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DIREITO PENAL – PONTO 09

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DIREITO PENAL – PONTO 09
Teoria geral da pena. Cominação das penas. Penas privativas de liberdade. Penas restritivas de direitos. Regimes de pena. Pena pecuniária. Medidas de segurança. Aplicação da pena. Os fins da pena. Livramento condicional e suspensão condicional da pena. Efeitos da condenação. Execução penal (Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984). Crimes contra a incolumidade pública (Código Penal). Crimes na direção de veículos automotores (Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997). Crimes contra a paz pública (Código Penal). Ações praticadas por organizações criminosas (Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995). Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Decreto n. 5.015, de 12 de março de 2004). ARMAS DE FOGO.
Atualizado por Érico Pinheiro
DAS PENAS	
	A sanção penal é a consequência imposta pelo Estado quando alguém pratica uma infração penal. Quando o agente comete um fato típico, ilícito e culpável, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer o seu ius puniendi. 
	Contudo, num Estado Constitucional de Direito, a sanção penal deve observar os princípios constitucionais. A CF/88, após longa evolução, proibiu a cominação de uma série de penas que ofendam a dignidade da pessoa humana, tais como as de morte – salvo em caso de guerra declarada -, de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis.
ESTADO E PENA (CEZAR BITTENCOURT)	
	Pena e Estado são conceitos intimamente relacionados entre si. A uma concepção de Estado corresponde uma de pena, e a esta, uma de culpabilidade.
	É bom esclarecer, em primeiro lugar, a distinção entre função e conceito de pena. Segundo o seu conceito, a pena é um mal que se impõe por causa da prática de um delito; ou seja, conceitualmente, a pena é um castigo. Porém, admitir isto não implica, como consequência inevitável, que a função – isto é, fim essencial – da pena seja a retribuição.
PRINCÍPIOS
	A pena deve observar os seguintes princípios: 
a) reserva legal – nulla poena sine lege; 
b) anterioridade – nulla poena sine praevia lege; 
c) personalidade ou intranscedência – a pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado. É possível, porém, que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens sejam executadas contra os sucessores, pois seriam efeitos da condenação diversos da pena. Já a multa, por ser uma pena, não pode ser cobrada dos sucessores;
d) proporcionalidade – deve ser observado tanto na cominação pelo legislador, como na aplicação, pelo juiz;
e) individualização – a pena não pode ser padronizada. Esse princípio decorre do ideal de justiça segundo o qual deve-se distribuir a cada um o que lhe cabe. Desenvolve-se no plano legislativo (no estabelecimento dos limites mínimo e máximo, das causas de aumento e de diminuição), no judicial (aplicação da pena conforme o sistema trifásico) e no administrativo (ao longo da execução penal). OBS: o STF decidiu que a vedação apriorística da progressão de regime, nos crimes hediondos, violava o princípio da individualização da pena, na fase executória.
FINALIDADES DAS PENAS	
	O art. 59 diz que as penas devem ser necessárias e suficientes à reprovação e prevenção do crime. De acordo com a nossa legislação penal, entendemos que a pena deve reprovar o mal produzido pela conduta praticada pelo agente, bem como prevenir futuras infrações penais. Nesse sentido, existem duas teorias:
TEORIA ABSOLUTA	
	Surge no contexto em que o Estado deixa de ser absolutista (relação intrínseca com a religião, poder divino dos reis) para ser burguês. O modelo é o contrato social. Com esta concepção liberal de Estado, a pena já não pode continuar mantendo seu fundamento baseado na já dissolvida identidade entre Deus e soberano. Ela passa então a ser concebida como a “retribuição à perturbação da ordem jurídica adotada pelos homens e consagrada pelas leis”. O desrespeito ao contrato social enseja a aplicação da pena. Entre os pensadores desta teoria se destacam Kant e Hegel. Kant apresenta uma fundamentação de ordem ética, ao passo que Hegel se apóia na ordem jurídica.
	TEORIA ABSOLUTA – KANT (ORDEM ÉTICA) E HEGEL (ORDEM JURÍDICA)
	Kant: quem não cumpre as disposições legais não é digno do direito de cidadania. Diante disso, é obrigação do soberano castigar “impiedosamente” aquele que transgrediu a lei (imperativo categórico). Segundo a visão kantiana, a pena jurídica não pode nunca ser aplicada como um simples meio de procurar outro bem, nem em benefício do culpado ou da sociedade; mas deve sempre ser contra o culpado pela simples razão de haver delinquido: porque jamais um homem pode ser tomado como instrumento dos desígnios de outro, nem ser contado no número das coisas como objeto de direito real. Segundo Kant, o homem não é uma coisa suscetível de instrumentalização, algo que possa ser usado como meio; ele de deve ser considerado, em todas as ações, como fim em si mesmo. Consequentemente, pretender que o direito de castigar o delinquente encontre sua base em supostas razões de utilidade social não seria eticamente permitido.
	Em síntese, Kant considera que o réu deve ser castigado pela única razão de haver delinquido, sem nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para ele ou para os demais integrantes da sociedade. Com esse argumento, Kant nega toda e qualquer função preventiva – especial ou geral – da pena. A aplicação da pena decorre da simples infringência da lei penal, isto é, da simples prática do delito.
	Nesse ponto, a espécie de pena tida como ideal, para Kant, é o ius talionis, desde que apreciada por tribunal (e não por julgamento particular).
	KANT – CASTIGO PELA DELINQUÊNCIA, SEM CONSIDERAÇÃO SOBRE A UTILIDADE DA PENA
	Hegel: a sua tese resume na conhecida frase: a pena é a negação da negação do Direito. A fundamentação hegeliana é mais jurídica, na medida em que para Hegel a pena encontra sua justificação na necessidade de restabelecer a vigência da vontade geral, simbolizada na ordem jurídica e que foi negada pela vontade do delinquente.
	Segundo o pensamento de Hegel, o Direito é a expressão da vontade racional (vontade geral), de maneira que o delito é a manifestação da vontade irracional, que se contradiz com aquela. Diante dessa dialética, a pena é a necessária síntese (negação da negação do direito). Logo, a imposição da pena implica o restabelecimento da ordem jurídica quebrada.
	HEGEL – PENA É A NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO DO DIREITO – HÁ A VONTADE RACIONAL (TESE), A VONTADE IRRACIONAL (ANTÍTESE) E A PENA
	Outros teóricos que tratam da retribuição são Binding, Carrara, Mezger, Welzel. A ética cristã também contém uma concepção retribucionista, tendo em vista que exige um castigo (retribuição) em razão do pecado.
	A teoria absoluta advoga a tese da retribuição. Não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente útil, senão em que mediante a imposição de um mal merecidamente se retribui e equilibra a culpabilidade do autor pelo fato cometido. É absoluta porque o fim da pena, para ela, é independente, desvinculado de seu efeito social.
	Segundo Ferrajoli, são teorias absolutas todas aquelas que concebem a pena como um fim em si mesmo, ou seja, como “castigo”, “reação”, “reparação” ou, ainda, “retribuição” do crime, justificada por seu intrínseco valor axiológico.
TEORIA RELATIVA
	Para a teoria preventiva (relativa), a pena não visa retribuir o fato delitivo cometido, e sim prevenir a sua prática. Se o castigo ao autor do delito se impõe, segundo a lógica das teorias absolutas, somente porque delinquiu, nas teorias relativas a pena se impõe para que não volte a delinquir. Não se baseia na ideia realizar justiça, mas na função de inibir, tanto quanto possível, a prática de novos fatos delitivos.
	TEORIA RELATIVA – NÃO SE BASEIA NA IDEIA DE REALIZAR JUSTIÇA, MAS NA FUNÇÃO DE INIBIR, TANTO QUANTO POSSÍVEL, A PRÁTICA DE NOVOS FATOS DELITIVOS
	Defende a ideia de prevenção. Estase biparte em prevenção geral e prevenção especial.
	A prevenção geral pode ser negativa ou positiva. A prevenção especial, também.
	
