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metodologia pratica educacao infantil 3

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Daniela Emilena Santiago
Metodologia e Prática
na Educação Infantil
Sumário
03
CAPÍTULO 3 – Como acontece a inserção da criança no mundo letrado? ............................05
Introdução ...................................................................................................................05
3.1 A apropriação da linguagem e a elaboração de conceitos pela criança .........................05
3.1.1 Linguagem infantil, aprendizagem e a elaboração de conceitos ............................05
3.2 A educação infantil e os processos de alfabetização .....................................................09
3.2.1 Os métodos de alfabetização e a educação infantil: as diversas abordagens 
ao longo da história .................................................................................................09
3.2.2 O papel da educação infantil na alfabetização ...................................................11
3.2.3 Os métodos de alfabetização na educação infantil ..............................................13
3.3 A educação infantil e o letramento .............................................................................14
3.3.1 Letramento: surgimento e conceito ....................................................................14
3.3.2 Letramento e educação infantil .........................................................................15
3.3.3 Os estágios de letramento das crianças .............................................................17
3.4 As metodologias de intervenção na educação infantil voltadas ao letramento 
e à alfabetização ...........................................................................................................18
3.4.1 Letramento e alfabetização na educação infantil .................................................18
Síntese ..........................................................................................................................20
Referências Bibliográficas ................................................................................................21
Capítulo 3 
05
Como acontece a inserção da 
criança no mundo letrado?
Introdução 
Você saberia dizer qual é o papel da linguagem na elaboração de conceitos pela criança? Como 
acontece a alfabetização e o letramento e qual a importância desses processos para o desen-
volvimento da aprendizagem infantil? Quais metodologias podem favorecer a alfabetização e o 
letramento?
Vamos responder a essas e outras questões no decurso deste capítulo, e convidamos você a co-
nhecer o processo de inserção da criança no mundo letrado. Essa inserção evoca o entendimento 
dos processos de aprendizagem, elaboração de conceitos, e também nos remete ao desenvol-
vimento dos processos de alfabetização e letramento que estão presentes na educação infantil. 
3.1 A apropriação da linguagem e a elaboração 
de conceitos pela criança
Já sabemos que a apropriação da linguagem pela criança representa um determinado estágio de 
desenvolvimento psíquico e vem balizada pelas experiências concretas por ela vivenciadas. A lin-
guagem faz com que a criança desenvolva as funções psíquicas superiores e também influencia 
substancialmente os processos de aprendizagem, os quais são perpassados pela elaboração de 
conceitos. Dessa forma, convidamos você para conhecer a relação firmada entre o desenvolvi-
mento da linguagem e a elaboração de conceitos pela criança. Vamos lá?
3.1.1 Linguagem infantil, aprendizagem e a elaboração de conceitos
Entenda que o desenvolvimento da linguagem, da aprendizagem e a elaboração de conceitos 
são processos análogos, posto que todos fazem parte do desenvolvimento infantil. Assim, o 
entendimento do conceito de linguagem nos remete à compreensão sobre a aprendizagem e a 
elaboração de conceitos, os quais abordaremos ao longo das próximas páginas por meio da 
perspectiva sócio-histórica enquanto matriz teórico-metodológica. Iniciamos, agora, com o de-
senvolvimento da linguagem.
No que diz respeito à linguagem, Bissoli (2014), derivando da perspectiva sócio-histórica, apon-
ta que a criança, desde seu nascimento, é colocada em contato com essa forma de comunica-
ção. O autor nos diz que o adulto pode se comunicar com a criança por meio de carinho, mas a 
linguagem é, ainda, o principal meio de comunicação usado pelo gênero humano. A comunica-
ção estabelecida pelo adulto cria nela a necessidade de se comunicar, ou seja, o relacionamento 
motiva a busca pela comunicação. 
Bissoli (2014) afirma que o bebê começa se comunicar já no primeiro mês de vida. Somente 
a partir de então, a criança consegue orientar sua atenção para o adulto e por isso sente essa 
necessidade de comunicação. Saiba que, além do adulto, tudo que a criança vê e sente irá in-
fluenciar seu desejo de se relacionar com o outro. Por conseguinte, a falta de comunicação entre 
adulto e criança nesse estágio mais rudimentar do desenvolvimento infantil pode resultar em difi-
culdades futuras de comunicação, e também em deficiência na definição da imagem do adulto. 
06 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática na Educação Infantil
A partir do primeiro mês de vida, a criança passa a desenvolver a habilidade de introjetar as 
palavras com as quais tem contato. Todas as palavras e relações firmadas pelo bebê são impor-
tantes e o conduzem a outros estágios de desenvolvimento. Nos primeiros estágios, por exemplo, 
sua principal forma de expressão oral é o choro, que logo dá lugar ao sorriso. Quando a criança 
chora, o faz por saber que um adulto sanará o que motivou seu choro. 
Figura 1 – O choro é uma expressão oral dos primeiros estágios.
Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 2016.
Já a partir de seis meses, tenha em mente que o bebê desenvolve a capacidade de conhecer as 
pessoas com as quais convive. Nessa fase, a memória começa a ser desenvolvida, e isso permite 
que a criança se recorde dos indivíduos que vê com maior frequência. É comum que ela busque 
o contato com os adultos com os quais se relaciona, por exemplo, chamando-os com a mão e 
esticando os braços para que possa ser acolhida. É comum nesse período, portanto, que a crian-
ça desenvolva rejeição por pessoas com as quais não convive cotidianamente. 
