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Memoriais no Processo Penal

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OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 3035 0105 1 
 
Memoriais 
1. Procedimento dos Memoriais. 
 
Diante das modificações introduzidas pela lei 11.719\2008 e objetivando dotar 
de maior celeridade o procedimento comum de rito ordinário, o Código de Processo 
Penal, no seu art. 403, estabelece que na regra geral, as alegações finais da acusação 
e defesa serão orais. Ou seja, encerrada a instrução, o procedimento para alegações 
finais orais será o seguinte: 
 
1º) A acusação tem 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos para 
oferecer alegações finais orais, tendo o assistente de acusação, caso exista, 10 
minutos, prorrogável por mais 10 minutos, para oferecer alegações finais 
orais (Art. 403, caput e § 2
o
, do CPP). 
 
2º) A defesa tem 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos para oferecer 
alegações finais orais. No caso de ter existido manifestação do assistente de 
acusação, a defesa terá mais 10 minutos para suas alegações finais orais(Art. 
403, caput e § 2
o
, do CPP). 
 
OBS: Havendo mais de um acusado, o tempo para defesa será computado 
individualmente, nos exatos termos do Art. 403, § 1
o
, do CPP. Ou seja, em 
havendo por exemplo, dois acusados, cada um dos acusados terá o prazo de 
defesa de 20 minutos prorrogável por mais 10 minutos para as alegações finais 
orais. 
 
A exceção passou a ser o cabimento de memoriais por escrito tendo em vista 
que ele somente poderá ser apresentado de forma escrita quando o juiz entenda que 
o caso é complexo ou possui um grande número de acusados ou há pedido de 
diligência de uma das partes cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos 
apurados na instrução criminal. Neste caso o juiz poderá conceder às partes o prazo 
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais na forma escrita. 
Além disso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença, como bem 
elucida o Art. 403, § 3º e Art. 404, parágrafo único, do CPP. 
Vale ressaltar que o juiz NÃO está obrigado a conceder a apresentação de 
memoriais por escrito, cabendo ao magistrado, em ocorrendo as situações acima 
apresentadas, decidir se concederá ou não a apresentação de memoriais por escrito. Ou 
seja, os memoriais são uma determinação do juiz, a parte não escolhe se os 
memoriais serão na forma escrita ou oral, é o juiz que determina se será cabível ou não 
os memoriais na forma escrita, cabendo a parte tão somente requerer. 
A apresentação dos memoriais será SEMPRE ao final da instrução 
probatória, por esta razão dificilmente é possível errar uma peça de memoriais, tendo 
em vista que a questão prática mencionará que houve o término da instrução probatória, 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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com a apresentação de memoriais por parte da acusação por escrito, e a defesa foi 
intimada para apresentar a peça processual cabível, que só poderá ser os memoriais na 
forma escrita. 
Vale lembrar que no rito comum ordinário existe previsão legal expressa de 
cabimento de memoriais no Art. 403, § 3º do CPP. Já em relação ao rito sumário, 
sumaríssimo (Juizados Especiais) ou do Tribunal do Júri NÃO existe previsão 
legal expressa de cabimento dos memoriais na forma escrita. Todavia, entende a 
doutrina e a jurisprudência ser este procedimento perfeitamente cabível nestes 
procedimentos, somente o que vai mudar é a indicação da autoridade competente, 
devendo eles serem fundamentados também no Art. 403, parágrafo 3º do CPP. 
A abertura dos prazos dos memoriais é SUCESSIVO, primeiro há a 
apresentação dos memoriais de acusação, depois é que haverá os memoriais de defesa, 
lembrando que o prazo de apresentação dos memoriais é de 5 dias. 
O que se pede nos memoriais como pedido principal é a absolvição, existindo 
apenas uma diferenciação no rito do Tribunal do Júri que será abordada no próximo 
tópico, porém sempre se deve fazer pedidos subsidiários, como de aplicação da pena 
mínima prevista em lei, ou pela aplicação de atenuante, se for o caso. 
O endereçamento dos memoriais é bastante simples, tendo em vista que ele 
sempre será endereçado para o juiz que determina o feito, que, muito 
provavelmente, será indicado na questão prática. 
Por fim, um detalhe de suma importância nos memoriais é o de que não se faz o 
pedido de arrolamento de testemunhas, pois já houve a instrução probatória e este foi 
o momento oportuno para fazer tal pedido de arrolamento. 
 
