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DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS PROF. DR. DANILO REYMÃO MOREIRA INTRODUÇÃO • A circulação do sangue e distribuição de líquidos se dá pela ação bombeadora do coração, sendo que as artérias conduzem o sangue aos tecidos; • Na microcirculação ocorrem as trocas metabólicas; • As veias retornam o sangue ao coração, cabendo aos vasos linfáticos o papel de reabsorver o excesso de líquido filtrado na microcirculação. • Nas artérias os leucócitos e as hemácias caminham no centro do vaso, e o plasma flui próximo às paredes. • A microcirculação é responsável pela oxigenção, nutrição e remoção dos produtos finais do catabolismo celular. EDEMA • É o acúmulo de líquido no interior das células, no interstício ou no interior de cavidades. • Tipos de edema: - Localizado (inflamatório ou não inflamatório) - Generalizado (inflamatório ou não inflamatório) EDEMA LOCALIZADO EDEMA GENERALIZADO EDEMA • ETIOPATOGÊNESE DO EDEMA - AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA INTRAVASCULAR; - DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA; - AUMENTO DA PERMEABILIDADE CAPILAR; - OBSTRUÇÃO LINFÁTICA; EDEMA EDEMA • AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA - Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) - Cirrose hepática (hipertensão portal) - isso é importante porque o fígado é responsável pela produção de grande parte de proteínas, e se o fígado estiver lesionado vai diminuir a produção dessas proteínas, levando a queda da pressão oncótica. - Obstrução do retorno venoso (trombos, neoplasias) *O que é pressão oncótica? Pressão oncótica é a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo, ou seja, é a pressão que existe no interior dos vasos. EDEMA • DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA - Perda de proteína (parasitismo, glomerulopatias); - No caso de glomerulopatias como a glomerulonefrite, vai ocorrer a diminuição da pressão oncótica pois, vai perder muita proteína que não é mais retida, ou seja, filtrada no glomérulo e acaba passando para urina (proteinúria) onde é eliminada. - Redução da síntese proteica (desnutrição, cirrose) EDEMA • AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR - Toxinas bacterianas - essas toxinas vão "abrir" a parede do vaso e o liquido irá sair do interior do vaso. - Aminas vasogênicas ou vasoativas - Toda vez que ocorrer inflamação, vai ocorrer liberação dessas substâncias. - Alterações metabólicas (azotemia, hipóxia, choque) * O que é AZOTEMIA? É o acumulo de nitrogênio no sangue. Nitrogênio é derivado de proteína e aminoácido. Esse acúmulo ocorre quando o fígado não consegue quebrar a proteína. Essas moléculas são tóxicas e dilatam a parede do vaso causando edema. EDEMA • OBSTRUÇÃO LINFÁTICA - Processos Inflamatórios - Neoplasias > Se a capacidade de drenagem dos vasos linfáticos estiver comprometida, não irá ocorrer a drenagem do liquido que sai do capilar. Isso pode ocorrer devido a processos neoplásicos. > Inflamação da parede do vaso linfático: Linfangite > Neoplasia pode crescer dentro do vaso ou invadir o vaso linfático. Uma vez dentro da corrente sanguínea essa neoplasia pode chegar a qualquer órgão. > Se a pressão Hidrostática for maior que a Oncótica, irá ocorrer acumulo de liquido no espaço intersticial. EDEMA • Nomenclatura dos Edemas: - Edema Intracelular - Edema nas cavidades corpóreas Tórax: Hidrotórax - Abdômen: Hidroperitônio - Ascite - Bolsa Escrotal: Hidrocele OBS: ANASARCA - Edema generalizado em subcutâneo e nas cavidades. HIPEREMIA • Conceito: Aumento do volume sangüíneo localizado em um órgão ou parte dele, com conseqüente dilatação vascular. HIPEREMIA • Ocorre