É somente a partir dos seis meses que o bebê desenvolve certas habilidades, incluindo as motoras, 
que o levam à exploração sensorial. Neste período, a criança consegue manipular determinados 
objetos e também começa a controlar o tronco e a sentar sozinha. Quando isso acontece, seu 
universo é ampliado porque o fato de sentar permite a ela o conhecimento de outros aspectos do 
ambiente, dos objetos e das pessoas. Nessa fase, a criança domina o balbucio como forma de 
se relacionar com o mundo e de expressar seus sentimentos.
Quando a criança atinge um ano de idade, a linguagem alcança outro estágio de desenvol-
vimento. Aqui, perceba que ainda não temos a linguagem intelectualizada, mas vemos que a 
criança tenta reproduzir os sons conforme os adultos o fazem. No sentido posto, a criança imita o 
adulto em sua expressão oral. É claro que ainda temos os balbucios, mas agora a criança busca, 
por meio deles, imitar a fala daqueles que a rodeiam. 
Bissoli (2014) afirma que somente a partir dos dois anos é que a criança consegue ampliar a 
sua linguagem, posto que nessa fase ela desenvolve as habilidades de coordenar o pensamento 
e a expressão oral de uma forma concatenada. Também nessa fase a criança precisa do diálogo 
para ampliar sua capacidade intelectiva e consequentemente suas habilidades comunicativas. 
É somente a partir dos três anos de idade, no entanto, que a criança consegue internalizar a 
linguagem, ou seja, é apenas nesse momento que ela passa a transferir a linguagem externa ao 
cérebro, consolidando-a.
Saiba que a criança que está inserida na creche, via de regra, já possui uma linguagem que 
deveráser ampliada. Sua inserção nesse ambiente, portanto, deve ser considerada uma forma, 
um dispositivo educativo que é organizado por meio de intencionalidade. Em outras palavras, 
07
o fato de a criança estar na pré-escola não deve ser considerado como algo que não demanda 
uma intervenção organizada. 
Tendo em mente tais colocações, agora passaremos a discutir a questão da aprendizagem. Fique 
atento, pois estamos nos referindo à aprendizagem escolar, considerando que a aprendizagem 
da criança acontece desde que ela entra em contato com o mundo. 
Figura 2 – Criança e a aprendizagem escolar. 
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2016.
Bem, é importante que você compreenda a aprendizagem escolar como um dispositivo bastante 
relevante para o desenvolvimento das funções psíquicas superiores da criança. Na verdade, o 
desenvolvimento de um ser humano depende da aprendizagem. Assim, quando a criança tiver 
contato com a aprendizagem escolar, todo o seu desenvolvimento será alterado, sobretudo o 
aspecto psíquico. A aprendizagem escolar, conforme Vigotski afirma (FONSECA, 2008), é essen-
cialmente um processo mediado. Nele, a interação é fundamental e está assentada na relação 
que é firmada entre o adulto e a criança ou, no caso, professor e aluno. Tal relação viabiliza o 
acesso, pela criança, de uma vida simbólica, por meio das informações que são passadas e ab-
sorvidas. Assim, perceba que para Vigotski esse não é um processo de imposição, mas de troca, 
firmado entre a criança e o professor (FONSECA, 2008).
Fonseca (2008) nos diz que Vigostki indica, então, que a escola tem um papel fundamental na 
disseminação da aprendizagem formal, sendo também um instrumento de mediação do conheci-
mento em questão. Lembre-se de que a escola é considerada o espaço no qual há a apropriação 
da cultura produzida pelo ser humano. Na verdade, para Vigotski, a aprendizagem vai além do 
ensino e da transmissão de conhecimento, posto que é conformada pela interação social esta-
belecida nesse processo. O autor compreende a aprendizagem como resultado do processo de 
ensino, mas sobretudo reforça a importância da mediação do professor durante a tais processos 
(FONSECA, 2008). 
No entanto, entenda que para Vigotski a aprendizagem deve ser um processo organizado e in-
tencional (FONSECA, 2008). Em outras palavras, a criança, no caso da aprendizagem formal, 
precisa do professor para mediar e gerenciar tal processo, no intuito de alcançar alguma fina-
lidade, algum objetivo. Tal objetivo deve estar orientado, sempre, a ampliar o desenvolvimento 
da criança. Aliás, a boa aprendizagem é aquela que consegue elevar o estudante a níveis de 
desenvolvimento intelectivo mais amplos (FONSECA, 2008). Desse modo, torna-se prejudicial 
a aprendizagem que não seja estimulante para a criança e que a mantenha sempre no mesmo 
estágio de desenvolvimento.
Você já deve saber que, para conduzir o processo de aprendizagem, é extremamente relevante 
que o professor conheça em detalhes o estágio de desenvolvimento de cada criança. No caso, 
08 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática na Educação Infantil
para Vigotski, no dizer de Fonseca (2008), cabe ao professor identificar qual é esse estágio e 
intervir para que o desenvolvimento infantil seja potencializado. Essa ação deve visar o despertar 
do desenvolvimento, estimulando-o. A mesma intervenção deve ser desenvolvida para crianças 
com dificuldade de aprendizagem ou para pessoas com deficiência. Em tais casos, o método de 
aprendizagem deve ser adaptado a suas especificidades, porém o conhecimento a ser fornecido 
deve ser o mesmo
Em todos os procedimentos vinculados à aprendizagem formal, a linguagem e os instrumentos 
verbais constituem dispositivos cruciais. O aperfeiçoamento da linguagem, da comunicação, é 
mais relevante do que a repetição de exercícios fonéticos, por exemplo. Em outras palavras, a 
linguagem precisa ter sentido para a criança, deve ter coerência com seu pensamento. A crian-
ça da educação infantil, como sabemos, pode ter até cinco anos, não contando ainda com um 
pensamento totalmente elaborado. 