DICAS ! 
 
 As partes devem fazer a fundamentação de mérito mais completa 
possível nos memoriais, pois esta será a última oportunidade de convencer 
o magistrado sobre seu pleito. 
 Se o prazo para os memoriais for para a Defensoria Pública os prazos são 
contados em dobro, e o prazo será de 10 dias. Ministério Público e 
advogado do réu tem sempre o prazo de 5 dias, já o defensor público terá o 
prazo é de 10 dias. Vale ressaltar que o defensor nomeado (dativo) o 
prazo equipara-se ao de defensor e neste caso também terá o prazo de 10 
dias para apresentar memoriais escritos. 
 
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 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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2. Diferenciações quanto aos pedidos nos memoriais do rito comum ou 
sumário e do Tribunal do Júri. 
Do ponto de vista prático existe a seguinte diferenciação de pedidos nos 
memorais escritos a depender do rito: 
a) Memoriais no rito comum ordinário e sumário. 
 
Será pedida a absolvição com base no Art. 386 do CPP. Como existe uma 
grande dificuldade dos alunos de enquadrar o caso concreto nas hipóteses deste artigo, 
vale transcrevê-lo com as devidas observações: 
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, 
desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
Neste caso no decorrer da instrução criminal prova-se que o fato 
imputado NÃO ocorreu. 
Ex. Estão acusando o réu do cometimento de lesão corporal gravíssima, mas a 
vítima aparece na instrução de julgamento sem nenhum sinal de lesão. 
Ex. Réu é acusado de furtar relógio da vitima, na instrução criminal a própria 
vitima aparece com o suposto relógio subtraído. 
II - não haver prova da existência do fato; 
Neste caso o Ministério Público não tem elementos de materialidade para 
provar que o fato existiu. 
Ex. Vítima afirma que foi furtado pelo réu. Mas no decorrer do processo a 
acusação NÃO consegue provar que houve efetivamente um furto. 
III - não constituir o fato infração penal; 
Ocorre quando o fato é atípico, não sendo previsto como crime pela 
legislação pátria. Ou seja, não existe um tipo penal para a conduta narrada nos 
autos. 
Ex. Ocorrência de induzimento ao suicídio em que resultam apenas lesões leves, 
neste caso a conduta éatípica. 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
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 Neste caso, no decorrer da instrução criminal fica claro que houve o 
crime, mas está provado que o acusado NÃO concorreu para o cometimento do 
crime, ou seja, resta provado que o réu não foi autor ou partícipe do crime. 
Ex. O réu foi acusado de praticar o crime de lesão corporal praticado no dia 
12/01/2010, mas neste mesmo dia o réu não estava no local do crime, restando 
provado este fato. 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
 No decorrer da instrução criminal fica reconhecido que o crime ocorreu, 
mas neste caso a acusação NÃO consegue demonstrar que o réu cometeu o 
crime como autor ou partícipe. 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1
o
 do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo 
se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
Se tiver tratando de qualquer circunstancia que exclui o crime ou isenta 
de pena será este o inciso a ser embasado. Neste caso o próprio inciso traz as 
hipóteses de exclusão do crime ou de isenção de pena, que são as seguintes: 
 Erro de Tipo (Art. 20 do CP) – exclui o crime. 
 Descriminante putativa por Erro de tipo (Art. 20, § 1º, do CP) – isenta de 
pena. 
 Erro de proibição (Art. 21 do CP) – isenta de pena. 
 Coação irresistível e obediência hierárquica (Art. 22 do CP) – isenta de 
pena. 
 Excludentes da ilicitude do fato (Art. 23 do CP) - exclui o crime. 
 Inimputabilidade (Art. 26 do CP) - isenta de pena 
 Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, 
quando o sujeito era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento (Art. 28, § 1o , do CP) - isento de pena. 
 VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
Esta é uma manifestação do in dúbio pro réu, no caso a acusação não 
consegue demonstrar peremptoriamente que o réu cometeu crime, ou seja, não 
se prova 
b) Memoriais no Rito do Tribunal do Júri. 
 
