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DENÚNCIA E QUEIXA - Requisitos da Denúncia (artigo 41 do Código de Processo Penal) . Endereçamento: o endereçamento equivocado caracteriza mera irregularidade, sanável com a remessa dos autos ao juiz competente. . Descrição completa dos fatos em todas as circunstâncias: no processo penal, o réu defende-se dos fatos a ele imputados, sendo irrelevante a classificação jurídica destes. O que limita a sentença são os fatos; sua narração incompleta acarreta a nulidade da denúncia, se a deficiência inviabilizar o exercício do direito de defesa. A omissão de alguma circunstância acidental não invalida a queixa ou a denúncia, podendo ser suprida até a sentença (artigo 569 do Código de Processo Penal). Na hipótese de concurso de agentes (coautoria e participação), sempre que possível, é necessária a descrição da conduta de cada um. A jurisprudência já abriu exceções para não inviabilizar a persecução penal, como nos seguintes casos: . crimes de autoria coletiva (praticados por multidão); . delitos societários (diretores se escondem atrás da pessoa jurídica). . Classificação jurídica dos fatos: a correta classificação do fato imputado não é requisito essencial da denúncia, pois não vincula o juiz que pode dar aos fatos definição jurídica diversa. O réu se defende dos fatos e não da acusação jurídica (juria novit curia – o juiz conhece o direito). O juiz não pode, ao receber a denúncia, dar uma classificação jurídica diversa da contida na exordial porque a fase correta para isso é a sentença (artigo 383 do Código de Processo Penal); o recebimento é uma decisão de mera prelibação, sem o exame aprofundado da prova; não há ainda prova produzida pelo crivo do contraditório. . Qualificação do denunciado: individualização do acusado. Não havendo dados para a qualificação do acusado, a denúncia deverá fornecer seus dados físicos (traços característicos), desde que possível. . Rol de testemunhas: a denúncia é o momento oportuno para o arrolamento das testemunhas, sob pena de preclusão. Perdida a oportunidade, o rol poderá ser apresentado aguardando-se que o juiz proceda à oitiva considerando as testemunhas como suas. . Pedido de condenação: não se exige fórmula sacramental (“peço a condenação”), basta que fique implícito o pedido. A falta acarreta mera irregularidade. . Nome, cargo e posição funcional do denunciante: só haverá nulidade quando essa falta inviabilizar por completo a identificação da autoria da denúncia. . Assinatura: a falta não invalida a peça se não houver dúvidas quanto a sua autenticidade. - Denúncia alternativa é a descrição alternativa de fatos, de maneira que, não comprovado o primeiro fato, pede-se a condenação do segundo subsidiariamente (princípio da eventualidade). A denúncia alternativa é inepta, pois inviabiliza o direito de defesa. - Requisitos da queixa São os mesmos requisitos da denúncia, acrescida a formalidade do artigo 44 do Código de Processo Penal. Na procuração, devem constar os poderes especiais do procurador, o fato criminoso e o nome do querelado. A finalidade de a procuração outorgada pelo querelante conter o nome do querelado e a descrição do fato criminoso é a de fixar eventual responsabilidade por denunciação caluniosa no exercício do direito de queixa. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a assinatura do querelante na queixa, em conjunto com seu advogado, isentará o procurador de responsabilidade por eventual imputação abusiva, não sendo, nessa hipótese, necessária procuração. Omissões Podem ser suprimidas até a sentença (artigo 569 do Código de Processo Penal). - Prazo para a Denúncia (artigo 46 do Código de Processo Penal) O prazo é de 15 dias se o indiciado estiver solto. Se estiver preso, o prazo é de 5 dias. O excesso de prazo não invalida a denúncia, podendo provocar o relaxamento da prisão. - Prazos especiais: . crime eleitoral: 10 dias; . crime contra a economia popular: 2 dias; . abuso de autoridade: 48 horas (observar, contudo, que a regra para o delito de abuso é ser, hoje, da competência dos Juizados Especiais Criminais); . crime previsto na lei de drogas: 10 dias (art. 54, da Lei 11.343/06); - Prazo para a Queixa (artigo 38 do Código de Processo Penal) . Seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do crime. No caso de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses, a contar do esgotamento do prazo para o oferecimento da denúncia. - Aditamento da Queixa O Ministério Público pode aditar a queixa para nela incluir circunstâncias que possam influir na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação da pena (artigo 45 do Código de Processo Penal). O Ministério Público não poderá incluir na queixa outros ofensores se o querelante optou por não processar os demais, pois estaria invadindo a legitimidade do ofendido. Nesse caso, de não inclusão injustificada, há renúncia tácita do direito de queixa e conseqüente extinção da punibilidade dos que não foram processados, que se estende aos querelados, por força do princípio da indivisibilidade (artigo 48 do Código de Processo Penal). Obs.: No caso de não inclusão justificada (desconhecimento da identidade do coautor, por exemplo), não se trata de renúncia tácita. Tão logo se obtenham os dados identificadores necessários, o ofendido deverá aditar a queixa incluindo o indigitado, sob pena de, agora sim, incorrer em renúncia tácita extensiva a todos. O prazo para aditamento da queixa pelo Ministério Público é de três dias (art. 46, § 2º, CPP), a contar do recebimento dos autos pelo órgão ministerial. Aditando ou não a queixa, o Ministério Público deverá intervir em todos os termos do processo, sob pena de