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Senso comum: O Senso comum é aquele que adquirimos no dia a dia, com familiares, amigos, local de trabalho e etc. E trata-se da capacidade natural de julgar os acontecimentos e os eventos de forma razoável. E este senso tende a ser mencionado como uma capacidade natural das pessoas É aquele conhecimento que não precisa ser comprovado cientificamente. Cientifico: O estudo cientifico é aquele que é resultado de pesquisas e a busca pelo conhecimento. E este tipo de conhecimento surgiu a partir da necessidade e o desejo que o ser humano tem de descobrir como as coisas funcionam. Psicologia senso comum x cientifica A Psicologia do senso comum é responsável pelo entendimento do senso comum que é tudo o que fazemos sem precisarmos de métodos científicos para explicá-los, ou seja, é o que aprendemos com nossos pais e avós, como por exemplo, temos o fato de sabermos que tudo que é joga do alto cai embora que algumas coisas levem um pouco mais de tempo que outras. Mas por que isso é senso comum se foi explicado cientificamente por Newton? Esse fato se torna senso comum porque há muitas pessoas que não têm estudo e que nunca ouviram falar nesse tal de Newton sabem que o que for atirado do alto chegará ao chão, mas como essas pessoas sabem disso? Elas aprenderam inicialmente através de observações e a partir daí transmitiram essa informação para seus filhos que passou para seus netos e sucessivamente. Outro exemplo de senso comum que eu conheço é que faz mal comer manga com febre, provavelmente quem espalhou essa informação estava com febre quando comeu manga e isso o fez ficar ainda mais doente, mas o que ninguém sabe é se foi realmente a manga que o fez piorar ou alguma outra coisa. Portanto podemos afirmar que o senso comum é um conhecimento intuitivo, espontâneo de tentati vas e erros que adquirimos ao longo dos tempos seja passado de geração a geração ou por própria vivencia. O que difere Psicologia científica da Psicologia do senso comum é que Psicologia científica é focada em fatos que podem ser comprovados cientificamente, pois a mesma é embasada principalmente pela ciência. Para melhor compreender o que isso significa La vai um breve conceito de ciência, a ciência é composta por um objeto de estudo que é rigorosamente testado para que haja a comprovação de algo e se necessário a reprodução da experiência, as conclusões dessa experiência devem ser passíveis de verificação e na pode conter emoções. O objeto de estudo da psicologia de forma bem ampla é o homem, porém a psicologia não é considerada totalmente cientifica, pois o pesquisador ao mesmo tempo em que pesquisa ele também está inserido na sua própria pesquisa, agregando seus pensamentos e emoções a pesquisa tornando a pesquisa cientificamente inválida. Levando apenas em consideração o objeto humano como estudo da psicologia ela pode ser de certa forma confundida com outras ciências. Mas o que faz a psicologia diferir das outras ciências humanas é o estudo da subjetividade, e é ela que nos faz compreender a totalidade da vida humana, pois é o individuo em todas as suas expressões visíveis, invisíveis, singulares e genéricas. Fonte: http://psicologiaadm.blogspot.com.br/2011/03/psicologia-do-senso-comum-x- psicologia.html Psicologia do senso comum Todos nós no dia-a-dia ouvimos falar de psicologia e de psicólogos, mas na verdade ainda resta muita confusão entre a sua verdadeira conotação científica e o significado que muitas das pessoas lhes dá. Pensa-se muitas vezes que psicólogo é aquele que abana com a cabeça e responde assertivamente às questões que se lhe colocam, trazendo milagrosamente a cura para os problemas do paciente (ou cliente, consolente, utente, como lhe queiram chamar). Espera-se dele tudo o que até então não foi conseguido, como que se ele tivesse um poder mágico ou sobrenatural. No entanto, infelizmente ainda se encontram muitos charlatães, que sem aptidão profissional exercem a profissão de psicólogos, eludindo pessoas com falsas esperanças, só para poder angariar algum dinheiro, o que contribui para agravar ainda mais o estado do paciente que o procura. Também há por aí muitos curandeiros, que procuram a “libertação da mente”, dos “problemas espirituais” dos homens, com métodos (se assim se podem chamar) que nem eu mesma sei designar. Mas afinal qual é o papel do psicólogo, o que é que ele faz, qual o seu âmbito de actuação, e o que o distingue das outras