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Neste caso pode-se fazer os seguintes pedidos: 
 
1º) Absolvição Sumária - Art. 415 do CPP. 
 
As hipóteses de absolvição sumária no rito do tribunal do júri estão 
previstas no art. 415 CPP e esta absolvição sumária é finda a instrução 
probatória e SOMENTE vai ser pedida em MEMORIAIS, diferindo da 
absolvição sumária prevista no Art. 397 do CPP e que também é aplicado no 
rito do tribunal do júri de forma analógica. 
 Vale lembrar o teor do Art. 415 do CPP e as suas hipóteses de 
ocorrência com as devidas observações: 
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, 
quando: 
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
Neste caso fica provado que o fato NÃO existiu. 
Ex. Sujeito é acusado de homicídio, mas no decorrer do processo a suposta 
vítima aparece viva. 
 II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; 
Admite-se que houve o fato, mas o réu NÃO foi nem autor nem partícipe do 
fato. 
 III – o fato não constituir infração penal; 
Demonstra-se que o fato NÃO é crime, não possuindo tipificação legal 
respectiva. 
Ex. Sujeito é acusado de cometer o crime de suicídio contra si próprio. 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. 
Caso fique demonstrado que o réu esta amparado por uma causa de 
exclusão de ilicitude ou de culpabilidade será alegado este inciso. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo 
ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a 
única tese defensiva. 
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OBS: O caso de inimputabilidade é uma exceção, pois neste caso deve ser 
proferida uma sentença absolutória imprópria, pois o sujeito é inocentado, 
mas é submetido a uma medida de segurança. Porém, desta exceção caberá 
outra exceção, no caso de se configurar tese única de defesa. Neste caso é que 
pode haver a absolvição sumária mesmo no caso de inimputabilidade. Vale 
ressaltar que pode haver a absolvição sumária com base no inciso IV do Art. 415 
do CPP em decorrência de obediência hierárquica ou embriaguez involuntária 
proveniente de caso fortuito ou forca maior, pois estas causas isentam de pena o 
acusado e conduzem a exclusão da culpabilidade. 
2ª) Impronúncia - Art. 414 do CPP. 
 
A impronúncia ocorrerá quando não há certeza quanto a prova da 
materialidade e os indícios suficientes de autoria. Ela é uma sentença que não 
resolve mérito, sendo chamada de sentença interlocutória própria e o 
processo fica em suspenso em face da ausência destes requisitos. Porém se 
aparecer fato novo pode haver o prosseguimento do processo. Vale lembrar o 
teor do Art. 414 do CPP: 
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da 
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o 
juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada 
pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da 
punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se 
houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
OBS: A Pronúncia ocorre quando o juiz, ao analisar o caso concreto, verificar 
que existem provas da materialidade do fato e de indícios suficientes de autoria. 
Ela é também chamada de sentença interlocutória própria, pois ela não pode 
adentrar no mérito. O juiz simplesmente não poderá condenar, será o tribunal do 
júri que poderá fazê-lo. Como a pronúncia é um pedido exclusivo da acusação 
dificilmente poderá ser pedido em peças práticas da OAB. 
 