PREVENÇÃO GERAL	
	A prevenção geral negativa (prevenção por intimidação) estabelece que a pena aplicada ao autor da infração penal tende a refletir junto à sociedade, fazendo, assim, com que as demais pessoas, que se encontram com os olhos voltados na condenação de um de seus pares, reflitam antes de praticar qualquer infração penal. Visa, portanto, dissuadir a coletividade da prática de crimes.
	Já a prevenção geral positiva (prevenção integradora) visa infundir na consciência geral a necessidade de respeito a determinados valores, exercitando a fidelidade ao direito, promovendo, em última análise, a integração social.
	A prevenção geral positiva possui duas vertentes:
	Prevenção geral positiva fundamentadora (Welzel, Jakobs): preconiza a garantia de vigência real dos valores de ação da atitude jurídica. A proteção de bens jurídicos constitui somente uma função de prevenção negativa.
	Prevenção geral negativa limitadora (Mir Puig, Hassemer): a prevenção geral deve expressar-se com sentido limitador do poder punitivo do Estado. O conceito de prevenção geral positiva será legítimo desde que compreenda que deve integrar todos os limites de atuação estatal (princípios da intervenção mínima, da proporcionalidade, ressocialização, culpabilidade etc), harmonizando suas eventuais contradições recíprocas: se se compreender que uma razoável afirmação do Direito Penal em um Estado social e democrático de direito exige respeito às referidas limitações.
	PREVENÇÃO ESPECIAL	
	A teoria da prevenção especial procura evitar a prática do delito, mas, ao contrário da prevenção geral, dirige-se exclusivamente ao delinquente em particular, objetivando que este não volte a delinquir. O autor principal é Von Liszt (Programa de Marburgo).
	Segundo Von Liszt, a necessidade de pena mede-se com critérios preventivos especiais, segundo os quais a aplicação da pena obedece a uma ideia de ressocialização e reeducação do delinquente, à intimidação daqueles que não necessitem ressocializar-se e também para neutralizar os incorrigíveis. Essa tese pode ser sintetizada em três palavras: intimidação, correção e inocuização.
	A prevenção especial não busca a intimidação do grupo social nem a retribuição do fato praticado, visando apenas aquele indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a transgredir as normas jurídico-penais.
	
	A prevenção especial negativa vislumbra a neutralização daquele que praticou a infração penal, por meio de sua segregação no cárcere. Isso o impede de praticar novas infrações penais, pelo menos junto à sociedade da qual foi retirado. 
	Já a prevenção especial positiva atribui à pena a missão de fazer com que o autor do crime desista de cometer futuros delitos. Denota-se, aqui, o caráter ressocializador da pena, fazendo com que o agente medite sobre o crime, sopesando suas conseqüências, inibindo-o ao cometimento de outros. Busca evitar a reincidência.
TEORIA MISTA
	A teoria mista tenta agrupar em um conceito único os fins da pena. Marca uma diferença entre fundamento e fim da pena.
	Fundamento da pena: deve ser o fato praticado (o delito). Assim, afasta-se um dos princípios básicos da prevenção geral - a intimidação da pena.
	As teorias unificadoras (mistas) aceitam a retribuição e o princípio da culpabilidade como critérios limitadores da intervenção da pena como sanção jurídico-penal. A pena não pode, pois, ir além da responsabilidade decorrente do fato praticado. Essas teorias centralizam o fim do direito penal na ideia de prevenção. A retribuição, em suas bases teóricas, seja através da culpabilidade ou da proporcionalidade (ou de ambas ao mesmo tempo), desempenha um papel apenas limitador (máximo e mínimo) das exigências de prevenção.
	TEORIA MISTA – O FIM DO DIREITO PENAL É A PREVENÇÃO; A RETRIBUIÇÃO DESEMPENHA PAPEL LIMITADOR DAS EXIGÊNCIAS DE PREVENÇÃO (CONSIDERAÇÃO DO INDIVÍDUO EM PARTICULAR, E NÃO DA SOCIEDADE)
	Teoria dialética unificadora (Roxin) = a finalidade da pena é a prevenção geral como forma de proteção subsidiária de bens jurídicos. Ademais, na individualização da pena, deve-se observar a prevenção especial.
	TEORIA ADOTADA PELO ART. 59 DO CP	
	Pela redação do art. 59, conclui-se que ele adotou uma teoria mista ou unificadora da pena, pois conjuga a necessidade de reprovação com a prevenção do crime, fazendo, assim, com que sejam unificadas as teorias absoluta e relativa.
CRÍTICA AOS CRITÉRIOS DE PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL	
	As críticas são de Winfried Hassemer. Em relação à prevenção geral negativa (por intimidação), a crítica que se faz é que atenta contra a dignidade da pessoa humana, pois converte uma pessoa em instrumento de intimidação de outras. Além disso, seus efeitos são duvidosos, pois seria necessário o inequívoco conhecimento de todos os cidadãos das penas cominadas e das condenações (pois do contrário o Direito Penal não atingiria o alvo a que se propõe) e a motivação dos cidadãos obedientes à lei a assim se comportarem em razão da cominação e aplicação de penas.
	Quanto ao critério de prevenção especial positiva ou ressocialização, a crítica reside no fato de que, num sistema penitenciário falido, a reinserção é inviável. Além disso, questiona-se se o objetivo é impedir que o condenado volte a praticar novas infrações penais ou fazer dele uma pessoa útil para a sociedade.
	Garantismo penal (Ferrajoli) = a pena tem por fim não apenas prevenir futuros delitos, mas sobretudo prevenir reações informais públicas ou privadas arbitrárias. O direito penal é um sistema de garantias do cidadão perante o arbítrio do Estado ou da sociedade. Critica a prevenção especial, alegando que não incumbe ao Estado alterar a personalidade do réu.
	CRÍTICAS AOS CRITÉRIOS DE PREVENÇÃO
	PREVENÇÃO GERAL NEGATIVA (INTIMIDAÇÃO) – ATENTA CONTRA A DIGNIDADE – CONVERTE UMA PESSOA EM INSTRUMENTO DE INTIMIDAÇÃO DE OUTRAS. EFEITOS DUVIDOSOS (NECESSIDADE DE CONHECIMENTO DAS PENAS E CONDENAÇÕES E DE MOTIVAÇÃO DOS CIDADÃOS)
	PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA (RESSOCIALIZAÇÃO) – O SISTEMA PENITENCIÁRIO É FALIDO, LOGO A REINSERÇÃO É INVIÁVEL.
	TEORIAS DESLEGITIMADORAS DA PENA
	Abolicionismo penal = como a criminalidade aumenta a cada dia, fica evidenciada a falência da pena para as finalidades acima preconizadas. Prega a eliminação do sistema penal, com base nos seguintes argumentos: a) cifras ocultas – a maioria dos crimes não chega a ser conhecida e apurada pela Justiça criminal, a evidenciar a desnecessidade do sistema penal; b) labeling approach ou teoria do etiquetamento – o crime não existe em si, é uma qualificação atribuída a uma conduta, num processo de ajuste social; c) seletividade arbitrária do Direito Penal – o sistema penal só serve para reforçar as desigualdades sociais.
SISTEMAS PRISIONAIS	
	A pena de prisão foi um avanço na triste história das penas, pois deixou de atingir o corpo do agente. Teve sua origem nos mosteiros da idade média, imposta aos monges faltosos. Os sistemas penitenciários, por sua vez, encontraram suas origens no século XVIII.
	Dentre os sistemas penitenciários que mais se destacaram durante sua evolução, podem ser apontados os sistemas pensilvânico, auburniano e progressivo.
	No sistema pensilvânico (ou celular), o preso era recolhido à sua cela, isolado dos demais, não podendo trabalhar ou receber visitas, sendo estimulado ao arrependimento pela leitura da bíblia. Era extremamente severo e impossibilitava a readaptação social do condenado, em face de seu completo isolamento.
	No sistema auburniano, menos rigoroso, o trabalho dos presos era permitido. O isolamento noturno foi mantido. Exigia o silêncio absoluto dos presos, o que fez surgir novas comunicações entre eles (batidas na parede e nos canos, por exemplo).
	O sistema progressivo surgiu na Inglaterra e foi adotado posteriormente na Irlanda.Previa três estágios. No primeiro, chamado de período de prova, o preso era mantido completamente isolado (sistema pensilvânico). Num segundo estágio, permitia-se o trabalho comum, com isolamento noturno e silêncio absoluto (sistema auburniano). Por fim, o terceiro estágio permitia o livramento condicional.
ESPÉCIES DE PENAS	
	De acordo com o art. 32, as penas podem ser: privativas de liberdade, restritivas de direito e multas.
	As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão ou de detenção. A contravenção prevê a prisão simples.
	As penas restritivas de direito, segundo o art. 43 do CP, são: prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana.
	A multa penal tem natureza pecuniária e o seu cálculo considera o sistema de dias-multa (mínimo de 10 e máximo de 360 dias-multa), sendo que o valor correspondente a cada dia-multa é de 1/30 do valor do salário mínimo vigente à época dos fatos até 5 vezes esse valor. Poderá, contudo, o juiz, verificando a capacidade econômica do réu, triplicar o valor do dia-multa, segundo a norma contida no § 1º do art. 60 do CP.
	Na legislação especial, podem existir outros critérios para fixação da pena de multa. Por exemplo, na Lei n. 11.343/2006 (drogas).
	Dosimetria da pena de multa:
	i – fixação do número de dias-multa – leva-se em conta a gravidade do delito, art. 59, circunstâncias legais;
	
