Buscar

Apostila Processo Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às 
pessoas. 
1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
2 Inquérito policial. 
3 Ação penal. 
4 Competência. 
5 Prova. 
6 Juiz, ministério público, acusado, defensor, assistentes e auxilia-
res da justiça, atos de terceiros. 
7 Prisão e liberdade provisória. 
7.1 Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária). 
8 Processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos fun-
cionários públicos. 
9 Habeas corpus e seu processo. 
10 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual 
penal. 
 
1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em rel1 Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relaaaação às ção às ção às ção às 
pessoas. pessoas. pessoas. pessoas. 
1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 1.1 Disposições preliminares do Código de Processo Penal. 
 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por 
este Código, ressalvados: 
 I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repúbli-
ca, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsa-
bilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); 
 III - os processos da competência da Justiça Militar; 
 IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, 
art. 122, no 17); 
 V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos 
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não 
dispuserem de modo diverso. 
 Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito. 
Código de Processo PenalCódigo de Processo PenalCódigo de Processo PenalCódigo de Processo Penal é o conjunto de regras e princípios 
de Direito Processual Penal ou Processo Penal, destinados à organização 
da justiça penal e aplicação dos preceitos contidos no Direito Penal e na Lei 
das Contravenções Penais. 
 
2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 2 Inquérito policial. 
 
INQUÉRITO POLICIAL E OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO 
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução 
Dedica-se este capítulo ao estudo das variadas formas de investigação 
que possibilitem a formação de um quadro probatório prévio,justificador da 
ação penal, em nome da segurança mínima exigida para a atividade estatal 
contra alguém no campo criminal. Muitos deles de alçada constitucional — 
que, em nome da dignidade da pessoa humana, busca-se um Estado 
democrático de Direito em todas as áreas, mormente em Direito Penal e 
Processual Penal, motivo pelo qual não se pode investir contra o indivíduo, 
investigando sua vida privada, garantida naturalmente pelo direito constitu-
cional à intimidade, bem como agindo em juízo contra alguém sem um 
mínimo razoável de provas, de modo a instruir e sustentar tanto a materiali-
dade (prova da existência da infração penal) como indícios suficientes de 
autoria (prova razoável de que o sujeito é autor do crime ou da contraven-
ção penal). 
O Estado pode e deve punir o autor da infração penal, garantindo com 
isso a estabilidade e a segurança coletiva, tal como idealizado no próprio 
texto constitucional (art. 5.º, caput, CF), embora seja natural e lógico exigir-
se uma atividade controlada pela mais absoluta legalidade e transparência. 
Nesse contexto, variadas normas permitem que órgãos estatais 
investiguem e procurem encontrar ilícitos penais ou extrapenais. O principal 
instrumento investigatório no campo penal, cuja finalidade precípua é 
estruturar, fundamentar e dar justa causa à ação penal, é o inquérito 
policial. Aliás, constitucionalmente, está prevista a atividade investigatória 
da polícia judiciária — federal e estadual (art. 144, § 1º, IV, e § 4º CF). Por 
isso, o Código de Processo Penal dedica um capítulo específico a essa 
forma de investigação, ainda que não seja a única possível a dar alicerce à 
ação penal, como veremos a seguir. 
Conceito de inquérito policial 
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de 
caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita 
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua 
autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante 
do Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes, que 
podem desaparecer, após o cometimento do crime. Não podemos olvidar, 
ainda, que o inquérito serve à composição das indispensáveis provas pré-
constituídas que servem de base à vítima, em determinados casos, para a 
propositura da ação penal privada. Tornaghi fornece conceito ampliativo do 
inquérito policial, dizendo que “o processo, como procedimento, inclui 
também o inquérito. Não há erro, como por vezes se afirma, em chamar 
processo ao inquérito. Deve subtender-se que a palavra não está usada 
para significar relação processual, a qual, em regra, se inicia pela 
acusação” (Compêndio de processo penal, t. I, p. 39). 
A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu com a edição da Lei 
2.033, de 20 de setembro de 1871, regulamentada pelo Decreto-lei 4.824, 
de 28 de novembro de 1871, encontrando-se no art. 42 daquela Lei a 
seguinte definição: “O inquérito policial consiste em todas as diligências 
necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas 
circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a 
instrumento escrito”. Passou a ser função da polícia judiciária a sua 
elaboração. Apesar de seu nome ter sido mencionado pela primeira vez na 
referida Lei 2.033/71, suas funções, que são da natureza do processo 
criminal, existem de longa data e tornaram-se especializadas com a 
aplicação efetiva do princípio da separação da polícia e da judicatura. 
Portanto,já havia no Código de Processo de 1832 alguns dispositivos sobre 
o procedimento informativo, mas não havia o nomen juris de inquérito 
policial (cf. Tourinho Filho, Processo penal, v. 3, p. 175-176; Canuto 
Mendes de Almeida, Princípios fundamentais do processo penal, p. 62). 
É importante repetir que sua finalidade precípua é a investigação do 
crime e a descoberta do seu autor, com o fito de fornecer elementos para o 
titular da ação penal promovê-la em juízo, seja ele o Ministério Público, seja 
o particular, conforme o caso. Nota-se, pois, que esse objetivo de investigar 
e apontar o autor do delito sempre teve por base a segurança da ação da 
Justiça e do próprio acusado, pois, fazendo-se uma instrução prévia, 
através do inquérito, reúne a polícia judiciária todas as provas preliminares 
que sejam suficientes para apontar, com relativa firmeza a ocorrência de 
um delito e o seu autor. O simples ajuizamento da ação penal contra 
alguém provoca um fardo à pessoa de bem, não podendo, pois, ser ato 
leviano, desprovidode provas e sem um exame pré-constituído de 
legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justiça Criminal a preservar 
inocentes de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo 
inaugural de delibação, inclusive para verificar se se trata de fato definido 
como crime. 
O inquérito é um meio de afastar dúvidas e corrigir o prumo da 
investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário. Se, desde o início, o 
Estado possuir elementos confiáveis para agir contra alguém na esfera 
criminal, torna-se mais difícil haver equívocos na eleição do autor da 
infração penal. Por outro lado, além da segurança, fornece a oportunidade 
de colher provas que não podem esperar muito tempo, sob pena de 
perecimento ou deturpação irreversível (ex.: exame do cadáver ou do local 
do crime). 
Assim sendo, em nível ideal, somente deveríamos admitir que as 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 2
provas colhidas no inquérito policial fossem usadas para instruir a peça 
inicial acusatória, já que a razão de sua existência e sua finalidade não 
condizem com outra conclusão. Não se poderia pensar em coletar provas 
sem a participação do investigado ou de seu defensor para depois utilizá-
las livremente durante a instrução do processo criminal. Seria nítido 
contraste com o princípio constitucional da ampla defesa, infringindo ainda 
o contraditório. Pois bem. Por outro lado, se o inquérito colhe as provas 
perecíveis — como as periciais — não é possível que estas sejam 
desprezadas pelo juiz. Esse é o seu caráter conflituoso: pretende ser um 
instrumento de garantia contra acusações levianas, mas acaba funcionando 
contra o próprio investigado/réu, que não pôde contrariar a prova colhida 
pela polícia. 
O ideal é que o juiz tenha discernimento para tomar as seguintes 
medidas, assegurando todos os enfoques necessários (segurança pública e 
garantia individual de ampla defesa) ao devido processo legal: a) deve 
desprezar toda e qualquer prova que possa ser renovada em juízo sob o 
crivo do contraditório (ex.: não deve levar em conta os depoimentos das 
testemunhas colhidos pela polícia, uma vez que pode colhê-los 
diretamente); b) deve permitir à defesa que contrarie, em juízo, os laudos e 
outras provas realizadas durante o inquérito, produzindo contraprova; c) 
deve tratar como mero indício e jamais como prova direta eventual 
confissão do indiciado; d) deve exercer real fiscalização sobre a atividade 
da polícia judiciária, aliás, é para isso que há sempre um magistrado 
acompanhando o desenrolar do inquérito; e) deve ler o inquérito antes de 
receber a denúncia ou queixa para checar se realmente há justa causa para 
a ação penal; O pode aceitar toda prova colhida na fase policial, desde que 
seja incontroversa, ou seja, não impugnada pelas partes, em momento 
algum. 
Lembremos que a Lei 11.690/2008 trouxe subsídios para que o juiz 
busque maior equilíbrio entre os envolvidos durante a investigação criminal. 
O art. 155, caput, do CPP recomenda que o magistrado concentre a 
formação da sua livre convicção em provas produzidas em contraditório 
judicial. O art. 156, I, do CPP permite ao magistrado determinar, antes de 
iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes. Nesse campo, portanto, as partes porventura 
participantes do inquérito (indiciado e Ministério Público) devem ser 
intimadas a acompanhar referida produção antecipada de provas. Além 
disso, passa-se a permitir, em exames periciais oficiais, a formulação de 
quesitos pelos interessados e a indicação de assistentes técnicos (art. 159, 
§ 3º, CPP). Por isso, torna-se imprescindível considerar o inquérito um 
período pré-processual relevante, de natureza inquisitiva, mas que já se 
reveste de alguns contornos garantistas. 