3º) Desclassificação - Art. 419 do CPP. 
Ocorre no caso de não ser hipótese de julgamento pelo Tribunal do 
Júri. No caso o juiz diz que houve o crime, com indícios suficientes de autoria e 
materialidade, o acusado é responsável pelo crime, mas o crime simplesmente 
NÃO é da competência do Tribunal do Júri. Neste caso o juiz desclassifica o 
crime e remete para o juiz competente, ela é chamada de desclassificação 
própria. 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
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Ex. Ao final da instrução probatória percebe-se que houve o crime de latrocínio 
e NÃO de homicídio. 
A desclassificação NÃO gera nulidade dos atos anteriores praticados, 
NÃO zera o processo, tudo que foi feito será aproveitado pelo juízo competente, 
este é que proferirá sentença. 
OBS: Na desclassificação imprópria, o juiz diz que houve o crime, o acusado é 
o autor do delito, mas o problema é que o crime NÃO é o que foi imputado 
ao agente, embora continue sendo de competência do tribunal do júri. Neste 
caso deve o juiz adotar o procedimento do Art. 384 do CPP. Este artigo traz o 
instituto da mutatio libelli, esta ocorre quando o juiz entender que o crime que 
efetivamente ocorreu é diferente do narrado na peça acusatória. Como o réu 
defende-se dos FATOS apresentados deve o juiz mandar que o MP proceda ao 
aditamento da denuncia, da peça acusatória. Caso o MP NÃO proceda ao 
aditamento o juiz irá adotar o procedimento previsto ao Art. 28 do CPP, 
remetendo o processo ao Procurador Geral de Justiça. 
Ex. Mulher é acusada do crime de infanticídio, mas no curso da instrução 
probatória ficou provado através de pericia que a mulher NÃO estava em estado 
puerperal. Logo, ela deverá responder pelo crime de homicídio, havendo uma 
desclassificação imprópria. 
Pode-se fazer a seguinte diferenciação: 
 Desclassificação própria – o processo SAI da competência do Júri 
 Desclassificação imprópria - o processo NÃO sai da competência do 
Tribunal do Juri, mas deverá adotar o procedimento da mutatio libelli do 
Art. 384 do CPP. 
DICA! 
Deve-se pedir: 
1º)Absolvicao Sumária 
2ª)Subsidiariamente se for o caso – Impronúncia 
3ª)Subsidiariamente se for o caso – Desclassificação. 
 
3. Estrutura dos memoriais. 
Endereçamento. 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ ( Regra Geral) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA 
CRIMINAL DA SECÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________(Crimes da 
Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE________________________ (Regra geral) 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA SECÇÃO JUDICIÁRIA DE 
_______________________(Crimes da Competência da Justiça Federal) 
Porém, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ CAPITAL DO 
ESTADO DE__________________ 
 
Processo número: 
Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento. 
Qualificação. 
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Nome, já qualificado nos autos do processo às 
folhas ( ) _____________, por seu advogado e bastante procurador que a esta 
subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de 
Vossa Excelência, apresentar com fundamento no artigo art. 403, parágrafo 3º do 
Código de Processo Penal (não colocar abreviatura) apresentar (sem saltar linhas) 
MEMORIAIS 
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
(Pula-se uma linha) 
1. Dos Fatos. 
Deve-se escrever colado na margem (daqui para frente sem saltar linha) 
O candidato deve externar os fatos de forma sucinta. Não copie igual os fatos, se a 
questão deu 20 linhas para os fato deve-se usar menos linhas, umas 15, por exemplo. 
Deve-se fazer uma síntese, trazer os fatos de forma resumida. 
Os períodos devem ser sempre curtos, 5 ou 6 linhas. 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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2. Das Preliminares 
Como já foi explicado existe uma seqüência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte 
seqüência: 
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 
2º) Art. 109 CP – Prescrição 
3º) Art. 564 CPP – Nulidades 
4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 
 
5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição 
liminar da peça acusatória. 
 