por alteração no sistema - Pressão arterial X Resistência Pré e Pós capilar • Classificação da Hiperemia: - Hiperemia Ativa ou Arterial - Hiperemia Passiva HIPEREMIA ATIVA • Aumento do fluxo sangüíneo arterial por aumento da pressão arterial e/ou diminuição da resistência pré capilar. • Divide-se em: • Hiperemia Ativa Fisiológica • Hiperemia Ativa Patológica HIPEREMIA • Hiperemia Ativa Fisiológica: Aumento do suprimento de O2 e nutrientes, paralelamente há demanda de maior trabalho. Ocorre expansão do leito vascular, com os vasos de reserva se tornando funcionais. Exemplos: • Tubo gastrointestinal durante a digestão • Musculatura esquelética durante exercícios físicos • Cérebro durante estudo • Glândula mamária durante lactação • Rubor facial após hiperestimulação psíquica HIPEREMIA • Hiperemia Ativa Patológica: Aumento do fluxo sangüíneo devido à liberação local de mediadores inflamatórios (devido a agressão ao tecido), com relaxamento de esfíncteres pré-capilares e diminuição da resistência pré- capilar. Do mesmo modo que na hiperemia fisiológica, ocorre expansão do leito vascular, com os vasos de reserva se tornando funcionais. Exemplos: • Injúria térmica (queimaduras ou congelamento) • Irradiações intensas • Infecções • Inflamação aguda HIPEREMIA • Na hiperemia Ativa Patológica ocorre a liberação de mediadores inflamatórios ou químicos, que vão fazer com que o vaso se dilate. Esses mediadores químicos são liberados quando o tecido é lesionado, como por exemplo, por bactérias. • Na inflamação, esses mediadores químicos fazem com que as valvulas do vaso fiquem relaxadas, e o sangue irá fluir completamente enchendo o leito capilar onde ocorreu a inflamação HIPEREMIA • Características da Hiperemia Patológica: - Características Macroscópicas: • "In vivo" = Aumento de volume, avermelhamento, aumento da temperatura local (quando em superfícies corporais) e as vezes pulsação. HIPEREMIA Características Microscópicas: • Hiperemia Ativa Fisiológica: Ingurgitamento vascular, com hemácias em posição periférica no fluxo laminar. • Hiperemia Ativa Patológica: Ingurgitamento vascular, com leucócitos em posição periférica no fluxo laminar. "Marginação, pavimentação e diapedese leucocitária". Na Hiperemia Ativa Patológica os leucócitos estão na periferia para passar para o local da inflamação, eles passam através de um processo chamado diapedese. • Como ocorre o processo de diapedese? As células da parede do vaso passam a emitir moléculas químicas, o que promove o ancoramento de leucócito, e através disso ele consegue passar entre as células da parede do vaso, chegando ao local da inflamação, ou seja, no tecido. HIPEREMIA Hiperemia Passiva • Diminuição da drenagem venosa por aumento da resitência Pós Capilar. • Está relacionado com a parada, ou seja, com estrangulação venosa. • É quando a valvula do capilar se fecha e o sangue não sai do capilar, consequentemente não indo para veia. HIPEREMIA Hiperemia Passiva Local: • Pode ocorrer devido: - Obstrução ou compressão vascular - Torção de vísceras (Hiperemia Passiva aguda) - um exemplo é a torção gástrica, que não é incomum no cão. Isso ocorre quando o cão come um excesso de ração de uma única vez (principalmente rações comerciais secas) e depois ele faz algum exercício. -Trombos venosos - Compressão vascular por neoplasias, abscessos, granulomas HIPEREMIA Hiperemia Passiva Sistêmica: • Pode ocorrer devido: - Insuficiência Cardíaca Congestiva - Trombose e embolia pulmonar - Lesões pulmonares extensas (enfisemas graves em eqüinos, neoplasias pulmonares, etc...). HIPEREMIA • Conseqüências da Hiperemia -Edema (Hip. ativa e passiva) O aumento da pressão hidrostática eleva a filtração e reduz a