artes? Psicólogo é um profissional devidamente qualificado para o exercício profissional da psicologia, que usa métodos e técnicas científicas, devidamente estruturadas, que actua no sentido da prevenção, promoção e desenvolvimento psicológico, em situações normativas ou não-normativas. O seu principal foco é o comportamento humano. Estuda também situações que se desviam do normal, chamadas psicopatológicas, no sentido clínico. Não aborda somente a pessoa (como as outras abordagens), mas sim o indivíduo no seu contexto, que é alvo de múltiplas inter-ocorrências. Isto faz todo o sentido, pois o sujeito não vive isolado dos outros, sendo influenciado por todas as determinantes que ocorrem no seu meio. Por exemplo, uma criança pode manifestar problemas de aprendizagem na escola, sendo que por detrás disso estão problemas de sono, instabilidade do humor, problemas e conflitos familiares, desemprego dos pais, meio sócio-económico precário, marginalidade... Portanto, faz sentido analisar- se o sujeito como um todo, não como uma entidade isolada. O que torna complexa a psicologia e os seus modos de intervenção são, tanto a complexidade de actuação em todos os contextos de inter-relação do sujeito, como a singularidade dos problemas individuais. O que quero dizer com isto é que não há dois sujeitos que tenham o mesmo problema, porque ele não pode ser visto da mesma forma. Assim, a intervenção tem de adaptada a cada pessoa. Há manuais que ajudam a identificar conjuntos de sintomas, mas apenas servem para fazer diagnósticos, não se constituem, obviamente, como instrumentos únicos, apenas como meios auxiliares. Por outro lado, julgo importante precisar que o poder de mudança não cabe somente ao terapeuta, sendo que o paciente exerce um importante papel. Trata -se de um “jogo de cooperação”, em que o terapeuta vai progressivamente concedendo o poder de mudança ao cliente, ajudando-o a alcançar sempre patamares mais elevados, funcionando a terapia como um local de experimentação de comportamentos difíceis de alcançar, e o técnico como uma base de segurança. Tal como as mães para os bebés. Os terapeutas também se preocupam com os doentes (ou deveriam realmente preocupar), e anseiam tanto pela cura como os mesmos. Não sugestionam as pessoas, nem condicionam o seu futuro com promessas irrisórias. Antes, definem objectivos realistas, que visam uma melhoria, ajustamento ou desenvolvimento psicológico dentro dos trâmites normativos. E a necessidade destes profissionais é tão premente, que todas as pessoas, em qualquer momento da sua vida já necessitaram dos seus serviços, mas que por escassez de recursos ou de informação, estiveram privadas deles. Isto deve-se não à falta de iniciativa dos psicólogos em promover os seus serviços, mas às barreiras burocráticas, legislativas e laborais que se lhes colocam. Entidades governamentais deviam antes pensar no bem-estar dos nossos cidadãos, ao invés de limitar o âmbito de actuação destes profissionais em que a precariedade laboral é cada vez mais visível. Pense-se nisso. Fonte: http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?codigo=AOP0166 Psicologia Científica Dentro da Psicologia Científica, para efeitos didáticos, é possível dividir a sua história em fases, desde a Antiguidade, quando já haviamuito conhecimento apreendido da experiência humana. Embora não sistematizado, até os dias atuais, quando já existe um reconhecimento da Psicologia enquanto profissão e Ciência e já há um volume considerável de material científico produzido. Ao se falar em fase pré-científica, ou seja, aquela que foi do século XVI até 1879, havia rudimentos de uma psicologia ainda muito ligada à Filosofia. Essa foi uma fase de rejeição às verdades absolutas implantadas pela igreja e de questionamento sobre o pensar humano. A racionalidade se mostrava como traço preponderante do pensamento, sobretudo por construir as suas bases na Grécia Antiga, berço da civilização Humana. Cinco correntes se mostraram influentes dentro dos germes de uma futura psicologia científica e até hoje influenciam as escolas ou abordagens psicológicas. São elas: - O Empirismo Crítico que apresenta nomes de destaque como os de Descartes, Locke e Kant. Dentro dessa linha de pensamento considerava -se fator de suma importância que houvesse um pensamento racional, no qual fosse capaz de quantificar e provar, através de experimentos, os fenômenos mentais. O termo mente substitui o anteriormente