nulidade. Tratando-se de ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público poderá, além de aditar a queixa, repudiá-la, oferecendo denúncia substitutiva (artigo 29 do Código de Processo Penal). - Causas de Rejeição da Denúncia ou Queixa (art. 395, CPP) I - for manifestamente inepta; . obs.: esta decisão faz coisa julgada formal. II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; . Ex.: Ilegitimidade de parte: Quando se verifica impertinência subjetiva da ação. Ocorre, por exemplo, quando o Ministério Público oferece queixa em ação privada. Haverá também ilegitimidade quando um menor de 18 anos ingressar com a queixa em uma ação privada. Nesse caso, opera-se a chamada ilegitimidade ad processum (incapacidade processual). . Quando faltar condição de procedibilidade: Exemplo: apresentar a denúncia sem representação quando esta for exigida por lei. . Quando o fato narrado evidentemente não constituir crime: O juiz rejeitará a denúncia quando concluir que o fato narrado é atípico ou que está acobertado por causa de exclusão de ilicitude, porque falta uma condição da ação – uma verdadeira impossibilidade jurídica do pedido. A decisão faz coisa julgada material (não pode ser oferecida a denúncia novamente). . Quando já estiver extinta a punibilidade do agente: Falta uma condição da ação, que é o interesse de agir. Faz coisa julgada material. III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. . É preciso um mínimo de lastro da existência do crime ou sua autoria (artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal). - Renúncia É a abdicação do direito de oferecer queixa ou representação. Só é possível renunciar a uma ação penal privada ou a uma ação penal pública condicionada (renúncia à representação), tendo em vista que o Ministério Público jamais pode renunciar a qualquer ação pública. A renúncia é unilateral, ou seja, não depende da aceitação do agente, sendo causa extintiva da punibilidade. A renúncia, no entanto, é extraprocessual, só poderá existir antes da propositura da ação. . Existem duas formas de renúncia: . expressa: quandohouver uma declaração assinada pela vítima; . tácita: quando a vítima praticar ato incompatível com a vontade de processar (exemplo: o casamento da vítima com o agressor). A renúncia concedida a um réu estende-se a todos, ou seja, quando houver vários réus, a renúncia com relação a um deles implica, obrigatoriamente, renuncia a todos. No caso de dupla titularidade para propositura da ação, a renúncia de um titular não impede a propositura da ação pelo outro. Não se deve confundir renúncia com desistência, tendo em vista que aquela ocorre antes da propositura da ação e esta depois da propositura da ação. A única situação de desistência da ação está prevista no artigo 522 do Código de Processo Penal. Pergunta: A aceitação por parte da vítima da indenização civil gera renúncia? Resposta: Não, por expressa previsão do artigo 104, parágrafo único, do Código Penal. No caso de infração penal de menor potencial ofensivo, contudo, a homologação judicial do acordo civil, realizada na audiência preliminar, implica renúncia ao direito de queixa ou representação (artigo 74, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95). - Perdão do Ofendido É possível somente na ação penal privada, tendo em vista que o Ministério Público não pode perdoar o ofendido. O perdão aceito obsta o prosseguimento da ação, causando a extinção da punibilidade. Verifica-se o perdão após o início da ação, pois, tecnicamente, o perdão antes da ação configura renúncia. Admite-se o perdão até o trânsito em julgado. . Existem duas formas de perdão: . expresso: quando houver uma declaração assinada pelo querelante; . tácito: quando o querelante praticar ato incompatível com a vontade de processar. O perdão é bilateral, depende sempre da aceitação do querelado. Caso não haja aceitação, o processo prosseguirá. A lei assegura ao querelado o direito de provar sua inocência. A aceitação do querelado poderá ser: . expressa: quando houver uma declaração assinada; . tácita: se não se manifestar em três dias. O perdão concedido a um corréu estende-se a todos, entretanto, se algum dos corréus não o aceitar, o processo seguirá somente para ele. A doutrina entende que é possível o perdão parcial, como, por exemplo, perdoar por um crime e não perdoar por outro (a lei é omissa a esse respeito). Se a vítima for maior de 18 e menor de 21 anos (caso em que há dupla titularidade), o perdão concedido por um titular, havendo oposição do outro, não produzirá efeitos e o processo prosseguirá. Assim, prevalece a vontade de quem não quer perdoar (artigo 52). OBS.: VER ART. 5º, CC. No caso de o querelado ser menor de 21 anos, a aceitação só produz efeitos se houver concordância do seu representante legal (artigo 54 do Código de Processo Penal). Assim, prevalece a vontade de quem não quer aceitar. OBS.: VER ART. 5º, CC - Perempção Significa a “morte” da ação penal privada em razão da negligência do querelante. São hipóteses de perempção (artigo 60 do Código de Processo Penal): . quando o querelante deixa de promover o andamento do processo por 30 dias seguidos, a perempção é automática; . quando morre o querelante ou torna-se incapaz e nenhum sucessor aparece para dar prosseguimento à ação, em 60 dias; . quando o querelante deixa de comparecer a ato em que deveria pessoalmente estar presente; . quando o querelante deixa de pedir a condenação do querelado nas alegações finais; . quando o querelante é pessoa jurídica que se extingue sem deixar sucessor; . quando morre o querelante na ação penal privada personalíssima. �PAGE � �PAGE �7�
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