	ii – fixação do valor do dia-multa – leva em conta a condição econômica (aqui o pobre vai ser punido de forma diferente do rico);
	iii – se o valor encontrado em ii for insuficiente, pode elevar a multa até o triplo.
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE	
	
	Reclusão e detenção
	A pena privativa está no preceito secundário do tipo penal incriminador, servindo à sua individualização, que permitirá a aferição da proporcionalidade entre a sanção que é cominada em comparação com o bem jurídico por ele protegido.
	A reforma da parte geral do CP manteve a distinção entre reclusão e detenção, o que é criticado por parte da doutrina (Alberto Silva Franco), para quem não há diferença ontológica entre ambas, já que as áreas de significado dos conceitos estão praticamente superpostos. Apesar da crítica, algumas diferenças podem ser apontadas no CP entre elas, a saber:
	a) A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado (art. 33, caput);
	b) No caso de concurso material, aplicando-se cumulativamente as penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela (arts. 69, caput, e 76);
	c) Como efeito da condenação, a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, somente ocorrerá com a prática de crime doloso, punido com reclusão, cometido contra filho, tutelado ou curatelado (art. 92, II);
	d) No que diz respeito à aplicação de medida de segurança, se o fato praticado pelo inimputável for punível com detenção, o juiz poderá submetê-lo a tratamento ambulatorial (art. 97);
	
	e) possibilidade de interceptação telefônica como meio de prova apenas nos crimes punidos com reclusão (no caso de crime punido com detenção, o STF admite, em se tratando de descoberta fortuita, havendo conexão com o crime punido com reclusão).
Regimes de cumprimento de pena	
	
	O art. 59 determina:
	Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e às consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
	I) – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
	II) – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
	III) – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
	IV) – a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
	O regime inicial poderá ser fechado, semi-aberto ou aberto. Segundo o art. 33, §1º, considera-se regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; aberto, a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
	Fixação legal do regime inicial de cumprimento de pena	
	Segundo o art. 33, § 2º, a pena privativa de liberdade será executada de forma progressiva, segundo o mérito do condenado, a partir dos seguintes critérios:
	Pena de reclusão superior a 8 anos – regime inicial fechado;
	Pena de reclusão superior a 4 e não excedente a 8 anos (condenado não reincidente) – regime semi-aberto;
	Pena de reclusão igual ou inferior a 4 anos (condenado não reincidente) – regime aberto.
	A determinação do regime inicial deverá levar em conta os critérios previstos no art. 59 (art. 33, § 3º). Assim, deverá ser conjugada a quantidade de pena aplicada com a análise da primariedade e das circunstâncias judiciais previstas no art. 59, principalmente no que diz respeito à última parte do referido artigo, que determina que a pena deverá ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
	Ex: agente condenado a seis anos de reclusão. Em princípio, o regime inicial seria o semi-aberto. Contudo, devem ser analisadas as condições judiciais previstas no art. 59, de modo que poderá ser estabelecido regime mais rigoroso no caso concreto.
ATENÇÃO: 
Pena até 4 anos + reincidência OU circunstâncias judiciais desfavoráveis = pode ser fixado regime semi-aberto (Súm. 269/STJ - É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais)
Pena até 4 anos + reincidência E circunstâncias judiciais desfavoráveis = pode ser regime fechado
Pena superior a 4 anos e até 8 anos + reincidência E/OU circunstâncias judiciais desfavoráveis = regime fechado
	Sobre este tema, observar as seguintes súmulas:
	Súmula 718/STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
	Súmula 719/STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.
	Súmula 440/STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
	Se na sentença não for estabelecido o regime inicial do cumprimento de pena, o regime a que será submetido o sentenciado deverá estar de acordo com a quantidade de pena, não podendo o juiz da execução avaliar as circunstâncias judiciais, pois o art. 66 da LEP não faz menção à fixação de regime inicial como competência deste magistrado.
	SE O JUIZ NÃO FIXAR O REGIME INICIAL – DEVERÁ SER FIXADO DE ACORDO COM A PENA
	Ademais, segundo o art. 33 do CP, a pena de reclusão poderá ser cumprida em qualquer regime, ao passo que a de detenção só poderá ser cumprida nos regimes semi-aberto e aberto, salvo a necessidade de regressão para o regime fechado.
	RECLUSÃO – TODOS OS REGIMES
	DETENÇÃO – SEMI-ABERTO E ABERTO (SALVO REGRESSÃO)
	Por fim, cabe observar a regra do art. 111 da LEP, que diz que quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
A Lei nº 8.072/90 e a imposição do cumprimento inicial da pena em regime fechado nos crimes nela previstos
	