reabsorção capilar. -Hemorragias (Hip. ativa e passiva) Por diapedese ou por ruptura de capilares e pequenas vênulas. -Degenerações, Necrose e Fibrose (Hip. passiva) Por redução do afluxo de O2 e nutrientes. -Trombose (Hip. passiva) Por diminuição da velocidade dofluxo. HEMORRAGIAS • Extravasamento sanguíneo para fora do sistema cardiovascular. Classificação das Hemorragias: • Quanto à origem: - Venosa - Arterial - Capilar - Cardíaca HEMORRAGIAS HEMORRAGIAS • Quanto à relação com o organismo: - Externas ou superficiais - Internas com fluxo externo (prefixo + rragia) - Ocultas (sem fluxo externo), Viscerais, Cavitárias (Hemo + sufixo) HEMORRAGIAS • Quanto ao mecanismo de formação: - Por rexe (ruptura) - Por diabrose ou erosão dos vasos - Por diapedese (diátese) • Quanto à morfologia: - Petéquias (até 3mm) defeitos nas plaquetas - Púrpuras (~1cm) lesão superficial, geralmente na pele, múltipla, plana ou discretamente elevada. - Equimoses (2 a 3cm) hemorragia azulada ou arrocheada que pode provocar aumento discreto de volume local. - Sufusões (manchas) - Hematomas HEMORRAGIAS Etiologia das Hemorragias: • Traumática • Hemática HEMORRAGIAS HEMÁTICAS • Intoxicações Ex.: Dicumarinicos, bloqueia a vitamina K não havendo a formação de fibrina, consequentemente não tem o "tampão" (coagulação) e lesiona a parede do vaso levando a hemorragia. • Hipovitaminose • Hepatopatias - O fígado produz a maioria dos fatores da cascata de coagulação, e se o fígado estiver lesionado não irá produzir adequadamente, ocorrendo hemorragia. Ex.: hepatite crônica e cirrose. • Trombocitopenia -Redução do número de plaquetas no sangue. Isso é importante porque quem libera fibrinogenio é a plaqueta e ela libera substâncias que atraem outras plaquetas (PAF - Fator ativador de Plaquetas) e se interagem com as fibrinas. • Coágulopatias HEMORRAGIA VASCULAR • Hipertensão intravascular • Toxinas e Agentes Infecciosos • Peste Suína Clássica e Africana • Pasteurella multocida • Bacillus anthracis TROMBOSE • É um processo patológico caracterizado pela coagulação do sangue dentro dos vasos ou coração. - Trombo: é uma massa sólida formada pela coagulação do sangue. - Coágulo: é uma massa não estruturada do sangue fora dos vasos (ex: cavidade peritonial). TROMBOSE • Trombose resulta de uma alteração patogênica no processo normal da coagulação sanguínea. • Pode ser causada por uma lesão endotelial, por uma alteração no fluxo sanguíneo e também por uma hipercoagulabilidade. • A hipercogulabilidade: ↑ da coagulação, causado principalmente pelo ↑ do nº de trombócitos (plaquetas). TROMBOSE • A trombose pode ser ocasionada por alterações congênitas e adquiridas. • Na alteração patogênica é onde ocorrerá uma mutação pontual no gene que contém a molécula de fator V TROMBOSE • Na alteração adquirida, haverá um aumento da coagulabilidade do sangue, sendo causado pela liberação de tromboplastina no plasma, que ativa a via extrínseca da coagulação, acontecendo frequentemente em politraumatismos, queimaduras, cirurgias extensas, neoplasias malignas e entre outras. TROMBOSE Os trombos podem ser: • Oclusivos: Artérias e veias menores, de pequeno calibre, que podem obstruir a luz do vaso. • Não-oclusivos: Artéria de grande calibre com fluxo intenso, que não obstrui a luz do vaso. TROMBOSE • Os trombos são sempre aderidos à parede e possuem cabeça, corpo e cauda, e são sempre friáveis, secos e opacos. • Já os coágulos NÃO são aderidos à parede, são brilhantes, úmidos e elásticos. TROMBOSE • O trombo pode sofrer calcificação, formando um flebólito, podendo ser facilmente reconhecido em uma radiografia. • O trombo também pode ser colonizado por bactérias e fungos em casos de septicemia. E, também