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PONTO 5. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

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2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
1 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL III 
Estes apontamentos não substituem o estudo da doutrina 
indicada para acompanhamento da matéria 
 
PONTO 5. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
5.1. NOÇÕES GERAIS 
São requisitos fundamentais do controle de constitucionalidade: 
 a supremacia da Constituição em relação a quaisquer outros atos 
normativos, inclusive as emendas constitucionais (CR, art. 59); trata-
se de princípio que deriva da posição hierárquica superior da 
Constituição e de sua rigidez, em decorrência dos limites materiais 
e do mais difícil processo legislativo imposto para sua alteração (CR, 
art. 60). Esse princípio de supremacia impõe a compatibilidade 
vertical das normas à Constituição, como requisito de sua validade: 
só tem validade a norma compatível com a Constituição; 
 a atribuição de competência a um órgão, pela Constituição, para 
resolver os problemas de constitucionalidade, que variará conforme 
o sistema de controle adotado. 
Se, por um lado, a supremacia da Constituição é requisito essencial para 
permitir o controle de constitucionalidade dos atos normativos 
infraconstitucionais, por outro lado, a existência do mecanismo de 
controle de constitucionalidade também é requisito essencial para se 
garantir a supremacia da Constituição, pois onde não existir esse sistema 
de controle a Constituição será flexível, já que o legislador ordinário terá 
em suas mãos o Poder Constituinte ilimitado. 
Portanto, o controle de constitucionalidade é instrumento de afirmação 
da supremacia da Constituição sobre todos os demais atos normativos. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
2 
 
Assim, é possível conceituar o controle de constitucionalidade como 
mecanismo voltado a controlar a constitucionalidade material e formal 
das normas infraconstitucionais, aferindo a sua validade: 
 constitucionalidade formal: adequação das leis e demais atos 
normativos infraconstitucionais, quanto ao processo de sua 
elaboração, com observância do processo legislativo previsto na 
Constituição (CR, arts. 59 a 69); 
 constitucionalidade material: adequação do conteúdo das leis e 
demais atos normativos infraconstitucionais aos preceitos da 
Constituição. 
 
5.2. ESPÉCIES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 
I. CONTROLE PREVENTIVO: voltado a evitar o ingresso de norma jurídica 
inconstitucional no ordenamento jurídico. É um controle político, 
realizado pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, ainda no curso do 
processo legislativo: 
* Poder Legislativo: quando aprecia a constitucionalidade dos projetos de 
lei por meio de Comissão de Constituição e Justiça (CR, art. 58) e quando 
rejeita projeto de lei ou medida provisória por considerá-la 
inconstitucional; 
* Poder Executivo: quando veta projeto de lei por inconstitucionalidade 
(CR, art. 66, § 1º). 
 
II. CONTROLE REPRESSIVO JUDICIÁRIO: o controle repressivo incide sobre 
norma já editada. É realizado pelo Poder Judiciário. Há dois métodos ou 
sistemas de controle de constitucionalidade repressivo: 
1) Controle difuso ou concreto de constitucionalidade; 
2) Controle concentrado ou abstrato de constitucionalidade. 
1) CONTROLE DIFUSO OU CONCRETO DE CONSTITUCIONALIDADE (por via 
de defesa): caracteriza-se pela permissão dada a qualquer juiz ou tribunal 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
3 
 
para realizar no julgamento do caso concreto a análise sobre a 
compatibilidade do ordenamento jurídico com a Constituição. A 
declaração de inconstitucionalidade não é o objeto principal da ação, mas 
apenas uma questão prévia e indispensável ao julgamento do mérito (Ex.: 
uma pessoa ajuíza uma ação, requerendo o reconhecimento de um direito 
previsto em lei; o juiz indefere o seu pedido por entender que essa lei é 
inconstitucional). Nesse caso, a lei não incidirá no caso concreto, mas 
continuará válida e com força obrigatória em relação a terceiros. 
No Brasil, a possibilidade de controle difuso de constitucionalidade existe 
desde a Constituição de 1891, a 1ª Constituição da República. 
No controle difuso de constitucionalidade, para a declaração de 
inconstitucionalidade de qualquer ato normativo a Constituição 
estabelece a cláusula de reserva de plenário (CR, art. 97), segundo a qual 
a inconstitucionalidade só pode ser declarada pela maioria dos membros 
do tribunal (ou pela maioria do seu órgão especial, onde houver), sob 
pena de nulidade da decisão. 
O STF só dispensa a reserva de plenário em duas hipóteses: 
 quando já houver decisão plenária do tribunal sobre a 
inconstitucionalidade da norma, não será necessária nova decisão a 
seu respeito, no julgamento das demais causas; 
 quando já houver decisão do plenário do STF declarando a 
inconstitucionalidade do ato normativo, em controle difuso. 
Observadas essas condições, o controle difuso de constitucionalidade 
(declaração incidental de inconstitucionalidade) pode ser feito por 
qualquer juiz ou tribunal, podendo a questão chegar ao Supremo 
Tribunal Federal por meio de recurso extraordinário (CR, art. 102, III). No 
STF também é obrigatória a observância da cláusula de reserva de 
plenário. 
Súmula vinculante n. 10 do STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário 
(CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não 
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
4 
 