	Na sua redação original, a Lei nº 8.072/90 – lei dos crimes hediondos – estabelecia que as infrações penais por ela previstas seriamcumpridas integralmente em regime fechado. Com o advento da Lei nº 11.464/2007, alterou-se o art. 2º, § 1º, daquela lei, passando-se a exigir que o regime de pena seria inicialmente fechado.
	Permitiu-se, assim, a progressão após o cumprimento de 2/5 da pena para o condenado primário e de 3/5 para o reincidente. Contudo, observe-se que, embora seja possível a progressão de regime, o condenado por qualquer das infrações previstas naquela lei (homicídio qualificado, extorsão mediante seqüestro, estupro, epidemia, genocídio, etc) terá que cumprir sua pena, sempre, inicialmente, em regime fechado, não importando a pena aplicada ao caso concreto.
	Ex: condenação a cumprimento de pena de 6 anos de reclusão por crime hediondo. Pelo CP, seria possível a fixação de regime semi-aberto. Pela Lei nº 8.072, o regime inicial será, obrigatoriamente, o fechado.
	Art. 2º, § 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
	CRIME HEDIONDO – REGIME INICIALMENTE FECHADO
	Lei de tortura e regime inicial de cumprimento de pena	
	A Lei nº 9.455/1997 trouxe a discussão acerca do regime integralmente fechado em crime hediondo. Afinal, pela CF, o crime de tortura – de que trata a referida lei – é equiparado ao hediondo, uma vez que também é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
	A lei em exame já previra, àquela época (1997), a fixação de regime inicial fechado, o que permitia a progressão de regime para os crimes nela previstos. Diante disso, boa parte da doutrina passou a defender que tal previsão teria derrogado o dispositivo da Lei nº 8.072/90 que falava em regime integralmente fechado, uma vez que se tratava de crimes de mesma natureza. Por outro lado, outra corrente sustentava que a previsão, específica, só era aplicável aos crimes de tortura.
	No STF acabou prevalecendo a segunda corrente, ou seja, a de que a previsão de regime inicial fechado só se aplicava aos crimes de tortura, subsistindo a vigência do dispositivo da Lei nº 8.072/90. Hoje, contudo, com a mudança desta lei – provocada por reviravolta na posição do Supremo – tanto para os crimes de tortura como para os demais crimes hediondos é possível a progressão de regime, restando apenas a fixação de regime inicial fechado.
	Atenção! Recentemente o STF considerou inconstitucional a fixação obrigatória do regime inicialmente fechado para os crimes hediondos (HC 111840). o dispositivo contraria a Constituição Federal, especificamente no ponto que trata do princípio da individualização da pena (artigo 5º, inciso XLVI).
Impossibilidade de cumprimento de pena em regime mais gravoso do que o determinado na sentença penal condenatória	
	
	Situação: pessoa condenada a regime semi-aberto. Este corresponde a cumprimento de pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, podendo o condenado trabalhar durante o período diurno em companhia dos demais presos, sendo-lhe, ainda, permitido o trabalho externo, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
	Apesar da previsão legal, imagine que o Estado não consegue vaga ou não possui os estabelecimentos previstos para que o sentenciado cumpra sua pena de acordo com as disposições contidas na lei penal. Diante dessa negligência, deverá o agente cumprir sua pena em regime mais rigoroso?
	Rogério Greco entende que não, pois o condenado tem o direito subjetivo de cumprir sua pena sob o regime que lhe foi concedido, de acordo com sua aptidão pessoal, na sentença condenatória. Não pode, por desídia do Estado, cumprir sua pena em regime mais rigoroso. Ademais, as suas características pessoais já influenciaram na fixação do regime, não sendo cabível a regressão. Assim, nesta hipótese, poderá cumprir sua pena em prisão domiciliar. 
	Nesse sentido, há entendimento do STF e STJ: RHC 9289-SP e REsp 682122/SP. Em sentido contrário, está Cezar Roberto Bitencourt, para quem as hipóteses de prisão domiciliar são taxativas (art. 117 da LEP – condenado maior de 70 anos ou acometido de grave doença e de condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental ou de condenada gestante).
 Regras do regime fechado
	Iniciando-se o cumprimento da pena em regime fechado, haverá encaminhamento à penitenciária, expedindo-se a guia de recolhimento para a execução (arts. 87 e 107 da LEP). O condenado deverá, então, ser submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vista à individualização da execução (art. 8º da LEP e art. 34, caput, do CP).
	Fica sujeito, ainda, a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. O trabalho é um direito do preso (art. 41, II, da LEP), razão pela qual o Estado deve fornecê-lo; caso contrário, não poderá ser o preso prejudicado por isso, pois o trabalho gera o direito à remição da pena, fazendo com que a cada três dias de trabalho o Estado tenha de remir um dia de pena do condenado.
	Para Rogério Greco, se o Estado não permite o trabalho do preso, este não poderá ficar prejudicado quanto à remição da pena. Assim, esta deverá ser, excepcionalmente, concedida, mesmo que não haja efetivo trabalho.
	Em sentido contrário, Cezar Bitencourt afirma que o direito do condenado ao trabalho é apenas um princípio programático. Se entendermos que a ausência de trabalho gera remição, seria o mesmo que aceitar o pagamento de remuneração, igualmente prevista na Constituição, ao desempregado. Rogério Greco rebate com o entendimento de que o caso do preso é diferente, pois envolve o direito de liberdade dos cidadãos.
	O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviços ou obras públicas realizadas por órgãos da administração direta e indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (art. 36 da LEP). Segundo o art. 37, o trabalho externo dependerá do cumprimento mínimo de um sexto de pena.
Regras do regime semi-aberto	
	Neste regime, poderá ser realizado também o exame criminológico. No regime fechado, ele é obrigatório; no regime semi-aberto, é facultativo.
	EXAME CRIMINOLÓGICO INICIAL – OBRIGATÓRIO NO REGIME FECHADO; FACULTATIVO, NO REGIME SEMI-ABERTO
	Expede-se a guia de recolhimento, devendo ser cumprida a pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar, sendo-lhe permitido o trabalho em comum durante o período diurno. É admissível o trabalho externo, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
	O trabalho neste regime também possibilita a remição de pena, na proporção de três por um. Aplica-se a discussão anterior sobre remição a este caso (se o Estado não oferecer o trabalho, poderá haver remição).
	Por força das alterações promovidas pela Lei 12.433/2011, também a frequência escolar permite a remição da pena, na razão de 12 horas de estudos para dia de condenação.
	Sobre este regime, há a Súmula 269 (STJ): É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
Regras do regime aberto
	O cumprimento em regime aberto é realizado em estabelecimento conhecido como Casa do Albergado, baseado na autodisciplina e no senso de responsabilidade do condenado. Existe também guia de recolhimento para este regime.
	A peculiaridade deste regime diz respeito ao trabalho. Aqui, não há previsão legal de remição de pena, uma vez que somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente. Tal exigência só é dispensável a: condenado maior de 70 anos, condenado acometido de doença grave, condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental e condenada gestante. Note-se que a LEP fala em trabalho, e não em emprego. A atividade deverá ser fiscalizada pelo MP e pelo Conselho da Comunidade.REGIME ABERTO – NÃO HÁ REMIÇÃO, POIS O TRABALHO É UMA EXIGÊNCIA PARA CUMPRIMENTO DE PENA NESTE REGIME
Progressão de regime	
	
	As penas privativas de liberdade serão executadas de forma progressiva, segundo o mérito do condenado. A progressão é um misto de tempo mínimo de cumprimento de pena (critério objetivo) com o mérito do condenado (critério subjetivo).
	Situação: agente condenado a 12 anos de reclusão. Após 1/6 (2 anos), fará jus à progressão para o regime semi-aberto, desde que possua bom comportamento para tanto. O problema surge na segunda progressão de regime (para o regime aberto). Para esta, deve-se contar o tempo da pena fixada (12 anos) ou a pena restante (10 anos)? Se considerarmos a primeira, implicará mais tempo para cumprir a pena (2 anos), enquanto na segunda serão necessários 1 ano e 8 meses.
	
