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Precedente Judicial e sua Aplicação

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PRECEDENTE JUDICIAL
1 INTRODUÇÃO
Sentença é mais do que o pronunciamento judicial que põe fim ao processo, é, em verdade, o pronunciamento que soluciona todas as questões suscitadas no procedimento de cognição em questão. Aquilo que não resolve, não decide questão processual, apenas conduz a cognição, é chamado de despacho. Uma parte da doutrina trata sentença e decisão como sendo termos sinônimos, outra parte explica a segunda como uma espécie da primeira.
Decisão e sentença, sinônimos ou não, são proferidas em primeira e segunda instância, de maneira una ou por um colegiado.
Decisões são proferidas em casos concretos e aplicadas às partes ou à coletividade. A primeira situação decorre de conflito particular das partes, dada em primeira ou segunda instância, a segunda, importa interesse geral da sociedade, situações que foram apresentadas com certa frequência àquele tribunal e sua decisão implica em criação de norma, que será de observância obrigatória em demais demandas sobre matéria semelhante. A esta última, dá-se o nome de precedente, e somente é assim determinada quando é formada nos tribunais.
A base de argumentação que compõe o precedente, seus fundamentos, é chamada de ratio decidendi. Nos dizeres de Didier: 
Trata-se de norma geral, malgrado construída, mediante raciocínio indutivo, a partir de uma situação concreta. Geral porque a tese jurídica (ratio decidendi) se desprende do caso específico e pode ser aplicada em outras situações concretas que se assemelha àquela que foi originariamente construída. (2015, p. 443).
Apresentados os conceitos de cada ponto a serem tratados neste trabalho, adiante serão discutidos seus desdobramentos.
2 RATIO DECIDENDI X PRECEDENTE
Para um sistema operacional de uma forma lógica e plena de precedentes é preciso ter a noção de ratio decidendi. Para o filósofo MacCormick:
 Sem um entendimento teórico dos precedentes e de conceitos-chave como o de ratio decidendi, não podemos de fato implementar nenhuma doutrina jurídica do precedente. Como sempre, a questão não é se devemos ter ou não uma teoria; a questão é apenas se devemos ter uma teoria articulada, bem pensada e, de preferência, correta, ou se podemos ficar contentes com uma teoria implícita, inarticulada e provavelmente incorreta. (2008, p. 194)
 Com isto é possível ver que, a ratio é uma parte necessária da fundamentação de um precedente. Um exemplo da ratio seria em considerações econômicas, políticas e morais ligadas em argumentos jurídicos. A identificação dela não se depende no tipo de argumento, mas sim do seu uso deste.
3 PRECEDENTES DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA
Os precedentes podem ser classificados de várias maneiras por doutrinadores. 
Duas maneiras de classificação são: 1) quanto a seu conteúdo, que podem ser precedentes declarativos e criativos; e 2) quanto à sua eficácia que podem ser vinculantes ou obrigatórios, obstativos ou persuasivos. 
No art. 927 do Código de Processo Civil têm se o rol de precedentes obrigatórios. São eles:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (BRASIL, 2015)
4 APLICAR E SUPERAR
Assim como aplicação legislativa, a aplicação do precedente ao caso concreto requer interpretação do mesmo, bem como, a comparação deste com o caso sub judice, antes de efetivamente fundamentar a decisão que ali será proferida baseada naquele ratio decidendi. E, utilizando ainda de exemplo a aplicação legislativa, o precedente, como aquela, deve estar sempre atual às situações sociais, portanto, sua aplicabilidade, adequação, pode perder força ao longo do tempo, sendo a única solução suspendê-lo.
A estes procedimentos do processo dão-se os nomes de distinguishing, isto é, a distinção sobre aplicabilidade do precedente àquele caso concreto e overruling, que é a técnica utilizada na superação do precedente. Sobre ambos, explica-se a seguir.
4.1 DISTINGUISHING
Trata-se do método de comparação a ser utilizado pelo magistrado no momento de verificação quanto à semelhança do ratio decidendi do precedente àquele caso sub judice. Por isso o termo distinguishing, que em português seria algo como “distinguindo”, quando não há esta semelhança.
Neste ponto de vista, está aqui aplicado o distinguishin-método, pois, foi o modelo utilizado para chegar a uma conclusão sobre aquele ratio decidendi e o julgamento. Concluído este ponto, toma-se mão do distinguishin-resultado, isto é, se o precedente é cabível à situação, será aplicado, se não, haverá uma negação em aplicar este precedente, formando o magistrado então uma decisão comum, fundamentada e com todos demais requisitos a serem seguidos, ou, se mesmo que não se assemelhe em todos os pontos peculiares da questão, haverá uma ampliação do precedente, a fim de resolvê-la.
