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1 UNIVERSIDADE TIRADENTES BIOFÍSICA DA RESPIRAÇÃO NOTAS DE AULA Prof. Msc. Fábio Augusto R Nóbrega Agosto, 2012 2 SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................................................................... 3 2. As vias aéreas ................................................................................................................................................ 4 3. Ventilação pulmonar ...................................................................................................................................... 5 4. Músculos respiratórios: .................................................................................................................................. 5 4.1 Principais músculos inspiratórios: ............................................................................................................... 5 4.2 Principais músculos expiratórios: ................................................................................................................ 6 5. Funções dos músculos abdominais ................................................................................................................ 6 6. Mecânica da ventilação pulmonar: ................................................................................................................ 6 6.1 Músculos responsáveis pela expansão e contração dos pulmões. ............................................................... 6 7. Movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões – pressões que causam esses movimentos. ............. 6 8. Efeito da caixa torácica sobre a expansibilidade pulmonar ........................................................................... 7 9. Volumes e capacidades pulmonares: ............................................................................................................. 8 9.1 Registro das alterações do volume pulmonar .............................................................................................. 8 9.2 Capacidades pulmonares: combinação dos volumes pulmonares ............................................................... 8 10. Ventilação alveolar ...................................................................................................................................... 9 11. O mecanismo da ventilação ......................................................................................................................... 9 12. Regulação da Ventilação Alveolar (VE) ................................................................................................... 10 13. Como o sangue e os pulmões interagem.................................................................................................... 11 14. As porcentagens e Pressões Parciais de O2 e CO2 no Ar Inspirado, Alveolar e Expirado ........................ 13 15. O mecanismo da respiração ....................................................................................................................... 15 3 1. Introdução O corpo humano é sob muitos aspectos uma máquina – uma máquina muito interessante. Ele deve ter: • Uma fonte de energia, • Um método de converter a energia nas formas elétrica e mecânica, e • Um modo de expelir os subprodutos. Num automóvel - a fonte de energia é a gasolina; ela é combinada com o ar e queimada nos cilindros para produzir energia cinética para acionar as rodas, e seu subproduto de gases nocivos e calor são expelidos através do escapamento e radiador. No corpo humano - a fonte de energia é o alimento; ele é processado no sistema digestivo e é então combinado com O2 nas células do corpo para liberar energia. Seus subprodutos são expelidos de 4 formas: • As componentes não digestivas são eliminadas com fezes (liberando somente uma pequena quantidade de gases nocivos); • A água e outros subprodutos são expelidos pela urina; • O CO2 é expelido via pulmões a cada dia; • O calor é dissipado pela superfície do corpo A “máquina” humana realmente consiste de bilhões de “máquinas” muito pequenas – as células vivas do corpo. Cada uma destas “máquinas – miniaturas” deve ser provida com combustível, O2, e um método de livrar-se dos subprodutos. O sangue e seus vasos (o sistema cardiovascular) servem como sistema de transporte para estas máquinas. Os pulmões (o sistema pulmonar) servem como fornecedor de O2 e expelidor do principal subproduto – CO2. O sangue leva o O2 aos tecidos e remove o CO2 dos tecidos; ele deve entrar em estreito contato com o ar nos pulmões a fim de trocar sua carga de CO2 por uma carga fresca de O2. (Figura 1). Por causa da estreita cooperação e interação entre os sistemas pulmonar e cardiovascular, as ações de um sistema freqüentemente afetam o outro. Por exemplo, durante a respiração a pressão nas veias principais do tórax afeta o retorno do sangue ao coração. Freqüentemente uma doença nos pulmões produzirá sintomas no coração e vice-versa Figura 1 Os canais principais para o ar e sangue no sistema respiratório. O diagrama ilustra esquematicamente as trocas de O2 e CO2 entre o ar nos alvéolos e o sangue. (Fonte: Guyton, 1999). Os pulmões realizam outras funções fisiológicas além das trocas de O2 e CO2. Uma função principal é manter o pH (acidez) do sangue constante. Os pulmões desempenham um papel secundário nas trocas de calor e o balanço fluido do corpo por aquecimento e mistura do ar que respiramos (inspiramos). Nosso mecanismo de respiração produz um fluxo controlado de ar para falarmos, tossirmos, espirrarmos, suspirarmos, soluçarmos, sorrirmos, fungarmos e bocejarmos. Bloqueando a passagem de ar gera aumentos de pressão para defecar e vomitar. 