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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES: ALTERNATIVAS VIVENCIAIS EM UMA PERSPECTIVA DE PEDAGOGIA DE PROJETOS Cloris Violeta Alves Lopes – UFPI/Parnaíba RESUMO A proposta de nosso estudo é refletir e compartilhar sobre estágio supervisionado, sob a forma de pedagogia de projetos como espaço significativo de construção de conhecimentos dos professores em formação, tendo em vista que a pedagogia de projeto possibilita a compreensão crítica da realidade das instituições de ensino, bem como favorece a construção e o aperfeiçoamento das competências, habilidades e atitudes teórico-práticas do futuro professor. A realização do estágio em forma de projetos desenvolve uma atitude de autonomia e de criatividade por parte dos estagiários, possibilitando-lhes a descoberta de espaços de intervenção com significado para a sua formação, para a escola campo e porque não dizer para a comunidade. Mediante o exposto, relataremos uma experiência do curso de pedagogia do Campus de Parnaíba-PI da Universidade Federal do Piauí-UFPI, na disciplina Estágio Supervisionado I. Por intermédio do trabalho com a Pedagogia de Projetos nos deparamos com uma metodologia que permite a promoção de metas e objetivos preestabelecidos que pode se constituir aliada a uma escola que apregoe a promoção de uma educação que vise tornar mais atraente a forma como se é mobilizado o ensino, a fim de se apreender e trazer o sujeito aprendiz do conhecimento que é o aluno, para atuar de forma ativa e integrante juntamente com os seus pares, professores, e comunidade. Sem dúvida, as práticas pedagógicas desenvolvidas nos espaços escolares e não escolares, foram alternativas encontradas para nossos estagiários vivenciarem a cidadania, perceberem as necessidades urgentes da educação e por que não dizer: uma lição que se aprendeu. PALAVRAS-CHAVE: Estágio Supervisionado. Pedagogia de Projetos. Cidadania Introdução O processo de transmissão e aquisição do conhecimento se deu, inicialmente, apenas de maneira informal, realizando-se em diversas situações e ambientes, porém com o advento da escola, essas práticas tornaram-se tarefas da mesma, passando agora a serem realizadas de maneira organizada e sistemática, todavia sem excluir os conhecimentos obtidos de modo assistemático, cujos preceitos são tão relevantes como os adquiridos formalmente, visto que, a escola não é o único lugar onde se realizam as práticas de ensino, mais também fora dela. Dessa forma, o ensino e a aprendizagem Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05760 ganharam uma maior relevância nas pesquisas educacionais, como problematiza Libâneo: O processo educativo tem caráter endógeno, de dentro para fora e, por isso mesmo, as políticas de formação devem ter como referência as políticas educativas e de aprendizagem. Sendo assim, a pergunta mais importante seria esta: como promover mudanças “por dentro” do sistema de formação de modo a garantir qualidade cognitiva e instrumental das práticas de formação de professores, considerando os influxos políticos, econômicos, culturais e institucionais? (LIBÂNEO, 2006, p.36) Durante séculos, a universidade pautou seu ensino a teoria. Sobre isso Santos (1997), em seu livro pela mão de Alice, refere-se a ela como “a torre de marfim”, traduzindo a intelectualidade do aluno que se aprofundava na teoria, mas se colocava à margem do mundo real, provocando sua alienação do que estava a sua volta. Dessa forma, comungamos com a ideia do citado autor quando afirma que: “Hoje, o aluno não pode ser insensível aos problemas do mundo contemporâneo e deve contribuir com todas as suas forças para dar respaldo e solução, no que lhe compete, à sociedade em que atuará”. (SANTOS, 1997, p. 04). Em qualquer época, desde que se tenha por objetivos o aperfeiçoamento para o exercício de cargos ou funções, torna-se imprescindível que a prática se alie à teoria em qualquer profissão. Essa complementação de estudos, prevista há algum tempo, se apresenta através, de modo particular nas licenciaturas, tornando-se disciplina obrigatória na educação atual, o “aprender fazendo”. Foi a partir do 1º Encontro Nacional de Professores de Didática que ocorreu na UNB – Universidade de Brasília, no ano de 1972, que teve como objetivo, orientar e incentivar professores para a realização da prática unida à teoria; a disciplina – Prática de Ensino – nessa ocasião passou a denominar-se Estágio Supervisionado. Somente no final da década de 1960 que a prática passou a ser, efetivamente em forma de Estágio Supervisionado. Uma maneira de perceber a ação docente é perceber o professor como um sujeito que não reproduz somente os conhecimentos, mas que pode fazer do seu trabalho em sala de aula um espaço de transformação. O que podemos chamar de práxis docente. Segundo Pimenta (1994), “A atividade docente é práxis...