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1 - fundamentos da microbiologia

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Microbiologia Básica 
e Ambiental
Fundamentos da Microbiologia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Jorge Henrique da Silva 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites 
5
• O que é microbiologia?
• A importância dos Microrganismos
• Contexto histórico e Evolutivo da 
Microbiologia
• Classificação dos Organismos
• O que são microrganismos?
• Nomenclatura dos Organismos
Leia atentamente o conteúdo desta unidade que possibilitará conhecer os conceitos básicos da 
Microbiologia, a importância dessa ciência e dos seres microscópios, os grandes grupos nos quais 
os seres vivos estão organizados e o sistema de nomenclatura utilizado para essa organização. 
Você encontrará, também, uma atividade composta por questões de múltipla escolha, 
relacionadas com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar 
conhecimentos e debater questões no fórum de discussão.
Nesta disciplina, Microbiologia Básica e Ambiental, você terá a 
oportunidade de aprender conceitos básicos em microbiologia: 
as características gerais dos microrganismos (bactérias, fungos, 
vírus, algas e protozoários); a interação desses organismos com 
os sistemas água, solo e ar; sua importância como indicadores 
de poluição ambiental; sua aplicação tecnológica em processos 
de degradação de poluentes e, também, na remediação de 
sistemas contaminados.
Fundamentos da Microbiologia
6
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Contextualização
Ao estudar a Microbiologia, o aluno será capaz de reconhecer os organismos que fazem parte 
do mundo microbiano, as inter-relações entre esses seres e com as demais formas de vida e as 
suas principais contribuições ao meio ambiente.
Os principais microrganismos estudados pela Microbiologia são as bactérias, os fungos, vírus, 
as algas microscópicas e os protozoários. Podemos considerar que os microrganismos estão 
presentes em todos os meios e sistemas, sejam eles naturais ou não.
Alguns dos microrganismos que habitam o corpo humano são denominados patógenos 
oportunistas, pois, normalmente, não causam doenças em uma pessoa saudável; entretanto, 
em condições ambientais diferentes, como a baixa imunidade do hospedeiro, o patógeno pode 
se desenvolver além do normal e causar diversas patologias.
A maioria dos microrganismos desempenha papel fundamental no equilíbrio da biosfera 
(o planeta Terra), constituindo a base da cadeia alimentar em todos os ecossistemas. Alguns 
grupos de microrganismos são responsáveis pela manutenção do ciclo da matéria, ou seja, de 
elementos essenciais para a vida.
Com o avanço das tecnologias nas diversas áreas, pesquisadores e cientistas do ramo da 
Microbiologia puderam desenvolver estudos para que conhecêssemos os microrganismos, sua 
importância e as possíveis formas de utilização dos mesmos para a manutenção da qualidade 
de vida e dos ecossistemas.
 Atualmente, sabemos que podemos aplicar/utilizar esses organismos em diversos processos 
produtivos – no tratamento de efluentes, na remediação de ambientes contaminados.
Não se pode considerar que a Microbiologia Ambiental seja apenas um ramo da Microbiologia, 
pois essa é uma área de interação entre duas ciências – Microbiologia e Ciências Ambientais – 
que se colocam a estudar a interação dos microrganismos com o ambiente (Figura 1). 
Figura 1- As Grandes áreas do conhecimento que compõe a Microbiologia Ambiental.
 Fonte: http://reocities.com/rainforest/2038/envmicro/envmicrop.htm 
 
7
 
 Explore
Para iniciarmos esta unidade, convidamos você a assistir o vídeo Introdução à Microbiologia. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uMdBrOed4uA. Esse vídeo aborda os conceitos 
e a história dessa ciência, e cita diversos atores (pesquisadores) que contribuíram com a sua formação. 
Apresenta, também, os grupos de microrganismos e suas aplicações em diversas áreas.
8
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
O que é microbiologia?
A Microbiologia (do grego micros: pequeno, bios: vida e logos: ciência), ciência do ramo da 
Biologia, tem como objetivo estudar todos os aspectos que envolvem os seres de um vasto e 
diverso grupo de organismos unicelulares de dimensões reduzidas (microrganismos), que podem 
ser encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos (cadeias ou massas) – 
sendo que as células, mesmo estando associadas, exibiriam um caráter fisiológico independente. 