A linguagem auxilia ainda a criança a internalizar o conhecimento e permite o desenvolvimento 
de habilidades específicas que conferirão a ela, futuramente, a capacidade de ler e escrever. Vi-
gotski (FONSECA, 2008) afirma que a leitura e a escrita são importantes dispositivos no sentido 
de viabilizar a aprendizagem e constituem ainda meios de inserção social. A aprendizagem formal 
oferecida na escola é uma forma que permite à criança a construção de conhecimentos científi-
cos. Conforme Fonseca (2008), o termo conceito nos remete à “ideia”. E o que seria a “ideia”?
Bem, a ideia seria, como nos diz Vigotski (FONSECA, 2008), o resultado da junção do sentido 
com o significado pela criança. Entenda-a como a representação mental de algo que é abstrato. 
Já o termo “científico” refere-se a conhecimentos sistematizados, produzidos historicamente pelo 
ser humano. Os conceitos científicos, portanto, seriam aqueles sentidos e significados construí-
dos pela criança, com base no conhecimento sistematizado previamente (FONSECA, 2008).
No processo de construção de conhecimento, devemos, entretanto, considerar que a criança 
sempre traz, antes de sua inserção na escola, conceitos previamente elaborados. Esses conceitos, 
nem sempre científicos, podem ser apurados até tornarem-se conhecimentos sistematizados. Essa 
alteração de conceitos simples, chamados também de cotidianos, pelos científicos é possível por 
meio de um processo mediado, no qual o professor é figura fundamental.
Saiba que na elaboração dos conceitos científicos, as palavras, ou seja, os signos que designam o 
mundo exterior, também são um fator importante. A ampliação das palavras no vocabulário infantil 
constitui instrumento de estímulo à aprendizagem infantil e à compreensão dos conceitos científicos.
Estima-se, conforme Vigotski, que a elaboração de conceitos aconteça por meio de três etapas. 
• Na primeira etapa, temos a prática social inicial do conteúdo ou conceito, e nela há 
necessidade da vivência empírica, ou seja, a criança precisa do concreto para compreender 
o abstrato. 
• Na segunda etapa, a criança passa a teorizar, conferindo ao conceito uma dimensão 
científica. 
• Na terceira etapa, temos o retorno em que a realidade prática passa a ser analisada com 
base nos conceitos construídos. 
Essa construção de conceitos científicos acontece no processo de aprendizagem continuamente, 
seguindo um desenvolvimento dialético. A capacidade de construção de conceitos científicos, 
conforme Fonseca (2008), é requisito indispensável para a construção da aprendizagem e do 
conhecimento. A criança aprende a sistematizar o saber científico, o qual acaba por unir-se aos 
conceitos presentes em seu cotidiano. 
Tenha em mente, no entanto, que esse processo não acontece de forma espontânea e natural, 
e por isso demanda orientação. A criança não consegue aprender sozinha, sendo fundamental 
09
para o desenvolvimento da aprendizagem o professor e a escola, ambos protagonistas. Aliás, 
Vigotski, conforme Fonseca (2008), afirma que a criança demora muito para criar uma consci-
ência que lhe permita a elaboração de conceitos científicos, pois isso só é possível quando ela 
consegue orientar seus pensamentos. A mediação do professor, portanto, é fundamental.
A organização do pensamento e a elaboração de conceitos pela criança acontece por meio de 
“aproximações sucessivas”, isto é, dos vários contatos que a criança estabelece com os conceitos 
científicos. Trata-se, portanto, de um processo gradativo. Podemos inferir, ainda, que a aprendi-
zagem é um processo constantemente construído e nunca imposto. Assim, concluímos este tópico 
e convidamos você para continuar conosco, buscando agora o entendimento da educação infan-
til e os processosde alfabetização. 
3.2 A educação infantil e os 
processos de alfabetização
Neste tópico, abordaremos a alfabetização presente na educação infantil. Para melhor entender 
esse processo, iniciaremos com uma breve discussão a respeito do desenvolvimento histórico das 
metodologias usadas no Brasil, visando a alfabetização. Na sequência, abordaremos o conceito 
de alfabetização, bem como os métodos utilizados atualmente considerando sua aplicabilidade 
nas atividades de educação infantil. 
3.2.1 Os métodos de alfabetização e a educação infantil: as diversas 
abordagens ao longo da história
O entendimento dos métodos de alfabetização que foram usados no Brasil, em seus mais diver-
sos momentos históricos, nos permite a construção de uma perspectiva evolutiva do processo 
de ensino-aprendizagem como um todo. Neste item, indicaremos os principais eventos no que 
concerne a alfabetização na realidade brasileira. Mortatti (2006) aponta que temos quatro mo-
mentos, ou estágios de desenvolvimento, nos métodos educativos voltados à alfabetização no 
Brasil. O primeiro momento refere-se ao fim do Império, em que temos uma ampliação das 
escolas. Essas escolas, no entanto, eram direcionadas apenas a filhos de fazendeiros e demais 
pessoas que possuíssem certo poder aquisitivo. Seu alcance, portanto, não era universal. Nesse 
período, as escolas eram espaços extremamente rudimentares e congregavam, em uma única 
sala de aula, alunos de séries, idades e estágios de desenvolvimento distintos. A imagem a seguir 
representa algumas das especificidades dessas primeiras escolas. Confira! 
Figura 3 – Primeiras escolas.
Fonte: Marzolino, Shutterstock, 2016.
10 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática na Educação Infantil
Saiba que as escolas desenvolviam suas atividades por meio das chamadas aulas régias, as quais 
demarcam a reforma educativa desenvolvida por Marquês de Pombal, em 1760, no sistema edu-
cacional brasileiro. Elas se caracterizavam por conferir ensino na área de letras e das humanida-
des e suas atividades eram realizadas com base no documento “Cartas de ABC”, elaborado para 
orientar a aprendizagem da leitura e da escrita. A leitura, portanto, era apreendida através do 
conhecimento do educando de letras e nomes, dos sons e das famílias silábicas, ao passo que a 
escrita era ensinada através da caligrafia e da ortografia. Era comum, por exemplo, abordagens 
como a cópia, o ditado e a formação de frases.
