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5. Aula 5 (Espécies Tributárias)

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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Aula 5 – Espécies Tributárias
Professora Eveline Lima
Incidem sobre manifestações de riqueza do devedor (contribuinte),
ou seja, as pessoas que manifestam riqueza, por exemplo, com a
obtenção de renda, venda de mercadorias ou aquisição de imóvel em
área urbana, devem contribuir, respectivamente, com a União (IR),
Estado (ICMS) e Município (IPTU).
O imposto traduz uma idéia de SOLIDARIEDADE SOCIAL, pois as pessoas
que detém riqueza estão obrigadas a contribuir com o Estado,
fornecendo-lhe os recursos de que este precisa para buscar a
consecução do bem comum, em benefício de toda a coletividade
�
Por isto se diz que os IMPOSTOS TEM CARÁTER CONTRIBUTIVO, enquanto
as TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA TEM CARÁTER RETRIBUTIVO
(contraprestração por alguma atividade realizada pelo Estado em favor
do contribuinte).
IMPOSTOS
Tributo não vinculado a uma atividade do Estado � não é necessário
que o Estado realize uma atividade ou preste um serviço público para
que o imposto seja cobrado.
Tributo de arrecadação não vinculada � a receita do imposto presta-
se ao financiamento das atividades gerais do Estado, não podendo ser
direcionada a uma atividade específica, v.g., como saúde.
EM SUMA, o imposto é um tributo não vinculado, de arrecadação
não vinculada.
Art. 167. São vedados:
(...)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição
do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como
determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
como o disposto no § 4º deste artigo;
A competência para instituir impostos é privativa de cada ente público
federado. Logo, se o tributo é do Município, nenhum outro ente (Estado,
Distrito Federal ou União) poderá criá-lo, pois a competência
tributária é indelegável.
Os impostos são classificados de acordo com a competência dos entes
públicos para instituir e cobrar o tributo. A fonte de distribuição de
competências está na CF/88 (arts. 145 e 153 a 156).
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados de acordo com a capacidade econômica do
contribuinte (art. 145, §1°, CF). É uma maneira de buscar a JUSTIÇA
SOCIAL (redistribuição de renda) utilizando-se da justiça fiscal
(paga mais quem pode pagar mais), valorizando, assim, o princípio
da isonomia, segundo o qual deve-se tratar diferentemente quem é
diferente na proporção das diferenças existentes.
Art. 145...
(...)
§1°. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
É vinculada a uma atividade estatal. O fato gerador da taxa não é
realizado pelo contribuinte, mas pelo Estado, ou seja, o Estado exerce
determinada atividade e, por isto, cobra a taxa da pessoa que se
beneficia daquela atividade. (AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 8. ed.
São Paulo: Saraiva, 2002, 31)
As atividades gerais do Estado são financiadas (pagas) com os impostos,
arrecadados de toda a coletividade, v.g., saúde, educação, habitação,
segurança pública, defesa do território etc.
Há outras atividades estatais que são divisíveis (referem-se a um determinado
indivíduo ou grupo de indivíduos) e devem ser financiadas pelos indivíduos aos
quais são dirigidas estas atividades, o que ocorre através do pagamento da
taxa.
Fatos que ensejam cobrança da taxa: � exercício do poder de
polícia OU � utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição (art. 145, II, CF).
TAXAS
TAXA DE POLÍCIA: cobrada em razão da atividade do Estado de verificar
o cumprimento das exigências legais pertinentes e conceder a licença,
a autorização, o alvará etc. O que justifica a cobrança da taxa é a
necessidade de fiscalização a ser realizada pelo Estado para preservar
o interesse da coletividade, em relação à segurança, higiene etc.
Exemplo: a taxa municipal de licença de localização e funcionamento pode ser
cobrada quando da inscrição inicial do contribuinte, se o Município dispuser de
órgão administrativo que fiscaliza as condições de higiene, segurança etc. Esta
taxa só poderá ser cobrada anualmente, a título de renovação, se houver novo
procedimento de fiscalização.
TAXA DE SERVIÇO: o serviço deve ser:
1) Utilizado pelo contribuinte: a) efetivamente (quando usufruído)
ou b) potencialmente (quando postos à sua disposição).
2) Divisível: usufruído por cada usuário isoladamente, a fim de que se
possa identificar ‘quanto’ cada contribuinte deve pagar pela
prestação do serviço. Se não for possível cobrar pelo serviço de
maneira individualizada, toda a coletividade deve arcar com o custo,
através da receita de impostos, que são recolhidos por todos para
remunerar o serviço, em virtude da manifestação de riqueza.