Em regra, a decisão do STF sobre a constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade de ato normativo, em controle difuso, só faz coisa 
julgada entre as partes (efeito inter partes) e não impede os demais 
órgãos do Poder Judiciário de continuar julgando de forma diferente. No 
entanto, há duas hipóteses em que esta decisão pode ser estendida a 
todos: 
 Quando a lei declarada inconstitucional tiver sua execução 
suspensa pelo Senado Federal (CR, art. 52, X): declarada pelo STF a 
inconstitucionalidade de ato normativo, em controle difuso, o STF 
poderá oficiar o Senado Federal para que este, no exercício da 
atribuição prevista no art. 52, X, da Constituição, possa suspender a 
execução da lei declarada inconstitucional, no todo ou em parte. 
Essa decisão, de suspender ou não a execução da lei, é ato político e 
discricionário do Senado Federal, devendo ser votada por seus 
membros e, se for aprovada, será veiculada por meio de uma 
Resolução. Se a Resolução for aprovada e publicada, não pode ser 
posteriormente revogada. O Senado pode suspender a execução de 
lei federal, estadual, distrital ou mesmo municipal declarada 
inconstitucional. O efeito dessa suspensão é ex nunc (a partir da 
publicação da Resolução); 
 Quando o STF, com base em decisões reiteradas de 
inconstitucionalidade, em controle difuso, editar súmula 
vinculante (CR, art. 103-A): a súmula vinculante tem efeito 
vinculante em relação a todos os órgãos do Poder Judiciário e em 
relação à Administração Pública federal, estadual e municipal. 
Não incidindo nenhuma dessas hipóteses de exceção, a declaração de 
inconstitucionalidade em controle difuso permanece com seus efeitos 
restritos às partes do processo. 
Controle no curso do processo legislativo: o STF permite 
excepcionalmente o controle difuso de constitucionalidade de projeto de 
lei ou de projeto de emenda constitucional, por meio de mandado de 
segurança impetrado por parlamentar (Deputado ou Senador), para 
defesa de seu direito líquido e certo de somente participar de processo 
legislativo conforme as normas constitucionais que regem o processo 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
5 
 
legislativo. No julgamento desse mandadode segurança o STF pode 
declarar a inconstitucionalidade do projeto de lei, obrigando o órgão 
legislativo à observância do processo legislativo. 
 
2) CONTROLE CONCENTRADO OU ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE 
(por via de ação): caracteriza-se pela competência atribuída 
exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal para julgar originariamente 
ação direta de inconstitucionalidade ou ação declaratória de 
constitucionalidade, procedendo a análise sobre a compatibilidade do 
ordenamento jurídico com a Constituição, para ao final declarar a 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo em tese, 
como objeto principal da ação, cuja decisão vincula a todos 
indistintamente. 
No Brasil, esse método de controle concentrado existe desde a Emenda 
Constitucional n. 16, de 6-12-1965, inspirado nas cortes constitucionais 
europeias (Áustria, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal), enquanto o 
controle difuso se inspira basicamente no sistema dos Estados Unidos. 
A Constituição prevê as seguintes espécies de ações de controle 
concentrado de constitucionalidade: 
1. Ação direta de inconstitucionalidade – ADIn (CR, art. 102, I, a); 
2. Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (CR, art. 36, III); 
3. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (CR, art. 103, § 2º); 
4. Ação declaratória de constitucionalidade (CR, art. 102, I, a, in fine); 
5. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF (CR, 
art. 102, § 1º). 
 
5.3. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 
I. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADIn) – CR, art. 102, I, a 
Finalidade: a ADIn tem por finalidade retirar do ordenamento jurídico lei 
ou ato normativo incompatível com a Constituição, figurando o STF como 
legislador negativo. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
6 
 
a) Objeto: 
- É cabível ADIn para declarar a inconstitucionalidade de ato normativo 
federal, estadual e distrital (DF no exercício de competência equivalente a 
de Estado), que esteja em vigor e que tenha sido editado após a 
Constituição. Não é cabível contra ato normativo editado antes da 
Constituição ou ato normativo já revogado. 
- São passíveis de ADIn: 
* todos os atos normativos primários, ou seja, originados 
diretamente da Constituição, especialmente aqueles previstos no art. 59 
da Constituição (emenda constitucional, lei complementar, lei ordinária, 
lei delegada, medida provisória, resolução e decreto legislativo); 
* atos normativos editados pelos tribunais, que não sejam 
derivados de legislação infraconstitucional; 
* decretos autônomos do Presidente da República (CR, art. 84, VI); 
* tratados e convenções internacionais incorporados ao 
ordenamento jurídico nacional; 
- Não são passíveis de ADIn: 
* os atos normativos secundários, assim considerados os decretos e 
demais atos voltados a regulamentar uma lei; 
* os atos normativos anteriores à Constituição e os já revogados; 
* as leis municipais e as leis do Distrito Federal editadas por 
competência municipal. As leis municipais só são passíveis de ação de 
inconstitucionalidade em face da Constituição Estadual, de competência 
do Tribunal de Justiça Estadual (CR, art. 125, § 2º); 
* atos normativos e atos administrativos de efeito concreto ( ato 
que produz um efeito concreto e nele esgota o seu objetivo). Ex.: Edital de 
licitação; edital de concurso público; portaria que designa um servidor 
para o exercício de uma função etc. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
7 
 