Já ao final do século XIX, visando colaborar com a alfabetização, surgiram as cartilhas, que 
propunham atividades assentadas na soletração, no método fônico e na silabação. No ano de 
1876, surgiu em Portugal a Cartilha Maternal ou Arte da Leitura, elaborada por João de Deus, 
mas que veio para o Brasil somente em 1880. As primeiras escolas a recorrer ao material, que 
também ficou conhecido como “Método João de Deus”, foram as escolas de São Paulo e Espírito 
Santo (MORTATTI, 2006). 
Esse primeiro momento de alfabetização foi concluído em 1890. A partir de então, vivenciamos a 
reforma da instrução pública em São Paulo, o que trouxe resultados para todas as escolas brasi-
leiras. Conforme Mortatti (2006), essa reforma visava reorganizar a Escola Normal de São Paulo 
e isso resultou na criação da Escola-Modelo, a ela vinculada. Em 1896, essa escola instituiu 
ainda o Jardim de Infância. Entenda que, nessa época, a alfabetização foi assentada no método 
analítico. Esse método recorria à transmissão de conhecimentos em sala de aula, mas também 
era assentado no desenvolvimento de atividades práticas. O método em questão sofreu grande 
influência da pedagogia norte-americana e o processo de alfabetização considerava o estágio 
biopsicofisiológico vivenciado por cada criança. No que tange a aprendizagem da leitura, ela 
estava ainda calcada na silabação, enquanto que a escrita era adquirida por meio do estímulo 
às atividades de caligrafia. No entanto, até o momento discutido, não se utilizava o termo “al-
fabetização”, que surgiu no Brasil apenas em 1910, vinculado às práticas educativas realizadas 
nas raras escolas públicas constituídas.
O terceiro momento, conforme Mortatti (2006), teve seu início em 1920. Nesse estágio, temos 
uma ampliação das escolas brasileiras. O método de ensino para a alfabetização passa a as-
sumir um caráter secundário, deixando de ter importância. Concluiu-se que a leitura, para ser 
ensinada, precisava considerar o estágio de maturidade da criança, porém sua abordagem ainda 
era assentada na repetição dos fonemas e das palavras. A escrita, por outro lado, permaneceu 
sendo ensinada por meio do estímulo às habilidades caligráficas e ortográficas. Também através 
da repetição.
VOCÊ QUER VER?
O filme “O sorriso de Monalisa” (Mike Newell, 2003) demonstra a tentativa de uma 
professora ensinar suas alunas que elas possuíam capacidade para sobreviver sem 
depender de uma figura masculina. O filme retrata uma prática diferenciada que acon-
teceu na década de 1950.
Entenda que, no terceiro momento, as práticas pedagógicas começaram a ser organizadas sob a 
perspectiva da “alfabetização sobre medida”, que corresponde à aprendizagem conforme a ma-
turidade alcançada pela criança. Essa forma de entender a aprendizagem e a alfabetização foi 
alterada, entretanto, a partir da década de 1980. A partir de então, tem início o quarto momento 
das práticas metodológicas voltadas à alfabetização. 
11
O quarto momento é demarcado pela chegada ao território nacional da perspectiva construtivis-
ta, cuja abordagem compreende a aprendizagem como algo que está em constante construção. 
A proposta construtivista também compreende que a criança não precisa de cartilhas para a 
aprendizagem, e sim do contato com o concreto, visando a ampliação do conhecimento. 
É importante que você perceba que o construtivismo serviu de sustentação para os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, os quais são direcionados à educação infantil e, portanto, atuais referên-
cias para as práticas pedagógicas desenvolvidas em tal área. Vamos, agora, nos aproximar do 
entendimento contemporâneo da alfabetização nas práticas pedagógicas da educação infantil!
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem referências para o ensino na educação 
infantil e foram instituídos pelo Ministério da Educação, em 1998. Eles devem servir de 
referência para as práticas pedagógicas desenvolvidas por instituições públicas e privadas.
VOCÊ SABIA?
3.2.2 O papel da educação infantil na alfabetização
Alfabetização faz menção ao ensino e à aprendizagem da leitura e da escrita. Relaciona-se assim 
ao domínio dos signos e dos significados e à capacidade de expressá-los de diversas maneiras. 
Tal processo deve ser mediado pelo letramento, do qual falaremos ao longo das próximas pá-
ginas. Trata-se também de uma forma de inserção social da criança e um meio pelo qual ela 
se apropria do conhecimento produzido pelo gênero humano. Representa, ainda, o desenvolvi-
mento da oralidade da criança e vem balizado pelas experiências concretas que ela estabelece 
com o mundo. 
Por conseguinte, o processo de alfabetização faz menção ao conhecimento adquirido pela crian-
ça sobre as letras que integram o alfabeto. Na alfabetização, a criança tem as bases iniciais para 
que depois possa dominar a gramática e, posteriormente, as demais habilidades vinculadas à 
linguagem e à escrita. Confira a seguir uma imagem que representa a capacidade de leitura e 
escrita de uma criança.
Figura 4 – Na alfabetização, a criança tem as bases iniciais para dominar a gramática.
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2016. 