Exemplo: o serviço de limpeza dos logradouros públicos não é divisível,
pois seus usuários não são identificados nem identificáveis, já que a
limpeza da rua beneficia a coletividade genericamente. Da mesma forma,
não podem ser financiados por taxa os serviços de segurança pública,
diplomacia, defesa externa do país etc., em razão da indivisibilidade.
Quanto ao serviço de coleta de lixo, o STF entende que pode ser objeto de
taxa (Súmula vinculante n° 19).
3) Específico: atender a necessidades específicas do contribuinte, ou
seja, o contribuinte tem que saber por qual serviço está pagando.
Portanto, os serviços públicos gerais devem ser financiados com a
arrecadação dos impostos, enquanto os serviços públicos
específicos devem ser financiados pelas taxas.
Exemplo: as custas judiciais são um tributo da espécie taxa, cobradas para
remunerar a prestação do serviço público específico e divisível da
jurisdição.
A competência para instituir e cobrar a taxa é do ente público que
prestou o serviço ou exerceu o poder de polícia.
A taxa é um tributo retributivo ou contraprestacional: não pode ser
cobrada sem que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao
contribuinte, ou coloque à sua disposição, um serviço público
específico e divisível.
NÃO PODE TER BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE IMPOSTO, portanto, não é
possível instituir uma taxa sobre a circulação de mercadorias, pois já
existe um imposto incidindo sobre esta operação (art. 145, §2°, CF).
OBSERVAÇÃO: A iluminação pública é um serviço público geral, universal, prestado,
indistintamente, a toda a população, o que impossibilita a identificação dos beneficiários e
impede sua remuneração mediante taxa. Todos os que viajam a Fortaleza, sejam oriundos de
São Paulo, EUA ou qualquer outro lugar, utilizam o serviço de iluminação pública, não
havendo como mensurar a utilização individual do serviço. A Constituição Federal permite,
atualmente, cobrança de contribuição de iluminação pública.
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no
art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na
fatura de consumo de energia elétrica.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Surgimento do tributo:
“Em 1605, na Inglaterra, a coroa inglesa realizou uma obra de grande
porte e com enorme dispêndio de dinheiro para retificar e sanear as
margens dorio Tâmisa, tornando-o mais navegável e estimulando o
incremento da atividade econômica nas áreas ribeirinhas. Os proprietários
dos imóveis localizados nessas áreas foram muito beneficiados, pois
passaram a ter suas terras, antes sujeitas a frequentes alagamentos,
bastante valorizadas. Visando a sanar o enriquecimento sem causa, foi
criado, por lei, um tributos (betterment tax), a ser pago pelos beneficiários,
limitado ao montante da valorização individual. Nascia a contribuição de
melhoria, até hoje responsável pelo financiamento de obras de grande
vulto.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Método,
2012, p. 38)
Tributo divisível cobrado de um grupo de indivíduos que tem seu imóvel
valorizado em decorrência de uma obra pública. Não teria sentido
cobrar este tributo de toda a coletividade, pois apenas uma parcela
específica dela foi beneficiada com a obra pública.
FUNDAMENTO DA COBRANÇA: impedir o enriquecimento sem causa do
contribuinte, que terá seu imóvel valorizado em decorrência da obra
pública e pagará por esta valorização.
CARÁTER CONTRAPRESTACIONAL: objetiva ressarcir o Estado do valor
(ou parte dele) gasto com a realização da obra. Por isto o limite total
para a cobrança do tributo é o valor gasto com a obra, pois se fosse
possível cobrar valor maior do que o efetivamente gasto, o Estado teria
um enriquecimento sem causa com a cobrança da contribuição.
DISTINÇÃO DO IMPOSTO: tem vínculo direto a uma atividade estatal
específica, qual seja, a realização de obras públicas, enquanto os
impostos não se vinculam a nenhuma atuação estatal determinada.
DISTINÇÃO DA TAXA: refere-se a obras públicas, e não a serviços
públicos ou ao exercício regular do poder de polícia. Além disso,
possuem fato gerador único e instantâneo; já as taxas apresentam
fatos geradores que podem ser contínuos, a depender da regularidade
do exercício do poder de polícia ou da prestação do serviço público.
Tributo vinculado: decorre da realização de uma obra pública. Não
é vinculado à obra, mas à melhoria (valorização imobiliária) decorrente
desta. Observe-se que não é qualquer benefício proporcionado ao
particular pela obra que legitima a cobrança desta contribuição; é
imprescindível que tenha havido valorização imobiliária.
Base de cálculo do tributo: valor acrescido, ou seja, a diferença
entre o valor inicial e final do imóvel beneficiado.