Assim, com base nesse conceito, a microbiologia envolve o estudo de organismos procariotos 
(bactérias), eucariotos inferiores (fungos, protozoários e algas) e, também, dos vírus (Figura 1). 
Figura 1 – Os grandes grupos de microrganismos.
 
Fonte: Thinkstock/Getty Images - Wikimedia Commons
Essa ciência (a Microbiologia) estuda, também, a distribuição natural desses organismos, 
suas relações recíprocas e com outros seres vivos, seus efeitos benéficos e prejudiciais sobre os 
homens e as alterações físicas e químicas que provocam no meio ambiente.
Ressalta-se que os princípios da Biologia podem ser demonstrados através do estudo da 
Microbiologia, pois os microrganismos têm muitas características que os tornam instrumentos 
ideais para a pesquisa dos fenômenos biológicos. Os microrganismos fornecem sistemas 
específicos para a investigação das reações fisiológicas, genéticas e bioquímicas, que são a base 
da vida. Eles podem crescer de maneira conveniente em tubos de ensaio ou frascos, exigindo, 
assim, menos espaço e cuidados de manutenção quando comparados às plantas superiores e 
aos animais. Além disso, crescem rapidamente e se reproduzem num ritmo muito alto – algumas 
espécies bacterianas podem apresentar cerca de 100 gerações num período de 24 horas. 
Os processos metabólicos dos microrganismos seguem os padrões que ocorrem nos 
vegetais superiores e nos animais; portanto, em Microbiologia pode-se estudar os organismos 
em grandes detalhes e observar seus processos vitais durante o crescimento, a reprodução, o 
envelhecimento e a morte. 
Modificando-se a composição do meio ambiente, é possível alterar as atividades metabólicas, 
regular o crescimento e até alterar alguns detalhes do padrão genético – tudo isso sem causar a 
destruição do microrganismo.
9
Contexto histórico e Evolutivo da Microbiologia
A ciência da microbiologia iniciou a cerca de 200 anos, contudo a recente descoberta de 
DNA de Mycobacterium tuberculosis em uma múmia egípcia de 3.000 anos indica que os 
microrganismos têm estado por muito mais tempo ao nosso redor.
Pode-se dizer que a microbiologia começou quando se aprendeu a polir lentes, feitas a partir 
de peças de vidro, e a combiná-las até que se produzisse o efeito de aumento necessário para a 
visualização dos microrganismos. 
Durante o século XIII, Roger Bacon postulou que a doença era produzida por seres vivos 
invisíveis. A sugestão foi novamente feita por Fracastoro de Verona (1483-1553) e por Von 
Plenciz, em 1762, mas esses cientistas não dispunham de provas. 
No início de 1658, um monge chamado Kircher se referiu a “vermes” invisíveis a olho nu nos 
corpos em decomposição, no pão, no leite e em excreções diarreicas. 
Em 1665, Robert Hooke viu e descreveu células em um pedaço de cortiça. A descoberta de 
Hooke marcou o início da teoria celular – a teoria em que todas as coisas vivas são compostas 
por células. Investigações subsequentes a respeito da estrutura e das funções das células tiveram 
como base essa teoria.
Esses “pequenos organismos” foram, posteriormente, identificados em sua maioria como 
protozoários. Ao decorrer do século XVIII, novos microrganismos foram identificados com o 
auxílio dos microscópios, contudo, ainda não se estabelecia relação biológica desses organismos 
com outros seres.
Registros ligados ao estudo da microbiologia são datados desde 1675, quando, na Holanda, 
Antonie van Leeuwenhoekescreveu uma série de cartas para a Sociedade Real de Londres 
descrevendo “pequenos animais” encontrados na água da chuva, observados por meio de seu 
microscópio caseiro.
 Figura 2 - Leeuwenhoek, seu microscópio e suas anotações.
 
 Fonte: Wikimedia Commons
10
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Entretanto, o salto da microbiologia como ciência se deu em 1841, quando, empiricamente, 
Ignaz Semmelweis, em Viena, constata a possibilidade de transmissão interpessoal de agentes 
microscópicos por contato direto e a implicação desses em doenças para os seres humanos. 