4 Nós respiramos cerca de 7 litros de ar por minuto. (Isto é também cerca do volume de sangue que o coração bombeia cada minuto). A respiração do homem em repouso é em torno de 12 vezes por minuto, a mulher respira cerca de 20 vezes por minuto, e as crianças respiram cerca de 60 vezes por minuto. O ar que nós inspiramos é cerca de 80% de N2 e 20% de O2. O ar expirado é cerca de 80% de N2, 16% de O2 e 4% de CO2. Nós respiramos cerca de 10 kg (22 lb) de ar a cada dia. Desse volume inspirado o pulmão absorve cerca de 400 litros (~ 0,5 kg) de O2 e libera uma quantidade ligeiramente menor de CO2. Nós também saturamos o ar que nós respiramos com água. Quando respiramos ar seco, nosso ar expirado leva para fora algo em torno de 0,5 kg de água a cada dia. No frio, uma parte desta mistura se condensa e podemos ver a nossa respiração, em forma de vapor. O ar que nós respiramos contém poeira, fumaça, carga de bactérias, gases nocivos e assim por diante, que entram em contato íntimo com o sangue. A grande superfície torcida dos pulmões com uma área superficial de cerca de 80 m2 tem uma exposição maior ao ambiente que qualquer outra parte do corpo incluindo a pele. A importância de ar limpo é óbvia. 2. As vias aéreas As principais passagens aéreas para os pulmões estão mostradas na Fig 2. O ar entra normalmente no corpo através do nariz onde ele é aquecido, filtrado e misturado. As superfícies úmidas e os pêlos no nariz aprisionam partículas de poeira, micróbios, e assim por diante. Durante exercícios pesados, tais como jogando, o ar é respirado através da boca e escapam deste sistema de filtro. O ar então passa através da traquéia. A traquéia se divide em duas (bifurca) para fornecer o ar a cada pulmão através dos brônquios. Cada brônquio se divide e subdivide 15 vezes mais; os bronquíolos terminais resultantes alimentam de ar os milhões de pequenos sacos chamados alvéolos. Os alvéolos, que são como pequenos balões interconectados (Fig.3) têm mais ou menos 0,2 mm de diâmetro (uma folha de papel é aproximadamente 0,1 mm de espessura) e tem paredes de somente 0,4 mm de espessura. Eles expandem-se e contraem-se durante a respiração; estão “onde a ação está” na troca de O2 e CO2. Figura 2 - Diagrama esquemático mostrando as passagens principais de ar para os pulmões. Cada alvéolo é envolvido por sangue de modo que o O2 possa se difundir dos alvéolos para os glóbulos vermelhos e o CO2 possa se difundir do sangue para o ar no alvéolo. No nascimento os pulmões têm cerca de 30 milhões de alvéolos; aos 8 anos de idade o número de alvéolos cresce para cerca de 300 milhões. Além desta idade o número permanece relativamente constante, mas o alvéolo aumenta de diâmetro. A fim de servir como sistema de transporte para o ar, as vias respiratórias removem as partículas “poeira” que atingem a úmidas vias das várias passagens de ar. O corpo tem dois mecanismos para limpeza das vias respiratórias de partículas estranhas. As maiores são removidas pela tosse. Partículas pequenas são levadas de cima para baixo para a boca por milhões de pequenos pêlos, ou cílios. Os cílios, que têm somente 0,1 mm de comprimento, têm um movimento ondulatório que move mucosa levando poeira e outras pequenas 5 partículas até as vias respiratórias maiores. Cada um dos cílios vibra cerca de 1 000 vezes por minuto. A mucosa move cerca de 1 a 2 cm/min. Você pode pensar nos cílios como um sistema de escada rolante para a traquéia. Leva cerca de 30 min para uma partícula de poeira ser retirada dos brônquios e da traquéia para a garganta onde ela é expelida ou engolida. Figura 3. A estrutura do alvéolo 3. Ventilação pulmonar A respiração tem por objetivo fornecer oxigênio aos tecidos e remover o dióxido de carbono. A respiração pode ser dividida em quatro eventos: • Ventilação pulmonar; • Difusão de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue; • Transporte de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais; • Regulação da ventilação Duas são as fases do processo de ventilação: • Fase ativa representada pelo processo da inspiração (entrada de ar) e • Fase passiva representada pelo processo da expiração (saída de ar) Durante a fase de inspiração há um gasto energético (energia cinética) e durante a fase expiratória não há gasto de energia (energia potencial), exceto em casos patológicos. 