Como a contribuição é decorrente de obra pública e não para a
realização de obra pública, não pode ser cobrada para obter recursos
a serem utilizados em obras futuras, pois a valorização só pode ser
aferida após a conclusão da obra.
O tributo pode ser cobrado sobre a realização de parcela da obra,
desde que a parte realizada tenha gerado valorização dos imóveis.
OBSERVAÇÃO: A pavimentação de uma via pública pode justificar a
cobrança de contribuição de melhoria se gerar valorização ao(s)
imóvel(is), mas o mero recapeamento de via pública já asfaltada constitui
simples serviço de manutenção/conservação, não ensejando a cobrança.
Limites de cobrança da contribuição melhoria:
� Limite total: valor total da obra, ou seja, o Estado não pode cobrar, a
título de contribuição de melhoria, mais do que gastou com a obra,
para evitar seu enriquecimento sem causa.
� Limite individual: acréscimo de valor do imóvel beneficiado, em
razão da obra.
Exemplo: Se a construção de um viaduto gerou uma melhoria de 10 ou não
gerou nenhuma melhoria no imóvel de um proprietário, não se pode cobrar
contribuição de 100.
Lei n° 15.484, de 20/12/2013: dispõe sobre a contribuição de melhoria
no Estado do Ceará. VIGÊNCIA: 90 dias após a publicação.
O empréstimo compulsório diverge do empréstimo do Direito Civil pela
sua compulsoriedade, uma vez que é imposto por força de lei.
Competência: exclusiva da União, mediante lei complementar.
Art. 148, CF: a União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios nas seguintes hipóteses:
(i) Para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
(ii) No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”
(princípio da anterioridade).
TRIBUTO DE ARRECADAÇÃO VINCULADA: o art. 148, § único, CF, vincula a
aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório à
despesa que fundamentou sua instituição � se foi criado para suprir
despesas com calamidade pública que se abateu sobre determinado
Estado, o valor recebido deverá ser utilizado para cobrir tais despesas.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO É UM TRIBUTO VINCULADO?!?
Para responder a esta pergunta, deve-se analisar o fato gerador
definido na lei que o instituiu: se for estipulada uma atividade estatal
anterior, será vinculado.
Apesar da liberdade conferida ao legislador, não havendo exigência de
qualquer atividade estatal anterior, os empréstimos compulsórios
criados no Brasil até então foram todos não vinculados (v.g., sobre
aquisição de combustíveis, automóveis e energia elétrica).
O motivo é simples: se o Estado pode optar por fazer ou não a
cobrança do tributo depender da realização de uma atividade voltada
ao sujeito passivo, a tendência é que se estabeleça a cobrança sem
necessidade de tal contraprestação. (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário
Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 45/46)
Apesar de ser forçado, é restituível, o que não lhe retira o caráter de
tributo, pois a definição de tributo constante no CTN nada estabelece
sobre a definitividade do ingresso da receita tributária. O EC é um
ingresso de recursos temporários em favor do Estado.
O art. 149, da Constituição Federal, prevê a possibilidade da União
instituir três espécies de contribuições: (i) contribuições sociais, (ii)
contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) e (iii)
contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas
(corporativas).
A competência para a criação destas contribuições é exclusiva da
União, mas as demais entidades políticas (Estados, DF e Municípios)
poderão instituir contribuição, cobradas de seus servidores para o
custeio do regime previdenciário.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§1º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada
de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de
que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores
titulares de cargos efetivos da União.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS A contribuição de iluminação pública pode ser enquadrada entre as
contribuições especiais (art. 149-A, CF).
Inspirado na máxima de que não se deve exportar tributos, a CF
estabeleceu que as contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação.
Art. 149...
(...)
§2°. As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata
o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
Na contramão do objetivo de desonerar as exportações, a SRFB
interpretou o dispositivo literalmente, entendendo que a imunidade
somente alcança as contribuições cuja base de cálculo seja a receita
(PIS e COFINS – incidentes sobre receita ou faturamento), sendo
viável a cobrança da CSLL, que incide sobre o lucro decorrente das
exportações.
� Inicialmente, o STF entendeu que lucro é a parcela da receita que
resta após o abatimento das despesasdedutíveis, portanto, também é
imune. (AC 1.738-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 17/09/2007)
�
� Posteriormente, o STF acatou o entendimento da SRFB, entendendo
que o legislador diferenciou receita de lucro, portanto, ao imunizar as
receitas decorrentes de exportação, a CF não desejou proibir a
tributação do lucro, in verbis:
Recurso extraordinário. 2. Contribuições sociais. Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL) e Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de
Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). 3. Imunidade.