b) Legitimação para ajuizamento da ADIn: são legitimados os agentes e 
entidades indicados no art. 103 da Constituição. São legitimados 
universais aqueles que não precisam demonstrar o seu interesse no 
ajuizamento da demanda. São legitimados não universais aqueles que 
precisam demonstrar a pertinência temática entre o ajuizamento da ação 
e as suas atribuições institucionais (Governador de Estado, Mesas de 
Assembleias Legislativas e de Câmara Distrital e confederações ou 
entidades de classe de âmbito nacional – CR, art. 103, IV, V e IX). Todos os 
demais legitimados são universais. 
c) Procedimento da ADIn. Lei n. 9.868/1999 
I. Petição inicial (art. 3º): fundamentos jurídicos, com indicação dos 
dispositivos atacados, e pedido específico; 
II. Informações (art. 6º): o relator pedirá informações à autoridade da 
qual emanou o ato normativo atacado (Presidente da República, 
Governador de Estado e do DF, Congresso Nacional, Assembleia Legislativa 
ou Câmara Distrital, Tribunal); as informações serão prestadas em 30 dias; 
III. Intervenção de terceiros (art. 7º): não se admite a intervenção de 
terceiros na ADIn; o STF não admite a formação de litisconsórcio ativo ou 
passivo; o relator, entendendo presente a relevância e a 
representatividade, pode admitir a manifestação de outros órgãos e 
entidades interessados na condição de “amicus curiae” (amigos da corte), 
apenas para auxiliar na instrução do processo, mas esses órgãos não 
podem aditar a petição inicial e nem fazer pedidos, apenas apresentando 
suas considerações sobre o objeto da ação (§ 2º). 
IV. Advogado-Geral da União (CR, art. 103, § 3º; Lei n. 9.868/1999, art. 
8º): compete ao Advogado-Geral da União a defesa do ato normativo 
impugnado, seja estadual ou federal, pois ele atua como curador especial 
do princípio da presunção de constitucionalidade das leis e atos 
normativos (função defensiva); apenas excepcionalmente o STF admite 
que o AGU se manifeste pela inconstitucionalidade do ato normativo, seja 
quando o ato fere interesse da União, seja quando a norma já tenha sido 
declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso. O Advogado-Geral 
da União terá 15 dias para se manifestar. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
8 
 
V. Procurador-Geral da República - Ministério Público da União (CR, art. 
103, § 1º; Lei n. 9.868/1999, art. 8º): após a manifestação do Advogado-
Geral da União, o relator abrirá prazo de 15 dias para manifestação do 
Procurador-Geral da República, que poderá se posicionar livremente pela 
constitucionalidade ou pela inconstitucionalidade do ato normativo 
(princípio da independência funcional do Ministério Público – CR, art. 
127). O PGR pode se posicionar até mesmo pela inconstitucionalidade do 
ato normativo em ADIn por ele proposta, mas essa manifestação não 
representa desistência e nem vincula o STF. 
VI. Instrução (art. 9º): após todas as manifestações anteriores, o relator 
poderá, no prazo de 30 dias, se entender necessário para a instrução da 
causa: (a) requisitar novas informações adicionais à autoridade que editou 
o ato normativo; (b) nomear perito para elaborar parecer sobre o tema da 
ação; (c) realizar audiência pública para ouvir pessoas com experiência na 
matéria; (d) solicitar informações a Tribunais federais e estaduais sobre a 
aplicação da norma impugnada. 
VII. Julgamento: a ADIn é julgada pelo Plenário do STF (princípio da 
reserva de plenário – CR, art. 97), sendo necessário quórum de 08 
Ministros para instalar a sessão de julgamento (Lei n. 9.868/1999, art. 22) 
e o voto de maioria absoluta dos Ministros (06 Ministros) para declarar a 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo (art. 23). 
* Natureza dúplice da ADIn (art. 24): (1) se o ato normativo for julgado 
inconstitucional – a ação será julgada procedente; (2) se o ato normativo 
for julgado constitucional – a ação será julgada improcedente 
* Efeitos da decisão da ADIn (CR, art. 102, § 2º; Lei n. 9.868/1999, arts. 
27 e 28, parágrafo único): a declaração de constitucionalidade ou de 
inconstitucionalidade produz os seguintes efeitos: 
 - efeito erga omnes (art. 28): efeito geral, em relação a todos os 
sujeitos submetidos à jurisdiçãodo STF, e não apenas em relação aos que 
participaram do processo; 
 - efeito ex tunc (art. 27): a declaração de inconstitucionalidade 
possui efeito retroativo, retirando a validade do ato normativo desde a 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
9 
 