O médico relacionou a falta de higienização das mãos durante a realização de partos com 
o grande aumento de infecção pós-parto, sendo que, após instituir medidas sanitárias, ele 
observou drástica redução das mortes também em outros hospitais.
Ainda no século XIX, grandes descobertas contribuíram significativamente para o 
conhecimento da microbiologia, como: os estudos de Pasteur, em 1861, com os estudos do papel 
dos fungos na fermentação anaeróbia; a publicação da primeira classificação das bactérias, em 
1875, por Ferdinand Cohn; a identificação da Neisseria gonorrhoeae como o primeiro patógeno 
causador de uma doença crônica, por Albert Neisser em 1879; o desenvolvimento de meios de 
cultura, colorações microbiológicas; o isolamento do bacilo da tuberculose por Robert Kock; e 
a publicação, em 1884, dos postulados de Koch, os quais norteiam atualmente o conceito de 
doença infecciosa. Esse período ficou conhecido como a idade de ouro da microbiologia. 
Vale destacar que os experimentos realizados no século XIX por diversos cientistas resultaram 
em muitos avanços para a microbiologia, como:
• o conceito (defendido por Pasteur) de que a vida deveria surgir de uma vida pré-
existente (Biogênese);
• o conhecimento do processo biológico da fermentação (Pasteur);
• o desenvolvimento de técnicas de esterilização, como, por exemplo, a pasteurização – 
tratamento térmico controlado que mata certos microrganismos, mas não elimina todas 
as bactérias presentes, utilizado para esterilizar alguns alimentos (Leite, queijos) e certas 
bebidas alcoólicas (cerveja e vinho). Esse processo foi baseado no tempo de morte térmica 
característica das espécies patogênicas (Mycobacterium tuberculosis) - 60ºC a 15 min.; 
• o desenvolvimento da teoria das doenças causadas por germes (Pasteur e Robert Koch);
• o desenvolvimento de vacinas a partir do bacilo do carbúnculo (Bacillus anthracis) morto 
e do vírus da raiva (Pasteur) atenuado ou enfraquecido;
• o desenvolvimento dos métodos de isolamento de microrganismos e cultivo na forma de 
cultura pura em meio nutritivo (Pasteur, Koch, Julius Petri e Frau Hesse);
• o estabelecimento de um procedimento científico para provar a teoria das doenças 
causadas por germes, conhecido como postulados de Koch.
A partir do século XIX, uma nova fase do desenvolvimento da microbiologia se inicia com a 
descoberta da penicilina por Alexandre Fleming – através do isolamento acidental da substância 
produzida por fungos Penicillium, que contaminaram sua cultura de Staphylococcus aureus e 
inibiram o crescimento dessa bactéria. 
Em 1939, inicia-se a terapia antimicrobiana em humanos com a descoberta das sulfonamidas, 
por Gerhardt Domagk. Em 1940, ocorre a produção em grande escala da penicilina para uso clínico.
11
Nas últimas décadas, a Microbiologia desenvolveu muitas pesquisas voltadas para o estudo 
do potencial biotecnológico dos microrganismos. Os resultados desses estudos têm mostrado 
a ampla capacidade de aplicação desses organismos para propiciar diversos benefícios em 
diversas áreas: farmacologia, alimentos, agricultura, indústria e meio ambiente.
Na área industrial, por exemplo, os microrganismos são utilizados na síntese de uma variedade 
de substâncias químicas, desde no ácido cítrico até nos antibióticos mais complexos e enzimas. 
Certos microrganismos são capazes de fermentar resíduos orgânicos, produzindo gás metano 
que pode ser coletado e utilizado como combustível. 
A biometalurgia explora as atividades químicas de bactérias para extrair minerais, como o 
cobre e o ferro, de minérios de baixa qualidade. A indústria do petróleo tem utilizado bactérias 
e seus produtos para aumentar a extração do petróleo.
Na área ambiental, os microrganismos e seus produtos, como as enzimas, são utilizados 
no tratamento de efluentes (esgoto) e na biorremediação de ambientes contaminados por 
substâncias tóxicas e recalcitrantes, como agrotóxicos e pesticidas. 
 
O que são microrganismos?
Os microrganismos são seres microscópicos em sua maioria, invisíveis a olho nu, o que faz 
com que, nos estudos de microbiologia, seja necessário o uso de instrumentos específicos – 
como o microscópio. 
