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1 TERMINOLOGIAS APLICADA A CUSTOS Elione Cipriano da Silva Faculdade Estácio de Sá – Unidade Goiânia Março de 2018 Introdução Segundo Aurélio (1986, p. 443), a comunicação é o “ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado (...). Neste contexto, a comunicação é o fator de vital importância para para que o trasmissor e receptor possam estabelecer um nível aceitável de entendimento sobre uma matéria ou assunto abordado. No mundo dos negócios não poderia ser diferente, a comunicação é essencial para que se consiga estabeler uma sinergia entre os vários departamentos das organizações. Neste sentido, para que se consiga obter êxito na transmissão da mensagem entre uma fonte e um destinatário é imprescindível que se conheça os termos apropriados, assim, se faz necessário inclusive o estabelecimento de um padrão a ser seguido. Desta feita, para que se tenha um entendimento dos termos proprios utilizados na contabilidade de custos, convencionou-se alguns padrões de linguagem a serem seguidos. Portanto, a aspiração primária para estudarmos as terminologias aplicada a custos, é pelo motivo de ser suma importância que conheçamos quais os principais termos que são utilizados neste ramo da contabilidade, este estudo também se faz necessário tendo em vista que essas terminologias serão utilizadas nas fases seguintes deste trabalho. Por outro lado, quando da elaboração dos relatórios para fins decisoriais, os usuários das informações de custos, sejam eles, contadores, administradores, economistas, engenheiros, etc. devem utilizar basicamente o mesmo tipo de linguagem, para que, os dados contidos nas informações geradas possam ser inteligíveis. 2 1. Terminologia X Nomenclatura Antes de adentrarmos nos termos proprios utilizados pela contabilidade de custos, é importante esclarecer o que venha ser terminologia e nomenclatura, tendo em vista que esses são usualmente utilizados na contabilidade de custos. Segundo Aurélio (1986, p. 1667;1197) terminologia é o “estudo da identificação e delimitação de conceitos peculiares a qualquer ciência”, no caso da nomenclatura ensina o autor que é o “conjunto de termos peculiares a uma arte ou ciência”. Portando, ressalta-se que terminologia e nomenclatura são sinônimos, por este motivo poderemos as vezes utilizar tanto um como outro, sem desviar o sentido proposto. 1.1 – Terminologia aplicada a empresas industriais Os principais termos utilizados em contabilidade de custos são, gasto, desembolso, investimento, custo, despesa e perda. Adiante abordaremos cada um desses termos - sem o porposito de esgotar o assunto - afim de que os leitores tenham uma compreensão de cada um desses. Procuraremos inclusive, abordar onde e quando cada um são utilizados, para tanto é importante mentalizarmos incialmente uma fábrica, pois neste seguimento é mais fácil a visualização da aplicabilidade dessas terminologias. 1.1.1 – Gasto Entende-se por aquilo que se gastou ou consumiu, como por exemplo o consumo de matéria prima e mão-de-obra na fabricação de um produto ou aquisição de bens máquinas e equipamentos para a fabrica ou escritório constitiu um gasto. Nos ensinamentos de Neves & Viceconti (1998, p.11), gasto é a “renúncia de um ativo pela entidade com a finalidade de obtenção de um bem ou serviço, representada pela entrega ou promessa de entrega de bens ou direitos (normalmente dinheiro).” Martins (2010, p. 24) tem entendimendo similar, onde explica que gasto é o “sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos.” É importante ressaltar que “só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento.” Martins (2010, p. 25) Em outra definição de gasto, o Prof. George Guerra Leone, em seu livro Curso de contabilidade de custos, editado pela editora Atlas (1997, p. 46) ensina que “o termo gastos é usado para definir as transações financeiras em que há ou a diminuição do disponível ou a assunção de um compromisso em troca de algum bem de investimento ou bem de consumo (...) Continua o autor esclarecendo que, (...) Desse modo, o gasto pode ser imediatamente classificado como gasto de investimento (aquele que vai ser ativado) ou como gasto de consumo (que será logo batizado como uma despesa.)” 3 Neste contexto, podemos afirmar que gasto é todo e qualquer consumo de ativos (bens e direitos) com o proposito de consecução de produtos ou serviços. Os gastos por sua vez, podem ser de desembolso imediato – saída de caixa instantânea - ou de desembolso futuro, consituindo assim um passivo – obrigação de pagamento - da empresa para com terceiros. 