sua origem, retroativamente (porque atos inconstitucionais são nulos), 
mas o STF, por voto de 2/3 dos seus membros (08 Ministros), pode 
modular os efeitos da sentença, concedendo efeito ex nunc (a partir da 
decisão) ou a partir de qualquer outro momento. O STF já declarou 
inconstitucionalidade de norma a partir de data futura, para permitir ao 
Poder Legislativo a adição de nova norma, em substituição à anterior, 
declarada inconstitucional, a fim de preservar a segurança jurídica. 
 - efeito vinculante (art. 28): a decisão vincula todos os órgãos do 
Poder Judiciário e a Administração Pública federal, estadual e municipal. 
Dessa forma, fica vedado o controle difuso da norma já declarada 
constitucional ou inconstitucional pelo STF, em sede de controle 
concentrado; 
 - efeito repristinatório: ao nulificar desde a sua origem uma norma 
que revogava outra norma anterior (efeito ex tunc), a norma revogada 
volta a vigorar, como se jamais houvesse sido revogada. Esse efeito 
poderá ser modulado pelo STF. 
VIII. Recurso (art. 26): a decisão é irrecorrível, só podendo ser interpostos 
embargos declaratórios, para aclarar a decisão. A decisão não está sujeita 
a ação rescisória. 
IX. Medida cautelar (arts. 10 e 11 da Lei n. 9.868/1999): poderá ser 
concedida medida cautelar, suspendendo a eficácia do ato normativo 
impugnado, de imediato, antes do julgamento do mérito da ADIn, com 
efeito ex nunc (a partir da decisão cautelar), salvo se o STF entender 
necessário o efeito ex tunc (retroativo). A medida cautelar será julgada 
por, pelo menos, 08 Ministros, e será concedida pelo voto de, pelo menos, 
06 Ministros (maioria absoluta). 
 
II. AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO - ADO (CR, art. 
103, § 2º) 
Finalidade: a Ação de Inconstitucionalidade por omissão (ADO) tem por 
finalidade o reconhecimento da omissão normativa que impede a plena 
eficácia das normas constitucionais de eficácia limitada. 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
10 
 
 Tem cabimento a ação quando configurada a omissão do Poder Público, 
que se abstém por um período razoável de cumprir um dever que a 
Constituição lhe atribuiu. 
A inconstitucionalidade consiste na conduta omissiva (negativa), sempre 
que a Constituição determina uma conduta positiva (normativa) ao Poder 
Público, com a finalidade de garantir a aplicabilidade e eficácia da norma 
constitucional. 
Segundo o STF, a omissão pode ser: 
* omissão total (absoluta): quando não há o cumprimento do dever de 
legislar; 
* omissão parcial (relativa): quando a norma existe, mas disciplina de 
forma insuficiente o direito constitucionalidade. 
a) Objeto: 
É cabível ADO para suprir omissão normativa não apenas do Poder 
Legislativo, mas de qualquer dos três Poderes, inclusive de órgãos 
administrativos (CR, art. 103, § 2º): atos normativos primários de 
competência do Poder Legislativo (CR, art. 59), atos normativos 
primários e secundários do Poder Executivo e Judiciário (decretos 
autônomos e regulamentadores, resoluções, regimentos, portarias etc.). 
Portanto, a omissão pode consistir em falta de regulamentação a um 
dispositivo da Constituição (omissão de ato normativo primário) e 
também em falta de regulamentação a um dispositivo de lei (omissão de 
ato normativo secundário). 
b) Legitimação para ajuizamento da ADO: são os mesmos legitimados 
para a ADIn genérica, art. 103 da CR (art. 12-A da Lei 9.868/1999); 
c) Procedimento da ADO. Lei n. 9.868/1999 
O procedimento da ADO é praticamente o mesmo da ADIn genérica, com 
algumas peculiaridades: 
I. Petição inicial (art. 12-A): a petição deve indicar a omissão 
inconstitucional, total ou parcial, e o pedido com suas especificações; 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
11 
 
II. Informações (art. 12-E c/c art. 6º): o relator pedirá informações à 
autoridade a quem se imputa a omissão, no prazo de 30 dias; os demais 
legitimados para a ADO também poderão apresentar manifestações e 
pedir a juntada de documentos, no prazo das informações (art. 12, § 1º). 
III. Advogado-Geral da União (CR, art. 103, § 3º; art. 12-E, § 2º, da Lei n. 
9.868/1999): não é necessária a citação do AGU, porque não há ato 
normativo a ser defendido, mas o relator poderá solicitar a sua 
manifestação no prazo de 15 dias (STF); 
IV. Procurador-Geral da República - Ministério Público da União (CR, art. 
103, § 1º; Lei n. 9.868/1999, art. 8º): terá prazo de 15 dias para 
manifestação se não for o autor da ADO; 
V. Instrução (art. 12-E): idêntico à ADIn genérica; 
VI. Decisão (CR, art. 103, § 2º e Lei n. 9.868/1999, art. 12-A c/c art. 22): a 
ADO é julgada pelo Plenário do STF, com quórum mínimo de 2/3 (8 
Ministros) e o voto de maioria absoluta dos Ministros (06 Ministros) para 
declarar a inconstitucionalidade por omissão (CR, art. 97). Julgando 
procedente a ação, o STF não pode suprir o ato normativo (princípio da 
separação dos Poderes), devendo cientificar o órgão em mora normativa, 
para que o faça. Trata-se de decisão com caráter mandamental, 
constituindo em mora o poder competente, o que possibilita ao 
prejudicado responsabilizar o Estado por ato ilícito omissivo. 
 O conteúdo da decisão será diferente, conforme for o órgão reputado em 
mora normativa: 
 Poder competente: é dado ciência ao Poder competente, podendo 
o STF fixar prazo para o início da consequência jurídica da 
inconstitucionalidade. Ex.: na ADO 3.682 o STF declarou a 
inconstitucionalidade por omissão de lei federal complementar 
regulamentadora da criação de municípios, exigida pelo art. 18, § 
4º, da CR; o STF deu ciência da decisão ao Congresso Nacional e 
fixou prazo de 24 meses, a partir do qual, os Municípios criados sem 
observância da legislação deixariam legalmente de existir. Ao final, 
2014/2 PROF. HELDER AMORIM 
 