Receitas decorrentes de exportação. Abrangência. 4. A imunidade prevista no art.
149, § 2º, I, da Constituição, introduzida pela Emenda Constitucional nº 33/2001, não
alcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja vista a distinção
ontológica entre os conceitos de lucro e receita. 6. Vencida a tese segundo a qual a
interpretação teleológica da mencionada regra de imunidade conduziria à exclusão
do lucro decorrente das receitas de exportação da hipótese de incidência da CSLL,
pois o conceito de lucro pressuporia o de receita, e a finalidade do referido dispositivo
constitucional seria a desoneração ampla das exportações, com o escopo de conferir
efetividade ao princípio da garantia do desenvolvimento nacional (art. 3º , I, da
Constituição). 7. A norma de exoneração tributária prevista no art. 149, § 2º, I, da
Constituição também não alcança a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF),
pois o referido tributo não se vincula diretamente à operação de exportação. A
exação não incide sobre o resultado imediato da operação, mas sobre operações
financeiras posteriormente realizadas. 8. Recurso extraordinário a que se nega
provimento. (RE 474132, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, j. 12/08/2010)
� Posição atual do STF, no mesmo sentido:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RECEITAS DECORRENTES
DE EXPORTAÇÃO (INCISO I DO § 2º DO ART. 149 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LÚCRO LÍQUIDO – CSLL. 1. O Supremo Tribunal
Federal, ao apreciar os REs 474.132, da relatoria do ministro Gilmar Mendes, e
564.413, da relatoria do ministro Marco Aurélio, firmou o entendimento de que a
imunidade constante do inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal de 1988
não abrange a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. (RE 529583 AgR,
Rel. Min. Ayres Britto, 2ª Turma, j. 27/03/2012)
Apesar da imunidade nas operações de exportação, as contribuições
sociais e de intervenção no domínio econômico incidem sobre a
importação de produtos estrangeiros ou serviços.
Art. 149...
(...)
§2°. As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata
o caput deste artigo:
(...)
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
� O objetivo desta regra é equalizar a carga tributária incidente sobre as
importações, assemelhando-a à que grava o produto nacional nas
operações internas.
‒ Comerciante vende mercadoria dentro do Brasil: incide PIS/COFINS sobre
sua receita.
‒ Importação: o recebedor da receita é o exportador estrangeiro, não
podendo o Brasil impor-lhe o dever de recolher tributo aos cofres
nacionais. Logo, o produto estrangeiro não é onerado pelo PIS/COFINS
sobre receita, mas pelo PIS/COFINS-importação (Lei n° 10.865/2004).
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
1) CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL: destinadas a custear
serviços relacionados à saúde, previdência e assistência social.
Estão previstas no art. 149, mas encontram regras específicas no
art. 195, que estabelece as fontes de financiamento da seguridade
social, ou seja, as bases econômicas sobre as quais podem incidir.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
previdência social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar.
2) OUTRAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: contribuições residuais não
cumulativas, por lei complementar, com base de cálculo diversa das
já existentes na CF (art. 195, §4° c/c art. 154, I).
Art. 195...
(...)
§4°. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou
expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
(competência residual para instituir novas contribuições sociais de
financiamento da seguridade social)
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprios dos discriminados nesta Constituição; (competência residual para
instituir novos impostos)
OBSERVAÇÃO: para a criação de contribuições cujas fontes já constam na CF,
utiliza-se lei ordinária; se, entretanto, a contribuição é nova (base econômica ou
fonte de financiamento nova), utiliza-se lei complementar.
3) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAIS: destinadas a outras atuações da
União na área social, como o salário-educação (art. 212, §5°) e
contribuições para os serviços sociais autônomos (art. 240).
Art. 212...
(...)
§5°. A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a
contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da
lei.
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições
compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às
entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao
sistema sindical.
OBSERVAÇÃO �: os serviços sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI etc.) são
pessoas jurídicas de direito privado não integrantes da administração pública, mas
realizam atividades de interesse público, sendo, por isso, legitimados a receber o
produto da arrecadação das contribuições.
OBSERVAÇÃO �: por base de cálculo idêntica a das contribuições incidentes sobre
a remuneração paga a segurados do RGPS, são normalmente cobradas em
conjunto com estas, apesar da diferença quanto ao destino da arrecadação.