1.1.2 – Desembolso Por desembolso entendemos ser a saída efetiva de recursos financeiros (dinheiro), para aquisição de ativos, pagamento de custos, despesas ou serviços gerais inerentes as atividades normais de uma firma. Para um bom desempenho do fluxo de caixa das empresas, os gestores devem analisar os fluxos de saídas desses recursos – dinheiro – pois os desembolsos devem se entendidos como uma forma alternativa de protelação de transferência de ativos. Neste sentido, é de suma importância que em qualquer ramo de atividade os desembolsos sejam cada vez mais planejados, colaborando substancialmente para o equilíbrio entre recebimentos e pagamentos. Os desembolsos constituem o pagamento de bens ou de serviços adquiridos, sendo assim, deve ser visto como uma forma opcional de financiamento, mesmo que temporário. O sincronismo entre recebimentos e pagamentos deve ser buscado nas diversas transações efetuadas pela empresa e se possível inclusive, conseguir uma folga financeira, retardando os pagamentos a fornecedores por exemplo e recebendo em menor espaço de tempo. Essa protelação de pagamentos a fornecedores não deve afetar o nível de crédito da empresa no mercado de forma em geral, para tanto, as condições – prazos - de pagamentos devem ser previamente acertados pela área de compras. Os recebimentos e pagamentos devem ser planejados pelas diversas áreas da empresa, afim de que se possa alcançar o superavit financeiro. Esse planejamento deve envolver as seguintes áreas: compras – por ser esta que efetiva a aquisição dos bens ou serviços necessários para se alcançar os objetivos propostos; produção – por ser esta renponsável pela transformação dos insumos em produtos acabados – deve minimizar ao máximo o tempo de produção sem prejuízo da qualidade dos produtos; vendas – por ser esta responsável pela colocação dos produtos no mercado – deve ter controle mais efetivo dos prazos concedidos aos clientes; cobrança – por ser esta responsável pelo recebimento dos produtos vendidos á prazo – deve mater a área de crédito sempre informada sobre o nível de recebimento dos créditos dos clientes (atrasos de duplicatas por exemplo); creditos – por ser esta responsável pela análise prévia do perfil dos clientes e posterior concessão de crédito – deve conceder prazos e praticar juros compativeis, buscando uma constante eficiência. Portanto, a luz das finanças podemos afirmar que o desembolso pode ser visto como um forte instrumento de planejamento e controle dos resustados das empresas. Pois, um superavit financeiro pode inclusive ser aplicado,mesmo que momentaneamente no mercado financeiro. 4 1.1.3 – Investimento Inicialmente conceituaremos investimento como a aplicação ou gasto de recursos, geralmente financeiros para aquisição de ações, títulos, bens móveis ou imóveis, com o propósito de se obter ganho no futuro. Conforme ensina os Professores Neves & Viceconti (1998, p. 12), investimento é o “gasto com bem o serviço ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros.” Considerando as atividades normais das empresas, a legislação pertinente dá destaque sobre as diferentes formas de investimentos praticadas, neste momento, devendo separar os investimentos em temporários e permanentes. Por este entendemos ser a aquisição de veículos para uso nas atividades da empresa, sem o propósito de venda, como por exemplo o prédios para instalação da fabrica ou escritórios. No caso do primeiro, são os investimentos efetuados com o fim de se obter um resultado positivo – lucro – podendo ser representados por compra de ações para especulação, ouro ou imóveis para aluguel. O importante em suma, é compreendermos que nas diversas atividades promovidas pelas empresas existem contínuos investimentos, como por exemplo: EXEMPLOS DE INVESTIMENTOS Compra de matéria-prima Gasto com mão-de-obra Compra de móveis e utensilios Compra de veículos Compra de ações e títulos Compra materiais de escritório 1.1.4 – Custo Nas diversas fases de para produção dos produtos ou serviço, as empresas fazem constantes gastos, esses constituem os custos inerentes a produção dos bens e serviços por ela produzido. No entendimento de MARTINS (2010, p.25), entende-se por custo como o “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.” Os custos podem ser vizualizados no consumo da matéria-prima, da mão-de-obra ou enérgia consumida na fase produtiva desses bens ou serviços. Portanto o custo refere-se diretamente a produção desses, sendo que após sua elaboração não temos mais custo e sim despesas. Em resumo, o custo vai até o termino da produção, daí para frente tudo é despesa. 