Polícia judiciária 
Preceitua o art. 144 ser a segurança pública um dever do Estado, 
valendo-se este da polícia para a preservação da ordem pública, da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio. Os órgãos policiais são a 
polícia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal, as 
polícias civis, as polícias militares e o corpos de bombeiros militares. Além 
disso, cabe à polícia federal, órgão mantido pela União, “apurar infrações 
penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços 
e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se 
dispuser em lei” (art. 144, § 1.º, I CF) e “exercer, com exclusividade, as 
funções de polícia judiciária da União” (art. 144, § 1.º,IV, CF). Quanto à 
polícia civil, menciona a Carta Magna o seguinte: “Às polícias civis, dirigidas 
por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência 
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares” (art. 144, § 4º CF). Portanto, cabe aos órgãos 
constituídos das polícias federal e civil conduzir as investigações 
necessárias, colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que 
servirá de base de sustentação a uma futura ação penal. O nome polícia 
judiciária tem sentido na medida em que não se cuida de uma atividade 
policial ostensiva (típica da Polícia Militar para a garantia da segurança nas 
ruas), mas investigatória, cuja função se volta a colher provas para o órgão 
acusatório e, na essência, para que o Judiciário avalie no futuro. 
A presidência do inquérito cabe à autoridade policial, embora as 
diligências realizadas possam ser acompanhadas pelo representante do 
Ministério Público, que detém o controle externo da polícia. 
Outras investigações criminais 
Podem ser presididas, conforme dispuser a lei, por outras autoridades. 
É o que se dá, por exemplo, quando um juiz é investigado. Segundo dispõe 
o art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar 35/79, “quando, no curso 
de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, 
a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao 
Tribunal ou Órgão Especial competente para o julgamento, a fim de que 
prossiga na investigação”. Os Regimentos Internos dos tribunais 
especificam como se realiza a investigação. 
Outras investigações legalmente previstas existem, como as realizadas 
por Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), pelas autoridades 
florestais, por agentes da Administração (sindicâncias e processos 
administrativos), pelo promotor de justiça, presidindo o inquérito civil, entre 
outras. Não é possível admitir-se a produção de provas por quem não está 
autorizado legalmente a colher elementos para dar fundamento à ação 
penal, como, por exemplo, colher “declarações de pessoas em notários, 
que não têm atribuição legal para isso. 
A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade A classificação das infrações penais pela autoridade policialpolicialpolicialpolicial 
O ideal é que a autoridade policial, justamente porque lhe compete a 
apuração da materialidade das infrações penais e da sua autoria, proceder 
à classificação dos crimes e contravenções que lhe chegarem ao 
conhecimento. Quando indiciar o suspeito, o delegado deve indicar o tipo 
penal no qual considera incurso o investigado (ex.: art. 121, § 2.º, incisos II 
e IV, do Código Penal). Ensina Roberto Lyra Filho que a lei processual 
penal utiliza, indiferentemente, os termos classificação das infrações penais 
e definição jurídica do fato, quando se refere à tipificação de um fato, 
embora teoricamente haja diferença. Dar a definição jurídica do fato é 
adequara conduta concreta ao modelo legal incriminador (tipo penal), 
enquanto a classificação é o resultado dessa análise. O fato sem 
classificação é o chamado fato bruto, enquanto o fato classificado é 
considerado o fato-infração penal. Assim, a autoridade policial, ao receber a 
notitia criminis ou a delatio criminis, constata a existência de um fato bruto. 
Investigando, deve, se for o caso, dar a sua definição jurídica, classificando-
o. 
Naturalmente, a classificação feita pela autoridade policial não vincula 
o Ministério Público, nem tampouco o juiz, porém a imputação indiciária 
favorece o conhecimento dos procedimentos adotados pelo condutor do 
inquérito. Possui, ainda, reflexos na concessão ou não de fiança, no valor 
estabelecido para esta, no estabelecimento inicial da competência (se foro 
central ou regional, por exemplo) e até mesmo para a determinação de 
realização de exame complementar, em caso de lesão corporal grave. 
Em certas situações, a classificação feita pela autoridade policial é 
extremamente relevante, como se pode constatar, após a edição da Lei 
11.343/2006. Afinal, o usuário de drogas, conforme disposto no art. 28 da 
referida Lei, jamais será submetido, ainda que condenado, à pena privativa 
de liberdade. As sanções que lhe foram destinadas são muito mais 
brandas, variando entre uma mera advertência, passando pela prestação 
de serviços à comunidade e freqüência a cursos, até atingir o ápice, que é a 
multa. Como se observa pela leitura do art. 48, § 2.º, da Lei 11.343/2006, o 
usuário não poderá ser preso em flagrante, nem ficará detido em hipótese 
alguma, submetendo-se seu processo ao Juizado Especial Criminal, nos 
termos da Lei 9.099/95. Por outro lado, o traficante de drogas poderá terá 
sua prisão preventiva decretada, conforme a gravidade do fato e de sua 
conduta, ao longo da instrução do processo, recebendo, ao final, penas 
muito superiores e rigorosas. Ora, ilustremos com a conduta de trazer 
consigo drogas, prevista tanto no art. 28, que cuida do usuário, como no art. 
33, que trata do traficante. Se Fulano é encontrado trazendo consigo 
determinada quantidade de substância entorpecente será levado à 
presença da autoridade policial. Comprovada a materialidade do delito, 
dependendo da imputação indiciária, pode ser imediatamente colocado em 
liberdade pelo delegado, como pode ser preso em flagrante, por vezes sem 
direito à liberdade provisória, conforme o caso concreto. A diferença é 
relevante e não pode ser ignorada. Aliás, preceitua o art. 52, I, da Lei 
11.343/2006, dever a autoridade policial relatar sumariamente as 
circunstâncias do fato, ao término do inquérito,justificando as razões que a 
levaram à classificação do delito. Em suma, há situações em que a 
mencionada classificação, feita ainda na fase policial, é fundamental, 
envolvendo diretamente o status libertatis do indiciado. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 3
Início do inquérito policial 
Há, basicamente, cinco modos de dar início ao inquérito: a) de ofício, 
quando a autoridade policial, tomando conhecimento da prática de uma 
infração penal de ação pública incondicionada (as ações públicas 
condicionadas e as ações privadas dependem de provocação do ofendido), 
instaura a investigação para verificar a existência do crime ou da 
contravenção penal e sua autoria; b) por provocação do ofendido, quando a 
pessoa que teve o bem jurídico lesado reclama a atuação da autoridade; c) 
por delação de terceiro, quando qualquer pessoa do povo leva ao 
conhecimento da autoridade policial a ocorrência de uma infração penal de 
iniciativa do Ministério Público; d) por requisição da autoridade competente, 
quando o juiz ou o promotor de justiça (ou procurador da República) exigir, 
legalmente, que a investigação policial se realize, porque há provas 
suficientes a tanto; e) pela lavratura do auto de prisão em flagrante, nos 
casos em que o agente é encontrado em qualquer das situações descritas 
no art. 302 do Código de Processo Penal (“está cometendo a infração 
penal”; “acaba de cometê-la”; “é perseguido, logo após, pela autoridade, 
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser 
autor da infração”; “é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração”). 
Identificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigIdentificação da espécie de ação penal para efeito de investigaaaaçãoçãoçãoção 
A regra no processo penal é a seguinte: se a ação é pública 
incondicionada (o Ministério Público pode agir sem qualquer tipo de 
autorização e sempre que houver prova suficiente da ocorrência de uma 
infração penal), o tipo penal incriminador, previsto no Código Penal, nada 
menciona a respeito. Do contrário, se a ação é pública condicionada, estará 
expresso: “somente se procede mediante representação” ou “mediante 
requisição”. Caso seja privada, estará mencionado: “somente se procede 
mediante queixa”. Tomaremos a esse ponto no capítulo referente à ação 
penal. 
É importante destacar que, em se tratando de ação pública 
condicionada e de ação privada, o inquérito somente pode iniciar-se 
igualmente se houver provocação do ofendido (representação para a ação 
pública condicionada; requerimento para a ação privada) ou do Ministro da 
Justiça (requisição). 
Notitia criminisNotitia criminisNotitia criminisNotitia criminis 
É a ciência da autoridade policial da ocorrência de um fato criminoso, 
podendo ser: a) direta, quando o próprio delegado, investigando, por 
qualquer meio, descobre o acontecimento; b) indireta, quando a vítima 
provoca a sua atuação, comunicando-lhe a ocorrência, bem como quando o 
promotor ou o juiz requisitar a sua atuação. Nesta última hipótese (indireta), 
cremos estar inserida a prisão em flagrante. Embora parte da doutrina 
denomine essa forma de notitia criminis de coercitiva, não deixa ela de ser 
uma maneira indireta da autoridade policial tomar conhecimento da prática 
de uma infração penal. 