12 
 
o Congresso aprovou a EC 57/2008, convalidando os atos de criação 
dos Municípios criados sem observância à legislação; 
 
 Órgão administrativo: será cientificado da decisão, para que 
produza o ato normativo no prazo de 30 dias, ou outro prazo 
razoável estabelecido pelo STF, sob pena de responsabilidade. 
 
Efeitos da decisão da ADO (Lei n. 9.868/1999, art. 12-H, § 2º): 
 - efeito erga omnes (art. 28): efeito geral, em relação a todos os 
sujeitos submetidos à jurisdição do STF, e não apenas em relação aos que 
participaram do processo; 
 - efeito ex tunc (art. 27): a declaração de inconstitucionalidade por 
omissão possui efeito retroativo; 
VII. Medida cautelar (art. 12-F da Lei n. 9.868/1999): o STF poderá 
conceder medida liminar pelo voto de, pelo menos, 06 Ministros (maioria 
absoluta), em sessão com, pelo menos, 08 Ministros (2/3), consistindo a 
medida em : 
 Suspensão da aplicação da lei ou ato normativo questionado, em 
caso de omissão parcial; 
 Suspensão de processos judicias ou procedimentos administrativos; 
 Outras providências fixadas pelo STF. 
 
III. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC (art. 102, I, a, 
in fine) 
 
Finalidade: as leis e demais atos normativos gozam de presunção relativa 
de constitucionalidade. Esta presunção pode ser afastada pelos órgãos do 
Poder Judiciário, quando, no controle difuso de constitucionalidade, 
reconhecem a inconstitucionalidade da norma. A finalidade da ADC é 
afastar a insegurança jurídica ou o estado de incerteza jurídica criado por 
estas manifestações difusas de inconstitucionalidade, transferindo para 
2014/2PROF. HELDER AMORIM 
 
13 
 
o STF a decisão concentrada, definitiva e vinculante sobre a 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo. 
 
b) Objeto: 
É cabível ADC para declaração de constitucionalidade das mesmas 
normas passíveis de ADIn, mas apenas as normas federais: atos 
normativos primários federais, editados após a Constituição e que não 
tenham sido revogados. 
Para admitir-se a ADC, o autor deve demonstrar a existência de 
controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do dispositivo objeto da 
ação declaratória (Lei n. 9.868/1999, art. 14, III). 
 