Esse grupo de organismos é considerado o de maior diversidade biológica conhecida – 
morfológica, fisiológica e ecológica. Podem apresentar formas celulares das mais variadas, são 
metabolicamente capazes de realizar todos os tipos de reações bioquímicas conhecidas e podem 
ser encontrados em praticamente todos os ambientes, dos mais simples aos mais extremos, 
interagindo com esses e com outros seres vivos. 
Cabe ressaltar que todas as células vivas, inclusive os microrganismos, são basicamente 
semelhantes, elas compõem-se de protoplasma (do grego: a primeira substância formada), um 
complexo orgânico coloidal constituído principalmente de proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos. 
O conjunto é circundado por membranas limitantes ou parede celular, e todos contêm um 
núcleo ou uma substância nuclear equivalente. 
Todos os sistemas biológicos têm algumas características comuns, como: a) habilidade 
de reprodução; b) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares – 
metabolizando-as para suas necessidades de energia e de crescimento; c) habilidade de excreção 
de produtos de escória; d) capacidade de reagir a alterações do meio ambiente (algumas vezes 
chamada de “irritabilidade”); e e) suscetibilidade à mutação. 
Os principais grupos de microrganismos são as bactérias, os fungos, vírus, protozoários e as algas.
12
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
A importância dos Microrganismos
Alguns microrganismos habitam o corpo humano, entre eles podemos destacar os “patógenos 
oportunistas”. São assim conhecidos porque, normalmente, não causam doenças em uma pessoa 
saudável; entretanto, em condições de baixa imunidade do hospedeiro, esses microrganismos 
podem se desenvolver além do normal, causando uma diversidade de patologias.
Há, ainda, um grupo de microrganismos denominados patogênicos, pois são potencialmente 
capazes de provocar uma determinada doença nos seres humanos. Ressalta-se que, ao longo 
da história da humanidade, centenas de milhares de pessoas morreram em epidemias causadas 
por microrganismos – como a peste negra, febre tifoide, gripe espanhola, cólera, AIDS, ebola, 
gripe H1N1, dengue, febre amarela, entre outras – que, até então, não eram conhecidos ou, por 
falta de vacinas e/ou antibióticos, não tinham como ser combatidos.
A elevada capacidade de biodegradação de alguns microrganismos também apresenta aspectos 
negativos quando provoca a deterioração de alimentos e outros materiais (equipamentos, 
monumentos, etc.) utilizados por nós, provocando grandes perdas e prejuízos socioeconômicos.
Por outro lado, grande parte dos microrganismos desempenha um papel fundamental no 
equilíbrio e na manutenção da vida na biosfera (planeta Terra), realizando a decomposição da 
matéria (orgânica e inorgânica), propiciando a reciclagem de elementos essenciais para nutrir 
todos os seres vivos, independentemente de suas cadeias alimentares.
Considerando que os microrganismos estão presentes em todos os ambientes (habitados ou 
não por outros organismos) e que são muito importantes (tanto nos aspectos negativos quanto 
nospositivos), estudar Microbiologia contribuirá para que você (futuro gestor ambiental) possa 
propor e aplicar técnicas e processos sustentáveis para a preservação da qualidade ambiental 
ou para a remediação de sistemas contaminados.
Classificação dos Organismos
Desde os tempos de Aristóteles, os organismos vivos eram classificados de duas maneiras: 
plantas ou animais. Em 1735, o botânico sueco Carolus Linnaeus apresentou um sistema formal 
de classificação dividindo os organismos vivos em dois reinos: plantae e animalia. Utilizou nomes 
em latim para estabelecer uma “linguagem” comum para a sistemática. Contudo, à medida que 
as ciências biológicas se desenvolveram, os biólogos começaram a procurar por um sistema de 
classificação natural – um sistema que agrupasse os organismos com base nas suas relações 
ancestrais e permitisse ver a organização da vida.
Em 1857, Carl Von Nägeli, um contemporâneo de Pasteur, propôs que as bactérias e os 
fungos fossem colocados no Reino das Plantas. Em 1866, Ernest Haeckel propôs o Reino 
Protista para incluir bactérias, protozoários, algas e fungos.