Delatio criminisDelatio criminisDelatio criminisDelatio criminis 
É a denominação dada à comunicação feita por qualquer pessoa do 
povo à autoridade policial (ou a membro do Ministério Público ou juiz) 
acerca da ocorrência de infração penal em que caiba ação penal pública 
incondicionada (art. 5º § 3.º CPP). Pode ser feita oralmente ou por escrito. 
Caso a autoridade policial verifique a procedência da informação, mandará 
instaurar inquérito para apurar oficialmente o acontecimento. 
Investigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoInvestigações criminais contra autoridades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de fororidades com prerrogativa de foro 
Vale destacar que determinadas autoridades (conforme será estudado 
no capítulo relativo à competência) detêm foro privilegiado, isto é, somente 
podem ser investigadas e processadas em determinados tribunais. Dessa 
forma, não pode a autoridade policial instaurar inquérito e colher provas 
diretamente. Caso, durante uma investigação qualquer, encontre indícios 
de participação de pessoa com prerrogativa de foro, deverá remeter os 
autos do inquérito ao juízo competente. Exemplos: deputados e senadores 
são processados no Supremo Tribunal Federal. O delegado não pode 
instaurar inquérito contra essas autoridades sem a fiscalização e 
autorização do Pretório Excelso, com acompanhamento da Procuradoria 
Geral da República. Muitas vezes, tomando conhecimento da prática de 
crime de autoria de um deputadofederal, o delegado envia os autos ao 
STF. A partir daí, o Ministro dessa Corte, encarregado de acompanhar o 
caso, determina que a Polícia Federal realize diligências investigatórias, 
mas sob sua fiscalização direta, bem como do Ministério Público Federal. 
Requisição, requerimento e representação 
Requisição é a exigência para a realização de algo, fundamentada em 
lei. Assim, não se deve confundir requisição com ordem, pois nem o 
representante do Ministério Público, nem tampouco o juiz, são superiores 
hierárquicos do delegado, motivo pelo qual não lhe podem dar ordens. 
Requisitar a instauração do inquérito significa um requerimento lastreado 
em lei, fazendo com que a autoridade policial cumpra a norma e não a 
vontade particular do promotor ou do magistrado. Aliás, o mesmo se dá 
quando o tribunal requisita do juiz de primeiro grau informações em caso de 
habeas corpus. Não está emitindo ordem, mas exigindo que a lei seja 
cumprida, ou seja, que o magistrado informe à Corte o que realizou, dando 
margem à interposição da impugnação. 
Requerimento é uma solicitação, passível de indeferimento, razão pela 
qual não tem a mesma força de uma requisição. É lógico que muitos 
requerimentos, quando não acolhidos, podem acarretar o direito de 
interposição de recurso, embora quem o rejeite possa fazê-lo dentro de 
uma avaliação discricionária. A parte faz um requerimento ao juiz, 
pleiteando a produção de uma prova, por exemplo. O magistrado pode 
acolher ou indeferir, livremente, ainda que o faça fundamentando. Nesse 
caso, no momento propício, pode o interessado reclamar ao tribunal a 
realização da prova, mas nada obriga o juiz a produzi-la. 
Representação é a exposição de um fato ou ocorrência, sugerindo ou 
solicitando providências, conforme o caso. Trata-se do ato da autoridade 
policial, como regra, explicando ao juiz a necessidade de ser decretada 
uma prisão preventiva ou mesmo de ser realizada uma busca e apreensão. 
Pode não ser atendida. Por outro lado, pode cuidar-se do ato do ofendido 
que, expondo à autoridade competente o crime do qual foi vítima, pede 
providências. Nesse caso, recebe a denominação de delatio criminis 
postulatória. A representação não precisa ser formal, vale dizer, 
concretizada por termo escrito e expresso nos autos do inquérito ou do 
flagrante. A jurisprudência tem aceitado, com razão, a representação 
informal, que é a manifestação da vontade do ofendido de ver investigado e 
processado o seu agressor sem que tenha manifestado por termo o seu 
intento. Destarte, em um depoimento, por exemplo, pode ficar clara a 
vontade da vítima de representar, razão pela qual pode a autoridade policial 
agir sem mais delongas. 
Difere a representação do requerimento pelo fato de que este é 
apresentado pela parte interessada, enquanto aquela é oferecida por 
autoridade ou pessoa desinteressada no deslinde da causa (investigação 
ou processo). Registre-se: ainda que realizada pelo ofendido, não tem 
esse, no caso de ação pública, interesse direto no deslinde da causa, uma 
vez que não é parte (autor da ação penal será o Ministério Público). 
Negativa de cumprimento à requisição 
É possível que a autoridade policial refute a instauração de inquérito 
requisitado por membro do Ministério Público ou por Juiz de Direito, desde 
que se trate de exigência manifestamente ilegal. A requisição deve lastrear-
se na lei; não tendo, pois, supedâneo legal, não deve o delegado agir, pois, 
se o fizesse, estaria cumprindo um desejo pessoal de outra autoridade,o 
que não se coaduna com a sistemática processual penal. 
Registre-se, ainda, que a Constituição, ao prever a possibilidade de 
requisição de inquérito, pelo promotor, preceitua que ele indicará os 
fundamentos jurídicos de sua manifestação (art. 129, VIII). O mesmo se 
diga das decisões tomadas pelo magistrado, que necessitam ser 
fundamentadas (art. 93, IX, CF). Logo, quando for incabível o cumprimento, 
por manifesta ilegalidade, não é caso de ser indeferida a requisição, mas 
simplesmente o delegado oficia, em retomo, comunicando as razões que 
impossibilitam o seu cumprimento. 
Conteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representaçãoConteúdo da requisição, do requerimento e da representação 
Requisições dirigidas à autoridade policial, exigindo a instauração de 
inquérito contra determinada pessoa, ainda que aponte o crime, em tese, 
necessitam conter dados suficientes que possibilitem ao delegado tomar 
providências e ter um rumo a seguir. Não é cabível um ofício genérico, 
requisitando a instauração de inquérito contra Fulano, apenas apontando a 
prática de um delito em tese. A requisição deve sustentar-se em fatos, 
ainda que possa ser desprovida de documentos comprobatórios. Caso o 
delegado, de posse de um oficio de requisição, contendo a descrição 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 4
pormenorizada (ou instruído com peças suficientes para a constatação do 
ocorrido) de um fato criminoso, recuse-se a instaurar inquérito, responderá 
funcional e, conforme o caso, criminalmente pelo desatendimento. 
Entretanto, instaurando, conforme legalmente exigido, não poderá ser 
considerado autoridade coatora, em caso de revolta do indiciado. Este 
necessita voltar-se contra a autoridade que encaminhou a requisição. Caso, 
no entanto, a autoridade policial instaure uma investigação totalmente 
descabida (ex.: inquérito para apurar o não pagamento de dívida civil), 
embora cumprindo requisição, poderá responder, juntamente com a 
autoridade que assim exigiu, por abuso de autoridade. Note-se que 
eventual habeas corpus para trancar o inquérito, indevidamente instaurado, 
por requisição de juiz ou promotor, deve ser ajuizado no tribunal, mas a 
responsabilidade pelo ato manifestamente ilegal será tanto de quem 
requisitou quanto de quem indevidamente cumpriu. Justifica-se essa 
postura pelo fato do delegado não ser um leigo, mas um bacharel 
concursado, com conhecimento específico na área, não devendo seguir 
exigências ilegais, salvo se com elas compactuar, o que o toma co-autor do 
abuso. 
O mesmo se dá com o requerimento e com a representação. Aliás, no 
tocante ao requerimento, preceitua o Código de Processo Penal que ele 
conterá, sempre que possível, “a narração do fato, com todas as 
circunstâncias”, “a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor 
da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer” e “a nomeação 
das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência” (art. 5º § 
1.º) 
Não fosse assim e inquéritos seriam instaurados levianamente, o que 
não se coaduna com os princípios garantistas da Constituição Federal, 
vedando abusos do Estado contra o indivíduo. 
Recusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial àRecusa da autoridade policial à instauração do inquérito quainstauração do inquérito quainstauração do inquérito quainstauração do inquérito quannnndo oferdo oferdo oferdo ofere-e-e-e-
cido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendidocido requerimento do ofendido 
Diz a lei que cabe recurso ao chefe da Polícia, que, atualmente, 
considera-se o Delegado-Geral de Polícia, superior máximo exclusivo da 
Polícia Judiciária. Há quem sustente, no entanto, cuidar-se do Secretário da 
Segurança Pública. Entretanto, de uma forma ou de outra, quando a vítima 
tiver seu requerimento indeferido, o melhor percurso a seguir é enviar seu 
inconformismo ao Ministério Público ou mesmo ao Juiz de Direito da 
Comarca,que poderão requisitar a instauração do inquérito, o que, 
dificilmente, deixará de ser cumprido pela autoridade policial. 