b) Legitimação para ajuizamento da ADC (CR, art. 103, caput): são 
legitimados os mesmos agentes e entidades legitimados para a ADIn 
genérica, indicados no art. 103 da Constituição. Também aqui é necessária 
a demonstração de pertinência temática pelos entes legitimados não 
universais (Governador de Estado, Mesas de Assembleias Legislativas e de 
Câmara Distrital e confederações ou entidades de classe de âmbito 
nacional – CR, art. 103, IV, V e IX). Todos os demais legitimados são 
universais. 
OBS: Antes da EC/45, os legitimados para a ADC eram apenas aqueles 
quatro previstos no § 4º do art. 103 da Constituição, os quais eram 
repetidos pelo art. 13 da Lei n. 9.868/1999. A partir da EC/45 os 
legitimados para a ADC passaram a ser os mesmos da ADIn genérica (CR, 
art. 103, caput), razão pela qual o art. 13 da Lei n. 9.868/1999 foi 
derrogado, porque incompleto. 
c) Procedimento da ADC. Lei n. 9.868/1999 
I. Petição inicial (art. 14): a petição inicial deve conter 
- indicação do dispositivo de lei questionado, com os fundamentos 
jurídicos que sustentam sua constitucionalidade; 
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- o pedido de declaração de constitucionalidade; 
- a demonstração da controvérsia judicial sobre a aplicação do dispositivo 
questionado. 
II. Informações: na ADC não há requisição de informações às autoridades 
que elaboraram o ato normativo impugnado, como ocorre na ADIn; 
III. Intervenção de terceiros (art. 18): não se admite a intervenção de 
terceiros na ADC; 
IV. Advogado-Geral da União: não há necessidade de citação do 
Advogado-Geral da União, já que o objetivo da ação é exatamente afirmar 
a presunção de constitucionalidade da norma jurídica; 
V. Procurador-Geral da República - Ministério Público da União (CR, art. 
103, § 1º; Lei n. 9.868/1999, art. 19): o relator abrirá prazo de 15 dias 
para manifestação do Procurador-Geral da República, que poderá se 
posicionar livremente pela constitucionalidade ou pela 
inconstitucionalidade do ato normativo (princípio da independência 
funcional do Ministério Público – CR, art. 127); 
VI. Instrução (art. 20): após a manifestação do PGR, o relator poderá, no 
prazo de 30 dias, se entender necessário para a instrução da causa: (a) 
nomear perito para elaborar parecer sobre o tema da ação; (b) realizar 
audiência pública para ouvir pessoas com experiência na matéria; (c) 
solicitar informações a Tribunais federais e estaduais sobre a aplicação 
da norma impugnada. 
VII. Julgamento: a ADC é julgada pelo Plenário do STF nos mesmos termos 
da ADIn genérica, observado o mesmo quórum e o mesmo número de 
votos para declaração, nos termos dos arts. 22 e 23 da Lei n. 9.868/1999. 
* Natureza dúplice da ADC (art. 24): (1) se o ato normativo for julgado 
constitucional – a ação será julgada procedente; (2) se o ato normativo for 
julgado inconstitucional – a ação será julgada improcedente. 
* Efeitos da decisão da ADIn (CR, art. 102, § 2º; Lei n. 9.868/1999, arts. 
27 e 28, parágrafo único): a declaração de constitucionalidade ou de 
inconstitucionalidade produz os mesmos efeitos erga omnes, ex tunc, e 
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15 
 
vinculante da decisão proferida na ADIn genérica, com possibilidade de 
modulação do efeito pelo STF. 
VIII. Recurso (art. 26): a decisão é irrecorrível, só podendo ser interpostos 
embargos declaratórios, para aclarar a decisão. A decisão não está sujeita 
a ação rescisória. 
IX. Medida cautelar (art. 21 da Lei n. 9.868/1999): poderá ser concedida 
medida cautelar, suspendendo-se o julgamento dos processos que 
envolvam a aplicação do ato normativo questionado, até o julgamento 
definitivo da ADC; esta decisão cautelar terá efeito ex nunc (a partir da 
decisão cautelar), salvo se o STF entender necessário o efeito ex tunc 
(retroativo). O STF deve julgar a ADC no prazo de 180 (cento e oitenta) 
dias a partir da concessão da medida liminar, sob pena de perda de sua 
eficácia (art. 21, parágrafo único). A medida cautelar será julgada por, pelo 
menos, 08 Ministros, e será concedida pelo voto de, pelo menos, 06 
Ministros (maioria absoluta). 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA (CR, art. 36, 
III) 
O art. 34 da Constituição da República prevê sete hipóteses que autorizam 
a intervenção federal (intervenção da União nos Estados e no DF), para 
garantia de diversos valores constitucionais. Em regra, essa intervenção 
consiste em medida política, cabendo privativamente ao Presidente da 
República decretá-la e executá-la (CR, art. 84, X), após aprovação do 
Congresso Nacional (CR, art. 49, IV). 
No entanto, na hipótese do inciso VII do art. 34 da Constituição (quando o 
Estado ou DF viola princípios sensíveis da Constituição) e no caso de 
recusa à execução de lei federal, a decretação da intervenção depende de 
provimento, pelo STF, de representação do Procuradora-Geral da 
República. 
Essa representação consiste na Ação Direta Interventiva, que tem dupla 
finalidade: 
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- declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo estadual 
(finalidade jurídica); e 
- decretar a intervenção federal no Estado-membro ou DF, 
temporária e excepcional, para pôr fim à medida ou situação 
inconstitucional (finalidade política). 
Trata-se, por isso, de ação direta de efeitos concretos, razão pela qual não 
admite medida liminar. 
Julgada procedente a ação interventiva, o STF dará ciência à autoridade 
estadual/distrital interessada e ao Presidente da República (único 
competente para executar a intervenção), para que adote as providências 
necessárias. 
Se for suficiente, o decreto de intervenção a cargo do STF se limitará a 
suspender a execução do ato estadual/distrital impugnado. Não sendo 
suficiente, caberá ao Presidente da República executar a intervenção, 
rompendo momentaneamente a autonomia do Estado, até fazer cessar a 
inconstitucionalidade. 
 