12 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática na Educação Infantil
Agora, reflita: onde a criança é alfabetizada? Seria na educação infantil ou no ensino fundamen-
tal? A educação infantil, enquanto espaço pedagógico, tem causado grande confusão no que 
dizrespeito a sua finalidade. Há quem questione se as práticas nela desenvolvidas devem servir 
ao cuidado, à proteção, à recreação ou à educação das crianças atendidas. Silva e Rodrigues 
(2011) apontam que a educação infantil tem um papel fundamental no processo de aprendiza-
gem, e que em tais práticas o ensino oferecido estará orientado à apropriação, pela criança, da 
leitura e da escrita. Assim, os instrumentos de educação infantil, basicamente a creche e a pré-
-escola, devem estimular o desenvolvimento de novas formas de expressão. 
Na educação infantil, as práticas voltadas à aprendizagem da leitura e da escrita devem ser 
construídas para que se torne possível ampliar o universo da criança. Nesse sentido, devem ser 
construídas metodologias que estejam relacionadas à realidade do aluno e que consideremos 
conhecimentos previamente adquiridos por ele. Essa abordagem requer atividades específicas 
que estimulem o desenvolvimento da leitura e da escrita. 
Cabe destacar que, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº. 9394/96), a 
educação infantil é um componente da educação básica e deve ser prestada pelas creches para 
crianças com até três anos, e pela pré-escola para crianças que tenham entre quatro e cinco 
anos. Cabe, no entanto, aqui a ressalva de que conforme a Lei nº 12.796, de 4 de abril de 
2013, a partir de 2016 a idade mínima para ingresso da criança na escola é de quatro anos, e 
os responsáveis que não o fizerem poderão ser punidos.
Podemos perceber, portanto, que a educação infantil constitui, sim, espaço para a alfabetização. 
Dada a faixa etária das crianças que são atendidas nesse espaço, a metodologia a ser usada 
pelo professor não pode se respaldar apenas na realização de atividades expositivas. Antes, deve 
recorrer a atividades lúdicas, a parlendas, a brincadeiras, a trava-línguas, a cantigas de rodas, 
a músicas variadas, para a transmissão do conhecimento. O professor deve, ainda, desenvolver 
atividades conjuntas com a criança, como a elaboração de calendários, convites para reunião, 
lista de chamada, rotina do dia, inserção de rótulos em caixas de materiais, leitura de estórias, 
para assim viabilizar o contato com o mundo letrado. Discutiremos, a seguir, os métodos usados 
no estímulo da participação ativa da criança.
CASO
A professora Cíntia Silva percebeu que os alunos de sua sala de educação infantil vinham apre-
sentando certa dificuldade em identificar as letras. Assim, ela organizou uma caça ao tesouro. 
Distribuiu letras pela sala de aula antes das crianças ingressarem e dividiu os alunos em dois 
grupos. A professora dava pistas sobre onde estariam as letras para o grupo 1 e depois para o 
grupo 2. Ao conferir as pistas, ela nomeava os objetos. Por exemplo: “a letrinha A está embaixo 
da almofada azul”, e assim sucessivamente. Para cada letra encontrada, os grupos recebiam 
uma fruta que depois iriam consumir no lanche da tarde. As crianças participaram ativamente e 
encontraram as letras. A cada letra a professora perguntava a sala: “Qual é essa letra?” e os au-
xiliava a responder, em coro, qual letra era. A participação das crianças foi massiva e foi possível 
avançar um pouco mais em seu contato com as letras, colaborando assim para seu processo de 
alfabetização.
Grave bem: a educação infantil possui grande potencialidade para ampliar o universo da crian-
ça e estimular o desenvolvimento da leitura e da escrita. Nesse processo de ampliação do uni-
verso letrado, entretanto, a família também ocupa um papel central. 
A família deve estimular a criança em casa, viabilizando o contato dela com livros, desenhos, e 
quaisquer objetos que façam essa ponte. Isso será muito importante para a aprendizagem da lei-
tura e da escrita. A criança que não tem acesso ao mundo letrado em casa, quando ingressa na 
educação infantil, vai apresentar um desenvolvimento diferenciado se comparado com a criança 
que possui esse contato. 
13
3.2.3 Os métodos de alfabetização na educação infantil
Tendo delimitado que à educação infantil compete também a alfabetização da criança, cabe a 
nós perguntar: Como auxiliar a criança pequena a se apropriar das letras, fonemas e palavras? 
Qual seria o melhor método? Partindo da realidade concreta, vemos que há vários métodos para 
a aprendizagem, para a alfabetização. 
Hoje, no Brasil, não temos do Ministério da Educação nenhuma delimitação quanto ao melhor 
método de ensino. No entanto, conforme já mencionamos, há o documento Parâmetros Curricu-
lares Nacionais, que traz uma forte influência da perspectiva construtivista. É claro que nem todas 
as escolas recorrem ao método construtivista para viabilizar a aprendizagem e a alfabetização. 
Mesmo assim, temos visto que esse método permanece sendo o mais usado em práticas peda-
gógicas voltadas à alfabetização na educação infantil. Mas saiba que, além do método constru-
tivista, temos também ainda muitas escolas que recorrem ao método fônico, também conhecido 
como silábico. Vamos conhecê-lo?
Bem, o método fônico está presente nos processos de alfabetização no Brasil há muitos anos. 
Segundo esse método, a criança só consegue aprender a ler e a escrever se conseguir associar 
sons e letras. Essa associação permitirá que ela construa as sílabas e depois consiga formar as 
palavras e compor frases. O primeiro passo nesse método, portanto, é fazer com que a criança 
aprenda os sons e os relacione a uma letra ou a um conjunto de letras (SEBRA; DIAS, 2011).
Via de regra, os processos de aprendizagem são assentados na fixação dos conteúdos pela crian-
ça, sendo que tais conteúdos são transmitidos pelo professor no espaço da sala de aula. Isso 
requer que a criança se aproprie do conhecimento de uma forma segmentada, estando assenta-
do na recorrência a materiais didáticos específicos, como as antigas cartilhas e atuais apostilas.