13
Devido às discordâncias sobre a definição de protista, durante os 100 anos seguintes os 
biólogos continuaram a seguir a classificação de Von Nägeli, que colocava as bactérias e os 
fungos no Reino das Plantas.
Os fungos foram classificados em seu próprio reino em 1959 (o irônico é que o sequenciamento 
recente do DNA posicionou os fungos mais próximos dos animais do que das plantas). Com 
o advento da microscopia eletrônica, as diferenças físicas entre as células ficaram evidentes. O 
termo procarioto foi introduzido em 1937 por Edward Chatton, para distinguir as células sem 
núcleo das células nucleadas das plantas e dos animais.
Em 1961, Roger Stanier apresentou a definição atual dos procariotos: células nas quais o 
material nuclear (nucleoplasma) não é envolto por uma membrana nuclear.
Em 1968, Robert G. E. Murray propôs o Reino Prokaryotae. Posteriormente, em 1969, 
Robert H. Whittaker criou o sistema de cinco reinos, no qual os procariotos foram colocados no 
Reino Prokaryotae, ou Monera, e os eucariotos constituíram os outros quatro reinos. 
O Reino Prokaryotae foi criado com base em observações microscópicas; posteriormente, 
novas técnicas de biologia molecular revelaram que existem na realidade dois tipos de células 
procarióticas e um tipo de célula eucariótica.
Níveis taxonômicos
Todos os organismos podem ser agrupados em uma série de subdivisões que formam uma 
hierarquia taxonômica. Linnaeus desenvolveu essa hierarquia para sua classificação das plantas 
e dos animais. Uma espécie eucariótica é um grupo de organismos intimamente relacionados 
que se reproduzem entre si. 
Um gênero consiste em espécies que diferem entre si em certas características, mas são 
relacionadas pela descendência – por exemplo, Tabebuia, o gênero do Ipê, consiste em todos 
os tipos de Ipês (branco, rosa, amarelo) e, mesmo sabendo que cada espécie de Ipê difere das 
outras, elas são relacionadas geneticamente. 
Como um grupo de espécies forma um gênero, gêneros relacionados formam uma família. 
Um grupo de famílias similares forma uma ordem, e um grupo de ordens similares forma uma 
classe. Por sua vez, classes relacionadas formam um filo. Portanto, um organismo específico (ou 
espécie) tem um nome de gênero e um epíteto específico, e pertence a uma família, uma ordem, 
uma classe e a um filo. Todos os filos ou divisões relacionadas entre si formam um reino, e os 
reinos relacionados são reagrupados em um domínio (Figura 4).
14
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Figura 4 – Os níveis de classificação de um ser vivo (de espécie a Domínio)
 
Fonte: Peter Halasz/Wikimedia Commons
Os três Domínios
A descoberta de três tipos de células teve como base a observação de que os ribossomos 
não são os mesmos em todas as células. Os ribossomos fornecem um método de comparação 
celular, pois estão presentes em todas as células. A comparação das sequências de nucleotídeos 
no RNA ribossômico (rRNA) de diferentes tipos de células mostrou que existem três grupos 
celulares diferentes: os eucariotos e dois tipos diferentes de procariotos – as bactérias e as 
arquibactérias.
Em 1978, Carl R. Woese propôs elevar os três tipos de células para um nível acima de reino, 
chamado de domínio.
Woese acreditava que as arquibactérias e as bactérias, embora similares em aparência, 
deveriam formar seus próprios domínios separados na árvore evolutiva.
A Figura 5 mostra as relações entre os organismos vivos. As linhas mostram como cada grupo 
descende dos seus ancestrais. Destaca-se que os fundamentos da classificação e da taxonomia 
são necessários para entender a suscetibilidade dos diferentes microrganismos a vários métodos 
de utilização e controle.
15
Figura 5- Os três grandes domínios: Bacteria, Archea e Eukarya.
 
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2002)
Os organismos são classificados pelo tipo de células nos três domínios. Além das diferenças 
no rRNA, os três domínios diferem na estrutura lipídica da membrana, nas moléculas de RNA 
de transferência e na sensibilidade aos antibióticos.
Nesse esquema amplamente aceito, animais, plantas, fungos e protistas são reinos do 
domínio Eukarya. 