Destaquemos, ainda, que o anonimato é forma inadmissível e 
insuficiente para a instauração de inquérito, ao menos na modalidade da 
delatio criminis. Ao encaminhar a comunicação por escrito, deve a pessoa 
identificar-se. Se a forma escolhida for oral, a autoridade policial colherá, no 
ato, os dados identificadores do indivíduo. Lembra, com precisão, Tourinho 
Filho que a comunicação falsa de delito pode dar ensejo à configuração de 
um crime, motivo pelo qual não se deve aceitar a delatio anônima (Código 
de Processo Penal comentado, v. 1, p. 35). Entretanto, somos levados a 
acreditar que as denúncias anônimas podem e devem produzir efeito. Não 
nos esqueçamos que a autoridade policial pode investigar algo de oficio e, 
para tanto, caso receba uma comunicação não identificada, relatando a 
ocorrência de um delito de ação pública incondicionada, pode dar início à 
investigação e, com mínimos — mas suficientes — elementos em mãos, 
instaurar o inquérito. Embora não se tenha configurado uma autêntica 
delatio criminis, do mesmo modo o fato pode ser averiguado. 
Procedimento da autoridade policial 
Quando a notitia criminis lhe chega ao conhecimento, deve o delegado: 
a) “dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais”; b) 
“apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais”; c) “colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias”; d) “ouvir o ofendido”; e) 
“ouvir o indiciado”; f) “proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações”; g) “determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo 
de delito e a quaisquer outras perícias”; h) “ordenar a identificação do 
indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos 
sua folha de antecedentes”; i) “averiguar a vida pregressa do indiciado, sob 
o ponto de vista individual,, familiar e social, sua condição econômica, sua 
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e 
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter” (art. 6.º, CPP). 
Indiciamento e constrangimento ilegal 
Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado-investigação, dentro da sua 
convicção, como autora da infração penal. Ser indiciado, isto é, apontado 
como autor do crime pelos indícios colhidos no inquérito policial, implica um 
constrangimento natural, pois a folha de antecedentes receberá a 
informação, tomando-se permanente, ainda que o inquérito seja, 
posteriormente, arquivado. Assim, o indiciamento não é um ato 
discricionário da autoridade policial, devendo basear-se em provas 
suficientes para isso. Ensina Sérgio Marcos de Moraes Pitombo, sobre o 
indiciamento: “não há de surgir qual ato arbitrário da autoridade, mas 
legítimo. Não se funda, também, no uso de poder discricionário, visto que 
inexiste a possibilidade legal de escolher entre indiciar ou não. A questão 
situa-se na legalidade do ato. O suspeito, sobre o qual se reuniu prova da 
autoria da infração, tem que ser indiciado. Já aquele que, contra si, possui 
frágeis indícios, ou outro meio de prova esgarçado, não pode ser indiciado. 
Mantém ele como é: suspeito. Em outras palavras, a pessoa suspeita da 
prática de infração penal passa afigurar como indiciada, a contar do 
instante em que, no inquérito policial instaurado, se lhe verificou a 
probabilidade de ser o agente” (Inquérito policial: novas tendências, citado 
em acórdão do TACRIM-SP, atualmente incorporado ao TJSP, RT 702/363, 
grifamos). 
É cabível o habeas corpus, dirigido ao juiz de direito da Comarca, caso 
alguém se sinta injustamente convocado à delegacia para ser indiciado. 
Nessa hipótese, o magistrado pode fazer cessar a coação, se ilegal, 
impedindo o indiciamento ou mesmo determinando o trancamento da 
investigação. É conduta excepcional, pois o Estado tem o dever de 
investigar toda e qualquer infração penal, razão pela qual somente em 
último caso obriga-se à cessação precoce do inquérito. Sustentamos que a 
autoridade policial deve ser clara ao convocar alguém a ir à delegacia para 
ser ouvido e indiciado, quando já sabe, de antemão, que tal conduta será 
adotada. Excepcionalmente, ouvindo várias pessoas no mesmo dia, pode a 
autoridade policial formar sua convicção no ato e resolver indiciar um dos 
sujeitos inquiridos. Nessa hipótese, resta ao indiciado recorrer ao juiz, 
através do habeas corpus para fazer cessar os efeitos do indiciamento ou 
mesmo para trancar a investigação, se for o caso. 
Requisição de indiciamento 
Cuida-se, em nosso entendimento, de procedimento equivocado, pois 
indiciamento é ato exclusivo da autoridade policial, que forma o seu 
convencimento sobre a autoria do crime, elegendo, formalmente, o suspeito 
de sua prática. Assim, não cabe ao promotor ou ao juiz exigir, através de 
requisição, que alguém seja indiciado pela autoridade policial, porque seria 
o mesmo que demandar à força que o presidente do inquérito conclua ser 
aquele o autor do delito. Ora, querendo, pode o promotor denunciar 
qualquer suspeito envolvido na investigação criminal, cabendo-lhe, apenas, 
requisitar do delegado a “qualificação formal, a identificação criminal e o 
relatório sobre sua vida pregressa”. 
Motivação do indiciamento 
A lei não exige que a autoridade policial, providenciando o indiciamento 
do suspeito, esclareça, nos autos do inquérito, as razões que a levaram 
àquela eleição. Todavia, como o indiciamento é ato constrangedor, poderia 
haver, realmente, exigência legal para a motivação do ato. Nesse sentido, 
confira-se o posicionamento de Mário Sérgio Sobrinho: “A legislação 
brasileira deveria evoluir, adotando a regra da explicitação das razões para 
a classificação do fato em determinado tipo penal, principalmente nos casos 
que possam resultar na desclassificação de delitos punidos com penas 
mais elevadas para aqueles que cominem sanções mais brandas, tais 
como homicídio doloso tentado e lesão corporal de natureza grave, ao 
mesmo tempo em que a lei deveria fixar a obrigatoriedade da motivação do 
ato de indiciamento. E inegável que o ato de indiciamento exige juízo de 
valor, o qual, nos meandros do inquérito policial, é exercitado pela 
autoridade policial que preside a investigação. Por isso, dever-se-ia exigir 
desta a explicitação de suas razões, ao determinar o indiciamento, as quais 
deveriam ser apresentadas no inquérito policial para que fossem 
conhecidas pelo indiciado e seu defensor, pelo órgão do Ministério Público 
e, quando necessário, pelos juízes e tribunais” (A identificação criminal, p. 
100). 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 5
O indiciado como objeto da investigação 
É a posição natural ocupada pelo indiciado durante o desenvolvimento 
do inquérito policial. Não é ele, como no processo, sujeito de direitos, a 
ponto de poder requerer provas e, havendo indeferimento injustificado, 
apresentar recurso ao órgão jurisdicional superior. Não pode, no decorrer 
da investigação, exercitar o contraditório, nem a ampla defesa, portanto. 
Deve acostumar-se ao sigilo do procedimento, não tendo acesso direto aos 
autos, mas somente através de seu advogado. Por isso, é considerado 
como objeto da investigação. 
É verdade que existe decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, 
aparentemente, em sentido contrário. Reproduzimos e comentamos: “A 
unilateralidade das investigações preparatórias da ação penal não autoriza 
a Polícia Judiciária a desrespeitar as garantias jurídicas que assistem ao 
indiciado,que não mais pode ser considerado mero objeto de 
investigações. O indiciado é sujeito de direitos e dispõe de garantias legais 
e constitucionais, cuja inobservância pelos agentes do Estado, além de 
eventualmente induzir-lhes a responsabilidade penal por abuso de poder, 
pode gerar a absoluta desvalia das provas ilicitamente obtidas no curso da 
investigação policial” (HC 73.271-SP, rel. Celso de Mello, citado em 
despacho no Inquérito 1.504-DF, rel. Celso de Mello, 17.06.1999, DJ 
28.06.1999, p. 25). 
O que nos parece tenha querido dizer o Ministro Celso de Mello é que 
há direitos e garantias individuais, aplicáveis à fase do inquérito policial, a 
todo suspeito ou indiciado. Assim, tem este o direito ao silêncio, merece ter 
a sua integridade física preservada, não pode ser submetido a qualquer 
procedimento vexatório (direito à imagem), pode constituir advogado para 
acompanhar a investigação, enfim, como pessoa que é, deve ter 
preservados seus direitos constitucionais. Isso não o transforma em sujeito 
de direitos no contexto do procedimento investigatório e inquisitivo, na 
essência. Ao afirmar-se ser o indiciado objeto da investigação não significa 
dizer que ele é sujeito desprovido de direitos, isto é, uma coisa qualquer, no 
sentido inanimado que o termo pode representar, mas tão-somente 
representa o valor de ser o suspeito o alvo da investigação produzida, sem 
que possa nesta interferir, como faz, regularmente, no processo penal 
instaurado. 
Regras do interrogatório 
Vale-se o delegado dos mesmos critérios do juiz de direito, conforme 
previsão feita nos arts. 185 a 196 do Código de Processo Penal, com as 
adaptações naturais, uma vez que o indiciado não é ainda réu em ação 
penal. Lembremos, no entanto, que se deve respeitar e aplicar o direito ao 
silêncio, constitucionalmente assegurado ao investigado (art. 5.º LXIII, CF). 