pode ser transformar em um êmbolo caso se fragmentar e se desprender da parede do vaso. EMBOLIA • Consiste na existência de um corpo sólido, líquido ou gasoso (êmbolo) transportado pelo sangue capaz de obstruir um vaso. • - Mais de 90% dos êmbolos se originam de um trombo, chamados de tromboembolia. EMBOLIA • O trombo se desprende da parede do vaso e seus fragmentos são transportados pela circulação. -Sólido: São formados por fragmentos de partículas, fragmentos de placas de ateromas, e trombos. -Líquida (gordurosa): presença de lipídeos que obstruem a microcirculação, pode também ser causado por medicamentos viscosos endovenoso. -Gasosa: pode ser causado por bolhas de gás no sangue causadas por alterações pressóricas. ISQUEMIA • Significa a ausência total ou parcial de sangue nos tecidos. • A intensidade da isquemia depende do grau da obstrução (total ou parcial) vascular e pode ocorrer de forma rápida (ex. trombo) ou lenta (ex. placa de aterosclerose). ISQUEMIA • Causas: - Diminuição da pressão de artérias e veias, acontece sempre em estado de choque. - Obstrução da luz vascular, que é a causa mais frequente de isquemia. Chamados também de causas Angiomecânicas e Angioespastícas. ISQUEMIA • Angiomecânicas: Intrínsecas: Obstrução pelo lado de dentro do vaso(trombo, aterosclerose), e Extrínseca: obstrução ou compressão pelo lado de fora do vaso (edema, tumores, hematomas). • Angioespásticas: Causado por espasmos do endotélio muscular liso da túnica média do vaso. Causando a Angina, ocasionando uma dor muito aguda no precórdio. ISQUEMIA • Angina Estável: ocorre em pacientes que tem doenças coronarianas, geralmente após alguma atividade física intensa. • Angina Instável: ocorrem em momentos inesperados, gerando uma forte arritmia cardíaca. • Angina de Prinzmetal: ocorrem angioespasmos, ou seja, espasmos insntantâneos podendo osbstruir rapidamente o vaso. Em casos de emergência, usa-se um vasodilatador (adrenérgico) ou um anticolinérgico para promover a vasodilatação rapidamente. INFARTO • O infarto pode ser branco ou vermelho, conforme o aspecto do órgão. • O infarto Isquêmico (branco): ocorre uma obstrução arterial antes de chegar no órgão. • Já o infarto Hemorrágico (vermelho): ocorre no órgão propriamente dito, devido a hemorragia tem a cor vermelha. INFARTO Manifestações gerais: • Febre • Leucocitose • Aumento no plasma de enzimas liberadas pelas células destruídas • manifestações localizadas: dor no precórdio e dor abdominal, por exemplo, quando ocorrerá infarto do miocárdio e infarto do intestino • Apresentação de sinais/sintomas associados à disfunção do órgão (arrtimias, insuficiência cardíaca, paralisia cerebral..). CHOQUE • Consiste em uma crise aguda de insuficiencia cardiovascular, onde o coração e os vasos não são capazes de irrigar todos os tecidos do corpo com o oxigênio necessário. CHOQUE • Choque Hipovolêmico: ocorre devido a diminuição do volume de sangue, plasma e eletrólitos. Podendo ser provocado por traumatismos intensos, perda de plasma ou desidratação. • Choque Séptico: ocorre geralmente em casos septicemia, ocasionado sobretudo por infecções de bactérias gram-negativas produtoras de endotoxinas. CHOQUE • Choque Anafilático: resulta de uma reação antígeno-anticorpo que resulta em uma reação alérgica, tendo como consequência a dilatação de um grande número de vasos, resultando na queda da Pressão arterial. • Choque Neurogênico: desregulação neurogênica que resulta na redução do tônus das veias e artérias, reduzindo também a PA. • Choque Cardiogênico: Choques causados por uma disfunção cardíaca, sendo eles um infarto agudo, arritmica ou alguma cardiopatia.
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