seus representantes legais, sob pena de nulidade absoluta dos 
atos por eles diretamente praticados (art. 1 6 6 ,1, CC), enquanto os relativamente 
incapazes necessitam ser assistidos na prática dos atos da vida civil, sob pena de 
anulabilidade dos atos cometidos (art. 1 7 1 ,1, CC).
Ademais, conforme o disposto no § 3.° do art. 974 do Código Civil, o Registro 
Público de Empresas Mercantis deverá registrar contratos ou alterações contratu­
ais de sociedades que envolvam sócio incapaz, desde que atendam, cumulativa­
mente, três requisitos: (i) o sócio incapaz não pode exercer a administração da 
sociedade; (ii) o capital social deve ser totalmente integralizado e; (iii) o sócio 
relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser repre­
sentado por seus representantes legais.
6.2. O menor empresário
Se, por um lado, nos termos do Código Civil, somente podem exercer a ativi­
dade empresarial os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem 
legalmente impedidos - os ditos capazes - , por outro existe a possibilidade de a 
pessoa adquirir a capacidade mesmo antes de completar 18 anos, por meio da 
emancipação.
A emancipação é regulada pelo Código Civil, que em seu art. 5.°, parágrafo 
único, estabelece que cessará a incapacidade para os menores de 18 anos:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante ins­
trumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença 
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 (dezesseis) anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação Ve grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 (dezesseis) anos comple­
tos tenha economia própria.
Verificada a ocorrência de qualquer uma das hipóteses acima descritas, esta­
mos diante da figura da emancipação, cessando para o menor sua incapacidade, o 
que vale dizer que será ele tratado como se maior fosse, podendo praticar por si 
próprio todos os atos da vida civil e exercer a atividade empresarial sem qualquer 
restrição.
REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 75
No que se refere à concessão da emancipação por aquele que exerce o poder 
familiar,2 é de se destacar que, mesmo antes da edição do atual Código Civil, não 
mais se falava na restrição de a mãe somente poder outorgá-la com o falecimento 
do pai, na medida em que, desde a edição do Estatuto da Mulher Casada - Lei 
4.121/62 - , e especialmente com a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da 
Criança e do Adolescente - Lei 8.069/1990, o poder familiar é exercido por ambos 
os genitores. O atual Código Civil repara, portanto, a impropriedade constante do 
Código de 1916, que determinava que a emancipação somente poderia ser con­
cedida pelo pai, O instrumento de emancipação deve ser arquivado no Registro 
Público de Empresas Mercantis, também conhecida como Junta Comercial, que 
é o órgão competente para o registro de todos os atos concernentes à atividade 
empresária.
O casamento é outra forma de pôr bm à incapacidade. Cabe ressaltar que, nos 
termos do Código Civil, art. 1.517, somente pode casar o homem ou a mulher 
com 16 anos ou mais, sendo que será exigida autorização de ambos os pais, ou 
de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil (18 anos). 
Nos termos do antigo Código Civil, fazia-se diferenciação entre o homem e a mu­
lher. A idade para aquele se casar era de 18 anos e para esta era de 16 anos. A di­
ferenciação se dava pelo fato de que, pelo antigo regime do Código Civil, mesmo 
emancipada, a mulher casada era considerada como relativamente incapaz, nos 
termos do revogado art. 6.°, II, daquele diploma legal. Com a edição do referido 
Estatuto da Mulher Casada e, posteriormente, com a promulgação da Constitui­
ção Federal de 1988, que estabelece que homens e mulheres são iguais em direitos 
e obrigações, não máis se tolerava qualquer diferenciação entre homem e mulher 
com relação à idade para a aquisição da emancipação, ou seja, homem e mu­
lher deveriam ser emancipados com a mesma idade, em obediência a.o princípio 
da isonomia. Sendo assim, perguntava-se: qual a idade mínima para a emancipa­
ção pelo casamento? 16 ou 18 anos? A resposta que se dava a esta pergunta era 
18, e isso porque o Código Civil de 1916, quando estabeleceu a idade de 16 anos 
para a mulher, fez isso levando em conta o fato de que ela, mesmo adquirindo a 
emancipação com o casamento, tal se dava de forma parcial, na medida em que 
continuava sendo considerada relativamente incapaz. Por outro lado, a idade de 
18 anos sempre foi essencial para a legislação comercial. O Código Comercial 
assim se manifestava quando determinava, em seu art. l.°, que podem comerciar 
os chamados na época “hlhos-famílias”, que tivessem mais de 18 anos, com au­
torização dos pais, e as mulheres casadas maiores de 18 anos, com autorizaçãode seus maridos. A Lei de Falências revogada (Dec.-lei 7.661/45) também nos 