utilizado, ‘alma’. Essa corrente filosófica daria origem, dentro da Psicologia, à Psicologia Experimental, que utilizaria animais de laboratório para reproduzir possíveis comportamentos humanos. Mais tarde, foram realizadas cirurgias mentais, com a intenção de mudar o comportamento do sujeito. A violência, assim como a alienação mental, eram frutos de distorções cerebrais facilmente tratáveis com cirurgias. Dessa corrente fi losófica viriam todas as linhas que tentariam reduzir o comportamento humano a fórmulas matemáticas e estatísticas. O Behaviorismo tem uma forte base empirista. Sua linha mais radical elimina a possibilidade de estudar a psique humana. Apenas o comportamento observável é capaz de ser estudado dentro de parâmetros científicos. - Outra corrente filosófica propunha que a razão provinha do somatório de ideias simples. Pensamento de base fundamentalmente atomista se encontra presente até os dias atuais através, por exemplo, do nosso sistema de ensino. O profissional, para ser considerado bom precisa ter um profundo conhecimento em uma determinada área. Daí decorre em cursos de especialização, mestrado e doutorado, o que afunila a visão do todo a tal ponto que se torna praticamente impossível manter uma visão geral sobre o assunto. Nas rotinas do trabalho em saúde, tem se tornado uma luta incessante a implantação do trabalho interdisciplinar, pois a formação profissional estimulou o estudo em grades, que por sua vez se fragmenta em disciplinas e estas em unidades de ensino. É dito ao professor que ele “não pode fugir do assunto”. Depois, é cobrado que esse profissional trabalhe em equipe interdisciplinar. É possível? Essa forma de ver o mundo e de atuar vem do pensamento atomista, que tem nomes de importantes defensores como Darwin, Mill e Spencer. - O Materialismo Científico foi outra corrente filosófica que influenciou a Psicologia. De acordo com esse pensamento, apenas aquilo que fosse quantificável e observável valeria como objeto de estudo científico. Fazem parte desta corrente, nomes como August Comte e Marx. A nossa Bandeira representa bem esse pensamento, com o lema “Ordem e Progresso”. Ficaria fora daquilo que é considerado científico o estudo das emoções, dos sentimentos, a história e tudo o mais que pudesse de alguma forma, se relacionar com a dimensão subjetiva do ser.- Husserl trouxe a Fenomenologia, pensamento que deu origem à abordagem de mesmo nome, para a qual o que interessa é apenas a descrição do fenômeno. Na abordagem originada desse pensamento, não se utiliza classificações diagnósticas, visto que essa forma de agir dentro da Psicologia é considerada preconceituosa para a Psicologia, ou seja, uma forma de rotular e discriminar o ser humano. As angústias fazem parte da experiência humana, portanto, impossível à pretensão de querer curar as doenças. O ser humano é visto de forma única e a dicotomia cartesiana é eliminada nessa perspectiva de pensamento, ou seja, não há bem e mal, feio ou bonito, médico e paciente, mas um contexto que precisa ser descrito e observado. - O Romantismo origina uma corrente psicológica basicamente ingênua, na qual todo o homem é essencialmente bom e está direcionado para a autorrealização e auxílio mútuo. Se apresentar algum tipo de comportamento reprovável, não o faz por sua culpa, mas é vítima de um sistema social injusto e perverso, que o impede de ser bom. A abordagem Humanista deriva do Romantismo, por compartilhar dessa perspectiva. Rosseau eternizou essa corrente com o “Mito do Bom Selvagem”. É considerado como período da Psicologia enquanto Ciência aquela que vai de 1879 até os dias atuais e o seu marco inicial foi à criação do Primeiro Laboratório de Psicologia Experimental do mundo, na Alemanha, por Wundt. Nessa primeira fase da Psicologia enquanto Ciência, e até para afirmar-se enquanto tal, seu estudo era baseado em fórmulas físico-matemáticas e utilizava-se da terminologia médica, de forma mais específica, a fisiológica.Essa fase é marcada pela busca de estruturas imutáveis e universais, provavelmente para tentar encontrar respostas baseadas na anatomia humana a questões de outro âmbito. Os escritos freudianos são de certa forma, considerados estruturalistas, na medida em que representam muito bem as estruturas da consciência, em níveis de consciente, pré- consciente e inconsciente. Outra ramificação preocupa-se muito mais com o dinamismo, o funcionamento mental, portanto, é denominada de Funcionalista. Baseia-se