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADPF: 
CR, art. 102, § 1º e Lei n. 9.882/1999 
Prevista no art. 102, § 1º, da Constituição da República, a Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF é um tipo de ação 
autônoma, ajuizada exclusivamente perante o STF, que tem por objeto 
evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição da 
República, resultante de ato do Poder Público, assim entendidos os 
preceitos que disciplinam os princípios fundamentais (Título I – arts. 1º ao 
4º), as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º), os direitos e garantias 
fundamentais (Título II), os princípios da ordem econômica (art. 170) e da 
ordem social (art. 193) etc. 
Essa ação, diferentemente da ADIn e da ADC, visa atacar qualquer tipo de 
ato do Poder Público (não apenas ato normativo) que seja violador de 
preceito fundamental da Constituição. 
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17 
 
A ADPF é disciplinada pela Lei n. 9.882/1999, que não traz o conceito 
preciso de “preceito fundamental”, deixando esse encargo à 
jurisprudência do STF, que delimitará o conceito em julgamentos, caso a 
caso. 
À luzdo art. 1º da Lei n. 9.882/1999, a ADPF é cabível para: 
I – evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do 
Poder Público: pode ser atacado por ADPF qualquer ato, normativo ou 
não, de efeito concreto ou abstrato, de âmbito federal, estadual, distrital 
ou municipal, que viole preceito fundamental, ainda que o ato tenha sido 
praticado antes da Constituição. Estão excluídos da ADPF os atos 
normativos que possam ser impugnados por ADIn e ADC, capaz de sanar 
a lesividade (art. 4º, § 1º). Por isso se diz que a ADPF é uma medida 
subsidiária, sujeitando-se ao princípio da subsidiariedade. 
Sendo assim, é cabível ADPF contra: 
- atos normativos municipais; 
- atos normativos anteriores à Constituição; 
- atos normativos secundários (decretos regulamentares); 
- atos normativos de efeito concreto (ex: edital de licitação, portaria de 
nomeação de servidor etc); 
- atos administrativos de qualquer dos três Poderes, em qualquer âmbito 
federativo (contrato administrativo, concurso público, decisão de tribunal 
de contas etc.). 
Legitimidade: os legitimados são os mesmos da ADIn. 
II – estancar lesão a preceito fundamental, praticada por autoridade 
judiciária ou administrativa, no curso de um processo judicial ou 
administrativo, em interpretação dada a ato normativo federal, estadual 
ou municipal, inclusive anterior à Constituição (ar. 1º, parágrafo único, I, 
da Lei n. 9.882/1999): nesse caso a ADPF é ajuizada perante o STF com o 
fim de abreviar o controle difuso, para que não seja necessário aguardar 
que o tema chegue ao STF para obter uma decisão definitiva, para ensejar 
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uma súmula vinculante ou para ensejar a suspensão do ato normativo 
pelo Senado Federal (CR, art. 52, X), tendo em vista a urgência de uma 
decisão imediata, ampla e capaz de vincular todos os órgãos do Poder 
Judiciário e do Poder Executivo. 
Percebendo que uma decisão do Poder Judiciário ou da Administração 
Pública, num caso concreto, fere preceito fundamental da Constituição, 
qualquer dos legitimados da ADIn ou ADC poderá ajuizar a ADPF perante o 
STF. 
Exemplos de ADPF: 
- ADPF 132: protocolada pelo governador do estado do Rio de Janeiro, 
questiona o não reconhecimento de uniões civis entre casais 
homoafetivos por parte de órgãos do poder público (cartórios). Declarada 
procedente em maio de 2011. 
- ADPF 153: protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil, questiona a 
constitucionalidade da lei nº 6.683 de 28 de agosto de 1979 (lei anterior à 
Constituição de 1988), a chamada "lei da Anistia". Julgada improcedente, há 
recurso de embargos de declaração pendente. 
- ADPF 186: protocolada em 20 de julho de 2009 pelo Partido Democratas, 
com o fim de obter a declaração de inconstitucionalidade de atos 
normativos e administrativos praticados pela Universidade de Brasília – 
UNB (autarquia federal), que resultaram na instituição de cotas raciais na 
admissão de alunos. A arguição foi julgada improcedente pelo STF em 26 de 
abril 2012. 
 
5.4. SÚMULA VINCULANTE – CR, art. 103-A e Lei n. 11.417/2006 
As súmulas vinculantes surgem com a EC/45, a partir da necessidade de 
reforço à ideia de uma única interpretação jurídica para o mesmo 
dispositivo constitucional ou legal, de forma a assegurar a unidade 
interpretativa (princípio da segurança jurídica) e a aplicação equânime do 
texto constitucional a todos os casos idênticos (princípio da isonomia). 
São esses mesmos princípios os objetivos visados quando a Constituição 
confere competência ao STF e ao STJ para julgar o recurso extraordinário e 
o recurso especial, voltados à uniformização interpretativa da Constituição 
e das leis federais. Mas esse modelo não se mostrou célere o suficiente 
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para impedir as desigualdades perpetradas por diferentes interpretações 
judiciais da mesma norma. 
Daí a razão pela qual o legislador constituinte derivado instituiu a súmula 
vinculante para ensejar a aplicação obrigatória das decisões da Corte 
Maior a todo o Poder Judiciário e a todos os órgãos da administração 
pública. 
A súmula vinculante é uma solução intermediária, pois não obriga a 
aplicação de todas as decisões do STF aos demais órgãos do Poder 
Judiciário, de forma vinculada, mas permite que o STF aprove súmulas 
que, a partir da sua publicação, passem a ter efeito vinculante sobre os 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública, direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. 
A edição, revisão e cancelamento das súmulas vinculantes é disciplinada 
pela Lei n. 11.417/2006, que prevê dois procedimentos de edição de 
súmula vinculante: direto e incidental. 
I – Procedimento direto: quando o STF, de ofício ou por provocação de 
um dos entes ou agentes legitimados, aprova súmula com observância de 
dois requisitos: (1) a existência de reiteradas decisões do STF sobre a 
matéria constitucional e (2) a demonstração de grave controvérsia entre 
órgãos do judiciário ou entre esses e a administração pública, em torno da 
interpretação da norma, capaz de gerar grave insegurança jurídica e a 
multiplicação de processos sobre a mesma questão. 
Legitimidade: os mesmos legitimados da ADIn, além do Defensor Público-
Geral da União e os Tribunais superiores, regionais dos Estados e DF (art. 
3º da Lei n. 11.417/2006). 
Quorum de aprovação: 2/3 dos Ministros do STF (8 Ministros) – art. 2º, § 
3º, da Lei n. 11.417/2006. 
Objeto da súmula: a súmula vinculante deve versar sobre a validade, a 
interpretação e a eficácia de normas determinadas (art. 2º, § 1º, da Lei n. 
11.417/2006). 
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20 
 