dava este indicativo ao estabelecer que podia ser declarada a falência do menor, 
com mais de 18 anos, que mantivesse estabelecimento comercial, com economia 
própria. Hoje, com a edição do atual Código Civil, no entanto, passamos a contar
2. CC, art. 1.630 e ss.
76 T e o r ia G era l d o D ireito C o m e r c ia l - M a r c e l o M . B erto ld i
com nova regra que diminui a idade para o casamento, que passa a ser de 16 anos,! 
desde que com autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais, 
enquanto não atingida a maioridade civil (CC, art. 1.517).
A colação de grau em curso de ensino superior e o exercício de emprego 
I público ou privado também dão ensejo à emancipação do menor, que, portanto, 
i estará apto a desenvolver as atividades empresariais. A idade limite para estas 
i hipóteses é de 16 anos, nos termos dos incisos I e V do parágrafo único art. 5.° 
I doCC.
Por último, dá-se a emancipação pelo estabelecimento civil ou empresarial, 
com economia própria, ou seja, sempre que o menor, às próprias expensas, com 
esforço e responsabilidade individual, constitui e mantém estabelecimento civil 
ou empresarial, é ele considerado emancipado. Por conta do que estabelecia o 
antigo Código Civil em seu art. 9.°, V, alguns entendiam que bastava o fato da 
constituição de estabelecimento comercial com economia própria para que es­
tivéssemos diante da figura da emancipação; outros entendiam que era necessá­
rio que contasse o menor com mais de 18 anos, e outros que, além disso, ainda 
obtivesse este menor autorização de seus pais, na medida em que a pessoa, para 
a constituição de estabelecimento comercial, deve ser previamente capaz. A so­
lução para aquele debate veio com a edição da Lei de Falências de 1945 (Dec.-lei 
7.661), que, como mencionado, determinava que somente podia ser declarada a 
falência daquele com mais de 18 anos que mantivesse estabelecimento comercial 
com economia própria. Entendia-se, portanto, que, como ao regime falimentar é 
ínsita a qualidade de comerciante, e somente pode ser inserido no sistema falimen­
tar aquele que conta com mais de 18 anos, ficava claro que ganhava a emancipação 
aquele que contava com mais de 18 anos e que, com economia própria, mantinha 
estabelecimento empresarial, independentemente de autorização de seus pais. 
í Hoje, com o atual Código Civil, esta dúvida deixa de existir. O legislador foi espe- 
; cíhco ao determinar que ocorre a emancipação na hipótese em que o menor, com 
,16 anos completos, e com economia própria, venha a constituir estabelecimento 
civil ou comercial (art. 5.°, V).
No sistema do antigo Código Comercial, neste aspecto revogado, em vez de 
emancipar, poderia o genitor optar por tão somente autorizar o menor a exercer o 
comércio num determinado ramo de atividade e, ao contrário do que ocorre com a 
emancipação, mediante a possibilidade de revogar referida autorização a qualquer 
tempo (CCo, art. l.°, n. 3). Esta possibilidade de autorização deixa de existir com 
a edição do atual Código Civil, que não a prevê expressamente.
Na hipótese de incapacidade superveniente do empresário antes capaz, ou em 
se tratando da eventualidade de o incapaz haver-se com a empresa antes desen­
volvida por seus pais falecidos ou por aquele que a transmite por herança, poderá 
dar continuidade a ela, desde que o faça por meio de representante, na hipótese 
de absolutamente incapaz, ou assistido por outra pessoa, em se tratando de rela­
REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 77
tivamente incapaz. Como o risco, em menor ou maior intensidade, é inerente a 
toda atividade empresarial, o legislador, procurando resguardar os interesses do 
incapaz, determina que a representação ou assistência supramencionadas se darão 
somente com autorização judicial, devendo o juiz, ao dá-la, analisar de forma 
acurada os riscos envolvidos e a conveniência para o incapaz da continuidade 
da empresa. O alvará judicial, que vier a conceder autorização para a continui­
dade da empresa nestas circunstâncias, deverá declarar a existência de bens que o 
incapaz já possuía e que não ficarão sujeitos às eventuais dívidas contraídas por 
conta do exercício dela (CC, art. 974).