	Rogério Greco explica que a melhor posição é a segunda (progressão sobre o tempo restante), pois o período de dois anos que passou já é tido como tempo de pena efetivamente cumprida. Os futuros cálculos, portanto, somente poderão ser realizados sobre o tempo restante a cumprir, ou seja, 10 anos.
	E nas condenações superiores a 30 anos? Súmula 715/STF: A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.
	Ressalte-se que a progressão também não poderá ser realizada por “saltos”, ou seja, deverá sempre obedecer ao regime legal imediatamente seguinte ao qual o condenado vem cumprindo sua pena. Isso impede que se progrida do regime fechado para o regime aberto diretamente.
Regra geral:
Requisito objetivo = cumprir 1/6 da pena. A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para progressão – reinicia-se a contagem da data da falta grave aplicando a fração de 1/6 sobre o restante da pena.
Requisito subjetivo = bom comportamento carcerário comprovado pelo diretor do estabelecimento. A LEP não traz mais exigência de realização de exame criminológico para demonstrar isso. Entretanto, segundo o STF, nada impede que o juiz determine a feitura do exame, desde que mediante decisão concretamente fundamentada. SÚMULA VINCULANTE Nº 26: PARA EFEITO DE PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DE PENA POR CRIME HEDIONDO, OU EQUIPARADO, O JUÍZO DA EXECUÇÃO OBSERVARÁ A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI N. 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990, SEM PREJUÍZO DE AVALIAR SE O CONDENADO PREENCHE, OU NÃO, OS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO BENEFÍCIO, PODENDO DETERMINAR, PARA TAL FIM, DE MODO FUNDAMENTADO, A REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. No mesmo sentido, Súm. 439/STJ: “admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”.
OBS: A Lei nº 10.763/2003 incluiu no CP (art. 33, § 4º) uma nova condição para progressão de regime daqueles condenados por crime contra a administração pública: reparação do dano que causou ou a devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
	
	CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO – PROGRESSÃO CONDICIONADA À REPARAÇÃO DO DANO OU À DEVOLUÇÃO DO PRODUTO DO ILÍCITO PRATICADO, COM OS ACRÉSCIMOS LEGAIS
OBS2: sentenciado estrangeiro pode ser beneficiado com a progressão:
PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTRANGEIRO NÃO-RESIDENTE NO PAÍS. PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL.
POSSIBILIDADE.
1. Tanto a execução penal do nacional quanto a do estrangeiro submetem-se aos cânones constitucionais da isonomia e da individualização da pena.
2. Não se admite, após a nova ordem constitucional inaugurada em 1988, a remissão a julgados que se reportam a comandos com ela incompatíveis.
3. A disciplina do trabalho no Estatuto do Estrangeiro não se presta a afastar o co-respectivo direito-dever do condenado no seio da execução penal.
4. Ordem concedida.
(STJ, HC 164.744/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 30/06/2010, DJe 16/08/2010)
Crimes hediondos – evolução:
1º. Lei nº 8.072/90 estipulava regime integralmente fechado – vedada a progressão de regime;
2º. Lei nº 9.455/97 permitiu a progressão para o crime de tortura. STF entendeu que isso não se estendia aos demais crimes hediondos (Súm. 698);
3º. HC 82959: STF declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90, por violar o princípio da individualização da pena. Com isso, passou-se a admitir a progressão nos crimes hediondos, aplicando-se os requisitos gerais da LEP (cumprimento de 1/6 da pena);
4º. Lei nº 11.464/07: estipula regime inicialmente fechado para os crimes hediondos, possibilitando a progressão, mas com requisitos objetivos diferenciados – cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou 3/5, se reincidente. STF entende que tais requisitos só podem ser aplicados aos crimes praticados após 29/03/2007, quando teve início a vigência dessa lei. Para os crimes praticados antes, permite-se a progressão com o cumprimento de 1/6 da pena.
No que diz respeito, ainda, à progressão de regime, o STF possui as súmulas 716 e 717, que assim dispõem:
	Súmula 716: Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
	Súmula 717: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
	