OBSERVAÇÃO �: “as contribuições sociais, previstas no art. 240, da Constituição
Federal, têm natureza de ‘contribuição social geral’ e não contribuição especial de
interesses de categorias profissionais (STF, RE nº 138.284/CE) (...). Deflui da ratio
essendi da Constituição, na parte relativa ao incremento da ordem econômica e
social, que esses serviços sociais devem ser mantidos ‘por toda a coletividade’ e
demandam, a fortiori, fonte de custeio” (AgRg no Ag 814.536/RS, Rel. Min. Luiz
Fux, 1ª Turma, j. 21/11/2006, DJ 14/12/2006, p. 283)
CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO – CIDE
Art. 149, CF: competência exclusiva da União, por lei ordinária,
complementar ou medida provisória.
Tributo extrafiscal: a intervenção ocorre pela destinação do produto
da arrecadação a uma determinada atividade que, por conta desse
“reforço orçamentário” tem-se por incentivada.
OBSERVAÇÃO:nos outros tributos extrafiscais a intervenção ocorre pelo aumento ou
diminuição da carga tributária sobre a atividade cujo desestímulo/estímulo se deseja.
EXEMPLO �: a Lei n° 10.168/2000 instituiu o Programa de Estímulo à Interação
Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação, cujo objetivo principal é estimular
o desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante programas de pesquisa
científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o
setor produtivo (art. 1°).
Para financiar o Programa, a Lei instituiu, no art. 2°, a CIDE-royalties, incidente
sobre a “importação de tecnologia” – destinação dos recursos arrecadados ao
desenvolvimento de tecnologia no País:
Art. 2°. Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica
instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa
jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos,
bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia,
firmados com residentes ou domiciliados no exterior.
(...)
§2°. A partir de 1° de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo
passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que
tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a
serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas
pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou
remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no
exterior.
EXEMPLO �: CIDE-combustíveis:
Art. 177...
(...)
§4°. A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às
atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás
natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes
requisitos:
(...)
II - os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo
e do gás;
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.
CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU
ECONÔMICAS – CONTRIBUIÇÕES CORPORATIVAS
Criada pela União para financiar atividades de interesse das
instituições que representam/fiscalizam categorias profissionais ou
econômicas (corporações). Exemplos: � sindical; � para custeio das
entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas.
1) CONTRIBUIÇÃO SINDICAL (ART. 8°, IV, CF)
� Fixada pela assembleia geral para custeio do sistema
confederativo do sindicato: voluntária (paga apenas por quem é
sindicalizado), portanto, não tem natureza tributária, pois não é
compulsória.
� Fixada em lei: obrigatória (cobrada de todos os trabalhadores)
portanto, tem natureza tributária.
2) CONTRIBUIÇÃO CORPORATIVA PARA CUSTEIO DAS ENTIDADES DE
FISCALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS
A CF autoriza a criação de instituições descentralizadas para
fiscalizar o exercício de determinadas profissões e atividades,
além de representarem, coletiva ou individualmente, os
interesses dos respectivos profissionais.
Tributo Parafiscal: o Estado cria e atribui sua arrecadação a uma
terceira pessoa, que realiza atividade de interesse público.
Exemplos: CREA, CRC, CRM, CRECI, OAB etc.
OBSERVAÇÃO: existe uma controvérsia em relação à natureza jurídica da OAB e
das contribuições por ela cobradas, pois a OAB, além de defender interesses
corporativos (“promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção
e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil” – art. 44,
II, Lei n° 8.906/96), tem atribuição não corporativa (“defender a Constituição, a
ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça
social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e
pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas” – art. 44, I, Lei n°
8.906/96).
ENTENDIMENTO DO STF
“(...) 3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é
um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro. 4. (...) É entidade cuja finalidade é afeita a
atribuições, interesses e seleção de advogados. Não há ordem de relação ou
dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem dos Advogados do
Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida
como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está
voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional.”
(ADI 3026, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, j. 08/06/2006)
CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
Súmula 670, STF – O serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa � não atende aos requisitos de
especificidade e divisibilidade.
Competência dos Municípios e DF (por não ser dividido em
Municípios), que podem definir fato gerador, base de cálculo,
alíquotas e contribuintes.
A arrecadação é vinculada especificamente ao custeio do serviço de
iluminação pública.
Art. 149-A, CF: incluído pela EC n° 39, de 19 de dezembro de 2002.
Lei n° 8.678, de 31 de dezembro de 2002 � institui a contribuição
para o custeio de iluminação pública em Fortaleza.
Rateio do custo do serviço de iluminação pública entre os
contribuintes, de acordo com os níveis individuais de consumo
mensal de energia elétrica, seguindo tabelas progressivas (quanto
maior o consumo, maiores as alíquotas).

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