é sistemática e Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05761 científica a medida em que tenta objetivamente (conhecer) o seu objeto (ensinar e aprender) e é intencional, não casuística”. Compreendemos que o estágio é o lugar indicado para fazermos muitas reflexões para que possamos rever os nossos conceitos, aprofundarmos nossos conhecimentos, compreendermos o que é ser professor, compreendermos o seu papel, o papel da escola, das instituições formadoras na sociedade em que vivemos. É hora de começar a vislumbrar a formação contínua como elemento de realimentação dessa reflexão (LIMA, 2001). Desse modo, concordamos com SCHÖN (1992) quando propõe o estágio ser trabalhado na perspectiva do conhecimento na ação e a reflexão na e sobre a ação. Pensando assim, o estágio supervisionado, torna-se o lócus dessas reflexões sobre o trabalho do futuro professor, abrindo espaços para a reflexão da ação docente contribuindo assim, na formação de professores críticos-reflexivos, conscientes de seu papel social. A nossa experiência de estágio no semestre em curso o de 2013.2, começou com a questão que nos deparamos ao iniciar o semestre e constatamos que nosso calendário, em função da greve, não iria bater com o calendário das escolas que atendem nossa demanda de estágio obrigatório. Dessa forma, nos reunimos enquanto professores de estágio nas licenciaturas e resolvemos partir para algo mais concreto: os alunos tinham que estagiar, mas as escolas estariam de férias a maior parte do período de aula da IES, o que fazer? Buscamos então uma alternativa que trouxe muitos frutos, haja vista o entusiasmo dos alunos durante as culminâncias de seus projetos, bem como os seus depoimentos no momento de socialização das experiências, ou seja, propusemos a realização da pedagogia de projetos nos espaços não escolares da cidade de Parnaíba-PI. Apostamos nessa proposta, por compreendermos que a formação de professores deve provocar no aluno estagiário questionamentos e reflexões acerca do trabalho dos professores regentes das escolas em que o futuro professor sinta-se como sujeito capaz de gerar conhecimento, provocando seu próprio enriquecimento pessoal e das pessoas do seu entorno. Assim, concordamos com Zabala (2004), quando afirma que “a formação de professor não deve ser, somente, uma atividade intencional que se desenvolve para contribuir para profissionalização, um processo de desenvolvimento individual destinado a adquirir ou aperfeiçoar capacidades”. Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05762 Para Imbernón, (2004), “o tornar-se professor é um processo de contínuo crescimentoprofissional que dura a vida toda”. Assim, o professor vai aprendendo cotidianamente a enfrentar os desafios e as dificuldades surgidas em seu trabalho. É preciso ficar atento às incertezas, as mudanças e a própria complexidade advindas no dia a dia da ação docente que põe à prova não somente seus conhecimentos técnicos e teóricos, mas a sua capacidade de compreender, assimilar e encontrar respostas para as questões de enfrentamento profissional. Assim, o estágio supervisionado deve objetivar formar futuros professores com perfil autônomo e com capacidade de intervir nas questões da sociedade, fomentando raciocínios criativos em suas relações com alunos, com a escola e com a comunidade. Nesse sentindo, os professores se formam na relação com o outro, trocando experiências mediadas pela análise crítica contextualizada, conforme pensam Pimenta e Lima, (2010). É necessário então, que os professores em formação, vislumbrem um mundo melhor, voltado para solidariedade e compromisso para lutar pela justiça social, acreditando na “linguagem da possibilidade" (Mendes, 2012), sentindo-se politicamente comprometido com a ação docente, capaz de lutar por um mundo mais humano e mais solidário. Nada melhor para atender essas necessidades que nós professores orientadores de estágio estejamos atentos às propostas de mudanças na atuação desse estagiário que não deve estar comprometido apenas em cumprir sua carga horária de seu estágio supervisionado. A proposta de nosso estudo é refletir e compartilhar sobre estágio supervisionado, sob a forma de pedagogia de projetos como espaço significativo de construção de conhecimentos dos professores em formação, tendo em vista que a pedagogia de projeto possibilita a compreensão crítica da realidade das instituições de ensino, bem como favorece a construção e o aperfeiçoamento das competências, habilidades e atitudes teórico-práticas do futuro professor. Assim, como Vasconcellos (1995), entendemos por projeto: Um instrumento teórico metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano [...] só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica, científica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita resinificar a ação de todos os envolvidos (p.43). Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05763 Desenvolver estágio nessa perspectiva implica no comprometimento de realizar projetos que tragam significados para a escola e que promovam a melhoria do ensino aprendizagem, promovendo a inclusão, o diálogo permanente entre seus membros, acreditando na capacidade de transformar a realidade em algo melhor, mais humano e solidário. A realização do estágio em forma de projetos desenvolve uma atitude de autonomia e de criatividade por parte dos estagiários, possibilitando-lhes a descoberta de espaços de intervenção com significado para a sua formação, para a escola campo e porque não dizer para a comunidade. Desse modo, o estágio em forma de projeto provoca entre os alunos e seu orientador e destes com a comunidade escolar uma cultura de cooperação, formando uma teia harmoniosa entre os atores do processo. Porque não dizer que a pedagogia de projetos visa resinificar o espaço escolar, tornando-o um espaço vivo de interações, aberto ao real e às múltiplas dimensões. Nesse caso, é essencial a participação do aluno, visto que se torna reconhecido como sujeito reflexivo, crítico e ativo, capaz de construir conhecimentos e não somente um mero aprendiz. É a partir do nível de responsabilidade e compromisso do aluno que o projeto se apoia e traduz a sua intencionalidade; são os alunos corresponsáveis por todo o desenvolvimento do projeto e pelas decisões ao longo desse processo. Portanto, o exercício é coletivo em que cada um coopera com as suas habilidades e capacidades nas atividades propostas. O projeto dever ter um caráter de autenticidade, com problemas reais e relevantes para os alunos que devem buscar a solução; não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos, mas sim a cada passo os alunos devem construir respostas originais, sendo assim, os conteúdos passam a ser meios para ampliar a formação dos futuros professores, tornando-os instrumentos para a compreensão e transformação da realidade que os cerca. No projeto, o aluno busca informações, faz análise, compara resultados, confronta ideias com vistas a compreender o problema investigado, tornando-se um instrumento valioso na prática interdisciplinar. Mediante o exposto, relataremos uma experiência do curso de pedagogia do Campus de Parnaíba-PI da Universidade Federal do Piauí-UFPI, na disciplina Estágio Supervisionado I, orientada pela professora Ms. Cloris Violeta Alves Lopes. Conforme já anunciamos anteriormente, a atividade em foco deu-se em função de não termos escolas disponíveis para atender as demandas do estágio obrigatório de nossos alunos Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05764 do curso de pedagogia que tem como objetivo articular a teoria e a prática promovendo o contato direto com o campo de trabalho do pedagogo, inserindo o discente no processo de planejamento, observação da regência e em processo contínuo de avaliação e reflexão acerca da práxis do professor. Inicialmente, desenvolvemos um trabalho de sensibilização com os alunos através da reflexão sobre o papel dos profissionais de educação: reflexões sobre a identidade do (a) pedagogo (a), em que utilizamos o pensamento de Pimenta (1998), quando afirma: Uma identidade profissional se constrói a partir da significação social da profissão (...). Constroem-se também pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor confere à atividade docente no seu cotidiano, a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações(...) assim como suas relações com outros professores, nas escolas, sindicatos e outros agrupamentos (p. 58). Mediante as reflexões apresentadas no decorrer de nossas discussões, compreendemos que nossos alunos estavam seguindo o caminho desejado para o desenvolvimento dos projetos que iriam ser delineados a partir de suas próprias questões compreendidas em suas pesquisas. Em