Com a edição da Lei 10.792/2003, os arts. 185 a 196 sofreram 
alterações, embora muitas dessas modificações sejam aplicáveis somente 
ao processo e não à fase do inquérito. Exemplos: não é obrigatória a 
presença de defensor no interrogatório feito na polícia (art. 185, CPP), nem 
tampouco há o direito de interferência, a fim de obter esclarecimentos (art. 
188, CPP), pois tais disposições dizem respeito ao direito à ampla defesa, 
que não vigora na fase inquisitiva do inquérito. 
Identificação datiloscópica 
É a colheita das impressões digitais do indiciado, objetivando a sua 
correta identificação, por se tratar de método científico e seguro. Ocorre 
que a Constituição Federal, no art. 5.º, LVIII, preceituou que “o civilmente 
identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei”. 
Trata-se de norma de indevida inserção na Carta Magna, que, à época 
da sua elaboração, teve por finalidade corrigir a publicidade que se 
costumava dar ao fato de determinada pessoa — especialmente as 
conhecidas do grande público — ser criminalmente identificada, como se 
isso fosse inconveniente e humilhante. A norma tem contorno de direito 
individual, unicamente porque o constituinte assim desejou (formalmente 
constitucional), mas não é matéria para constar em uma Constituição 
Federal. É certo que muitos policiais exorbitaram seus poderes e, ao invés 
de garantir ao indiciado uma colheita corriqueira do material datiloscópico, 
transformaram delegacias em lugares de acesso da imprensa, com direito à 
filmagem e fotos daquele que seria publicamente indiciado, surpreendido na 
famosa situação de “tocar piano”. 
Ora, por conta da má utilização do processo de identificação criminal, 
terminou-se inserindo na Constituição uma cláusula pétrea que somente 
problemas trouxe, especialmente ao deixar de dar garantia ao processo 
penal de que se está acusando a pessoa certa. Bastaria, se esse era o 
desejo, que uma lei fosse editada, punindo severamente aqueles que 
abusassem do poder de indiciamento, especialmente dando publicidade 
indevida ao ato, para que se resolvesse o problema. Ao contrário disso, 
preferiu-se o método mais fácil, porém inconveniente: quem já possuísse 
identificação civil não mais seria identificado criminalmente, gerando muitos 
erros judiciários, hoje amplamente divulgados e comprovados, pois a 
subtração de documentos civis (RG) alheios tomou-se comum e criminosos 
passaram a apresentar aos delegados falsificações perfeitas, colocando, 
em seus lugares, inocentes. 
Enfim, embora a Constituição tenha aberto a oportunidade de se prever 
a amplitude da identificação criminal, mencionando que isso se daria “nas 
hipóteses previstas em lei”, houve um lapso de doze anos para que, 
finalmente, a lei fosse editada. 
Atualmente, diante do texto da Lei 10.054. de 7 de dezembro de 2000. 
vê-se que não seria necessário constar do texto constitucional tal 
dispositivo, bastando previsão do assunto em legislação infraconstitucional. 
Dispõe a referida lei que “o preso em flagrante delito, o indiciado em 
inquérito policial, aquele que pratica infração penal de menor gravidade (art. 
61, caput, e parágrafo único do art. 69 da Lei 9.099, de 26 de setembro de 
1995), assim como aqueles contra os quais tenha sido expedido mandado 
de prisão judicial, desde que não identificados civilmente, serão submetidos 
à identificação criminal, inclusive pelo processo datiloscópico e fotográfico” 
(art. 1.º, caput) . E preceitua, ainda, que “o civilmente identificado por 
documento original não será submetido à identificação criminal, exceto 
quando: 
I — estiver indiciado ou acusado pela prática de homicídio doloso, 
crimes contra o patrimônio praticados mediante violência ou grave ameaça, 
crime de receptação qualificada, crimes contra a liberdade sexual ou crime 
de falsificação de documento público; 
II — houver fundada suspeita de falsificação ou adulteração do 
documento de identidade; 
III — o estado de conservação ou a distância temporal da expedição de 
documento apresentado impossibilite a completa identificação dos 
caracteres essenciais; 
IV — constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes 
qualificações; 
V — houver registro de extravio do documento de identidade; 
VI — o indiciado ou acusado não comprovar, em 48 (quarenta e oito) 
horas, sua identificação civil” (art. 3.º). Finalmente, para conferir segurança, 
preceitua que “cópia do documento de identificação civil apresentada 
deverá ser mantida nos autos de prisão em flagrante, quando houver, e no 
inquérito policial, em quantidade de vias necessárias” (art. 4º)• Será, ainda, 
obrigatoriamente, identificado datiloscopicamente o indiciado pela prática 
de crime organizado (art. 5.º da Lei 9.034/95). 
Reconstituição do crime 
Em casos específicos, pode tornar-se importante fonte de prova, até 
mesmo para aclarar ao juiz (e aos jurados, no Tribunal do Júri) como se 
deu a prática da infração penal (art. 7.º, CPP). A simulação é feita utilizando 
o réu, a vítima e outras pessoas convidadas a participar, apresentando-se, 
em fotos e esquemas, a versão oferecida pelo acusado e a ofertada pelo 
ofendido ou outras testemunhas. Assim, visualizando o sítio dos 
acontecimentos, a autoridade judiciária, o representante do Ministério 
Público e o defensor poderão formar, com maior eficácia, suas convicções. 
Ressalte-se, no entanto, que o réu não está obrigado a participar da 
reconstituição do crime, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si. 
Somente o fará, se houver interesse da defesa. 
Veda-se a reconstituição do crime que ofenda a moralidade (regras 
éticas de conduta, espelhando o pudor social) e a ordem pública 
(segurança e paz sociais). Não se fará reconstituição de um crime sexual 
violento, usando vítima e réu, por exemplo, o que contraria a moralidade, 
nem tampouco a reconstituição de uma chacina, num lugar onde a 
população ainda está profundamente revoltada com o crime, podendoaté 
buscar o linchamento do réu. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 6
Prazo para a conclusão do inquérito 
Como regra, há o prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito 
policial, na esfera estadual. Entretanto, em face do acúmulo de serviço, 
torna-se inviável o cumprimento do referido prazo, motivo pelo qual a 
autoridade policial costuma solicitar a dilação ao juiz, ouvindo-se o 
representante do Ministério Público. Em suma, quando o indiciado está 
solto, termina não existindo prazo certo para o término da investigação, 
embora sempre haja o controle judicial do que está sendo realizado pela 
polícia. 
Quando o indiciado está preso em flagrante ou preventivamente, deve 
ser cumprido à risca o prazo de dez dias (art. 10, CPP), pois há restrição ao 
direito fundamental à liberdade. Note-se que o decêndio é o mesmo tanto 
no caso de prisão em flagrante, quanto no momento em que, durante a fase 
de investigação, representar a autoridade policial pela preventiva, sendo 
esta deferida pelo magistrado. É importante destacar que eventuais 
diligências complementares, eventualmente necessárias para a acusação, 
não são suficientes para interromper esse prazo de dez dias — ou outro 
qualquer estipulado em lei especial — devendo o juiz, se deferir a sua 
realização, determinando a remessa dos autos de volta à polícia, relaxar a 
prisão, colocando o suspeito em liberdade. Outra alternativa, contornando o 
relaxamento, é o oferecimento de denúncia pelo órgão acusatório, desde 
que haja elementos suficientes, com formação de autos suplementares do 
inquérito, retornando estes à delegacia para mais algumas diligências 
complementares. 
A jurisprudência tem admitido, no entanto, a compensação de prazo, 
quando evidenciado não ter havido prejuízo ao indivíduo preso. Portanto, se 
o delegado tem dez dias para concluir o inquérito e o promotor, cinco dias 
para oferecer a denúncia, há um percurso necessário de quinze dias para a 
ação penal ter início. Logo, caso a autoridade policial remeta o inquérito no 
11.º dia ao fórum, mas, em compensação o promotor denunciar no 12.º 
dia, encontra-se um ganho de três dias, não se justificando, pois, a 
materialização de constrangimento ilegal. Parece-nos sensato o raciocínio, 
uma vez que o Estado-investigação e o Estado-acusação,juntos, possuem 
15 dias para manter o réu preso, caso o juiz não o libere antes (através de 
liberdade provisória), até que a ação penal comece. 
Há outros prazos para a conclusão do inquérito. Na hipótese de réu 
preso, tem a autoridade policial federal o prazo de 15 dias para concluir o 
inquérito (Lei 5.010/66, que organiza a Justiça Federal de primeira 
instância), sujeito à prorrogação por outros 15 dias, se necessário (art. 66: 
“O prazo para conclusão do inquérito policial será de 15 (quinze) dias, 
quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze 
dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e 
deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo 
único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a 
autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz”). 
Outro prazo é o previsto na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que é de 
30 dias, em caso de indiciado preso, bem como de 90 dias, quando solto 
(art. 51, caput). Esses prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvindo-se, 
previamente, o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade 
policial (art. 51, parágrafo único). Está-se, basicamente, no cenário do 
tráfico ilícito de drogas, não se aplicando tais previsões ao usuário de 
substância entorpecente, que não mais pode ser preso (art. 28 c.c. art. 48, 
Lei 11.343/2006). 