na linguagem da fisiologia para encontrar respostas aos estudos da percepção humana. Não diria que nessa época surgiriam as escolas ou abordagens psicológicas, mas que as correntes filosóficas tomariam forma de pensamento psicológico, o que seria conhecido como abordagens. Não há uma abordagem pura, mas cada abordagem fundamenta-se no pensamento de determinados filósofos e suas escolas. O Behaviorismo é uma das mais conhecidas abordagens psicológicas e tem o seu norte no pensamento positivista de Comte. Sem dúvida, foi à primeira escola organizada, fundamentando as suas estruturas no Positivismo. Ela foi reconhecida utilizando em termos a psicofísica de Wundt, embora não se ocupe muito em teorizar, pois já se inicia com experiências que visam entender o comportamento humano como algo produzido por determinados condicionantes. O comportamento torna-se, portanto, para essa Escola, fruto de pequenas ações aprendidas ou excluídas, a partir de estímulos ambientais. Tem-se claro, portanto, a visão atomista daquilo que seria denominada de estudo do comportamento humano. A Psicologia se restringe ao estudo daquilo que é observável. Destacam-se nomes como Skinner e Watson. Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/psicologia- cientifica/12380 A PSICOLOGIA CIENTÍFICA Apesar de reconhecermos a existência de uma psicologia do senso comum e, de certo modo, estarmos preocupados em defini-la, é com a outra psicologia que este livro deverá ocupar-se — a Psicologia científica. Foi preciso definir o senso comum, para que o leitor pudesse demarcar o campo de atuação de cada uma, sem confundi-las. Entretanto a tarefa de definir a Psicologia como ciência é bem mais árdua e complicada. Comecemos por definir o que entendemos por ciência (que também não é simples), para depois explicarmospor que a Psicologia é hoje considerada uma de suas áreas. O QUE É CIÊNCIA A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Essa característica da produção científica possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo. Pense no desenvolvimento do motor movido a álcool hidratado. Ele nasceu de uma necessidade concreta (crise do petróleo) e foi planejado a partir do motor a gasolina, com a alteração de poucos componentes deste. No entanto, os primeiros automóveis movidos a álcool apresentaram muitos problemas, como o seu mau funcionamento nos dias frios. Apesar disso, esse tipo de motor foi-se aprimorando. A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se válidas para todos. Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científico a um conjunto de conhecimentos. OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA Como dissemos anteriormente, um conhecimento, para ser considerado científico, requer um objeto específico de estudo. O objeto da Astronomia são os astros, e o objeto da Biologia „ XT são os seres vivos. Essa classificação bem geral demonstra que é possível tratar o objeto dessas ciências com uma certa distância, ou seja, é possível isolar o objeto de estudo. No caso da Astronomia, o cientista-observador está, por exemplo, num observatório, e o astro observado, a anos-luz de distância de seu telescópio. Esse cientista não corre o mínimo risco de confundir-se com o fenômeno que está estudando. O mesmo não ocorre com a Psicologia, que, como a Antropologia, a Economia, a Sociologia e todas as ciências humanas, estuda o homem. Certamente, esta divisão é ampla demais e apenas coloca a Psicologia entre as ciências humanas. Qual é, então, o objeto específico de estudo da Psicologia? Se dermos a palavra a um psicólogo comportamentalista, ele dirá: “O objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano”. Se a palavra for dada a um psicólogo psicanalista, ele dirá: “O objeto de estudo da Psicologia é o inconsciente”. Outros dirão que é a consciência humana, e outros, ainda, a personalidade. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA A diversidade de objetos da Psicologia é explicada pelo fato de este campo do conhecimento ter-se constituído como área do conhecimento científico só muito recentemente (final do século 19), a despeito de existir há muito tempo na Filosofia enquanto preocupação humana. Esse fato é importante, já que a ciência se caracteriza pela exatidão de sua construção teórica, e, quando uma ciência é muito nova, ela não teve tempo ainda de apresentar teorias acabadas e definitivas, que permitam determinar com maior precisão seu objeto de estudo. Um outro motivo que contribui para dificultar uma clara definição de objeto da Psicologia é o fato de o cientista — o pesquisador — confundir-se com o objeto a ser pesquisado. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o homem, e neste caso o pesquisador está inserido na categoria a ser estudada. Assim, a concepção de homem que o pesquisador traz consigo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia. Isso ocorre porque há diferentes concepções de homem entre os cientistas (na medida em que estudos filosóficos e teológicos e mesmo doutrinas políticas acabam definindo o homem à sua maneira, e o cientista acaba necessariamente se vinculando a uma destas crenças). É o caso da concepção de homem natural, formulada pelo filósofo francês Rousseau, que imagina que o homem era puro e foi corrompido pela sociedade, e que cabe então ao filósofo reencontrar essa pureza perdida (veja capítulo 10). Outros vêem o homem como ser abstrato, com características definidas e que não mudam, a despeito das condições sociais a que esteja submetido. Nós, autores deste livro, vemos esse homem como ser datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam. Na realidade, este é um “problema” enfrentado por todas as ciências humanas, muito discutido pelos cientistas de cada área e até agora sem perspectiva de solução. Conforme a definição de homem adotada, teremos uma concepção de objeto que combine com ela. Como, neste momento, há uma riqueza de valores sociais que permitem várias concepções de homem, diríamos simplificada-mente que, no caso da Psicologia, esta ciência estuda os “diversos homens” concebidos pelo conjunto social. Assim, a Psicologia hoje se caracteriza por uma diversidade de objetos de estudo. Por outro lado, essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos psicológicos são tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. O objeto da Psicologia deveria ser aquele que reunisse condições de aglutinar uma ampla variedade de fenômenos psicológicos. Ao estabelecer o padrão de descrição, medida, controle e interpretação, o psicólogo está também estabelecendo um determinado critério de seleção dos fenômenos psicológicos e assim definindo um objeto. Esta situação leva-nos a questionar a caracterização da Psicologia como ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas Ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento. A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA PSICOLOGIA Considerando toda essa dificuldade na conceituação única do objeto de estudo da Psicologia, optamos por apresentar uma definição que lhe sirva como referência para os próximos capítulos, uma vez que você irá se deparar com diversos enfoques que trazem definições específicas desse objeto, (o comportamento, o inconsciente, a consciência etc.). A identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de maneira particular. Assim, cada especialidade — a Economia, a Política, a História etc. — trabalha essa matéria-prima de maneira particular, construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana. Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos todos assim) — é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-ação e tudo isso está sintetizado no termo subjetividade. A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é umasíntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese — a subjetividade — é o mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais. O mundo social e cultural, conforme vai sendo experienciado por nós, possibilita-nos a construção de um mundo interior. São diversos fatores que se combinam e nos levam a uma vivência muito particular. Nós atribuímos sentido a essas experiências e vamos nos constituindo a cada dia. A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o que constitui o nosso modo de ser: sou filho de japoneses e militante de um grupo ecológico, detesto Matemática, adoro samba e black music, pratico ioga, tenho vontade mas não consigo ter uma namorada. Meu melhor amigo é filho de descendentes de italianos, primeiro aluno da classe em Matemática, trabalha e estuda, é corinthiano fanático, adora comer sushi e navegar pela Internet. Ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade. Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos, apropriando-se do material do mundo social e cultural, e faz isso ao mesmo tempo em que atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua construção. Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e transforma a si próprio. Um mundo objetivo, em movimento, porque seres humanos o movimentam permanentemente com suas intervenções; um mundo subjetivo em movimento porque os indivíduos estão permanentemente se apropriando de novas matérias-primas para constituírem suas subjetividades. De um certo modo, podemos dizer que a subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas formas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento e à perda de memória imposta pela fugacidade da informação; recusando a massificação que exclui e estigmatiza o diferente, a aceitação social condicionada ao consumo, a medicalização do sofrimento. Nesse sentido, retomamos a utopia que cada homem pode participar na construção do seu destino e de sua coletividade. Por fim, podemos dizer que estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. O estudo dessas novas subjetividades vai desvendando as relações do cultural, do político, do econômico e do histórico na produção do mais íntimo e do mais observável no homem — aquilo que o captura, submete-o ou mobiliza-o para pensar e agir sobre os efeitos das formas de submissão da subjetividade (como dizia o filósofo francês Michel Foucault). O movimento e a transformação são os elementos básicos de toda essa história. E aproveitamos para citar Guimarães Rosa, que em Grande Sertão: Veredas, consegue expressar, de modo muito adequado e rico, o que aqui vale a pena registrar: “O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”. Convidamos você a refletir um pouco sobre esse pensamento de Guimarães Rosa. As pessoas não estão sempre iguais. Ainda não foram terminadas. Na verdade, as pessoas nunca serão terminadas, pois estarão sempre se modificando. Mas por quê? Como? Simplesmente porque a subjetividade — este mundo interno construído pelo homem como síntese de suas determinações — não cessará de se modificar, pois as experiências sempre trarão novos elementos para renová-la. Talvez você esteja pensando: mas eu acho que sou o que sempre fui — eu não me modifico! Por acompanhar de perto suas próprias transformações (não poderia ser diferente!), você pode não percebê-las e ter a impressão de ser como sempre foi. Você é o construtor da sua transformação (veja capítulo 13) e, por isso, ela pode passar despercebida, fazendo-o pensar que não se transformou. Mas você cresceu, mudou de corpo, de vontades, de gostos, de amigos, de atividades, afinou e desafinou, enfim, tudo em sua vida muda e, com ela, suas vivências subjetivas, seu conteúdo psicológico, sua subjetividade. Isso acontece com todos nós. Bem, esperamos que você já tenha uma noção do que seja subjetividade e possamos, então, voltar a nossa discussão sobre o objeto da Psicologia. A Psicologia, como já dissemos anteriormente, é um ramo das Ciências Humanas e a sua identidade, isto é, aquilo que a diferencia, pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca de maneira particular o objeto homem, construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dele. Assim, com o estudo da subjetividade, a Psicologia contribui para a compreensão da totalidade da vida humana. É claro que a forma de se abordar a subjetividade, e mesmo a forma de concebê-la, dependerá da concepção de homem adotada pelas diferentes escolas psicológicas (veja capítulos 3, 4, 5 e 6). No momento, pelo pouco desenvolvimento da Psicologia, essas escolas acabam formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma totalidade — o ser humano: o seu mundo interno e as suas manifestações. A superação do atual impasse levará a uma Psicologia que enquadre esse homem como ser concreto e multideterminado (veja capítulo 10). Esse é o papel de uma ciência crítica, da compreensão, da comunicação e do encontro do homem com o mundo em que vive, já que o homem que compreende a História (o mundo externo) também compreende a si mesmo (sua subjetividade), e o homem que compreende a si mesmo pode compreender o engendramento do mundo e criar novas rotas e utopias. Algumas correntes da Psicologia consideram-na pertencente ao campo das Ciências do Comportamento e, outras, das Ciências Sociais. Acreditamos que o campo das Ciências Humanas é mais abrangente e condizente com a nossa proposta, que vincula a Psicologia à História, à Antropologia, à Economia etc. Fonte: http://psicologiabis.blogspot.com.br/2013/02/a-psicologia- cientifica.html
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