II – Procedimento incidental: quando, no curso de um processo em que 
seja parte, um Município (único legitimado) propõe a edição, revisão ou 
cancelamento de uma súmula, perante o STF. Aqui também é necessário 
que haja uma controvérsia atual entre órgãos do judiciário ou destes com 
a administração pública, que acarrete grave insegurança jurídica. A 
proposição da súmula não suspende o julgamento do processo em curso. 
Os requisitos são os mesmos exigidos no procedimento direto. 
Em caso de desobediência ou aplicação inadequada de súmula vinculante, 
caberá reclamação perante o STF (reclamação para preservação da 
autoridade de suas decisões), ajuizada por qualquer interessado, no bojo 
da qual poderá o STF anular o ato administrativo ou cassar a decisão 
reclamada (CR, art. 103-A, § 3º, e Lei n. 11.417/2006, art. 7º). 
 
 
Estudo da matéria: 
- Constituição da República, art. 102, I, a; art. 103 
- Lei n. 9.868/1999; 
- Doutrina: Alexandre de Moraes, Direito Constitucional, Cap. 12. 
 
ANEXO 
LEI Nº 11.417, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006. 
 
Regulamenta o art. 103-A da Constituição 
Federal e altera a Lei n
o
 9.784, de 29 de janeiro 
de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o 
cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá 
outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta 
e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1
o
 Esta Lei disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante pelo Supremo Tribunal Federal e dá outras providências. 
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Art. 2
o
 O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir 
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do 
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estaduale 
municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1
o
 O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia 
de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses 
e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e 
relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. 
§ 2
o
 O Procurador-Geral da República, nas propostas que não houver formulado, 
manifestar-se-á previamente à edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante. 
§ 3
o
 A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante 
dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal 
Federal, em sessão plenária. 
§ 4
o
 No prazo de 10 (dez) dias após a sessão em que editar, rever ou cancelar enunciado 
de súmula com efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção especial 
do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União, o enunciado respectivo. 
Art. 3
o
 São legitimados a propor a edição, a revisão ou o cancelamento de 
enunciado de súmula vinculante: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III – a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV – o Procurador-Geral da República; 
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VI - o Defensor Público-Geral da União; 
VII – partido político com representação no Congresso Nacional; 
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional; 
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito 
Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do 
Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. 
§ 1
o
 O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja 
parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que 
não autoriza a suspensão do processo. 
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§ 2
o
 No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula 
vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na 
questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
Art. 4
o
 A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal 
Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos 
vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões 
de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. 
Art. 5
o
 Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de enunciado de súmula 
vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão 
ou cancelamento, conforme o caso. 
Art. 6
o
 A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula 
vinculante não autoriza a suspensão dos processos em que se discuta a mesma 
questão. 
Art. 7
o
 Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de 
súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao 
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
§ 1
o
 Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será 
admitido após esgotamento das vias administrativas. 
§ 2
o
 Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato 
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida 
com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. 
Art. 8
o
 O art. 56 da Lei n
o
 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescido do 
seguinte § 3
o
: 
“Art. 56. ............................ 
........................................ 
§ 3
o
 Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula 
vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, 
explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou 
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.” (NR) 
Art. 9
o
 A Lei n
o
 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescida dos seguintes 
arts. 64-A e 64-B: 
“Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão 
competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da 
súmula, conforme o caso.” 
“Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de 
enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão 
competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões 
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas 
cível, administrativa e penal.” 
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23 
 
Art. 10. O procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula 
com efeito vinculante obedecerá, subsidiariamente, ao disposto no Regimento Interno do 
Supremo Tribunal Federal. 
Art. 11. Esta Lei entra em vigor 3 (três) meses após a sua publicação. 
Brasília, 19 de dezembro de 2006; 185
o
 da Independência e 118
o
 da República

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