Preceitua a Lei 1.521/51 (Crimes contra a Economia Popular) que o 
prazo de conclusão do inquérito é sempre de 10 dias (art. 10, § 1.º) esteja o 
sujeito preso ou solto, possuindo o promotor apenas 2 dias para oferecer 
denúncia (art. 10, § 2.º). 
O inquérito militar tem, segundo o Código de Processo Penal Militar, o 
prazo de 20 dias para ser concluído, se o réu estiver preso, ou 40 dias (art. 
20, caput), prorrogáveis por outros 20, se estiver solto (art. 20, § 1.º). 
Quando se tratar de crimes de competência originária dos tribunais 
(foro especial por prerrogativa de função), cujo procedimento está previsto 
na Lei 8.03 8/90, estando o réu preso, o Ministério Público tem o prazo de 5 
dias para oferecer denúncia (art. 1.º, § 2.º, a); caso esteja solto, o prazo é 
de 15 dias (art. 1.º, caput) . Lembremos, ainda, que a Lei 8.658/93 prevê 
(art. 1.º) a aplicação dos arts. 1.º a 12 da Lei 8.03 8/90 às ações penais de 
competência originária dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, e dos Tribunais Regionais Federais. 
Contagem dos prazos 
Trata-sede norma processual penal material, que lida como direito à 
liberdade, logo, não deixa de ter cristalino fundo de direito material. Por 
isso, entendemos deva ser contado como se faz com qualquer prazo penal, 
nos termos do art. lOdo Código Penal, incluindo-se o primeiro dia (data da 
prisão) e excluindo o dia final. Assim, se alguém, por exemplo, for preso em 
flagrante no dia 10, tem a polícia judiciária até o dia 19, no final do 
expediente, para remeter o inquérito a juízo. Outra solução implicaria a 
dilação do prazo, como se fosse um simples prazo processual, situação 
inadmissível para quem se encontra cautelarmente detido. 
Não se usa, por óbvio, a contagem processual que prorroga o prazo 
vencendo em final de semana ou feriado para o dia útil subseqüente, 
devendo a autoridade policial cuidar de antecipar a entrega dos autos à 
Vara competente, antes de adentrar data que prevê o fechamento do fórum, 
sob pena de configuração do constrangimento ilegal. Não se utiliza, 
tampouco, a prorrogação do início da contagem de um sábado, quando o 
sujeito foi preso em flagrante, para a segunda-feira, quando há expediente 
forense. O prazo, nesta hipótese, começa a contar no próprio sábado. Aliás, 
como bem ressalta Tourinho Filho, outro entendimento colocaria em choque 
a prisão em flagrante e a prisão preventiva, pois esta última prevê, 
claramente, que o prazo começa a ser contado a partir do dia em que se 
executar a prisão (Código de Processo Penal comentado, v. 1, p. 52). 
Há posição em contrário, tanto na doutrina, quanto na jurisprudência. 
Os argumentos são, em síntese, os seguintes: “Esse entendimento não 
convence também porque: a uma, todos os prazos procedimentais, quando 
o réu está preso, também incidem obliquamente sobre sua liberdade e nem 
por isso são contados pelo direito penal; a duas, pode levá-lo à redução de 
dois dias, restando, portanto, somente oito, repetimos, oito dias para 
elaboração do inquérito policial, como aconteceria quando: a) a captura 
fosse efetuada nas últimas horas do dia, pelo que a lavratura do respectivo 
auto somente se iniciaria no dia imediato; b) a cidade onde o inquérito 
policial fosse elaborado distasse razoavelmente da sede da comarca” 
(Maurício Henrique Guimarães Pereira, Habeas corpus e polícia judiciária, 
p. 236-237). 
Sobre tais colocações, pode-se contrapor o seguinte: quanto ao fato de 
serem os prazos processuais contados a teor do disposto no art. 798, § 1.º, 
do CPP, inclusive para o réu preso, nada mais correto, até porque cuida de 
prazo para que as partes se manifestem e que o juiz possa instruir o feito, 
logo, privilegia o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorre com o 
prazo para o delegado, autoridade administrativa, terminar rapidamente 
investigação contra pessoa presa, sem que tenha havido ajuizamento de 
ação penal. A prisão decorrente de flagrante obriga o término da 
investigação em dez dias,contado o dia em que ela se deu, uma vez que 
não se cuida de prazo processual, este sim possuidor de regra específica. 
Assim, a prisão deve ser restritivamente interpretada e não ampliada ao 
máximo sem que haja formal acusação. Quanto ao segundo fator — se a 
prisão for feita nas últimas horas do dia ou se a Comarca é distante — 
trata-se de questão alheia ao interesse do preso, cuja liberdade foi privada 
pelo Estado. Este que encontre mecanismos ágeis e eficientes para dar 
conta de findar a investigação no prazo legal. Aliás, problemas 
administrativos da polícia judiciária não podem influenciar na liberdade de ir 
e vir de qualquer indivíduo. 
Cômputo do período de prisão temporária 
Sobre a prisão temporária, consultar o capítulo próprio, com definição e 
casos de aplicação. No tocante ao prazo de dez dias para findar o inquérito 
de réu preso, cremos que se inclui nesse montante o tempo de prisão 
temporária. Essa espécie de prisão possui o prazo de cinco dias, 
prorrogáveis por outros cinco, totalizando dez (art. 2.º, caput, da Lei 
7.960/89), exatamente o que é previsto para um indiciado ficar 
preventivamente preso durante o inquérito, antes da denúncia. 
Além disso, a possibilidade de decretação da prisão preventiva durante 
a investigação foi inserida na lei quando inexistia a temporária. Atualmente, 
dispondo a polícia judiciária desta última, cremos estar praticamente 
encerrada a possibilidade de se decretar a preventiva durante o inquérito, 
salvo raríssimas exceções (como, por exemplo, quando já houver 
elementos suficientes para a direta decretação da preventiva de pessoa 
solta para, em seguida, haver o oferecimento de denúncia, dispensando-se 
a temporária). 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 7
Em se tratando de crime hediondo, no entanto, a prisão temporária é 
de trinta dias, prorrogável por igual período, em caso de imperiosa 
necessidade (art. 2.º, § 4.º da Lei 8.072/90). Ora, nessa situação, que é 
manifestamente excepcional, não tem cabimento, além dos trinta dias (que 
se podem tornar sessenta) permitir mais dez, que seriam decorrentes da 
preventiva. Logo, não há cabimento para a decretação desta última 
modalidade de prisão cautelar ao final da temporária. Simplesmente, deve-
se considerar inexistente a possibilidade de se decretar a prisão preventiva 
durante o inquérito de pessoa já detida por trinta ou sessenta dias, em 
virtude de temporária. 
Pode-se considerar, entretanto, possível a seguinte situação: de início, 
o suspeito fica temporariamente preso. Libertado, continuam as 
investigações, para, ao final do inquérito, a autoridade policial representar 
pela decretação da preventiva. Decretada esta, tem o Estado dez dias para 
iniciar a ação penal. 
Prisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante oPrisão preventiva decretada durante o inquérito policialinquérito policialinquérito policialinquérito policial 
Os requisitos para a decretação da preventiva estão previstos no art. 
312 do Código de Processo Penal, abrangendo prova da materialidade e 
indícios suficientes de autoria, além de outros. Ora, esses dois são 
justamente os necessários para que uma denúncia seja recebida, motivo 
pelo qual, existindo a prisão temporária para garantir investigações policiais 
eficientes e dinâmicas, toma-se rara a oportunidade de decretação da 
prisão preventiva com retorno dos autos à delegacia para a conclusão do 
inquérito. 
Cremos que o juiz deve vedar excessos nesse campo, isto é, se o 
promotor detém elementos suficientes para denunciar, não há cabimento 
em pedir a preventiva — ou concordar com o solicitado pela autoridade 
policial — e, ao mesmo tempo, pedir o retomo do inquérito para 
prosseguimento da investigação. Deve denunciar e, sendo o caso, 
requisitar, em autos apartados, uma diligência a mais, que julgar 
imprescindível, ao delegado. 
Instrumentos do crime e objetos de prova 
Os instrumentos do crime são todos os objetos ou aparelhos usados 
pelo agente para cometer a infração penal (armas, documentos falsos, 
cheques adulterados, facas etc.) e os objetos de interesse da prova são 
todas as coisas que possuam utilidade para demonstrar ao juiz a realidade 
do ocorrido (livros contábeis, computadores, carro do indiciado ou da vítima 
contendo vestígios de violência etc.). 
Ao mencionar a lei (art. 11, CPP) que os instrumentos e os objetos 
acompanharão os autos do inquérito, quer-se dizer que devem ser 
remetidos ao fórum, para que possam ser exibidos ao destinatário final da 
prova, que é o juiz ou os jurados, conforme o caso. Além disso, ficam eles à 
disposição das partes para uma contraprova, caso a realizada na fase 
extrajudicial seja contestada. 