sala de aula tivemos também a oportunidade de conhecer a questão legal do estágio supervisionado, além das Diretrizes Curriculares nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Buscamos compreender a concepção de estágio que procura subsidiar a formação, repassada por vários fatores dentre eles a crença nos valores de constituição do homem, da sociedade e que modelos e/ou práticas desejávamos efetivar. Assim, tivemos que avançar compartilhando com o pensamento de Silva e Miranda (2008) quando propõe como concepção de estágio perpassada pela pesquisa uma vez que aproxima da realidade de forma reflexiva e crítica, estabelecendo conexões entre a teoria e a prática e ainda proporcionando reflexões sobre o trabalho do pedagogo. Dessa forma, avançávamos em direção a uma proposta inovadora para os alunos tendo como perspectiva que esse período de estágio também pudesse se configurar como um espaço de construção da identidade docente. Sendo assim, quais seriam os espaços que iriamos explorar para vivenciarmos nossa experiência? De acordo com GON (2005), eles são múltiplos, podendo ser algo Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05765 criado ou recriado e que vai de acordo com os objetivos do grupo social que se organiza, são eles: ONG’S, espaços culturais,ambientes com idosos, presídios, e outros. Todos os bairros aqui citados são de extrema pobreza e abrigam comunidades muito carentes. Nossa experiência pautou-se em 06 (seis) projetos desenvolvidos nos seguintes espaços escolares e não escolares: Colônia de férias que foi desenvolvida em três espaços escolares, mas que contemplavam a comunidade como um todo, foram eles: Escola Municipal João Batista Costa (Ilha Grande) em que o grupo optou por desenvolver em sua colônia de férias, o tema Linguagem tendo em vista mostrar às crianças a importância da linguagem e como ela se apresenta nas diversas possibilidades de comunicação, despertando-as para o sentido da leitura e escrita. No momento de socialização das experiências o grupo considerou favorável o resultado do seu projeto em virtude de ter despertado nas crianças o prazer da leitura e escrita, além de despertar a curiosidade sobre a linguagem e suas formas de comunicação tais como os símbolos natalinos, a linguagem verbal e não verbal, elaboração de cartões e outros. Na Escola Municipal Benedito dos Santos Lima (bairro Piauí), os estagiários optaram pelo projeto da colônia de férias: despertando a consciência ecológica por meio de atividades lúdicas, que teve como objetivo despertar a consciência ecológica das crianças sobre os problemas ambientais, através de atividades pedagógicas participativas. No momento de socialização da experiência os estagiários consideraram que os objetivos propostos foram atingidos em função das manifestações e depoimentos das crianças, chegando mesmo a afirmar que a atividade fora uma experiência inesquecível. Escola Municipal Domingos Rubens Uchôa (Samuel Santos – bairro Piauí), as atividades dessa colônia foram voltadas para o tema “Conhecendo nosso Brasil, através de suas regiões”, em que foram apresentadas e vivenciadas com as crianças as características, os costumes, valores, paisagens naturais que diversificam e enriquecem o País. As atividades foram desenvolvidas de forma criativa, dialogada e reflexiva. No momento da socialização os estagiários concluíram que a atividade não só contribuiu para o conhecimento das crianças como também foi possível estimular o trabalho em grupo numa perspectiva cooperativa. Nos espaços não escolares tivemos a oportunidade de desenvolvermos projetos com a comunidade em um Centro Espírita Luz da Esperança e Obras Sociais (Bairro Planalto), com o projeto “Valores morais que enriquecem a vida”, os estagiários tiveram Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05766 como objetivo, contribuir para o desenvolvimento social das crianças em seu processo de ensino e aprendizagem valendo-se de valores cristãos para a sua convivência na escola, na família e na comunidade. No momento de socialização do projeto os estagiários consideraram que os objetivos foram alcançados, além da aprendizagem para suas vidas profissional e pessoal, por tornar as crianças melhores e capazes de uma convivência mais sadia. Fundação Ninho (Bairro São Francisco), aqui as crianças em foco são crianças em situação de maus tratos e abandono, em que o grupo optou por desenvolver o projeto “A arte de aprender brincando”. Nas atividades foram trabalhados os temas como: socialização, cooperação, alimentos