5 Os custos são alocados diretamente ou indiretamente aos bens e serviços produzidos, para que então se possa ter parámetros para a formação do preço a ser praticado. Ressalata-se que, quando da utilização da matéria-prima na produção, essa deve compor o custo dos bens ou serviços elaborados, todavia, o simples fato de se comprar a matéria prima não representa um custo, e sim um investimento. Essa compra inicialmente é registrada no ativo circulante no grupo de estoque (ACE) de MAT , somente após sua requisição e utilização pelo departamento de produção essa é transferida do ACE para compor o custo de produção. Seguindo este raciocínio, MARTINS (2010, p. 25) nos esclarece que “a matéria-prima foi um gasto em sua aquisição que imediatamente se tornou investimento, e assim ficou durante o tempo de sua Estocagem; no momento de sua utilização na fabricação de um bem, surge o Custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Este, por sua vez, é de novo um investimento, já que fica ativado até sua venda.” Para elucidar, exemplificaremos demonstrando alguns custos reconhecido pelas empresas quando da elaboração de bens e serviços: EXEMPLOS DE CUSTOS Gasto com salário dos operários da fábrica Gasto com salário do encarregado da fábrica Manutenção das máquinas utilizadas na produção Depreciação das máquinas utilizadas na produção Enérgia consumida na fase de produção Matéria-prima consumida na produção Aluguel do prédio da fabrica Seguro da fabrica 1.1.5 – Despesa As despesas representam o sacrifício ou renúncia de ativos nas atividades não produtivas das empresas, com o fim primário de se obter receita. Para Hendriksen (1999, p. 232) “ as despesas constituem o uso ou consumo de bens e serviços no processo de obtenção de receitas.(...) segue o autor ensinando que (...) as despesas indicam o gasto de serviços de fatores relacionados direta ou indiretamente à produção e venda do produto da empresa.” Neste contexto, PerezJr, Oliveira e Costa (1999, p.16) explica que despesas são “gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. Todas as despesas estão diretamente ou indiretamente 6 associadas à realização de receitas (...) segue afirmando que (...) As empresas têm despesas para gerar receitas e não para produzir seus bens e serviços.” Receitas realizadas Despesas incorridas Diretamente Indiretamente Receitas de vendas Impostos sobre vendas Custo das vendas Fretes e comissões Propaganda e publicidade Faturamento e cobrança Aluguéis e depreciação de imóveis, móveis e utensílios Despesas gerais de vendas Receitas de serviços Impostos sobre serviços Custo dos serviços prestados Comissões Idem acima Despesas incorridas para administrar o processo gerador de receitas Receitas financeiras Despesas incorridas para financiar o processo gerador de receitas Despesas de impostos sobre lucros gerados das receitas realizadas Fonte: Perez Jr.; Oliveira e Costa (1999, p.17) Os autores explicam que (...) “ o custo das vendas e dos serviços prestados representam o montante dos gastos incorridos no processo de aquisição ou produção de bens que foram sacrificados para que a empresa pudesse gerar a receita de vendas ou, no processo de prestação de serviço, para que a empresa pudesse gerar receita de prestação de serviço. Esses somente são apropriados ao resultado quando as receitas são realizadas.” Para um melhor entendimento exemplificaremos a seguir algumas despesas mais habituais nas empresas: EXEMPLOS DE DESPESAS Gasto com salário do pessoal do escritório Gasto com salário do diretor administrativo, financeiro, etc. Gasto com manutenção das máquinas e móveis do escritório Enérgia consumida no departamento de vendas, cobrança, etc Gasto com aluguel do prédio da utilizado pela diretoria Gasto com seguro das instalações da administração Gasto com publicidade 7 1.1.6 – Perda O dicionário Aurélio (1986, p. 443) nos ensina que perda representa a “ privação de alguma coisa que se possuía.” Neste sentido, perda significa os gastos irregulares, que contrariam os padrões pré-estabelecidos. Para Leone (1997, p.48), “ as perdas só são consideradas perdas quando são anormais, quando não foram programadas. As perdas