O domínio Bacteria inclui todos os procariotos patogênicos, assim como muitos dos procariotos 
não patogênicos encontrados no solo e na água. Os procariotos autotróficos (fotossintetizantes) 
também estão nesse domínio. O domínio Archaea inclui procariotos que não têm peptideoglicana 
nas suas paredes celulares e que, frequentemente, vivem em ambientes extremos e realizam 
processos metabólicos incomuns.
Archaea inclui três grupos principais:
1. Os metanógenos, anaeróbicos restritos que produzem metano (CH4) a partir de dióxido de 
carbono e hidrogênio;
2. Os halófilos extremos, que requerem altas concentrações de sais para sobreviver;
3. Os hipertermófilos, que normalmente crescem em ambientes quentes.
A relação evolutiva entre os três domínios é assunto atual de diversos pesquisadores. 
Originalmente, achava-se que as arquibactérias eram o grupo mais primitivo, enquanto as 
bactérias foram tidas como mais relacionadas aos eucariotos; estudos de rRNA indicam que o 
ancestral universal dividiu-se em três linhagens, e essa divisão levou à Archaea, à Bacteria e ao 
que finalmente tornou-se o nucleoplasma dos eucariotos: Eukarya (Figura 6).
16
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Os fósseis mais antigos conhecidos são os restos de procariotos que viveram há mais de 3,5 
bilhões de anos. As células eucarióticas evoluíram mais recentemente – algo em torno de 1,4 
bilhão de anos. De acordo com a teoria endossimbiótica, as células eucarióticas evoluíram a 
partir de células procarióticas vivendo uma dentro da outra, como endossimbiontes. Na verdade, 
as similaridades entre as células procarióticas e as organelas eucarióticas fornecem evidências 
fortes a favor dessa relação endossimbiótica (Figura 7).
Figura 6 - Algumas características de Archaea, Bacteria e Eukarya.
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2002).
Figura 7 - Principais diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas.
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2002).
17
Obs.: Os vírus não são classificados como parte de nenhum dos três domínios. Eles não são 
compostos por células e utilizam a maquinaria anabólica dentro da célula hospedeira para se 
multiplicar (reproduzir).
 
Nomenclatura dos Organismos
Os organismos vivos (inclusive os microrganismos) são agrupados em níveis de classificação, ou 
taxon, de acordo com as características similares. A cada organismo é atribuído um nome científico. 
A ciência da classificação, especialmente a classificação dos seres vivos, é chamada de 
taxonomia (do grego: nível de um sistema de classificação ou arranjo ordenado).O objetivo 
da taxonomia é classificar organismos vivos – ou seja, estabelecer relações entre um grupo e 
outro de microrganismos e os diferenciar. Devem existir em torno de 100 milhões de organismos 
vivos diferentes, sendo que menos de 10% foram descobertos e, muito menos, classificados e 
identificados. Ressalta-se que novas técnicas de biologia molecular e genética têm fornecido 
uma nova visão para a classificação e a evolução. 
A taxonomia também fornece uma referência comum para identificar organismos já 
identificados – por exemplo, quando uma bactéria suspeita de ter causado uma doença específica 
é isolada, as características dela são comparadas com uma lista de características de bactérias 
previamente classificadas para identificar a isolada. A taxonomia é uma ferramenta básica e 
necessária para os cientistas, fornecendo uma linguagem universal de comunicação.
Os organismos são classificados de acordo com seus graus de similaridade. Essas similaridades 
se devem ao parentesco – todos os organismos são relacionados pela evolução. 
Para classificar (e dar nome) um organismo, não podemos utilizar nomes comuns porque, 
muitas vezes, o mesmo nome é utilizado para muitos organismos diferentes em locais diferentes. 
Por exemplo, existem dois organismos diferentes com o mesmo nome: musgo espanhol, sendo que 
nenhum deles é realmente um musgo. Além disso, idiomas locais são utilizados para nomes comuns.
Como os nomes comuns podem induzir ao erro e estão em idiomas diferentes, um sistema 
de nomes científicos – denominado nomenclatura científica – foi desenvolvido no século XVIII.