Trata-se da chamada execução provisória, que também é da competência do Juiz da Vara de Execuções Penais. Tradicionalmente se entendia que apenas era admitida na pendência de recurso exclusivo da defesa, mas, há julgados do STJ e do próprio TRF1 admitindo também na pendência de recurso da acusação:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PROGRESSÃO DE REGIME. LIBERDADE CONDICIONAL. BENEFÍCIOS DECORRRENTES DA EXECUÇÃO DA PENA. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO ATRIBUÍDA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO. GUIA DE RECOLHIMENTO PROVISÓRIO. EXECUÇAÕ PROVISÓRIA DA REPRIMENDA SEM TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO PARA A ACUSAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA 716 DO STF. 
1. Tanto a progressão de regime como a liberdade condicional são benefícios decorrentes do cumprimento da pena e, portanto, sujeitos à deliberação primeira do juízo da execução.
2. Considerando recente precedente da Suprema Corte (HC 87.801/SP), bem assim os princípios informadores do direito penal - não-culpabilidade e interpretação mais favorável ao réu -, a partir da sentença condenatória, havendo ou não recurso da acusação, tem o réu o direito à expedição da guia de execução provisória, para que possa, desde então, exercer os direitos decorrentes da execução da reprimenda. Permanece intacta, vale destacar, a Súmula 716, do Supremo Tribunal Federal, ao consignar que "admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória." Antes do trânsito em julgado da sentença condenatória quer significar na pendência de recurso com efeito suspensivo, seja da defesa, seja da acusação.
3. Para que a expedição da guia de recolhimento provisório tenha aptidão para produzir os efeitos pretendidos pela impetrante - possibilidade de obtenção de progressão de regime ou liberdade condicional -, urge reconhecer, como já o fez o Supremo Tribunal Federal, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/1990, na linha dos precedentes desta 3ª Turma.
4. Concessão parcial da ordem de habeas corpus para a expedição de guia de execução provisória da pena e para o afastamento do óbice legal à progressão de regime de cumprimento de pena constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/1990.
(HC 2006.01.00.046891-4/MT, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Conv. Juiz Federal Saulo Casali Bahia (conv.), Terceira Turma,DJ p.44 de 02/03/2007)
A LEP não admite, porém, execução provisória de pena restritivade direitos!
REGRESSÃO DE REGIME
	A regressão (art. 118 da LEP) consiste na transferência do condenado para regime prisional mais severo do que aquele em que se encontra. Ocorrerá nas seguintes situações:
	I – Quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave.
	Para Rogério Greco, a primeira parte deste inciso não foi recepcionada pela CF, pois esta consagrou o princípio da presunção de inocência. Assim, a mera prática, em tese, de fato definido como crime doloso não poderia ensejar a regressão de regime, pois não há indicação precisa de que houve prática de crime. Ex: poderia haver uma causa de justificação. Assim, a regressão só deveria ocorrer após decisão definitiva a respeito da infração penal. Nada obstante, os Tribunais aplicam essa previsão:
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO PENAL. PRÁTICA DE FATO PREVISTO COMO CRIME DOLOSO DURANTE O CUMPRIMENTO DA PENA. REGRESSÃO DE REGIME CARCERÁRIO. POSSIBILIDADE. ART. 118, I, DA LEP. PROVIMENTO.
1. O art. 118, I, da LEP prevê a regressão do reeducando ao modo prisional mais gravoso na hipótese de cometimento de crime doloso durante o cumprimento da pena, o que de fato ocorreu na espécie, uma vez que o apenado foi preso em flagrante pelo delito de posse de entorpecente.
2. Recurso provido para determinar a regressão do regime de cumprimento de pena.
(REsp 1069749/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2009, DJe 01/02/2010) 
	Quanto à segunda parte (falta grave), o art. 50 da LEP estabelece que comete falta grave o condenado que foge, participa de movimento subversivo, descumpre condições, tem em sua posse, utiliza ou fornece aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo (Lei 11466/07), entre outras.
	O art. 52, sobre o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), estabelece que também é falta grave a prática de fato previsto como crime doloso.
	No caso de falta grave, a regressão somente poderá ser determinada após ser ouvido o condenado, numa audiência de justificação (art. 118, § 2º).
	II – Quando o condenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (conforme art. 111 da LEP)
	O art. 111 diz que quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou da unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
	A situação em exame difere da do inciso I. No caso do inciso I, a condenação transitada em julgado – segundo o entendimento de Rogério Greco - é que fará com que ocorra a regressão, mesmo que o tempo de pena aplicado, somado ao tempo restante, possibilite, objetivamente, a permanência no regime. No caso do inciso II, trata-se de crime – doloso ou culposo – cometido antes da progressão.
	Ex: suponha que o agente tenha conseguido progressão para o regime semi-aberto e, durante o cumprimento de sua pena, surge uma condenação por fato praticado anteriormente, acrescentando-lhe mais um ano de privação de liberdade. Se esse período, somado ao tempo que resta da pena a ser cumprida pelo condenado, perfizer um total que permita a manutenção do regime semi-aberto, não haverá necessidade de regressão.
	A diferença reside, pois, no momento da prática do fato definido como crime; se antes ou durante a execução da pena no novo regime.
 § 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
Defende-se que a última hipótese (não pagamento da multa) não é mais aplicável, pois a multa é considerada dívida de valor, não podendo seu inadimplemento repercutir na liberdade do réu.
ATENÇÃO: houve decisão do STF de que só seria possível o retrocesso ao regime inicial de cumprimento da pena estipulado na sentença (ex: se o réu foi condenado ao regime semi-aberto e ainda nesse regime praticou falta grave, não poderia regredir para o regime fechado). Todavia, recentemente, houve decisão em sentido contrário: 
Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Execução Penal. 3. Falta disciplinar grave. 4. Fixação de nova data-base para obtenção de benefícios executórios. Possibilidade. Precedentes. 5. Regressão a regime de cumprimento de pena mais gravoso que o fixado em sentença transitada em julgado (aberto ou semiaberto). Possibilidade. Regência do art. 118 da Lei de Execuções Penais. 6. Constrangimento não evidenciado. 7. Recurso a que se nega provimento.(RHC 104585, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 21/09/2010, DJe-190 DIVULG 07-10-2010 PUBLIC 08-10-2010 EMENT VOL-02418-04 PP-00791)
Regime especial	
	As mulheres têm direito a cumprimento de pena em estabelecimento próprio, em atenção ao art. 5º, XLVIII, da Cf, que diz que a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.
Direitos do preso
	Há normas que existem com a finalidade de fazer diminuir o caos carcerário. Segundo o art. 41, há vários direitos do preso, entre os quais a previdência social, a assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, o chamamento nominal, a audiência especial com o diretor do estabelecimento, o contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes, entre outros.
	Ressalte-se, porém, que a assistência religiosa, embora um direito do preso, não é compulsória, ou seja, o preso não poderá ser obrigado, contrariamente à sua vontade, a participar de qualquer atividade religiosa.
Trabalho do preso e remição da pena	
	
	O trabalho do preso é uma forma viável de proporcionar a sua ressocialização. Mais do que um direito, é um dever do condenado à pena privativa de liberdade. Apenas os presos provisórios (art. 31, parágrafo único) e o condenado por crime político não estão obrigados ao trabalho.
	TRABALHO DO PRESO – PRESOS PROVISÓRIOS E CONDENADOS POR CRIME POLÍTICO NÃO ESTÃO OBRIGADOS A ELE
	O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a três quartos do salário mínimo. Além da importância psicológico-social, o trabalho do preso permite a remição da pena. 
	
	REMIÇÃO: benefício, a ser concedido pelo juízo das execuções penais, para o condenado que cumpre pena privativa de liberdade em regime fechado ou semi-aberto, consistente no abatimento de parte da pena, na proporção de 1 dia de pena por 3 dias de trabalho ou 1 dia de pena por 12 horas de estudo. Não há limite quantitativo para a remição.
	É cabível a remição para presos provisórios.
	O preso que estiver impossibilitado de prosseguir no trabalho ou estudo em virtude de acidente continuará a beneficiar-se com a remição (art. 126, §§).
Súmula 341/STJ: A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto. (Súmula positivada, Lei 12433/2011)
	O condenado punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar (art. 127 da LEP). O STF já disse que essa previsão é constitucional (Súmula Vinculante nº 09: O disposto no artigo 127 da Lei 7.210/84 foi recebido pela ordem constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58). O art. 58 da LEP fala no prazo de 30 dias de isolamento do preso. Atente-se que a perda dos dias remidos deve ser declarada pelo juízo das execuções.
	Atenção! A Lei n. 12433/2011 limitou a perda do tempo remido: “Art. 127 da LEP. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.” (NR)
	O tempo remidoserá computado para a concessão de livramento condicional e indulto (art. 128 da LEP). Além disso, deverá ser computado para a progressão de regime e para a comutação.
	Se o Estado não proporcionar o trabalho, o autor entende que deverá haver remição mesmo assim, como vimos. Contudo, caso o preso se recuse a trabalhar, isso caracterizaria negação de um requisito de natureza subjetiva, indispensável à obtenção dos demais benefícios que lhe são ofertados durante a execução da pena, a exemplo da progressão de regime e do livramento condicional.
Superveniência de doença mental	
	O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, na falta desse, a outro estabelecimento adequado.
	Primeiro, observe-se que a lei (art. 41 do CP) fala em condenado. Este é o agente que cometeu fato típico, ilícito e culpável, logo se trata de pessoa imputável que, após o início do cumprimento da pena, foi acometido de doença mental, razão pela qual deverá ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou a outro estabelecimento que possa ministrar-lhe o tratamento adequado à sua doença.
	O art. 183 da LEP ainda dispõe que, quando no curso da execução da pena privativa de liberdade sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o juiz, de ofício, a requerimento do MP ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança.
Detração	
	Trata-se de instituto mediante o qual se computa, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no art. 41 do CP. É da competência do juízo das execuções. Por isso, não influencia a fixação do regime inicial de cumprimento de pena pelo juízo sentenciante!
	É possível a prisão provisória antes da condenação definitiva. Exemplos: prisão em flagrante, prisão preventiva, prisão temporária, prisão em virtude de sentença de pronúncia e prisão em virtude de sentença penal condenatória recorrível (estas duas últimas vêm sendo declaradas inconstitucionais pelo STF). Contudo, alguns problemas podem surgir.
	Situação: agente cometeu vários delitos e somente num dos processos em que estava sendo julgado foi decretada a sua prisão preventiva. As condenações começaram a surgir em outros processos que não naquele no qual havia sido decretada sua prisão, e por meio do qual, na verdade, acabou sendo absolvido. Poderá o condenado ser beneficiado com a detração, já que a prisão cautelar foi decretada em processo no qual fora absolvido? Sim, uma vez que o condenado estava respondendo, simultaneamente, a várias infrações penais, razão pela qual será possível descontar na sua pena o tempo em que esteve preso cautelarmente. Aplica-se a ideia do art. 111 da LEP, que estipula que, quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou da unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
	Ex: agente responde por homicídio e lesão corporal em dois processos distintos. Está preso em relação ao crime de homicídio, em relação ao qual obtém absolvição no final. É preso só pela lesão. Poderá haver detração daquele período em que ficou preso pelo homicídio.
	Situação 2: agente foi absolvido tempos atrás de uma certa imputação. Naquela oportunidade, havia sido decretada sua prisão cautelar, tendo permanecido preso durante 60 dias. Esse período não poderá ser utilizado num processo referente a crime cometido um ano depois. Afinal, a detração pressupõe que os processos referentes aos crimes tramitem simultaneamente. Ao contrário, o agente teria uma “carta de crédito” para as infrações penais futuras, o que não é admitido.
	A detração na medida de segurança não diz respeito ao tempo em que o sujeito ficará internado para fins de tratamento, pois este é indeterminado. Esse prazo mínimo mencionado pelo art. 42 da LEP diz respeito apenas à realização do primeiro exame de cessação de periculosidade – que deve ocorrer entre 1 e três anos. Ex; inimputável, na fase processual, já é internado. Após a condenação, o prazo em que já ficara internado já deverá ser levado em conta para contar o 1 ano (no mínimo) para o exame de cessação de periculosidade.
Prisão especial
	A discussão essencial reside na mudança realizada no CPP em 2001 (art. 295, § 2º) em que se preceitua que não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento.
	Essa previsão, para Rogério Greco, implica que não mais subsiste o argumento da prisão especial na própria residência do réu ou indiciado (art. 1º da Lei nº 5.256/67), pois que, não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será em cela distinta das dos demais presos, mas dentro do sistema carcerário.
	PRISÃO ESPECIAL – NÃO HAVENDO ESTABELECIMENTO ESPECÍFICO, SERÁ PRESO EM CELA DISTINTA DOS DEMAIS PRESOS NO MESMO ESTABELECIMENTO (E NÃO EM PRISÃO DOMICILIAR)
	Sobre a prisão especial, há a súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Prisão-albergue domiciliar
	