4. Músculos respiratórios: Os músculos respiratórios são constituídos por fibras estriadas e apresentam as seguintes características: • Apresentam 55% de fibras estriadas do tipo I vermelhas (resistentes a fadiga) – mioglobina – metabolismo oxidativo (O2 aeróbico) e 45% de fibras estriadas tipo II brancas (fatigáveis) - Glicose - metabolismo glicolítico - anaeróbico • Os músculos respiratórios trabalham vencendo cargas elásticas, que são as forças de retração dos pulmões e caixa torácica e cargas resistivas das vias aéreas. • Os músculos respiratórios contraem-se de maneira rítmica, intermitente e durante toda a vida. 4.1 Principais músculos inspiratórios: Músculos esqueléticos (voluntários - depende da vontade) Diafragma: principal músculo inspiratório. Em fórmula de hemi-cúpula separa a cavidade abdominal da cavidade torácica. É responsável pela alteração longitudinal na expansão, tracionando os dois pulmões para baixo, diminuindo a pressão torácica permitindo entrada de ar nos pulmões. Em repouso é responsável por 70% do volume inspirado. Músculos Intercostais: entre as costelas: Intercostal Interno e intercostal Externo. Escalenos: Quando se contraem elevam as costelas e o externo (Braço de Bomba). Músculos Acessórios (inspiratórios): peitoral maior, peitoral menor, trapézio, serrátil anterior, esternocleidomastoideo. 6 4.2 Principais músculos expiratórios: Músculos abdominais: reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo, transverso. São requisitados em situações em que exijam a participação ativa na “desinsuflação pulmonar” (asma, DPOC – broncoespasmo). 5. Funções dos músculos abdominais Quando se contraem, empurram a parede abdominal para dentro, aumentando a pressão abdominal, o diafragma se desloca para cima, aumentando a pressão pleural e a saída de ar, sendo importantes músculos para a tosse e expiração forçada. 6. Mecânica da ventilação pulmonar: 6.1 Músculos responsáveis pela expansão e contração dos pulmões. Os pulmões podem ser contraídos ou expandidos de duas maneiras: • Pelo movimento do diafragma para baixo e para cima, alongando ou encurtando a cavidade torácica. • Pela elevação e depressão das costelas, aumentando e diminuindo o diâmetro ântero- posterior da cavidade torácica. Durante a respiração intensa, as forças elásticas não são potentes o suficiente para produzirem a expiração rápida necessária, e a força adicional é obtida pela contração dos músculos abdominais, que empurra o conteúdo abdominal para cima, contra a base do diafragma. Figura 4. Movimento da caixa torácica durante a ventilação. Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os intercostais externos, mas também participam o esternocleidomastóideo, o serrátil anterior e o escaleno. Os músculos que tracionam a caixa torácica para baixo durante a expiração são: os retos abdominais e os intercostais internos. 7. Movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões – pressões que causam esses movimentos. Líquido pleural: lubrifica os movimentos dos pulmões dentro da cavidade. A contínua sucção do excesso de líquido pelos canais linfáticos mantém ligeiro grau de sucção entre a superfície visceral da pleura do pulmão e a superfície pleural parietal da cavidade torácica. Os pulmões, então, aderem à parede torácica, como se estivessem colados a ela, mas podem deslizar livremente, bem lubrificados, quando a caixa torácica se expande e se contrai. Pressão pleural: é a pressão do líquido existente no estreito espaço entre a pleura pulmonar e a pleura da parede torácica. Esta pressão é ligeiramente negativa. No início da inspiração é de cerca de – 5 cm de água. Na inspiração, esta pressão cai para – 7,5. 7 Pressão alveolar: é a pressão do ar no interior dos alvéolos pulmonares. Pressão atmosférica: referência = 0 cm de pressão de água. Durante a inspiração normal, a pressão alveolar diminui para cerca de – 1 cm de água. Essa pressão determina a entrada de 0,5 l de ar nos pulmões. Na expiração, a pressão alveolar aumenta para cerca de 1 cm de água. Pressão transpulmonar: diferença de pressão entre a pressão alveolar e a pressão pleural. Fornece uma medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a produzir colapso dos pulmões a cada momento da respiração, a denominada pressão de retração. A complacência dos pulmões refere-se ao grau de expansão dos pulmões que ocorre para cada unidade de aumento da pressão transpulmonar. No homem esta complacência é de 200 ml de ar por cm de pressão de água. As características do diagrama de complacência dos pulmões são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões. Essas forças podem ser divididas em dois grupos: • Forças elásticas do próprio tecido pulmonar • Forças elásticas causadas pela tensão superficial do líquido que reveste as paredes internas dos alvéolos e outros espaços aéreos dos pulmões. A tensão superficial é responsável por cerca de dois terços das forças elásticas totais dos pulmões normais. Em um pulmão cheio de solução salina, apenas as forças elásticas teciduais atuam. Não há tensão superficial porque não há interface ar-líquido. As forças elásticas de tensão superficial dos pulmões também aumentam acentuadamente quando a substância denominada surfactante não está presente no líquido alveolar. Forçaelástica da tensão superficial: a superfície de água tenta se contrair. Isso