Esse sistema de nomenclatura (nomeação), utilizado até hoje, foi estabelecido por Carolus 
Linnaeus (em 1735). Nesse sistema, cada organismo recebe dois nomes, ou um binômio, que 
são o nome do gênero e o nome da espécie –ambos são escritos sublinhados ou em itálico. 
O nome do gênero começa sempre com letra maiúscula e é sempre um substantivo. O nome 
da espécie começa com letra minúscula e geralmente é um adjetivo. Os nomes são latinizados 
porque o latim era a língua tradicionalmente utilizada pelos estudantes. Por convenção, após um 
nome científico ter sido mencionado uma vez, ele pode ser abreviado com a inicial do gênero 
seguida pelo específico.
18
Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Os nomes científicos podem, entre outras coisas, descrever um organismo, homenagear um 
pesquisador ou identificar os hábitos de uma espécie. Por exemplo, considere o Staphylococcus 
aureus, uma bactéria comumente encontrada na pele humana: Staphylo descreve o arranjo em 
cacho das células dessa bactéria; coccus indica que as células têm a forma semelhante a esferas; 
e, o específico, aureus, significa ouro em latim – a cor de muitas colônias dessa bactéria. A figura 
8 apresenta outros exemplos.
Figura 8 - Exemplos de nomes de microrganismos e seus respectivos significados
 
Fonte do nome genérico Fonte do epíteto específico
Salmonella typhimurium 
(bactéria)
Em homenagem ao 
microbiologista de saúde 
pública Daniel Salmon
Provoca estupor (typh-) 
em ratos (muri-)
Streptococcus pyogenes 
(bactéria)
Aparência de células em 
cadeia (Strepto-) Produz pus (pyo-)
Saccharomyces cerevisiae 
(levedura)
Fungo (-myces) que usa 
açúcar (saccharo-) Produz cerveja (cerevisia)
Penicillium chrysogenum 
(fungo)
Fungo de tufo ou pincel 
(penicill-) sob o microscópio
Produz um pigmento amarelo 
(chryso-)
Trypanosoma cruzi 
(protozoário)
Aparência espiralada, como 
um saca-rolha (Trypano-
bronca; Soma-corpo)
Em homenagem ao 
epidemiologista Oswaldo Cruz
Fonte: Adaptado de Tortora, Funke e Case (2002).
Considerando-nos como organismos, os humanos, nosso gênero e a nossa espécie são: Homo 
e sapiens – o substantivo, ou gênero, significa homem e o adjetivo, espécie, significa sábio.
19
Material Complementar
 Livros:
PELCZAR, J. M.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e 
aplicações. v.1. São Paulo: Makron Books. 1997.
PELCZAR, J. M.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e 
aplicações. v.2. (2.ed.). São Paulo: Makron Books. 1997.
Sites:
http://www.todabiologia.com/microbiologia/
http://www.microbiologia.vet.br/Oqueemicrobiologia.htm
http://www.sbmicrobiologia.org.br/
http://www.icb.usp.br/bmm/ 
http://www.microbiologia.ufrj.br/
http://pathmicro.med.sc.edu/portuguese/intro-port.htm
Vídeos: 
Os micróbios e o homem
https://www.youtube.com/watch?v=tYBlRouh2JU
A Aventura do Antibiótico
https://www.youtube.com/watch?v=XtP7WF8XjXU
Introdução à Microbiologia
https://www.youtube.com/watch?v=uMdBrOed4uA
Microbiologia Ambiental – CRBio
https://www.youtube.com/watch?v=sB_eip5JWkI
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Unidade: Fundamentos da Microbiologia
Referências
BOSSOLAN, N. R. S. Introdução à microbiologia. São Carlos: USP (IF/SC). 2002. Disponível em: 
<http://iseib.edu.br/biblioteca/wp-content/uploads/2013/05/INTRODU%C3%87%C3%83O-
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SILVA, E. R. Introdução ao estudo da microbiologia: teoria e prática. Brasília: IFB, 2013.
SILVEIRA, A. P. D.; FREITAS, S. S. (Eds.). Microbiota do solo e qualidade ambiental. 
Campinas: Instituto Agronômico, 2007. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
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TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 
TRABULSI, L.R.; et al. Microbiologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
Matéria de Microbiologia (Apostila). Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAABKuYAK/microbiologia-141-pag-a-timo-livro>.
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Anotações
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