Já a abordagem construtivista parte de aspectos contidos na realidade concreta da criança, para 
que ela possa se apropriar dos conceitos e das palavras. Por conseguinte, nesse tipo de intervenção 
pedagógica, a experiência da criança é considerada. Os textos e demais meios para o desenvolvi-
mento da alfabetização provêm do universo infantil, permitindo assim maior vinculação da criança 
com a alfabetização. Sebra e Dias (2011) nos dizem ainda que, nesse método, os erros apresen-
tados pela criança constituem pontos de partida parra futuras aprendizagens, sendo que ela deve 
ser sempre estimulada a entender onde errou e construir uma nova resposta. Assim, o professor 
atua como mediador e não como o transmissor do conhecimento. Devido a essa possibilidade de 
intervenção, torna-se uma prática mais livre, flexível e adaptável à realidade das crianças. 
Outro diferencial no que diz respeito à alfabetização construtivista, refere-se à necessidade do 
concreto. Assim, a criança manuseia o que é concreto e transfere o conhecimento ao cérebro. É 
necessário dominar a fala, ter o conhecimento das letras e fonemas, no entanto, para aprender 
tais conceitos, a criança precisa se apoiar naquilo que é palpável. Para a criança pequena, que 
não consegue ainda transferir todas as informações para a mente, o concreto é fundamental.
Não podemos dizer que há um método melhor ou pior do que o outro. Podemos afir-
mar, entretanto, que atualmente o método fônico tem sido relacionado à perspectiva 
de alfabetização tradicional, ao passo que o construtivismo tem sido compreendido 
como uma abordagem contemporânea e mais adequada para alfabetizar as crianças 
no contexto em que vivemos. 
VOCÊ QUER LER?
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Metodologia e Prática na Educação Infantil
3.3 A educação infantil e o letramento
Estudamos acima o conceito de alfabetização. Agora, passaremos ao entendimento de um con-
ceito que é extremamente relevante nas práticas pedagógicas de educação infantil: o letra-
mento. Afinal de contas, o que significaletramento? Será que há relação desse conceito com a 
aprendizagem? Também compreenderemos aspectos relacionadas ao desenvolvimento histórico 
desse conceito. 
3.3.1 Letramento: surgimento e conceito
Coelho (2010) indica que o conceito de letramento teria surgido pela primeira vez na área de psi-
colinguística de Mary A. Kato, por volta de 1986. Inicialmente, Kato teria usado o termo “literacy”, 
derivado da língua inglesa e que buscava designar um estado, condição ou qualidade de um ser 
literante. O ser literante, por sua vez, seria aquele que é educado para ler e escrever.
Leda Verdiani Tfouni foi responsável por inserir o conceito de letramento na educação 
infantil. Graduada em Letras, atualmente tem muitas publicações na área de letramen-
to e análise do discurso. É uma das grandes referências pedagógicas na atualidade. 
Vamos conhecer um pouco mais da produção de Leda? Observe o currículo lates dela, 
acessando o link:<http://lattes.cnpq.br/3426116122713706>.
VOCÊ O CONHECE?
No ano de 1988, no entanto, o conceito de letramento ganhou terreno e notoriedade nas práti-
cas pedagógicas. Foi junto a elas inserido por meio do livro: “Adultos não alfabetizados: o avesso 
do avesso” de Leda Verdiani Tfouni, publicado pela Editora Fontes. A obra em questão analisava 
a forma e o pensar de adultos analfabetos. A partir desse momento, rapidamente as práticas 
pedagógicas passaram a incorporar o conceito nos processos de aprendizagem, inclusive na 
educação infantil. 
Mas o que podemos compreender como letramento? Coelho (2010) nos diz que a palavra em si 
deriva de dois termos: literati e literacy. Enquanto literati faz menção à pessoa que domina a leitura e 
a escrita, literacy, como vimos, designa o ser humano que consegue manipular a leitura e a escrita. 
Saiba mais sobre as práticas pedagógicas em educação infantil e sobre letramento, 
navegando no site: <http://www.conteudoescola.com.br/>. Os trabalhos são ricos e 
servem para iluminar nosso cotidiano no ambiente da sala de aula e nos levar à refle-
xão sobre letramento.
VOCÊ QUER LER?
Por conseguinte, conforme Coelho (2010), o letramento refere-se à capacidade que a pessoa 
desenvolve de aplicar, em suas experiências cotidianas e concretas, sua aprendizagem da língua 
escrita. Podemos também inferir, portanto, que para estar letrado é preciso primeiro estar alfabe-
tizado. Assim, para aplicar a leitura e a escrita é necessário também possuir a compreensão míni-
ma da composição de palavras, frases e de outras expressões possíveis. O letramento, portanto, 
caminha juntamente com a alfabetização. A título de exemplo, podemos indicar a existência de 
pessoas que conhecem o alfabeto, conhecem a grafia correta das palavras, mas não conseguem, 
por exemplo, escrever um bilhete. Nesse caso, a pessoa está alfabetizada, mas não está letrada. 
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Outra definição interessante, que complementa a indicada no parágrafo anterior, é sumariada 
por Coelho (2010). Derivando da análise dos radicais que formam a palavra letramento, o termo 
“letra” estaria relacionado à forma da palavra, ao passo que o sufixo “mento” corresponderia 
a uma ação. Portanto, letramento significaria a palavra em ação. Assim, podemos entender que 
letrar é mais amplo do que alfabetizar, posto que incorpora a noção de ação. 
Por exemplo, a criança letrada consegue, em casa, sem a ajuda do professor, realizar a leitura 
de alguns itens, incluindo livros (rótulos de objetos, revistas, gibis, e outros mais que sejam colo-
cados à disposição). A imagem a seguir pode ser considerada representativa dessa dinâmica, já 
que nela vemos duas crianças junto com sua família em uma atividade de leitura.