Particularidades do inquérito policial 
InquisitivoInquisitivoInquisitivoInquisitivo 
O inquérito é, por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite 
ao indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa, produzindo e 
indicando provas, oferecendo recursos, apresentado alegações, entre 
outras atividades que, como regra, possui durante a instrução judicial. Não 
fosse assim e teríamos duas instruções idênticas: uma, realizada sob a 
presidência do delegado; outra, sob a presidência do juiz. Tal não se dá e 
é, realmente, desnecessário. O inquérito destina-se, fundamentalmente, ao 
órgão acusatório, para formar a sua convicção acerca da materialidade e 
autoria da infração penal, motivo pelo qual não necessita ser contraditório e 
com ampla garantia de defesa eficiente. Esta se desenvolverá, 
posteriormente, se for o caso, em juízo. 
Lamentavelmente, muitos magistrados valem-se do inquérito para 
calcar suas decisões, como se fosse instrumento produzido sob o crivo do 
contraditório e da ampla defesa. Utilizar o inquérito para sustentar a 
condenação do acusado é, nitidamente, inconstitucional. 
A vantagem e praticidade de ser o inquérito inquisitivo concentram-se 
na agilidade que o Estado possui para investigar o crime e descobrir a 
autoria. Fosse contraditório, tal como o processo, e poderia não apresentar 
resultado útil. Portanto, deve-se buscar a exata medida para considerar o 
inquérito inquisitivo, embora sem que possua caráter determinante ao 
magistrado no momento da sentença. 
SigilosoSigilosoSigilosoSigiloso 
O inquérito policial, por ser peça de natureza administrativa, inquisitiva 
e preliminar à ação penal, deve ser sigiloso, não submetido, pois, à 
publicidade que rege o processo. Não cabe a incursão na delegacia, de 
qualquer do povo, desejando acesso aos autos do inquérito policial, a 
pretexto de fiscalizar e acompanhar o trabalho do Estado-investigação, 
como se poderia fazer quanto ao processo-crime em juízo. 
As investigações já são acompanhadas e fiscalizadas por órgãos 
estatais, dispensando-se, pois, a publicidade. Nem o indiciado, 
pessoalmente, aos autos tem acesso. É certo que, inexistindo 
inconveniente à “elucidação do fato” ou ao “interesse da sociedade”, pode a 
autoridade policial, que o preside, permitir o acesso de qualquer 
interessado na consulta aos autos do inquérito. Tal situação é relativamente 
comum em se tratando de repórter desejoso de conhecer o andamento da 
investigação ou mesmo do ofendido ou seu procurador. Assim, também não 
é incomum que o delegado, pretendendo deixar claro que aquela específica 
investigação é confidencial, decrete o estado de sigilo. Quando o faz, afasta 
dos autos o acesso de qualquer pessoa. 
Entretanto, ao advogado não se pode negar acesso ao inquérito, pois o 
Estatuto da Advocacia é claro nesse sentido: Lei 8.906/94, art. 7.º — “São 
direitos do advogado: (...) XIV — examinar em qualquer repartição policial,mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos”. 
Em síntese, o sigilo não é, atualmente, de grande valia, pois se alguma 
investigação em segredo precise ser feita ou esteja em andamento, pode o 
suspeito, por intermédio de seu advogado, acessar os autos e descobrir o 
rumo que o inquérito está tomando. 
É verdade que há posição doutrinária e jurisprudencial em sentido 
contrário, inviabilizando o acesso do advogado do indiciado às 
investigações sob o pretexto de que o interesse público concentrado na 
segurança deve prevalecer sobre o individual. Com isso não concordamos, 
uma vez que o sigilo não pode jamais ferir a prerrogativa do defensor, além 
do que, embora no inquérito não se exercite a ampla defesa, não deixa ela 
de estar presente, na exata medida em que pode o indiciado, por seu 
advogado, verificar o estágio das investigações realizadas contra sua 
pessoa. Recentemente, a 1.ª Turma do Supremo Tribunal Federal 
reafirmou o direito de acesso do advogado ao inquérito, ainda que corra 
sob sigilo, pois se cuida de direito fundamental e prerrogativa profissional. 
Além da consulta aos autos, pode o advogado participar, apenas 
acompanhando, da produção das provas. E conseqüência natural da sua 
prerrogativa profissional de examinar os autos do inquérito, copiar peças e 
tomar apontamentos. Pode, pois, verificar o andamento da instrução, desde 
que tenha sido constituído pelo indiciado, que, a despeito de ser objeto da 
investigação e não sujeito de direitos na fase pré-processual, tem o 
específico direito de tomar conhecimento das provas levantadas contra sua 
pessoa, corolário natural do princípio constitucional da ampla defesa. 
Nem se diga que este princípio somente se concretiza na fase 
processual, uma vez que se sabe ser o inquérito o momento único para a 
produção de determinadas provas que não mais se repetem (vide o 
exemplo das periciais). E não olvidemos, ainda, o costume praticamente 
generalizado dos juízes e tribunais de levarem em conta até mesmo os 
depoimentos de testemunhas e reconhecimentos de pessoas e coisas 
produzidos nessa fase ao julgarem o feito. Aliás, não há fundamento para a 
exclusão do advogado da produção da prova, embora no seu 
desenvolvimento não possa intervir — fazendo reperguntas às 
testemunhas, por exemplo —, mas somente acompanhar, porque os atos 
dos órgãos estatais devem ser pautados pela moralidade e pela 
transparência. 
Dir-se-á que o inquérito é sigiloso (ausente a publicidade a qualquer 
pessoa do povo) e não contestamos tal afirmativa, o que não pode significar 
a exclusão da participação do advogado como ouvinte e fiscal da 
regularidade da produção das provas, caso deseje estar presente. 
Torna-se nítida essa viabilidade quando se analisa o disposto no art. 
3.º § 2.º, da Lei 1.579/52 (modificada pela Lei 10.679/2003): “O depoente 
poderá fazer-se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta” 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 8
(grifo nosso). O dispositivo citado cuida da formação e atuação da 
Comissão Parlamentar de Inquérito, que poderá exercer suas atividades em 
sessão secreta, mas jamais excluindo o advogado. Registremos que a CPI 
tem poderes investigatórios típicos do juiz (art. 58, § 3.º CF), logo, maiores 
que os da autoridade policial, motivo pelo qual, com maior razão, não 
poderá o delegado determinar o afastamento do defensor do 
acompanhamento da produção da prova na fase inquisitorial, a pretexto de 
manter o sigilo da investigação. 
Incomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciadoIncomunicabilidade do indiciado 
Cremos estar revogada essa possibilidade pela Constituição Federal 
de 1988. Note-se que, durante a vigência do Estado de Defesa, quando 
inúmeras garantias individuais estão suspensas, não pode o preso ficar 
incomunicável (art. 136, § 3.º IV, CF), razão pela qual, em estado de 
absoluta normalidade, quando todos os direitos e garantias devem ser 
fielmente respeitados, não há motivo plausível para se manter alguém 
incomunicável. Além disso, do advogado jamais se poderá isolar o preso 
(Lei 8.906/94, art. 7.º, III). Logo, ainda que se pudesse, em tese, admitir a 
incomunicabilidade da pessoa detida, no máximo, seria evitar o seu contato 
com outros presos ou com parentes e amigos. 
Há outra posição na doutrina, admitindo a vigência da 
incomunicabilidade e justificando que o art. 136, § 3.º, IV, da Constituição, 
voltou-se unicamente a presos políticos e não a criminosos comuns. Aliás, 
como é o caso da previsão feita pelo Código de Processo Penal (art. 21). 
Preferimos a primeira posição, aliás a incomunicabilidade somente teria 
sentido, para garantir efetivamente uma investigação sem qualquer 
contaminação exterior, se o detido pudesse ficar em completo isolamento. 
Ora, não sendo possível fazê-lo no que concerne ao advogado, fenece o 
interesse para outras pessoas, pois o contato será, de algum modo, 
mantido. Pela revogação da incomunicabilidade: 
Tourinho Filho (Código de Processo Penal comentado, v. 1, p. 66) e 
Mirabete (Código de Processo Penal interpretado, p. 62-63). Pela 
manutenção do dispositivo: 
Damásio Evangelista de Jesus (Código de Processo Penal anotado, p. 
17), Vicente Greco Filho (Manual de processo penal, p. 86). 
Relatório final 
A autoridade policial deve, ao encenar as investigações, relatar tudo o 
que foi feito na presidência do inquérito, de modo a apurar — ou não — a 
materialidade e a autoria da infração penal. Tal providência é sinônimo de 
transparência na atividade do Estado-investigação, comprobatória de que o 
princípio da obrigatoriedade da ação penal foi respeitado, esgotando-se 
tudo o que seria possível para colher provas destinadas ao Estado-
acusação. Ainda assim, pode o representante do Ministério Público não se 
conformar, solicitando ao juiz o retorno dos autos à delegacia, para a 
continuidade das investigações, devendo, nesse caso, indicar 
expressamente o que deseja. Se a autoridade policial declarou encenados 
os seus trabalhos, relatando o inquérito, não é cabível que os autos 
retomem para o prosseguimento, sem que seja apontado o caminho 
desejado. 