Sobre tal, menciona Didier Jr.:
Muito dificilmente haverá identidade absoluta entre as circunstâncias envolvidas no caso em julgamento e no caso que deu origem ao precedente. Sendo assim, se o caso concreto revela alguma peculiaridade que o diferencia do paradigma, ainda assim é possível que a ratio decidendi (tese jurídica) extraída do precedente lhe seja aplicada. (2015, p. 491)
	4.2 OVERRULLING
Overruling é a técnica através da qual um precedente perde a sua força vinculante e é substituído por outro precedente. (DIDIER JR., 2015, p. 494).
Este abandono, no direito brasileiro, apenas é permitido de forma expressa, quando o próprio tribunal que estabeleceu o precedente adota uma direção diferente daquela, declarando que já não mais vale o anterior. Isto se dá, devido à imposição normativa do próprio código de processo civil, que indica a obrigatoriedade de fundamentação “adequada e específica” na modificação de enunciados, como prevê o artigo 927, §4º.
Mencionando ao referido código, vale ressaltar que, alterar/modificar o precedente, não fere a estipulação do artigo 926 sobre manter a jurisprudência “estável, íntegra e coerente”, pois, é necessário que este mesmo sistema seja atualizado, contanto que aja fundamentação nesta mudança. Tudo isto para que se proteja a confiança e segurança do ordenamento jurídico.
A decisão que implicar overrulling exige como pressuposto uma carga de motivação maior, que traga argumentos até então não suscitados e a justificação complementar da necessidade de superação do precedente, A manutenção dos precedentes vigentes, de forma a gerar previsibilidade e garantir a isonomia na aplicação do direito, exige um maior esforço argumentativo tanto à parte que litiga em face de precedente em sentido contrário, como ao órgão julgador que atue nessa revogação, estando tal ônus relacionado com o princípio da inércia argumentativa [...] (DIDIER JR., 2015, p. 497)
Um bom exemplo mencionado pelo próprio Didier (2015, p.498) é sobre o surgimento de lei nova que seja incompatível com aquele precedente, e, portanto, recomenda o fórum de processualistas civis, que se dê a inaplicabilidade do mesmo.
No entanto, defende-se a importância da percepção em longo prazo de como o precedente vem perdendo espaço de aplicação, visando principalmente a segurança a ser transmitida pelo tribunal. Para isto, aplicar-se-ia o método signaling, apresentando “a inconsistência de um precedente, deixando, porém, de superá-lo naquele julgamento específico” e, naquele momento, apontar uma futura revogação. (TRIGO, 2018).
Neste método, o reconhecimento quanto à inaplicabilidade do precedente é claro, justamente com o vinco de que o colegiado possa reconduzir sua jurisdição a fim de alterá-lo de pouco em pouco até assumi-lo em definitivo.
Desta maneira, haveriao cenário ideal para a superação de um precedente e a adoção de novo entendimento.
	5 CONCLUSÃO
Apesar de o sistema seguido no Brasil ser o civil law os precedentes são fortemente considerados na aplicação do direito, porém, ainda não pode se dizer que está tendenciado ao common law, há inúmeras etapas a serem preenchidas para tal, portanto, pode se dizer que trataria de sistema misto, sui generis.
Esta miscigenação pode ser observada porque a própria legislação processualista prevê a aplicação dos precedentes de maneira equiparada à força legislativa, como aponta o artigo 927 do código de processo civil.
Com tamanho significado no ordenamento, o que se pode fazer para que haja segurança na sua aplicação é adotas os métodos apresentados, de maneira adequada e fundamentada.
REFERÊNCIAS
DIDIER Jr., Fredie; BRAGA, Paulo S.; DE OLIVEIRA, Rafael A. Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela 2. 10 ed. Salvador: Jus Podvim, 2015.
MCCORNICK, Neil. Retórica e estado de Direito. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Tradução: Hubner Mendes.
TRIGO, Lucas A.C. A sinalização na superação do precedente. Revista de Processo. São Paulo, v. 276. p. 401-426. Fev. 2018. Disponível em: <https://www.revistadostribunais.com.br/maf/app/resultList/document?&src=rl&srguid=i0ad6adc600000163eb58d7f0ec8d3266&docguid=I918fb460031911e89b19010000000000&hitguid=I918fb460031911e89b19010000000000&spos=2&epos=2&td=254&context=101&crumb-action=append&crumb-label=Documento&isDocFG=false&isFromMultiSumm=&startChunk=1&endChunk=1#DTR.2018.8236-n12>
GLEZER, Rubens. Ratio decidendi. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/94/edicao-1/ratio-decidendi>.

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