OBS Com já foi dito, as preliminares são apenas mencionadas, no mérito e que se 
poderá aprofundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de 
exclusão da ilicitude. 
3. Do Mérito 
Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento. 
Se nas preliminares citou-se o instituto jurídico, ex legitima defesa, deve discorrer sobre 
os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos demonstrando os 
requisitos do instituto. Toda vez que falar de uma preliminar deve-se falar no mérito 
sobre ela em um parágrafo. 
Deve-se mencionar de forma geral, segundo a melhor doutrina, ou segundo o 
entendimento da doutrina dominante, ou conforme o entendimento dos tribunais 
superiores. 
Não se deve discorrer sobre temas controversos, deve-se falar o que todo mundo sabe. 
Use ideias fáceis, simples e que todos conhecem. 
OBS: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de 
absolvição do réu. 
 
4. Dos Pedidos 
 Pedido de Absolvição 
 
No pedido de memoriais a regra é o de absolvição, no caso do rito comum 
ordinário, sumario ou sumaríssimo pede-se a absolvição com base no Art. 386 do 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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CPP. Já nos casos do rito do tribunal do júri pede-se a absolvição sumária com base 
no Art. 415 do CPP. 
 
 Pedidos Secundários. 
Deve-se atentar para a possibilidade de alegação dos pedidos secundários, nestes 
não precisa discutir o mérito, eles devem ser escalonados. Podendo haver, por 
exemplo, os seguintes pedidos subsidiários: 
 Desclassificação do Crime; 
 Afastamento de qualificadora; 
 Reconhecimento da atenuação da pena; 
 Reconhecimento de causa de diminuição de pena no momento; 
 Se o juiz entender pela condenação que seja aplicada a pena 
mínima ou que seja aplicada pena restritiva de direito. 
Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloque: 
Nestes termos, (no canto da página) 
Pede deferimento. ( em outra linha sem saltar) 
Após salte 2 ou três linhas, vá para o meio da pagina e coloque 
Comarca, data (Centralizado) 
Advogado, OAB 
OBS: NÃO há a apresentação de rol de testemunhas, tendo em vista que elas já foram 
devidamente arroladas no momento oportuno, qual seja, a resposta a acusação. 
4. Caso Prático resolvido. 
 José foi preso em flagrante delito por policiais militares que faziam ronda de 
rotina, em local ermo, dentro de um veículo de sua propriedade, na companhia de Ana, 
menor de 14 anos, quepraticava em José, conduta de “felatio in ore”. 
 