Há 4 hipóteses (art. 117) em que o condenado que cumpre sua pena em regime aberto poderá cumpri-la em residência particular, desde que seja:
	I – Maior de 70 anos;
	II – Portador de doença grave, a exemplo do que ocorre com os portadores do vírus HIV;
	III – Condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
	IV – Condenada gestante.
	Tais hipóteses vêm sendo consideradas pela doutrina e pela jurisprudência como taxativas.
Atenção! São distintas as hipóteses de prisão domiciliar cautelar (prisão preventiva): I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.
 STF já permitiu a prisão domiciliar, em caso de doença grave, a apenado que não estava em regime aberto, invocando o princípio da dignidade da pessoa humana.
	E se o condenado a regime aberto não tiver à sua disposição a Casa do Albergado? Neste caso, Rogério Greco entende que ele não deverá ser prejudicado no cumprimento da pena pela inércia do Estado. Assim, poderá cumprir a pena em seu domicílio. Este, no entanto, diz o autor, não é o entendimento do STF (posicionamento antigo), embora seja o do STJ.
Autorizações de saída
permissão de saída X saída temporária = a permissão de saída pode ser concedida aos condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e aos presos provisórios, para sairem do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão ou necessidade de tratamento médico. A permissão de saída será concedida pelo diretor do e terá a duração necessária à sua finalidade. Já a saída temporária se dá sem vigilância direta, sendo deferida ao apenado em regime semi-aberto, nos seguintes casos: visita à família; freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. A autorização para saída temporária é concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: comportamento adequado; cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. A jurisprudência entende que a saída temporáriarevela-se incompatível com o regime fechado. Atentar que a prática de falta grave implica perda do direito à saída temporária.
Regime disciplinar diferenciado - RDD
	A LEP, no art. 52, prevê a aplicação do RDD ao preso provisório e ao condenado, nas seguintes hipóteses, mediante decisão do juízo das execuções penais:
prática de fato previsto como crime doloso, que constitui falta grave, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas
se o preso representa alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade.
preso sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
Características do RDD:
 I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; 
 II - recolhimento em cela individual; 
 III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; 
 IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. 
STJ entende não haver inconstitucionalidade no RDD, pois ele atende ao princípio da proporcionalidade, não implicando violação ao princípio da dignidade da pessoa humana.
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. AGENTE CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO. INCLUSÃO EM REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO. 1. As "fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando", como causa de inserção do condenado ou do preso provisório no regime disciplinar diferenciado, nos termos do § 2º do art. 52 da Lei nº 7.210/1984, com a redação da Lei nº 10.792/2003, devem ter relação com atos por ele praticados no estabelecimento prisional, cuja ordem e segurança esse regime prisional tem por finalidade resguardar. Precedente da 3ª Turma. 2. Concessão da ordem de habeas corpus. (HC 2004.01.00.001752-7/MT, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Terceira Turma,DJ p.16 de 21/05/2004)
Pelo que li do voto, Tourinho Neto defendia a inconstitucionalidade do RDD, mas Cândido Ribeiro entendia constitucional, desde que devidamente fundamentada sua imposição. Olindo também admite a aplicação do instituto. Alegam que a norma contida no art. 52 da LEP não tem natureza penal, mas apenas disciplinar, não havendo, portanto, sustentação para a tese de que tal medida ofenderia o princípio da legalidade das penas.
Limite de cumprimento da pena privativa
	
	O limite é de 30 anos – princípio da dignidade da pessoa humana e decorrência da vedação de penas perpétuas.
	Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo de 30 anos. 
Súm. 715 do STF: A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.
	Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
OBS: a fuga do réu não interrompe a execução da pena, e sim a suspende. Logo, nesse caso, o limite de 30 anos é contado do início do cumprimento da pena e não da recaptura.
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO	
	
	A prisão ainda é um meio necessário de cumprimento da pena. Contudo, há casos em que se pode substituir a pena de prisão por outras alternativas, evitando-se, assim, os males que o sistema carcerário acarreta, principalmente com relação àqueles presos que cometeram pequenos delitos e que se encontram misturados com delinqüentes perigosos.
	