normais serão absorvidas pelos custos das operações. As perdas representam a diminuição de um ativosem que haja a contrapartida de um receita ou de um ganho.” Os ensinamentos de Hendriksen (1999, p. 234) revelam que “ (...) as perdas resultam de eventos externos e exógenos não previstos como necessários para o processo de geração de receitas. (...) Complementa o autor afirmando que (...) Se fossem previstos, talvez pudessem ser evitados; se fossem necessários à geração de receitas, seriam incluídos nas despesas.” É importante ressaltar que as perdas efetivas, são lançadas contra a conta de resultado do período, da mesma forma que as despesas, mas, não representam renúncias natural de forma espontânea para consecução da receita. Os estudos de MARTINS (2010, P. 27), lecionam que “ o gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda, não um custo de produção. O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma perda, e não um custo; aliás, não haveria mesmológica em apropriar-se como custo essas anormalidades e, portanto, acabar por ativar um valor dessa natureza.” Ocorre que na maioria dos casos, as perdas de pequena monta, são lançadas diretamente para o custo dos produtos ou serviços prestados, essa medida é adotada tendo em vista a pouca importância que esses valores revelam. Outro fator motivador para este posicionamento, é a relação custo benefício que é levada em consideração. EXEMPLOS DE PERDAS Perda Normal – Características Perda Anormal - Características Decorre do processo normal de produção Não depende do processo de produção Exemplos Evaporação de materiais líquidos ou gasosos Vazamento de materiais líquidos ou gasosos; Couro na fabricação de sapatos, bolsas, etc. Greve de funcionários 8 Referências Bibliográficas FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria : teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1997 HENDRIKSEN, Eldon S. e BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, Sérgio de. Contabilidade gerencial. 5ª ed. São Paulo : Atlas, 1995 LEONE, S. G. G.Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1997. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. PEREZ, Jr. José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de & COSTA, Rogério Guedes. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999. VICECONTI, Paulo E.V e NEVES, Silvério das. Introdução a economia. 3ª ed. São Paulo: Frase, 1997. 9 Faculdade Estácio de Sá – Unidade Goiânia Departamento de Ciências Contábeis Prof.: Elione Cipriano da Silva Conteúdo: Terminologia aplicada a custos Exercício de fixação de conteúdo 1) Em se tratando das terminologias aplicada a custos, é correto afirmar que: a) Gastos são despesas ou custos que a firma incorre nas atividades de produção e venda; b) Despesas são gastos inerentes ao processo de produção dos bens e serviços, com a intenção de sua venda posterior; c) Investimentos não são gastos, uma vez que se trata de ativos adquiridos pela empresa que somente são depreciados lentamente; d) Perdas são sacrifícios ocorridos na produção, de forma involuntária ou fortuita; e) Custos são gastos que a empresa incorre para a comercialização dos produtos por ela fabricados. 2. O gasto do Departamento de Faturamento, a depreciação das máquinas de produção, a compra de matéria-prima, o tempo do pessoal em greve (remunerado) são, respectivamente: a) despesa, perda, ativo, custo; b) despesa, ativo, perda, custo; c) despesa, custo, ativo, perda; d) despesa, custo, perda, ativo; e) despesa, ativo, custo, perda. 3. Representam gastos: a) o pagamento de dividendos; b) a contratação de um financiamento de longo prazo; c) o pagamento de compra efetuada a prazo; d) o aumento de capital da empresa; e) a aquisição de máquinas. 4. Desembolso representa: a) pagamento pela aquisição de um bem ou pela obtenção de um serviço; b) aquisição a prazo de móveis e utensílios; c) depreciação de equipamentos da fábrica; d) a apropriação dos gastos de mão-de-obra; e) constituição de provisão. 5. Investimento representa: a) qualquer desembolso para aquisição de um serviço; b) um gasto com bem ou serviço ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros; c) gasto com bem e serviços consumidos com a finalidade de obter receitas; d) gasto de salários e encargos sociais do pessoal de vendas; e) gasto não intencional, decorrente de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa.
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