tende a forçar o ar para fora dos alvéolos, através dos brônquios e, desse modo, fazer com que os alvéolos entrem em colapso. O surfactante é um agente tensoativo na água: reduz acentuadamente a tensão superficial da água. É secretado pelas células epiteliais alveolares tipo II. Se as vias aéreas dos alvéolos pulmonares forem bloqueadas, a tensão superficial que tende a causar colapso dos alvéolos irá criar pressão positiva no seu interior, procurando expelir o ar aí existente. A quantidade de pressão gerada dessa maneira em um alvéolo pode ser calculada a partir da seguinte fórmula: Pressão = 2 x tensão superficial/ raio do alvéolo. Síndrome da angústia respiratória do recém-nascido: devido à falta de surfactante e tamanho reduzido dos alvéolos, os pulmões têm uma tendência extrema a se colapsar. 8. Efeito da caixa torácica sobre a expansibilidade pulmonar A complacência do sistema pulmão-tórax é quase a metade da complacência dos pulmões isolados. Em condições de trabalho, os músculos respiratórios só executam trabalho para produzir a inspiração e não para causar a expiração. O trabalho de inspiração pode ser dividido em três partes: 8 • Necessário para expandir os pulmões contra as forças elásticas dos pulmões e do tórax, denominado trabalho da complacência ou trabalho elástico; • O exigido para superar a viscosidade do pulmão e das estruturas da parede torácica, denominado trabalho da resistência tecidual; • O necessário para vencer a resistência das vias aéreas durante a movimentação do ar para os pulmões, denominado trabalho da resistência das vias aéreas. Durante a respiração intensa, a maior parte do trabalho é utilizada para vencer a resistência das vias aéreas. Na presença de doença pulmonar, todos os três tipos de trabalho costumam ficar aumentados. Uma das principais limitações à intensidade do exercício que a pessoa pode executar consiste na sua capacidade de fornecer energia suficiente aos músculos apenas para o processo respiratório. 9. Volumes e capacidades pulmonares: 9.1 Registro das alterações do volume pulmonar Há quatro volumes pulmonares, que somados formam o volume máximo de expansão dos pulmões: • Volume corrente: volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal. Seu valor é de 0,5 L; • Volume de reserva inspiratório: volume máximo adicional de ar que pode ser inspirado além do volume corrente normal. É igual a 3000 mL; • Volume de reserva expiratório: é o volume máximo adicional de ar que pode ser eliminado por expiração forçada, após o término da expiração corrente normal. Em condições normais é de cerca de 1100 mL; • Volume residual: é o volume de arque permanece nos pulmões após o esforço expiratório máximo. Esse volume é em média de cerca de 1200 mL. 9.2 Capacidades pulmonares: combinação dos volumes pulmonares • Capacidade inspiratória: volume corrente + volume de reserva inspiratório. Cerca de 3500 mL; • Capacidade funcional residual: volume de reserva expiratório + volume residual. Cerca de 2300 mL. Refere-se à quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração forçada; • Capacidade vital: volume de reserva inspiratório + volume de reserva expiratório + volume corrente. Trata-se da quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões após enchê- los ao máximo e, em seguida, expirar completamente. Cerca de 4600 mL; • Capacidade pulmonar total: refere-se ao volume máximo que os pulmões podem alcançar com o maio esforço possível. É igual à soma da capacidade vital com o volume residual. Cerca de 5800 mL. Todos os volumes e as capacidades pulmonares são cerca de 20 a 25% menores nas mulheres do que nos homens, sendo maiores em pessoas de grande porte e de porte atlético do que em pessoas de pequeno porte e astênicas. O volume-minuto respiratório é igual ao produto do volume corrente pela freqüência respiratória: Volume-minuto respiratório: quantidade total de ar fresco que se movimenta pelas vias aéreas a cada minuto. Esse volume é igual ao produto do volume corrente pela freqüência respiratória. Este é de cerca de 6 l/min. 9 Figura 5. Volumes respiratórios 10. Ventilação alveolar Durante a respiração normal em repouso, o volume corrente é apenas suficiente para preencher as vias aéreas até os bronquíolos terminais e, só uma pequena parcela do ar inspirado segue todo o trajeto até o alvéolos. Espaço morto e seu efeito sobre a ventilação alveolar: Parte do ar que a pessoa respira jamais alcança as áreas onde ocorrem as trocas gasosas, preenchendo, apenas, as vias aéreas que não ocorrem trocas, como nariz, faringe e traquéia. Esse ar é denominado ar do espaço morto. O espaço nas vias aéreas onde não ocorre qualquer troca gasosa é denominado espaço morto. No homem adulto jovem, o ar do espaço morto normal é de cerca de 150 mililitros. Este valor aumenta ligeiramente com a idade. Espaço morto anatômico: mede o volume de todo o espaço de sistema respiratório, além dos alvéolos e suas outras áreas de trocas gasosas estreitamente relacionadas. Quando o espaço morto alveolar é incluído no cálculo total do espaço morto, ele é denominado espaço morto fisiológico. 