saudáveis, higiene pessoal, respeito às diferenças, amizade, de uma forma lúdica com teatro, vídeo, roda de conversa e outros. No momento de socialização das experiências os referidos estagiários afirmaram que “contribuir com uma pequena parcela na Fundação Ninho foi muito gratificante, dessa forma, ficamos mais motivados para lutar por uma educação melhor. Com certeza aprendemos mais que ensinamos”. ONG Ilha Ativa, com a proposta de desenvolver o Clube da Leitura na comunidade do Coqueiro (litoral do Piauí), as atividades de leitura, dinâmicas, reflexões, brincadeiras, desenhos e finalmente a confecção de um livro. Para os estagiários, a experiência ampliou o significado da construção de um profissional da área da educação e complementam a formação acadêmica. Concluíram que a experiência favoreceu a qualificação profissional, emocional e sócia. Considerações Finais O processo de ensino e aprendizagem não está restrito à simples memorização e repetição de conhecimentos, de forma desarticulada e fragmentada. Faz-se necessário um espaço educativo que forme cidadãos autônomos, com identidade e senso crítico, sujeitos capazes de lidar com a diversidade e transformar a realidade em que estão inseridos. Uma das formas que usamos para desenvolver as competências e habilidades de nossos alunos é o trabalho com projetos. O objetivo desse trabalho é auxiliar o aluno a se desenvolver de modo autônomo, organizado, estimulando a investigação-ação, apresentando suas ideias por meio de diferentes formas de linguagem, capazes de resolver situações problema, possibilitando a aprendizagem por meio da interação, estimulando o senso crítico e o ato reflexivo, formando pessoas para a sociedade da Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05767 informação e do conhecimento. A ideia chave desse trabalho está nas relações que se estabelecem com os professores, alunos e os conteúdos de aprendizagem através de atividades planejadas cuidadosamente. As atividades são significativas, voltadas ao desenvolvimento de múltiplas linguagens. A pedagogia de projetos vem sendo posta em prática para demonstrar que a educação, pode e deve romper barreiras do tradicional, pode ser definido ainda como um método no qual a classe se ocupa em atividades proveitosas e com propósitos definidos. Em outras palavras, é o ensino através da experiência. No trabalho com projetos, aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos. Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada. No decorrer da aplicação dos citados projetos, observamos que a metodologia de pedagogia de projetos foi recebida e percebida pelos espaços escolares e não escolares de forma positiva. A parceria formada entre estagiários, alunos e comunidade foi primordial para uma participação significativa durante toda a execução das atividades. A aplicação dos projetos proporcionou ainda, a participação do sujeito determinante no processo ensino aprendizagem, o aluno-estagiário, que pôde tornar-se parte integrante da construção de seu conhecimento, de forma ativa apropriando-se e reconstruindo saberes a partir da mobilização de conhecimentos prévios provenientes do meio no qual estavam inseridos e que foram aproveitados da melhor forma para que se efetivasse o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa. Proporcionando assim uma metodologia embasada na perspectiva construtivista do conhecimento em que o aluno participa ativamente do processo de ensinar e aprender. Por intermédio do trabalho com a Pedagogia de Projetos nos deparamos com uma metodologia que permite a promoção de metas e objetivos preestabelecidos que pode se constituir aliada a uma escola que apregoe a promoção de uma educação que vise tornar mais atraente a forma como se é mobilizado o ensino, a fim de se apreender e trazer o sujeito aprendiz do conhecimento que é o aluno, para atuar de forma ativa e integrante juntamente com os seus pares, professores, e comunidade. Sem dúvida, as práticas pedagógicas desenvolvidas nos espaços escolarese não escolares, foram Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores EdUECE- Livro 2 05768 alternativas encontradas para nossos estagiários vivenciarem a cidadania, perceberem as necessidades urgentes da educação e por que não dizer: uma lição que se aprendeu. REFERÊNCIAS GON, M. da G. Educação Não-Formal e Cultura Política: impactos sobre o associativismo do terceiro setor. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2005 IMBERNÓN. F. 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