Figura 5 – Crianças lendo um livro em família – expressão de letramento.
Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2016.
Você sabia que há muitas pessoas que são alfabetizadas, mas não estão letradas? Ou 
seja, há pessoas que foram alfabetizadas, mas que não conseguem aplicar em seu 
cotidiano os conhecimentos adquiridos.
VOCÊ SABIA?
O letramento tem como espaço privilegiado para seu acontecimento a escola, no entanto, é 
preciso destacar que a criança, ao ser inserida no mundo, estará automaticamente tendo contato 
com processos letrados. Como constitui nosso objetivo discutir os processos de letramento na 
educação infantil, convidamos você a passar ao nosso próximo item. 
3.3.2 Letramento e educação infantil
Como já mencionamos o letramento vai além da simples decodificação da escrita, e incorpora a 
capacidade de conseguir usar a leitura e a escrita alcançadas no processo de alfabetização. “A 
noção de letramento está associada ao papel que a linguagem escrita tem na nossa sociedade” 
(COELHO, 2010, p. 81). Em outras palavras, o letramento é um fenômeno de cunho social já 
que permite a inserção da criança nesse meio. Por meio do letramento, é possível que a criança 
se aproprie do mundo que está a sua volta e, ao fazê-lo, consiga também se apropriar da cultura 
produzida pelo gênero humano. 
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Trata-se de um processo que acontece na escola, mas que está presente em todos os estágios de 
desenvolvimento da criança. No entanto, a escola é o espaço específico para que o letramento 
aconteça. Lembre-se sempre de que as atividades de letramento e de alfabetização, no entanto, 
devem estar articuladas. Nas práticas de educação infantil, conforme Coelho (2010), é que a 
criança tem contato com os processos de alfabetização e também de letramento. Por conseguinte, 
a educação infantil é o espaço privilegiado em que a criança consegue apreender a língua, bem 
como seus significados. Torna-se, então, possível a ela avançar em sua alfabetização e letramento.
Esse entendimento, ou seja, de que compete à educação infantil a inserção da criança no mundo 
letrado não é apenas uma postura teórica, mas algo abordado no Referencial Curricular Nacio-
nal para a Educação Infantil do Ministério da Educação, publicado no ano de 1998. Obviamente 
que tal inserção deve acontecer através de metodologias específicas, tomando como base o 
estágio de desenvolvimento apresentado pela criança. 
É importante destacar que há crianças que, em sua família, possuem baixa inserção no mundo 
letrado. Nesse caso, a responsabilidade da educação infantil torna-se ainda maior. Obviamente 
que a família deve ser estimulada também a fazê-lo, mas, inicialmente, é a escola que tem essa 
potencialidade. Por outro lado, conforme Coelho (2010), o ambiente familiar rico em letramento 
trará o maior envolvimento da criança com a escrita. A criança que é estimulada desde cedo 
com livros, imagens variadas e outros dispositivos, apresentará maior facilidade na alfabetização 
e no letramento. A criança letrada decodifica as palavras, forma frases, mas também desenvolve 
a capacidade de pensar, interpretar, analisar criticamente e agir sobre eventos reais que estão 
presentes em sua vivência cotidiana. 
A educação infantil, portanto, é a primeira etapa em que temos iniciados os processos de alfa-
betização e letramento, sendo comum o professor recorrera revistas, gibis, fascículos para letrar. 
Uma abordagem muito comum é a criança começar aprendendo a escrever o próprio nome. 
Recomenda-se que junto à criança menor de três anos, o professor recorra a imagens grandes, 
claras e atraentes para sustentar as atividades de letramento. Tais atividades devem motivar a 
leitura e a escrita e precisam ser interessantes para a criança, assim como devem partir da re-
alidade concreta, do cotidiano da criança. Além disso, elas precisam acontecer em um espaço 
apropriado e adequado a tal finalidade. 
A sala de aula, por exemplo, precisa ser colorida, com materiais diversos voltados ao letramento 
da criança e disponíveis para acesso. Observe, a seguir, um exemplo de espaço organizado para 
tal finalidade. 
Figura 6 – Sala de aulada educação infantil.
Fonte: Dainis, Shutterstock, 2016.
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Como podemos observar, o espaço possui mobília adaptada à idade das crianças, e está com 
várias figuras e números dispostos. Além disso, é um ambiente acolhedor e decorado para tal 
finalidade. Coelho (2010) aponta que, na educação infantil, o letramento deve acontecer par-
tindo do concreto para o abstrato, visto que nessa fase é fundamental para a criança orientar 
sua aprendizagem por meio do que é imediato e palpável. É interessante que a criança consiga 
“pegar” uma letra A, por exemplo, que pode ser composta por meio de tecido TNT ou outro ma-
terial. Isso colabora substancialmente para sua alfabetização e futuramente para seu letramento. 
Deve ainda partir de conceitos simples para os mais complexos. Assim, se a criança não entendeu 
ainda a formação de palavras, não há como esperar que ela consiga formar frases com sentido.
3.3.3 Os estágios de letramento das crianças
Antes de ingressar nos estágios ou fases, propriamente ditos, de letramento, é importante desta-
car o conceito de conhecimento fonológico. Trata-se da capacidade necessária à alfabetização 
e ao letramento, posto que permite o conhecimento dos fonemas. Esse conhecimento provém 
do sistema alfabético e relaciona-se ao entendimento da criança de que cada letra corresponde 
a um segmento sonoro, ou som. Ler e escrever, portanto, demanda que a criança possua um 
determinado nível de conhecimento fonológico. 