11. O mecanismo da ventilação O ato de ventilar é realizado pela entrada e saída de ar nos pulmões. Na cavidade torácica localiza-se a cavidade pleural onde estão inseridos os pulmões. A cavidade pleural é revestida pela pleura parietal – reveste internamente a cavidade torácica; e pleura visceral que reveste externamente os pulmões. Não existem ligações físicas entre os pulmões e a parede torácica. Em vez disso, os pulmões são mantidos como que empurrados contra essa parede por pequeno vácuo no espaço intrapleural que é um espaço virtual entre os pulmões e a parede torácica e que possui o líquido intrapleural com uma pressão interna de -5 mmHg a -7,5 mmHg – responsável pelo colabamento do espaço – circulação constante dos vasos linfáticos. A ventilação está normalmente sob controle inconsciente. Embora a razão de ventilação possa ser variada à vontade, uma pessoa é inconsciente de sua ventilação a maior parte do tempo a menos que ela esteja sofrendo de asma ou enfisema. O controle fisiológico da respiração depende de muitos fatores, mas o pH no centro respiratório do cérebro exerce o principal controle. 10 Se um pulmão fosse removido do tórax todo o ar escaparia dele e ele murcharia para cerca de um terço do seu tamanho assim como um balão murcha quando o ar do seu interior escapa. Podemos pensar nos pulmões como milhões de pequenos balões, todos tentando murchar. Os pulmões normalmente não murcham porque estão inseridos num recipiente impermeável ao ar – a caixa torácica. Duas forças protegem os pulmões do colapso: (1) a tensão superficial entre os pulmões e a parede do tórax e (2) a pressão do ar dentro dos pulmões. Vários músculos estão envolvidos na respiração. Os músculos inspiratórios produzem aumento do volume da caixa torácica por dois meios distintos: • Primeiro, a contração do diafragma promove o descenso da parte inferior da caixa torácica, o que a expande no sentido vertical. • Segundo, os intercostais externos e os músculos cervicais elevam a parte anterior da caixa torácica, fazendo com que as costelas formem ângulo menor com a vertical, o que alonga as espessuras ântero- posterior e látero-lateral dessa caixa. Na expiração, os músculos participantes são os abdominais e, em menor grau, os intercostais internos. Os abdominais produzem a expiração por dois modos: • Primeiro, puxam a caixa torácica para baixo, o que reduz a sua espessura. Segundo, força o deslocamento para cima do conteúdoabdominal, o que empurra, também para cima o diafragma, diminuindo a dimensão vertical da cavidade pleural. • Os intercostais internos participam do processo de expiração por tracionarem as costelas para baixo, diminuindo a espessura do tórax. Essa musculatura só é requesitada em casos patológicos Já que os pulmões e o tórax são elásticos, podemos representá-los por molas (Fig. 6). Sob condições normais eles são acoplados: as molas “pulmonares” são esticadas e as molas “peitorais” são comprimidas (Fig. 6a). Durante um pneumotórax, os pulmões e o tórax são independentes e as molas representam indo para as suas posições relaxadas como indicada na Fig. 6b. Os pulmões colapsam, e as paredes do peito alargam. O espaço intratorácico nem sempre está numa pressão negativa. Se você fechar sua via de transporte de ar e tentar expirar forçadamente, a pressão intratorácica pode tornar-se bem alta. Isto é chamado manobra de Valsalva. Uma pessoa faz isto quando ela sopra um balão de borracha. Sob mais condições fisiológicas ela faz isto apenas antes de engolir ou espirrar e durante o stress de defecação ou vômito. Figura 6 – Representação esquemática da ação dos pulmões e da caixa torácica. 12. Regulação da Ventilação Alveolar (VE) Quando se precisa de grandes quantidades de ar respiratório, os dois centros, tanto o inspiratório quanto o expiratório, ficam intensamente excitados. Não ocorre apenas o aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, mas também de sua freqüência - com a amplitude, podendo, por vezes, aumentar desde o valor normal de 0,5 litro a cada respiração, até mais de 3 litros, com a freqüência aumentando da normal de 12 por 11 minuto, até tão rápido quanto 50 por minuto. Como resultado, o volume total de ar que é respirado a cada minuto, pode passar do normal de 6 litros até 150 litros, aumento de 25 vezes. Muitos fatores diferentes contribuem para o controle da respiração, mas, indiscutivelmente, os mais importantes são: 1. A pressão do gás carbônico (PCO2) no sangue; 2. A concentração dos íons hidrogênios (pH) no sangue; 3. A pressão de oxigênio (PO2) no sangue; 4. Sinais neurais das áreas cerebrais, controladoras dos músculos. 