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INTRODUÇÃO À PATOLOGIA E LESÕES CELULARES REVERSÍVEIS Denis Masashi Sugita Médico Patologista e Citopatologista INTRODUÇÃO “A Patologia é o fio condutor do ensino médico.” Prof. Eduardo Marcondes (USP-SP) “A Patologia é a gramática da Medicina.” Prof Edson Garcia Soares (USP-RP) “A Clínica é soberana ... Até a Patologia dizer o contrário.” INTRODUÇÃO Patologia é a ciência que estuda: - As causas das doenças (etiologia). - Os mecanismos que produzem doenças (patogênese). - As alterações morfológicas provocadas pelas doenças (anatomia patológica e citopatologia). - As alterações funcionais provocadas pelas doenças (fisiopatologia). INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO História da Patologia: - Fase necroscópica. - Fase microscópica. - Fase imunológica. - Fase molecular. ETAPAS DE UM EXAME COMPLEMENTAR Fase pré-analítica: - Solicitação de exame complementar. - Preparo do paciente (orientações pré-exame). - Obtenção da amostra (tipo de procedimento). - Cuidados com a amostra (identificação, acondicionamento e fixação). - Entrega ao laboratório. PEDIDO DE EXAME = PEDIDO DE PARECER ETAPAS DE UM EXAME COMPLEMENTAR Fase Analítica: - Realização do exame. Fase Pós-Analítica: - Liberação do resultado. - Comunicação aos interessados: - Paciente. - Médico assistente. - Outros. Recepção. Acondicionamento. Fixação. Macroscopia. Histotécnica. Microscopia. Técnicas complementares: - Colorações especiais. - Histoquímica. - Imuno-histoquímica. - Patologia molecular. FASE ANALÍTICA EM PATOLOGIA DIVISÃO DA PATOLOGIA Patologia geral: - Doenças hereditárias. - Morte celular. - Doenças crônico-degenerativas. - Doenças inflamatórias (infecciosas e imunológicas). - Doenças neoplásicas. DIVISÃO DA PATOLOGIA Patologia especial: - Sistêmica (médica, odontológica e veterinária). - Clínica (Medicina Laboratorial). - Forense (Medicina Legal). DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS Espectro fisiopatológico amplo, envolvendo: - Alterações adaptativas. - Lesões celulares reversíveis (degenerações). - Alterações intersticiais (patologia da matriz extracelular). - Depósitos, pigmentações e calcificações. - Alterações circulatórias (patologia do transporte). A morte celular (lesões celulares irreversíveis) pode compor esse espectro fisiopatológico. LESÃO CELULAR Como consequência, podem ocorrer: - Alterações na proliferação e na diferenciação celular (adaptação celular). - Depósitos intracelulares anormais (degenerações). - Morte celular (apoptose, autofagia ou necrose). DEGENERAÇÕES São processos celulares reversíveis, secundários a alterações bioquímicas, que resultam em acúmulo de substâncias no interior das células. Classificação (natureza da substância acumulada): - Água e eletrólitos: Degeneração hidrópica. - Lipídeos: Esteatose e lipidoses. - Proteínas: Degenerações hialina e mucóide. - Carboidratos: Glicogenoses e mucopolissacaridoses. DEGENERAÇÕES – FISIOPATOLOGIA DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Sinônimos: Degeneração vacuolar ou baloniforme, edema intracelular. Lesão não-letal mais comum, independente da natureza do agente agressor. O equilíbrio hidroeletrolítico celular é mantido por canais iônicos (bombas eletrolíticas), principalmente aqueles que fazem transporte ativo. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Etiopatogênese: - Alteração na produção (hipóxia, lesões mitocondriais) ou consumo (hipertermia) de ATP celular. - Interferência na integridade da membrana plasmática (fosfolipases, radicais livres). - Alteração nas proteínas que formam a bomba eletrolítica (fármacos). DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Fisiopatologia: - Alteração na função da Na + /K+ ATPase. - Retenção de sódio e extravasamento de potássio. - Aumento da pressão osmótica intracelular. - Entrada de água, com expansão isosmótica: - Retículo endoplasmático. - Citosol. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Macroscopia: - Varia de acordo com a intensidade da lesão. - Aumento de peso e de volume. - Proeminência celular nas superfícies de corte. - Coloração mais pálida (compressão dos capilares). DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Microscopia: - Aumento do volume celular (tumefação). - Citoplasma de aspecto granuloso / vesiculoso, de coloração mais clara e acidofílica. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA ESTEATOSE Acúmulo de lipídeos do tipo triglicerídeos em células que, normalmente, não os armazenam. Metabolismo de ácidos graxos nos hepatócitos: - Produção de colesterol e lipídeos complexos. - Geração de energia (β-oxidação, com formação de corpos cetônicos). ESTEATOSE Etiopatogênese: - Aumento na síntese lipídica (lipólise ou ingestão excessiva). - Excesso de acetil CoA (hipóxia). - Redução na síntese de lipídios complexos (carência de fatores nitrogenados ou de ATP). - Deficiência na síntese de lipotroteínas (desnutrição). - Distúrbios no deslocamento e na fusão de vesículas com a membrana plasmática (alterações no citoesqueleto). ESTEATOSE Macroscopia: - Aumento do peso e do volume. - Coloração amarelada. - Aspecto untuoso. Microscopia: - Células semelhantes a adipócitos (macrovesicular). - Múltiplos e pequenos vacúolos, sem deslocar o núcleo (microvesicular). ESTEATOSE ESTEATOSE LIPIDOSE Acúmulo de lipídeos não-triglicerídeos: - Colesterol e seus ésteres (aterosclerose, xantomas). - Esfingolipídeos e gangliosídeos (doenças enzimáticas genéticas). Podem ser, clinicamente, localizadas ou sistêmicas. LIPIDOSE Aterosclerose (fase de lipidose): - Etiopatogênese: Deposição aumentada de LDL oxidada ou minimamento oxidada na íntima (hipercolesteroleima). - Fisiopatologia: Macrófagos não conseguem processar LDL oxidada. - Macroscopia: Ausência de achados ou estrias lipídicas. - Microscopia: Macrófagos vacuolizados (células espumosas). LIPIDOSE LIPIDOSE LIPIDOSE LIPIDOSE GLICOGENOSE Acúmulo de glicogênio, devido a doenças genéticas com deficiência de enzimas que o degradam, gerando depósitos lisossômicos ou citosólicos. Pode ocorrer glicogenose em condições de absorção aumentada da glicose (glicosúria). GLICOGENOSE Principais órgãos comprometidos: - Fígado. - Rins. - Coração. - Musculatura esquelética. GLICOGENOSE GLICOGENOSE DEGENERAÇÃO HIALINA Acúmulo de material protéico no interior da célula: - Hialino (hyálinos, GR): Vidro. Microscopia: - Gotículas, vacúolos ou agregados eosinofílicos. - Por vezes com aspecto fibrilar ou cristalino. DEGENERAÇÃO HIALINA Etiopatogênese e fisiopatologia: - Absorção protéica aumentada (proteinúria). - Aumento na produção de proteínas normais (síntese de Ig). - Transporte intracelular ou secreção inadequados (deficiência de α1- antitripsina). - Agregação de proteínas anormais (amiloidose inicial e doenças priônicas). - Acúmulo de proteínas do citoesqueleto. DEGENERAÇÃO HIALINA Proteínas do citoesqueleto: - Microtúbulos. - Filamentos finos de actina e grossos de miosina. - Filamentos intermediários: - Queratina (ação tóxica ou infecciosa). - Vimentina. - Desmina (ação tóxica). - Neurofilamento (doenças neurodegenerativas). - Glial (gliose). DEGENERAÇÃO HIALINA DEGENERAÇÃO HIALINA DEGENERAÇÃO MUCÓIDE Acúmulo de mucina, condição rara, geralmente devido a aumento na síntese por: - Células caliciformes. - Adenomas e adenocarcinomas mucoprodutores (podendo, inclusive, extravasar para o interstício). DEGENERAÇÃO MUCÓIDE DEGENERAÇÃO MUCÓIDE MUCOPOLISSACARIDOSE Acúmulo de poliglicanos e/ou proteoglicanos, devido à um defeito enzimático genético, levando a depósitos lisossomais. Manifestações clínicas variáveis, havendo,em comum: - Anormalidades no esqueleto. - Anormalidades em artérias e em valvas cardíacas. - Retardo mental. - Opacificação da córnea. MUCOPOLISSACARIDOSE MUCOPOLISSACARIDOSE MUITO OBRIGADO! Denis Masashi Sugita Médico Patologista e Citopatologista
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