Zorzi (2007) aponta que, partindo desse conhecimento fonológico, a criança desenvolve a ca-
pacidade de ler e escrever. A aquisição da leitura e da escrita passa por determinadas fases: 
pré-silábico; silábico; silábico-alfabético e alfabético. Vamos conferir o que é cada um deles!
O estágio pré-silábico é o início da apropriação da escrita pela criança. Nele, temos o uso de 
grafismos para reprodução das letras e não há correspondência entre os sons que compõem as 
palavras e os elementos gráficos utilizados para a escrita. Saiba que trata-se do estágio mais 
rudimentar da escrita. Já no estágio silábico, a palavra falada é descomposta em unidades si-
lábicas menores. Para cada sílaba na escrita, a criança usa uma letra. Neste estágio, a criança 
aperfeiçoa seu domínio das características sonoras das palavras, ampliando assim sua capaci-
dade de escrita.
O estágio silábico-alfabético é uma fase de transição para a escrita coordenada. Nele, vemos que 
a criança consegue compreender a sílaba de forma distinta, ou seja, ela não é mais representada 
por apenas uma letra, como no estágio silábico. Zorzi (2007) afirma que nesse estágio a criança 
se apropria dos fonemas e passa a reunir todas as condições para ir à fase alfabética.
Na fase alfabética, a criança consegue estabelecer uma relação de correspondência entre letras 
e sons. Quando isso acontece, ela pode ser então alfabetizada. Estando alfabetizada, pode ser 
letrada.
Perceba que a apropriação da escrita e da leitura não é um processo automático, mas sim algo 
evolutivo. Esse processo só é possível se mediado pelo adulto. Esse “adulto” representa a família 
e o grupo de amigos com os quais a criança convive, mas que é sobretudo o professor. O espaço 
da educação infantil constitui-se, por excelência, como o locus privilegiado de letramento. Fare-
mos, agora, algumas observações sobre as metodologias comuns na educação infantil voltadas 
à alfabetização e ao letramento. 
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3.4 As metodologias de intervenção 
na educação infantil voltadas ao 
letramento e à alfabetização
Neste tópico, estudaremos as características que devem ser apresentadas nas metodologias de 
educação infantil voltadas ao letramento e à alfabetização. Continue conosco!
3.4.1 Letramento e alfabetização na educação infantil
Cunha e Oliveira (2014) nos dizem que antes de pensarmos a metodologia na educação infantil, 
devemos refletir que a as crianças tem adentrado na educação infantil cada vez mais jovens. 
Há crianças que ingressam na educação infantil na idade fixada pela legislação (que, como 
sabemos, é de quatro anos), mas o número de crianças que ingressa antes dessa idade, por 
uma série de fatores sociais, econômicos, tem sido ampliado substancialmente. Devido à idade 
e ao estágio de desenvolvimento, torna-se relevante refletir sobre as metodologias que serão 
desenvolvidas na prática pedagógica. Não temos, na verdade, uma receita pronta e que pode 
ser aplicada em qualquer realidade, mas sim considerações gerais acerca do método e técnicas 
de intervenção mais recomendados. 
Saiba que um dos principais aspectos a serem recomendados refere-se à necessidade de pla-
nejamento prévio das atividades a serem desenvolvidas, visando assim o alcance de determi-
nados objetivos e finalidades. Esse planejamento, entretanto, não quer dizer que as práticas 
pedagógicas devem ser engessadas, mas sim planejadas de maneira lúdica. Por conseguinte, na 
educação infantil, é condição fundamental que as atividades sejam desenvolvidas por meio da 
ludicidade, pois assim a criança irá se apropriar de forma espontânea do conhecimento, poden-
do ser alfabetizada e letrada nesse processo. 
Figura 7 – É fundamental para a criança que as atividades sejam desenvolvidas por meio da ludicidade.
Fonte: SergiyN, Shutterstock, 2016. 
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No mesmo momento que brinca empilhando os cubos, a criança pode ser também ensinada com 
relação a número e letras. Além das abordagens lúdicas, a escola de educação infantil deve viabi-
lizar práticas reais de leitura e escrita, apoiando-se em itens que integram o cotidiano da criança. 
Isso ocorre porque a criança sente a necessidade de desenvolver atividades próximas à escrita.
No âmbito prático, no entanto, Cunha e Oliveira (2014) indicam algumas atividades que podem 
e devem ser desenvolvidas na educação infantil com vistas ao letramento. Algumas delas são: 
contação de histórias e dobraduras com base nos personagens das histórias contadas; sacola 
de leitura (com livros variados e que podem ser levados para a casa); atividades de massinha; 
fantoche; desenhos etc. 
A delimitação das atividades a serem desenvolvidas provém da realidade observada, ou seja, das 
necessidades apresentadas por cada criança. E mais, pressupõe o entendimento de que todas 
essas atividades precisam ser mediadas pelo professor. 
20 Laureate- International Universities
SínteseSíntese
Neste capítulo, nos aproximamos mais das práticas pedagógicas desenvolvidas na educação 
infantil. 
• Vimos que a aquisição da linguagem pela criança é um importante meio para que ela 
desenvolva sua aprendizagem e seja inserida no mundo letrado.
• Entendemos que a educação infantil assume, na contemporaneidade, o papel de 
socialização, recreação, mas que também deve ser um dispositivo de aprendizagem.
• Sabemos agora que a alfabetização relaciona-se ao domínio das técnicas da leitura e da 
escrita, ao passo que o letramento está relacionado à condição humana de colocar em 
prática sua alfabetização.
• Vimos que leitura e escrita são dispositivos de aprendizagem, mas são também meios de 
apropriação e inserção cultural.
• Na educação infantil, as metodologias voltadas à alfabetização e ao letramento devem 
estar assentadas no entendimento da criança e do seu especial estágio de desenvolvimento. 
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