13. Como o sangue e os pulmões interagem O principal propósito da respiração é levar um suprimento de O2 fresco para o sangue nos pulmões e desfazer-se do CO2. O sangue é bombeado do coração para os pulmões sob pressão relativamente baixa. A pressão sangüínea média de pico na principal artéria pulmonar que leva o sangue aos pulmões é somente cerca de 20 mmHg ou cerca de 15% da pressão na circulação principal do corpo. Os pulmões oferecem pouca resistência ao fluxo de sangue. Na média, cerca de um quinto (~ 1 litro) do sangue que alimenta o corpo está nos pulmões, mas somente cerca de 70 ml daquele sangue está nos capilares dos pulmões obtendo O2 em qualquer instante. Uma vez que o sangue fica nos capilares pulmonares por menos de 1 segundo, os pulmões devem ser bem projetados para trocas gasosas; os alvéolos dos pulmões têm paredes extremamente finas e são envolvidos pelo sangue no sistema capilar pulmonar. A área da superfície entre o ar e sangue nos pulmões é cerca de 80 m2 (cerca da metade da área de uma quadra de tênis). Se os 70 ml de sangue nos capilares pulmonares forem espalhada sobre uma área superficial de 80 m2 a camada resultante de sangue será somente cerca de 1 µm de espessura, menos do que a espessura de uma única célula de glóbulo vermelho. Dois processos gerais estão envolvidos nas trocas gasosas nos pulmões: • obtenção do sangue para leito capilar pulmonar (aspersão) e • obtenção de ar para as superfícies alveolares (ventilação). Se um ou outro processo falha o sangue não será oxigenado apropriadamente. Existem três tipos de áreas aspersão-ventilação nos pulmões: • Áreas com boa ventilação e boa aspersão, • Aquelas com boa ventilação e aspersão pobre, e • Aquelas com pobre ventilação e boa aspersão. Num pulmão normal o primeiro tipo ocorre com mais de 90% do volume total. Se o sangue que flui para uma parte de um pulmão é bloqueado por um coágulo (uma embolia pulmonar) aquele volume terá aspersão pobre. Se as passagens aéreas nos pulmões estão obstruídas como na pneumonia, a área envolvida terá ventilação pobre. Muitas doenças pulmonares causam reduções na aspersão ou ventilação. A transferência de O2 e CO2 para dentro e para fora do sangue é controlada pela lei física da difusão. Todas as moléculas estão continuamente em movimento. Nos gases e nos líquidos, e numa certa extensão mesmo nos sólidos, as moléculas não permanecem numa determinada localização. Por exemplo, se você pode identificar um grupo de moléculas numa sala (p. ex., de uma gota de perfume) em poucos minutos você encontrará que estas moléculas moveram-se (difundiram-se) pela sala. Moléculas de um tipo particular difundem-se de uma região de alta concentração para uma região de concentração mais baixa até que a 12 concentração seja uniforme. Nos pulmões estamos interessados na difusão de gases e líquidos. As moléculas num gás na temperatura da sala movem-se aproximadamente com a velocidade do som. Cada molécula colide cerca de 1010 vezes em cada segundo com as moléculas vizinhas, peregrinando no processo de uma maneira aleatória. A distância D mais provável que uma molécula viajará de sua origem após N colisões é D = λ , onde λ é o caminho livre médio, ou a distância média entre as colisões. No ar λ é cerca de 10-7 m; no tecido λ é cerca de 10-11 m. A difusão depende da velocidade das moléculas; ela é mais rápida se as moléculas são leves e ela cresce com a temperatura. Desde que N é proporcional ao tempo de difusão ∆t (i.é, N α ∆t), podemos escrever que D α ou ∆t α D2. Se D = 10 mm após 1 segundo, a molécula levará 100 segundos, em média, para difundir 100 mm. Nos pulmões a distância a ser viajada no ar é usualmente uma pequena fração de um milímetro, e a difusão toma lugar numa fração de um segundo. A difusão de O2 e CO2 no tecido é cerca de 10.000 vezes mais lenta que no ar, mas a espessura do tecido pelo qual a molécula deve difundir-se nos pulmões é muito pequena (~0,4 µm) e a difusão através da parede alveolar leva muito menos que 1 segundo Figura 7. Ilustração esquemática da lei de Dalton das pressões parciais. Um litro de ar a uma pressão de760 mmHg pode ser pensado como uma mistura de 1 litro de O2 na pressão de 150 mmHg e 1 litro de N2 na pressão de 610 mmHg Para entender o comportamento dos gases nos pulmões é necessário revisar a lei de Dalton das pressões parciais. Esta lei diz que se você tem uma mistura de vários gases, cada gás faz a sua própria contribuição à pressão total imaginada como se ele fosse o único. Consideremos um recipiente fechado de ar seco à pressão atmosférica (760 mmHg). Se você removeu do recipiente todas as moléculas exceto O2, a pressão cairá para cerca de 150 mmHg (i.é, 20% de 760 mmHg). Esta é a pressão parcial do oxigênio pO2. Se somente as moléculas de N2 forem deixadas, a pressão será cerca de 80% de 760 mmHg ou cerca de 610 mmHg. A Figura 7 mostra esquematicamente este experimento imaginário. A pressão parcial do vapor d’água no ar depende da umidade. No ar de uma sala típica, a pressão parcial do vapor d’água é de 15 a 20 mmHg; nos pulmões a 37ºC e 100% de umidade relativa a pressão parcial do vapor d’água é 47 mmHg. Consideremos o que acontece num recipiente fechado com sangue e O2. Algumas moléculas de O2 colidirão com o sangue e serão dissolvidas. Após, um tempo o número de moléculas de O2 que estão escapando do sangue a cada segundo é o mesmo número das que estão entrando nele. O sangue tem então uma pO2 igual àquela do O2 em contato com ele. Se a pO2 na fase gasosa é dobrada, a quantidade de O2 dissolvida no sanguetambém será dobrada. Esta proporcionalidade é a lei de Henry da solubilidade dos gases. A quantidade