6.3. Proibidos de exercer atividade empresarial
O art. 972 do CC assenta que podem exercer atividade empresarial no Brasil, 
entre outros, todos aqueles que não forem legalmente impedidos. Dentre estes, 
podemos destacar os seguintes: os funcionários públicos estão proibidos de exercer 
atividade empresarial por conta do que estabelecem várias normas, desde a Cons­
tituição Federal, que em diversos artigos apresenta esta limitação (art. 54; art. 95, 
parágrafo único; art. 128, § 5.°, II etc.), até os estatutos de funcionários públicos, 
sejam da União, estaduais ou municipais. Veja-se que a proibição diz respeito ao 
efetivo exercício da atividade empresarial, não existindo, no entanto, nenhuma 
restrição quanto ao funcionário público ser simplesmente acionista ou quotista 
de sociedade empresária^
Estão proibidos de exercer o comércio os militares, integrantes das forças ar­
madas - marinha, exército ou aeronáutica - , além dos integrantes dos efetivos 
militares sob a responsabilidade dos Estados e Distrito Federal. Evidentemente 
que esta restrição não tem cabimento em se tratando de militares reformados.
Os auxiliares do empresário (entre eles os leiloeiros, corretores, despachantes 
aduaneiros) não podem exercer atividade empresarial por absoluta incompatibi­
lidade com as funções que desempenham, tendo em vista a importância de seus 
cargos, que são inclusive considerados de interesse público.
Finalmente temos o falido, que, como tal, não está autorizado a desempenhar 
a atividade empresarial. Determina a Lei 11.101/2005 (Lei de Falências e Recu­
peração de Empresas), em seu art. 102, que o falido fica inabilitado para exercer 
qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença 
que extingue suas obrigações, ocasião em que ele fica autorizado novamente a 
exercer o ofício empresarial, salvo se condenado por crime falimentar. Nesta situ­
ação, torna-se necessária sua reabilitação na esfera penal, que há de ser promul­
gada pelo juízo da condenação, nos termos do art. 181, § l.°, daquele diploma 
legal, combinado com o art. 94 do CP, isto em até cinco anos contados do dia em 
que terminar a execução da pena, e desde que extintas as obrigações do falido.
78 T e o r ia G eral d o D ireito C o m e r c ia l - M a r c e l o M . B erto ld i
6.4. Exercício da empresa por estrangeiros
De regra, os estrangeiros podem desempenhar a atividade empresarial, desde 
que regularmente respeitadas as normas atinentes à sua permanência no territó­
rio nacional, nos termos do Estatuto do Estrangeiro, Lei 6.815/80. No entanto, 
por questões de política econômica ou segurança nacional, em algumas hipóte­
ses encontramos determinadas restrições. Verifica-se que a exploração de jazidas, 
em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica 
somente poderão ser explorados mediante autorização ou concessão da União, 
por brasileiros ou empresas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua 
sede e administração no País, conforme estabelece o art. 176 da CE Nos termos 
do art. 199, § 3.°, da CF, é vedada a participação direta ou indireta de empresas ou 
capitais estrangeiros na assistência à saúde. A Lei das Sociedades por Ações - Lei 
6.404/76 - determina que o estrangeiro poderá ser administrador da companhia 
se obtiver visto permanente, e participar do conselho fiscal se residir no Brasil, 
estabelecendo ainda que a subsidiária integral deverá ter como único sócio socie­
dade constituída nos termos da legislação brasileira, sendo que, em se tratando 
de grupo de sociedades, a sociedadecontroladora, ou o comando do grupo, de­
verá ser brasileiro (arts. 162, 251 e 265, § l.°). O art. 222 da CF, com a redação 
que lhe deu a Emenda Constitucional n. 36, determina que a propriedade de 
empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de 
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas 
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País, sendo que, de 
qualquer maneira, pelo menos 70% do total do capital social da sociedade deverá 
permanecer, direta ou indiretamente, nas mãos de brasileiros natos ou naturali­
zados há mais de dez anos.