No momento da abordagem, José alegou que conheceu Ana em um baile 
carnavalesco que acontecia naquele dia na cidade, e que após algumas horas juntos, 
havia sugerido irem até aquele local para a prática do ato sexual, sugestão aceita por 
Ana, sem maiores delongas. 
 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
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Inicialmente indagada sobre sua idade, ainda no local da abordagem, Ana alegou 
que tinha 16 anos de idade e que não trazia consigo nenhum documento de 
identificação. Conduzidos a presença do delegado de policia, este determinou que 
agentes fossem até a casa da mesma buscar sua certidão de nascimento, quando então se 
verificou que a mesma tinha 13 anos e 11 meses de idade, sendo conseqüentemente, 
José autuado em flagrante com base no artigo 217-A do Código Penal e posteriormente 
denunciado pelo Ministério Público. 
Finda a fase probatória e diante da complexidade dos fatos, o juiz concedeu 
prazo de 5 dias para que as partes apresentassem suas alegações finais por escrito. O 
Ministério Público apresentou os termos da acusação, requerendo a condenação do réu 
com base no artigo imputado na denúncia. 
Como advogado de José, elabore a peça pertinente. 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ 
Processo n.o____ 
José, já qualificado a fls. ____, por seu advogado e bastante procurador 
que esta subscreve, nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público do 
Estado de ____, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no 
artigo 403, § 3º. do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a 
seguir aduzidos, apresentar os seus 
MEMORIAIS 
nos seguintes termos: 
1. Dos Fatos. 
O réu foi capturado por policiais militares, em ronda de rotina, no 
interior de seu veículo, praticando ato sexual, em local afastado do fluxo normal de 
pessoas, na companhia de uma jovem que conhecerá naquele mesmo dia, em um baile 
carnavalesco da cidade e a quem propusera, após fazer a corte, a pratica consensual de 
ato sexual, o que foi aceito, sem mais delongas, pela mesma. 
No momento do colóquio inicial, a referida jovem afirmou ter 16 anos de 
idade, o que foi tomado pelo acusado como verdade, visto que a mesma apresentava 
formas e feições já completamente definidas e indicadoras da idade que alegava ter. No 
momento da abordagem policial, ao ser indagada sobre sua idade, a jovem voltou a 
afirmar, desta vez para as autoridades, que tinha 16 anos de idade e que não trazia 
consigo nenhum documento de identificação pessoal. 
A averiguação da real idade da jovem só pode ser realizada mediante 
diligências determinadas pelo Delegado de Polícia, que encaminhou policiais a sua casa 
para auferirem documentos, no caso, a sua certidão de nascimento, para só então ser 
possível estabelecer que a mesma era menor de 14 anos, oportunidade em que o acusado 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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foi autuado em flagrante delito pelo crime estupro de vulnerável, tipificado no artigo 
217-A do Código Penal Brasileiro. 
2. Do Mérito 
No mérito, a absolvição se impõe, pois os fatos deixam claro que o 
agente agiu sob a égide de um Erro de Tipo. 
A defesa admite, tratando-se de fato incontroverso e já demonstrado nos 
autos, que o acusado encontrava-se praticando ato sexual consentido com a referida 
jovem, no momento da abordagem policial. 
Ocorre que, ao ser indagada sobre sua idade, ainda nos instantes iniciais 
da conversa que ocorreu quando se conheceram no baile carnavalesco, a mesma afirmou 
ter 16 anos de idade. Tal fato não foi questionado pelo acusado, visto a mesma já ter 
compleição física bastante desenvolvida e compatível com a idade que afirmava ter e 
por encontrar-se, em um baile carnavalesco, local onde, segundo oentendimento do 
acusado e do bom senso médio, não estariam menores de 14 anos. No transcurso da 
conversa que tiveram, inclusive, nada demonstrou que a jovem tivesse idade 
incompatível com a que declarará ter, passando então, o acusado, a tomar esta 
informação como verdade e a propor, posteriormente, a prática do ato sexual, o que foi 
prontamente aceito pela jovem. 
Têm-se claramente, a manifestação de um Erro de Tipo referente à 
conduta do acusado, pois este se equivocou quanto a um dos elementos constitutivos do 
tipo penal incriminador, no caso, o fato da jovem ser menor de 14 anos. 
O instituto jurídico do Erro Sobre Elementos do Tipo está previsto no caput do artigo 20 
do Código Penal. Neste, ocorre um equivoco que incide sobre elementos objetivos do 
tipo penal, eliminando o dolo e podendo levar a punição por crime culposo, nos casos 
em que a lei prevê esta possibilidade. 
O Erro de Tipo é aquele que recai sobre as elementares e circunstâncias 
do crime. Tal erro é tão grave que impede que o agente compreenda o caráter criminoso 
do fato ou que conheça alguma circunstância a ele relacionada. Significa dizer que a 
conduta do agente que, por ignorância ou má interpretação da realidade, não sabe que 
está realizando um tipo objetivo, não pode ser tida como dolosa. 
Ensina a melhor doutrina, que o Erro de Tipo sobre as elementares, 
dependendo da gravidade, produz efeitos diversos: se vencível ou inescusável, ou seja, 
se o fato podia ter sido evitado mediante o emprego de alguma diligência por parte do 
agente, o dolo será excluído, mas será permitida a punição por crime culposo, se houver 
previsão legal deste; sendo invencível ou escusável, ou seja, se o fato não podia ter sido 
evitado mesmo que o agente empregasse alguma diligência, o dolo e a culpa serão 
excluídos levando à atipicidade do fato e à conseqüente exclusão do crime. 
Destaque-se que o Erro de Tipo sempre exclui o dolo seja evitável ou 
inevitável. Como dolo é elemento do tipo, a sua exclusão acarreta obrigatoriamente o 
expurgo da tipicidade do fato doloso, podendo restar à responsabilização do agente por 
crime culposo, desde que seja típica a modalidade culposa. Assim sendo, sempre que o 
agente, apesar de objetivamente realizar a conduta prevista no tipo, mas desconhecer um 
dos seus elementos estará agindo em erro de tipo, não atuando, assim, com dolo. 
OAB 2011.1 - 2ª FASE PENAL 
 Direito Penal 
 Geovane Moraes 
 