de gás dissolvida no sangue varia constante de um gás para o outro. O oxigênio não é muito solúvel no sangue ou água. À temperatura do corpo, um litro de plasma sangüíneo à pO3 tem 100 mmHg manterá somente cerca de 2,5 cm3 de O2 a temperatura e pressão normal (C.N.T.P.). Em pO2 de 40 mmHg 13 manterá cerca de 25 cm3 de CO2 na solução. Se o corpo teve de depender de O2 dissolvido no plasma para suprir O2 para as células, o coração terá que bombear 140 litros de sangue por minuto no repouso, em vez dos 6 litros/minuto que ele realmente bombeia. As diferentes solubilidades de O2 e CO2 no tecido afetam o transporte destes gases através da parede alveolar. Uma molécula de O2 difunde-se mais rapidamente que uma molécula de CO2 devido a sua massa ser menor. Entretanto, por causa do maior número de moléculas de CO2 na solução, o transporte de CO2 é mais eficiente que o transporte de O2. Se uma doença torna a parede alveolar mais espessa, o transporte de O2 é mais prejudicado que o transporte de CO2. A mistura de gases nos alvéolos não é a mesma que a mistura de gases no ar ordinário. Os pulmões não são esvaziados durante a expiração. Durante a respiração normal os pulmões retêm cerca de 30% do seu volume no final de cada expiração. Isto é chamada “CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL” (F.R.C.). Em cada respiração cerca de 500 cm3 de ar fresco (pO2 de 150 mmHg) mistura-se com cerca de 2 000 cm 3 de ar viciado nos pulmões para resultar no ar alveolar com uma pO2 de cerca de 100 mmHg. O pCO2 nos alvéolos é cerca de 40 mmHg. O ar expirado inclui cerca de 150 cm3 de ar relativamente fresco da traquéia que não estava em contato com as superfícies alveolares, assim o ar expirado tem uma pO2 ligeiramente mais alta e uma pCO2 mais baixa que o ar alveolar . A razão da saída do CO2 pela entrada de O2 é chamada RAZÃO DE TROCA RESPIRATÓRIA ou QUOCIENTE RESPIRATÓRIO R . Geralmente R é ligeiramente menor que 1. 14. As porcentagens e Pressões Parciais de O2 e CO2 no Ar Inspirado, Alveolar e Expirado O nitrogênio do ar não desempenha qualquer papel conhecido nas funções do corpo. Ele é dissolvido no sangue na sua pressão parcial. Um mergulhador no mar respira ar numa pressão muito mais alta submerso do que quando ele está no nível do mar; a pressão parcial aumentada de N2 faz com que mais N2 seja dissolvido no seu sangue e tecidos. Se o mergulhador vem à superfície muito rapidamente alguns dos N2 formam bolhas nas suas juntas causando os sérios problemas de câimbras. Durante a respiração normal o suprimento de ar fresco não entra nos alvéolos que estão ainda cheios de ar viciado da respiração anterior. Por causa da sua maior concentração, o O2 fresco rapidamente difunde pelo ar viciado até atingir a superfície dos alvéolos. O O2 é dissolvido na mistura parede alveolar e difunde por ela até o capilar sangüíneo até que a pO2 no sangue seja igual aquela dos alvéolos. Este processo leva menos do que 0,5 segundos (Fig. 8). Entretanto, o CO2 no sangue difunde-se mesmo mais rapidamente no gás dos alvéolos até que a pCO2 no sangue seja a mesma que no gás alveolar. Figura 8. A pO2 do sangue num capilar pulmonar aumenta rapidamente o nível da pO2 nos alvéolos quando os glóbulos vermelhos movem pelo capilar (linha tracejada). Mesmo durante exercícios pesados (linhas sólidas) os glóbulos vermelhos são rapidamente reabastecidos de O2. Como mencionado anteriormente, o sangue pode carregar muito pouco O2 na solução. A maioria do O2 para as células é carregado na combinação química com a hemoglobina (Hb) nos glóbulos vermelhos. Um litro de sangue pode carregar cerca de 200 cm3 de O2 nas 14 C.N.T.P., por este meio enquanto ele pode carregar somente 2,5 cm3 de O2 em solução. Desde que a maioria do O2 não está em solução, a lei de difusão é alterada. O O2 combinará com ou separará da Hb de uma maneira que depende da curva de dissociação (Fig. 9). A Hb que deixa os pulmões está cerca de 97% saturada com O2 numa pO2 de cerca de 100 mmHg. A pO2 tem que cair para cerca de 50% antes da carga de O2 do sangue é notavelmente reduzida. Figura 9. A porcentagem de saturação de O2 do sangue como uma função de pO2 nos alvéolos. A 100% de saturação 1 litro de sangue pode transportar 200 ml de O2 nas CNTP. Esta curva é afetada pela temperatura, ao pCO2, e o pH. Quando o sangue atinge as células sua pO2 é baixa. O O2 é dissociado do Hb e se difunde na célula. Nem todo o O2 deixa a Hb; a quantidade deixada depende do pO2 dos tecidos. Sob condições de repouso o sangue venoso retorna ao coração com cerca de 75% da sua carga de O2. O O2 é retido no sangue porque não é necessário nos tecidos. Durante trabalhos físicos pesados ou exercícios a situação nos músculos ativos varia drasticamente. A pO2 nos músculos em funcionamento cai rapidamente fazendo mais O2 ser dissociados da Hb e difundir para o interior dos músculos. Em adição o corpo pode aumentar o fluxo sangüíneo para o trabalho muscular por um fator de 3. Os músculos trabalhando podem obter 10 vezes mais O2 que eles consomem no repouso. Para pessoas normais o fator limitante no exercício não é a quantidade de sangue