É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que 
tenha no País a sede de sua administração, mesmo que seu capital seja pertencente 
a não nacionais (CC, art. 1.126). Por outro lado, a sociedade estrangeira - consi­
derada como tal aquela constituída de acordo com as leis de seu país de origem, 
tendo nele sua sede e administração - somente poderá funcionar no Brasil, seja 
diretamente, seja por meio de estabelecimento subordinado, como é o caso de 
filial ou sucursal, mediante autorização do Poder Executivo (CC, art. 1.134).
6.5. Consequências da prática da empresa pelo proibido de exercer atividade 
empresarial
Aquele que é proibido de exercer atividade empresarial e, mesmo assim, se en­
carrega de exercê-la estará desenvolvendo uma atividade irregular e sujeito a uma 
série de penalizações estabelecidas em leis próprias. É o caso da Lei 8.112/90, que 
dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, que impõe
REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 79
a perda do cargo àquele funcionário que participar da gerência ou administração 
de empresa privada (arts. 117 e 132). Trata-se de pena de natureza administrativa.
É de se destacar que o art. 3.°, IV, da Lei de Falências revogada permitia que 
fosse declarada a falência daqueles que, mesmo proibidos, exercessem o comércio, 
não podendo usufruir dos benefícios da antiga concordata, na medida em que a 
qualidade de comerciante era essencial para tanto. Diga-se o mesmo diante do 
regime da nova Lei de Falência e Recuperação de Empresas (Lei 11.101/2005), 
que, muito embora não tenha repetido aquele dispositivo legal, determina logo 
em seu primeiro artigo que sua aplicação se dá diante da falência do empresário 
e da sociedade empresária, sem fazer referência à sua condição de regularidade, 
unas tão somente indicando a condição fática em que a pessoa física ou jurídica se 
encontra. Ora, se é empresário, segundo o art. 966 do CC, aquele que desenvolve 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação 
de bens ou serviços, basta que o sujeito se enquadre nessa definição para estar 
sujeito ao regime falimentar.
Cabe ressaltar ainda que a Lei de Contravenções Penais (Dec.-lei 3.688/41), 
em seu art. 47, tipifica como ilícito penal o fato de alguém “exercer profissão ou 
atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que 
por lei está subordinado o seu exercício”.
É importante assinalar que, mesmo em se tratando de atos praticados pelo 
proibido de comerciar, terão eles plena validade em relação a terceiros.
Q uadro S inótico
Capacidade de Direito Civil
Menores de 16 anos
Maiores de 16 anos e menores de 18 anos 
ébrios habituais, os viciados em tóxicos
aqueles que, por causa transitória ou 
permanente não puderem exprimir sua 
vontade 
os pródigos
Capacidade para empresariar ' [>
Incapazes
Absolutamente 
(atos nulos)
Relativamente 
(atos anuláveis)
80 T e o r ia G eral d o D ireito C o m e r c ia l - M a r c e l o M . B erto ld i
O menor empresário i-----C Emancipação
Concessão dos genitores 
Casamento 
Exercício de emprego 
público
Colação de grau em curso 
superior
Estabelecimento com 
economia própria
Emancipação i=£> Irrestrita e irrevogável
Proibidos de exercer a empresa
Estrangeiros f> Restrições
Funcionários públicos 
Magistrados 
Militares da ativa 
Auxiliares do comércio 
Falidos
Jornal, rádio e televisão (restrição parcial) 
Recursos minerais e energia hidráulica
Consequências da 
prática proibida
Validade do ato perante terceiros 
Sujeito a penalizações
D outrina C omplementar
J . X. Carvalho de Mendonça (Tratado..., p. 41) define que “a autorização paterna 
é geral para o exercício da profissão. Tem por fim habilitar o menor a comerciante. 
Nisso se distingue das autorizações paternas do Direito Civil, que são outorgadas 
contrato por contrato. Seriam inadmissíveis restrições na autorização, que envolve em 
suas consequências interesses de terceiros, cuja boa-fé precisa ser amparada. É espe­
cialmente o lado prático que se deve atender. A lei, querendo favorecer o menor, não 
podia criar uma condição fàcilmente prejudicial a terceiro e embaraçosa ao próprio 
exercício do comércio. A capacidade comercial é uma só; ou se a tem ou não. Meia ca­
pacidade comercial não se admite. (...) Acresce-se que o filho-famílias deve estar nas 
mesmas condições do menor emancipado, quando ambos seguem a profissão comer­
cial. Êste pode exercer o comércio livremente, sem restrições. Aquêle deve achar-se 
nas mesmas condições. (...) A autorização concedida ao filho-famílias é irrevogável. 