Por outro lado, a falta do relatório constitui mera irregularidade, não 
tendo o promotor ou o juiz o poder de obrigar a autoridade policial a 
concretizá-lo. Trata-se de falta funcional, passível de correção disciplinar. E 
natural que, determinando a lei que o relatório seja feito, a autoridade 
policial deve prezar a sua função, concretizando-o, o que não impede, em 
absoluto, ainda que o faça de modo muito resumido ou confuso, o 
prosseguimento do feito. Aliás, é o mais adequado, pois o relatório não tem 
nenhuma utilidade probatória para a instrução do processo, destinando-se 
ao esclarecimento do promotor acerca do que foi feito pelo Estado-
investigação. 
Pensamos ser inadequado determinar o retorno dos autos do inquérito 
à polícia judiciária somente porque o delegado declarou encenada a 
investigação sem empreender o relatório minucioso a respeito do caso. 
Prossegue-se, com ofício comunicativo à Corregedoria da Polícia, para as 
providências cabíveis. Processualmente, não deve ter maiores reflexos. 
Indeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério PIndeferimento de novas diligências requeridas pelo Ministério Púúúúblicoblicoblicoblico 
O juiz não deve indeferir o requerimento formulado pelo representante 
do Ministério Público, quando solicitar novas diligênciaspara formar o seu 
convencimento, ainda que a autoridade policial já tenha apresentado o 
relatório final. Afinal, sendo ele o titular da ação penal, pode necessitar de 
outras colheitas, antes de ofertar a denúncia ou pedir o arquivamento. 
Entretanto, cremos ser mais rápido, quando for possível, que o 
promotor, indeferido o retorno dos autos do inquérito à polícia judiciária, por 
intransigência do juiz, requisite diretamente à autoridade policial a diligência 
almejada. Nessa situação, a sociedade sai ganhando e o inquérito tem sua 
conclusão apressada, ao invés de se interpor demorada correição parcial. 
Excepcionalmente, quando a diligência necessária não prescindir dos 
autos, que estão em cartório, outro remédio não cabe senão o recurso ao 
tribunal. Se os indeferimentos forem sucessivos, por mero capricho do juiz, 
a questão desloca-se para a esfera correcional, cabendo representação do 
promotor junto à Corregedoria Geral da Justiça. O mais importante é 
assegurar à sociedade a conclusão célere da investigação, com início da 
ação penal, ultrapassando-se as fronteiras das suscetibilidades pessoais. 
Por outro lado, quando o magistrado notar que o promotor está apenas 
ganhando tempo, requerendo diligência inútil, deve oficiar ao Procurador-
Geral da Justiça, comunicando a ocorrência para as providências funcionais 
pertinentes. Indeferir a solicitação, no entanto, buscando obrigar o promotor 
a denunciar, é o caminho menos indicado, pois mais arrastado. 
Inquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidInquérito como base da denúncia ou queixa e sua dispensabilidaaaadededede 
A natureza do inquérito, como já se viu, é dar segurança ao 
ajuizamento da ação penal, impedindo que levianas acusações tenham 
início, constrangendo pessoas e desestabilizando a justiça penal. Por isso, 
ao oferecer a denúncia, deve o representante do Ministério Público — o 
mesmo valendo para a vítima — ter como suporte o inquérito policial, 
produzido pela polícia judiciária, na sua função de Estado-investigação, 
órgão auxiliar do Poder Judiciário nessa tarefa. 
Eventualmente, é possível dispensar o inquérito, desde que o acusador 
possua provas suficientes e idôneas para sustentara denúncia ou a queixa, 
o que não deixa de ser hipótese rara. As situações em que o inquérito 
policial deixa de ser feito são representadas pela realização de outros tipos 
de investigação oficial — como sindicâncias, processos administrativos, 
inquéritos militares, inquéritos parlamentares, incidentes processuais —, 
bem como pela possibilidade, não comum, de se conseguir ajuizar a 
demanda simplesmente tendo em mãos documentos, legalmente 
constituídos. 
Termo circunstanciado 
É um substituto do inquérito policial, realizado pela polícia, nos casos 
de infrações de menor potencial ofensivo (contravenções penais e crimes a 
que a lei comine pena máxima não superiora dois anos, cumulada ou não 
com multa). Assim, tomando conhecimento de um fato criminoso, a 
autoridade policial elabora um termo contendo todos os dados necessários 
para identificar a ocorrência e sua autoria, encaminhando-o imediatamente 
ao Juizado Especial Criminal, sem necessidade de maior delonga ou 
investigações aprofundadas. É o que dispõe a Lei 9.099/95, no art. 77, § 
1.º: “Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no 
termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito 
policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a 
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente” (grifamos). 
Curador 
Tratava-se da pessoa que tinha por função proteger e orientar o menor 
de 21 anos, tanto no interrogatório da fase policial quanto no interrogatório 
prestado em juízo, suprindo-lhe as naturais deficiências trazidas pela 
imaturidade e zelando para que não houvesse qualquer arbítrio ou coação 
indevida contra sua pessoa. Estava vinculado à defesa do menor e não 
podia depor contra seus interesses, revelando dados sigilosos, protegidos 
por lei. 
Preceitua a Lei 10.406, de 10.01.2002 (Código Civil), no art. 5.º, caput, 
que a menoridade cessa aos 18 (dezoito) anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”. Nota-se que 
a evolução da sociedade, dos seus hábitos e costumes está a evidenciar a 
desnecessidade de se tutelar o maior de 18 anos e menor de 21 anos com 
as cautelas antes exigidas pela sua pretensa inexperiência e ingenuidade. 
Sabe-se que a pessoa, ao atingir os 18 anos, atualmente, encontra-se 
perfeitamente habilitada para desempenhar todos os atos da vida civil e 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
Direito Processual Penal A Opção Certa Para a Sua Realização 9
penal: pode celebrar, sozinha, um contrato de compra e venda de bens 
móveis ou imóveis, como pode, também, responder penalmente pelas 
infrações penais que praticar. Logo, inexiste qualquer fundamento lógico 
para se manter a figura do curador, no contexto do processo penal. 
Relembremos que o curador só tem prestado desserviços ao acusado 
menor de 21 anos, pois, lamentavelmente, há farta jurisprudência aceitando 
o seu depoimento em juízo para confirmar a confissão extrajudicial do réu, 
validando, pois, uma condenação. Portanto, não se deve mais considerar 
menor a pessoa que tenha menos de 21 anos, necessitando, pois, de 
curador. 
Embora o art. 564, III, c, CPP preceitue constituir nulidade a não 
nomeação de curador ao réu menor de 21 anos, está, naturalmente, 
referindo-se ao incapaz para desenvolver todos os atos da vida civil, enfim, 
àquele que sempre fora, pelo direito brasileiro, considerado relativamente 
incapaz. Interpretando-se de maneira lógica e sistemática o preceito, é 
preciso considerar que a modificação trazida pelo Código Civil deve 
produzir efeitos imediatos na legislação processual penal, que padece de 
falta de renovação geral e sistemática há anos. A isso acrescente-se que a 
Lei 10.792/2003 revogou o art. 194 do CPP, eliminando a presença do 
curador para o interrogatório judicial do réu menor de 21 anos, bem como a 
Lei 11.689/2008 suprimiu do art. 449, cujo conteúdo foi transferido ao art. 
457, a presença do curador para o acusado menor de 21 anos. 
Poder-se-ia argumentar que o Código Penal continua a prever 
atenuante ao menor de 21 anos que cometa crime, bem como a calcular a 
prescrição pela metade a quem possua menos de 21 anos na data do fato 
criminoso. Entretanto, cuida-se, nessa situação, de outro enfoque. São 
benefícios concedidos a quem, segundo a lei penal, não atingiu, ainda, a 
plena maturidade, motivo pelo qual, embora possa compreender o caráter 
ilícito do que fez, merece uma reprimenda mais leve. 
Não se pode deixar de considerar que, no futuro, tais normas possam 
ser, também, revistas, pois os tempos são outros e o maior de 18 anos 
pode ser, para todos os efeitos, equiparado a qualquer outro réu,já que o 
amadurecimento lhe chega muito mais cedo, tanto em virtude da 
quantidade, quanto da qualidade das informações que lhe são passadas 
regularmente. Mas, por se tratar de benefícios penais expressos, não se 
pode considerá-los revogados pela interpretação lógico-sistemática. 
Continuarão a merecer a atenuante e a prescrição pela metade os menores 
de 21 anos. 
No contexto processual penal, no entanto, é diferente, pois a presença 
do curador, ao lado do réu, já vinha sofrendo constantes mutações, trazidas 
pela própria jurisprudência, que não somente pacificou o entendimento de 
que a figura do curador pode ser substituída, sem qualquer ranhura, pela do 
defensor — aliás, muito mais lógico que se garanta advogado

Outros materiais