bombeado pelo coração por minuto (saída cardíaca) ou a quantidade de O2 fornecida ao sangue pelos pulmões, mas a velocidade em que O2 é transferido aos músculos trabalhando. A dissociação de O2 da Hb também depende da pO2, do pH (acidez) e da temperatura. Durante os exercícios a pCO2, a acidez e a temperatura nos músculos trabalhando aumentam todos; este aumento desloca todas as curvas da Fig.9 para a direita e permite a Hb dar mais do seu O2. Todos estes fatores aumentam assim o O2 para os músculos trabalharem. Nos pulmões a diminuição da pCO2 devido a rápida respiração permite Hb agarrar mais O2. Dióxido de carbono não é transportado dos tecidos por simples difusão. A maioria do CO2 permanece no sangue após ele ter deixado os pulmões (pCO2 ~ 40 mmHg). O nível de CO2 no sangue é mantido bem constante pela razão de respiração. Respiração excessivamente rápida (hiperventilação) pode abaixar a pCO2 do sangue (hipocapnia); isto provoca distúrbios mentais e desmaios. No envenenamento por monóxido de carbono (CO) moléculas são grudadas muito seguramente à Hb nos lugares que normalmente seriam ocupados por O2. Elas grudam cerca de 250 vezes mais que o O2 e não se dissociam facilmente nos tecidos. Ademais usando os lugares normalmente usados para transportar O2, o CO impede a liberação de O2 da Hb, todavia uma pequena quantidade de CO pode reduzir seriamente o O2 nos tecidos. Fumantes de cigarros respiram cerca de 250 cm3 de CO em cada pacote, e também é geralmente inalado por pessoas viajando em tráfego pesado. Monóxido de carbono pode causar a morte por desnutrição dos tecidos de O2. Se uma vítima de CO é colocada numa câmara hiperbárica de O2 com uma pressão absoluta de 3 atm de O2 puro, a pO2 aumenta por um fator de 15. O O2 dissolvido no sangue pode então suprir as necessidades mínimas do corpo. Esta terapia não pode ser mantida por muito tempo porque pode resultar em envenenamento por O2. Uso continuado de 1 atm de O2 puro pode causar edema dos tecidos dos pulmões, que reduz o O2 no sangue e ironicamente resulta na morte por falta de O2 (anóxia = deficiência de oxigênio nos tecidos). Níveis de proteção de pO2 no “ar” são aqueles abaixo de 0,5 atm (~ 380 mmHg pO2) . 15 15. O mecanismo da respiração O mecanismo da respiração se refere à troca gasosa entre O2 e CO2 realizada pelo sistema respiratório. O corpo absorve O2 e, através de um processo complexo e elimina o CO2. Abaixo está representado esquematicamente todo o processo. A figura 7 ao lado, representa o processo de oxigenação dos tecidos e retirada do CO2. Nagrande circulação o O2 é levado para as partes mais distais do corpo e o CO2 é retirados dos tecidos. Na pequena circulação o sangue venoso é rearterializado e todo o processo se reinicia. 16 O processo da respiração esquematicamente representado: Alvéolos Capilares pulmonares Sangue nas veias pulmonares Tecido capilar Fluido interrticial Tecido celular A PO2 (pressão do O2) no ar fresco é de 160mmHg e no interior do alvéolo de 10mmHg, possibilitando assim, a entrada de O2 nos pulmões, na fase de INSPIRAÇÃO. A PCO2 (pressão do CO2) no ar fresco é de 0,3mmHg e no interior do alvéolo de 40mmHg, fazendo com que o CO2 migre do interior do alvéolo para os condutos aéreos e daí para fora do corpo, pelo mecanismo da EXPIRAÇÃO. Sempre a favor do gradiente de pressão. Na pequena circulação: A PO2 dentro do alvéolo é de 104mmHg e de PCO2 de 40mmHg. Na fusão artério-venosa capilar estas pressões são de 40mmHg (PO2) e 45mmHg (PCO2), obrigando o deslocamento do O2 de dentro do alvéolo para a corrente sanguínea e o CO2 da corrente sangüínea para o interior do alvéolo. Apesar da diferença de pressão do CO2 ser pequena (entre o alvéolo e o sangue) é suficiente para que ele se difunda. 17 Numa das etapas do processo de troca gasosa, as pressão se igualam. A PO2 (104mmHg) e PCO2 (40mmHg) se igualam no alvéolo e nos capilares venosos de modo a garantir o equilíbrio do shunt artério-venoso. Se este processo não ocorrer pode haver um comprometimento das concentrações de O2 e CO2 nos sangues arterial e venoso. Nessa fase, as diferenças de pressão cessam mas, pelas capacidades físico-químicas das substâncias continua a ocorrer a troca gasosa Na grande circulação: No lado arterial dos capilares a pressão do O2 é de 95mmHg e do CO2 é de 40mmHg. No fluido instersticial a pressão do O2 é 40mmHg, obrigando o O2 migrar do sangue para o fluido intersticial; a pressão do CO2 no fluido é 45mmHg, fazendo com que o CO2 nele diluído migre para o sangue. A pressão do O2 é ainda menor no tecido celular (20mmHg) e a pressão do CO2 á maior 46mmHg, isto obriga a migração do O2 do fluido intersticial para o tecido e a saída do CO2 do tecido para o fluido intersticial. No lado venoso dos capilares, a pressão do PO2 no sangue é 40mmHg e de PCO2 é de 45mmHg. No fluido intersticial, a pressão de O2 também é de 40mmHg, assim como a de CO2 é 45mmHg. No tecido celular a pressão de PO2 é 20mmHg e de CO2 é de 46mmHg, obrigando o O2 a migrar do fluido intersticial para o tecido celular, enquanto o CO2 faz caminho inverso.
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