Ela não equivale ao mandato (n. 37) e falha razão aos que dizem ser revogável tôda a 
autorização, respeitados os direitos adquiridos”.
J oão E unápio Borges (Curso..., p. 214) entende que “a Lei de Falências [Dec.-lei 
7.661/45], revogando em parte o n. 3 do art. 3.° do Código Comercial, tornou dis­
pensável a autorização paterna para o menor tornar-se comerciante se, tendo mais de 
18 anos, ele mantiver estabelecimento comercial, com economia própria. Dispensada 
assim a autorização prévia, mas exigida a idade mínima de 18 anos, não há mais lugar 
para as dúvidas e incertezas que apontamos: nos têrmos do n. V do § l.° do art. 9.°
REQUISITOS PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 81
do Código Civil [inc. V do parágrafo único do art. 5.° do CC/2002], ficará emanci­
pado, não o menor de qualquer idade, mas unicamente aquêle que com ou sem a 
autorização paterna, tendo mais de 18 anos, mantiver estabelecimento comercial com 
economia própria”. E que (p. 217) “o poder de autorizar a profissão do filho menor 
é atributo do pátrio poder [hoje, poder familiar] que, a não ser que a lei expressa 
assim dispusesse, não se exaure e não se aniquila pelo exercício que dêle faz o pai, 
concedendo autorização para o filho comerciar. Do mesmo modo que o de autorizar, 
o poder de revogar é também inerente ao pátrio poder. Quem pode autorizar pode 
igualmente revogar. E não há nada, nem na lei civil nem na lei comercial, nenhum 
dispositivo que justifique a afirmação de que daquela autorização resulte necessària- 
mente a emancipação do menor”. Portanto, entende que (p. 246) “os que, embora 
proibidos, exercem profissionalmente o comércio tornam-se comerciantes,-incorren­
do, pois, em falência. Não poderão, porém, impetrar concordata [instituto inexistente 
na Lei 11.101/2005], embora não o afirme a lei expressamente. É que, proibidos de ser 
comerciantes, não adquirem, em rigor, tal qualidade; e é precisamente pelo fato de não 
se tornarem comerciantes que a lei expressamente os declara sujeitos à falência. O que 
seria desnecessário e supérfluo se êles fossem legalmente considerados comerciantes”.
Rubens RequiAo (Curso..., p. 131) afirma: “O preceito da lei comercial, fundado na 
autorização paterna, não induz a aquisição da plena capacidade, pois sendo um es­
tatuto restritamente comercialista, limita seus efeitos ao âmbito mercantil. Quando o 
pai autoriza o menor, com mais de 18 anos, a comerciar, não o emancipava para todos 
os atos da vida, mas somente o autorizava a praticar o comércio. Era de efeito limita­
do. A norma do Código Civil,antigo e atual, ao contrário, faz cessar a incapacidade, 
tornando o menor plenamente capaz, tanto para os atos da vida civil como para os da 
profissão comercial. Basta que se estabeleça, mesmo sem autorização paterna”.
B ibliografia
/ Citada
J oão E unApio Borges. Curso de direito comercial terrestre. Rio de Janeiro: Forense, 1959. 
v. 1.
J. X. Carvalho de M endonça. Tratado de direito comercial brasileiro. São Paulo: Freitas 
Bastos, 1953. v. 2.
Rubens Requião. Curso de direito comercial. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1.
/ Recomendada
Adriano P into. Registro do comércio e exercício da advocacia. Jurisprudência Mineira 
30/1-7, n. 76, 1979.
Alfredo de Assis Gonçalves N eto. Direito de Empresa. 3. ed. São Paulo: RT, 2010.
Aloísio L opes P ontes. Dispensa de outorga marital para o exercício do comércio pela 
mulher casada. São Paulo: RT/Jurídica, 1965.
A rmando Rolemberg. O menor comerciante no direito brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 
1956.

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