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Ocorre que, na denúncia apresentada, a conduta imputada ao acusado é 
definida nos termos do artigo 217-A, do Código Penal, como “ter conjunção carnal ou 
praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”. 
Que o acusado praticou ato libidinoso, como já dito, não se discute. Mas 
ao fazê-lo, encontrava-se em claro equivoco quanto ao fato de sua parceira ser menor de 
14anos de idade, manifestando um erro quanto a um dos elementos objetivos 
constitutivos do tipo penal em questão. 
Embora a defesa entenda ser este um erro escusável, a discussão sobre 
este ponto seria inócua, visto que dolo e erro de tipo são dois fenômenos que se 
excluem, ou seja, independentemente da modalidade de erro de tipo argüida, se 
escusável ou inescusável, não teríamos como visualizar dolo na conduta do agente, 
eliminando a possibilidade de manifestação do crime imputado pela peça acusatória, 
pois o ordenamento jurídico não prevê a prática deste crime tendo como elemento 
subjetivo do tipo a culpa. 
Não existindo tipo, não existe crime. Conseqüentemente, trata-se um 
caso inequívoco motivador de absolvição do acusado, nos termos do artigo 386, inciso 
VI, do Código de Processo Penal, tendo por fundamento a manifestação de 
circunstâncias que excluem o crime. 
3. Do Pedido. 
Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do 
acusado, com fundamento no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, pois 
assim fazendo estar-se-á realizando JUSTIÇA. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
5. Caso prático proposto. 
João da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente 
ano, por volta das 10 horas, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos 
contra seu vizinho Antonio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministério 
Público como incurso nas sanções do artigo 121, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos 
do Código Penal, porque teria agido com “animus necandi”. 
Segundo o apurado na instrução criminal, uma semana antes dos fatos, o 
acusado, planejando matar Antonio, pediu emprestado a uma colega de trabalho uma 
arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastecê-la completamente, 
guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem 
que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revólver. 
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No dia seguinte, conforme já esperava, João encontrou Antonio em um ponto de 
ônibus e, sacando a arma, acionou o gatilho diversas vezes, não atingindo a vítima em 
face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo da arma 
apreendida, a confissão do acusado e as declarações da vítima e do filho do acusado. 
Devido à complexidade dos fatos, o juiz concedeu às partes o prazo de 5 dias 
para apresentação de memoriais. Os memoriais da acusação foram oferecidos pelo 
representante do Ministério Público, requerendo a pronúncia do acusado nos exatos 
termos da denúncia. 
Como advogado de João da Silva, elabore a peça pertinente. 
 Endereçamento – Vara do Tribunal do Júri. 
 
 Tese – Crime impossível com base no Art. 17 do Código Penal. No Mérito falar 
dos requisitos do crime impossível, demonstrando os seus elementos que estão 
no caso concreto, mais especificamente a existência de ineficácia absoluta do 
meio empregado. 
 Pedido – absolvição sumária com base no absolvição sumária com base no Art. 
415, III, do Código de Processo Penal, pois o fato narrado não constitui crime.

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