	Espécies de penas restritivas de direito	
	A Lei nº 9.714/98 ampliou o rol das penas restritivas de direito. São as seguintes:
	I – Prestação pecuniária
	II – Perda de bens e valores
	III – Prestação de serviços à comunidade
	IV – Interdição temporária de direitos
		a) proibição do exercício do cargo
		b) proibição do exercício de profissão
		c) suspensão da habilitação para dirigir veículo
		d) proibição de freqüentar determinados lugares
	V – Limitação de fim de semana	
	Embora o art. 44 diga que as penas restritivas de direito sejam autônomas, até a Lei 11.343/2006 não existiam tipos penais nos quais a pena fosse única e exclusivamente a restrição de direitos.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA PELA RESTRITIVA	
	
	Há dois requisitos de natureza objetiva e um de natureza subjetiva (art. 44):
	I – requisitos objetivos:
Crime doloso - pena não superior a 4 anos e crime sem violência ou grave ameaça à pessoa; Crime culposo - qualquer que seja a pena aplicada
OBS: Na infração penal de menor potencial ofensivo, leva-se em conta apenas o quantitativo da pena, não importa se houve violência ou grave ameaça.
	II – requisitos subjetivos: 
inexistência de reincidência em crime doloso
	
	A lei exige como fator impeditivo da concessão da substituição a reincidência dolosa, isto é, tanto a infração penal anterior como a posterior são de natureza dolosa.
	Isso significa que, se qualquer uma das duas infrações penais que estão sendo colocadas em confronto, a fim de aferir a reincidência, for de natureza culposa, mesmo sendo o réu considerado tecnicamente reincidente, isso não impedirá a substituição.
	Embora haja essa previsão de que a reincidência dolosa impede a substituição, o art. 44, §3º trata a questão de forma diferente. Ele faz uma ressalva no sentido de que se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude de prática do mesmo crime. Assim, pode haver substituição em caso de reincidência genérica. A substituição só está totalmente proibida em caso de reincidência específica no mesmo crime.
	
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias devem indicar que a substituição seja suficiente	
	Este requisito serve de norte ao julgador para que determine a substituição somente nos casos em que se demonstrar ser ela a opção que atenda tanto o condenado como a sociedade. 
	Na prática, será assim: o juiz analisa, uma a uma, as circunstâncias judiciais do art. 59 para fixar a pena-base. Ao final das três fases (critério trifásico), ao concluir pela pena não superior a quatro anos, não sendo o sentenciado reincidente em crime doloso, o juiz deverá reavaliar as circunstâncias judiciais, à exceção das conseqüências do crime e do comportamento da vítima, cuja análise não foi exigida pelo inciso III do art. 44, a fim de se decidir pela substituição.
ATENÇÃO: o STF, no HC 97256/RS, declarou a inconstitucionalidade da vedação, contida na Lei de Drogas, para a substituição nos crimes de tráfico, sob o fundamento dos princípios da individualização e proporcionalidade das penas!
	Duração das penas restritivas de direitos
	O art. 55 do CP estabelece que terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída: as penas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana.
	Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada (art. 46, §4º).
	No que diz respeito ao delito de consumo de drogas (art. 28 da Lei 11.343/06), o tempo de cumprimento da pena restritiva será de 5 ou 10 meses (reincidência).
	Regras da substituição:
Condenação igual ou inferior a 1 ano: substitui por multa OU 1 restritiva de direitos
Condenação superior a 1 ano: substitui por 1 restritiva e multa OU 2 restritivasSúm. 171/STJ: COMINADAS CUMULATIVAMENTE, EM LEI ESPECIAL, PENAS PRIVATIVA DE LIBERDADE E PECUNIARIA, E DEFESO A SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR MULTA. (é dizer, não pode resultar só em multa ao final!)
	Reconversão em pena privativa: (é um incidente na execução)
Obrigatória: descumprimento injustificado da pena restritiva. Para determinar o quantum da pena privativa que passará a ser cumprida, faz-se a dedução do tempo cumprido da restritiva, respeitado o saldo mínimo de 30 dias
Facultativa: condenação superveniente à pena privativa, não sendo possível o cumprimento conjunto desta com a restritiva 
	Com relação ao surgimento de nova condenação, deve-se analisar se ela se deveu a crime cometido antes ou depois da substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.
	Se o crime foi cometido antes da substituição, aplica-se o art. 44, § 5º, do CP, que diz que sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
	Se o crime foi cometido após a substituição, durante o cumprimento da pena alternativa, entende o autor que esta última deverá ser convertida em pena privativa de liberdade, haja vista que, assim agindo, o condenado deu mostras da sua inaptidão ao cumprimento da pena substitutiva.
	Outro ponto importante é o cálculo do cumprimento da pena de prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas para efeitos de conversão. A lei fala que a cada hora de prestação de serviços deduz-se um dia de pena. Ou seja, é 1 hora por 1 dia. O resíduo a ser convertido em pena privativa de liberdade será o número de horas restantes, convertidas em dias, observando-se o mínimo de 30 dias.
PENAS RESTRITIVAS EM ESPÉCIE
	Prestação pecuniária	
	Consiste no pagamento de dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada, com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
	PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – 1 A 360 SALÁRIOS MÍNIMOS – PAGOS À VÍTIMA
	Alguns detalhes devem ser observados com relação à prestação pecuniária:
	a) A vítima e seus dependentes têm prioridade no recebimento da prestação pecuniária, não podendo o juiz determinar o seu pagamento a entidade pública ou privada quando houver aqueles;
	b) Nas infrações penais em que não haja vítima, a exemplo do delito de formação de quadrilha ou bando (art. 288 do CP), poderá a prestação pecuniária ser dirigida a entidade pública ou privada com destinação social;
	c) A condenação tem os seus limites estipulados em no mínimo 1 (um) salário mínimo e no máximo 360 (trezentos e sessenta) salários;
	d) O valor pago à vítima ou a seus dependentes será deduzido do montante em ação de reparação civil, no caso de serem coincidentes os beneficiários.
	A pena pode ser substituída por prestação pecuniária mesmo quando não houver dano material, subsistindo apenas dano moral. Ademais, se houver aceitação do beneficiário, a prestação poderá ser de outra natureza (art. 45, § 2º). Ex: mão-de-obra e doação de cestas básicas. Parte da doutrina entende que essa previsão é inconstitucional, pois a CF, em face do princípio da legalidade, proíbe as chamadas penas indeterminadas.
	Violência doméstica e familiar contra a mulher	
	O art. 17 da Lei nº 11.340/2006 – Lei Maria da Penha – limitou a substituição da pena privativa de liberdade nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, dizendo, verbis:
	Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
	Isso não impede, porém, que sejam aplicadas as demais penas substitutivas previstas no art. 43 do CP, desde que presentes seus requisitos necessários.
	Perda de bens e valores	
	A perda de bens e valores dar-se-á em favor do Fundo Penitenciário Nacional – em regra, salvo legislação especial (ex: lei de drogas - FUNAD), e seu valor terá como teto o montante do prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime. O montante que for maior (prejuízo ou proveito) será o teto. Os bens podem ser móveis ou imóveis.
ATENÇÃO: A diferença da perda de bens e valores para confisco (efeitos da condenação – art. 91) é que só cabe o confisco dos instrumentos do crime e dos produtos do crime ou do proveito obtido com ele, isto é, bens intrinsecamente jurídicos. Já na perda de bens não se atinge necessariamente os frutos do crime; o condenado vai perder seus bens ou valores legítimos, os que integram seu patrimônio lícito. Além disso, devem ser observadas outras diferenças entre a perda de bens e o confisco:
	a) A perda de bens é pena substitutiva de liberdade, e somente poderá ser aplicada se presentes os requisitos dos incisos I, II e III do art. 44 (pena menor que 4 anos, sem violência ou grave ameaça – crime doloso – ou qualquer crime culposo, inexistência de reincidência em crime doloso e circunstâncias). O confisco é um efeito (obrigatório) da condenação.
	 b) Há previsão para perda de bens e valores quando o condenado houver causado um prejuízo em virtude da prática do delito, mesmo que não tenha sido beneficiado, de alguma forma, com isso. Tal previsão não tem correspondência com a alínea b do inciso II do art. 91 do CP, que faz somente menção à perda do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
	Criticam alguns a pena de perda de bens ou valores porque esta geraria uma sensação de impunidade, afinal basta devolver ao Estado o que causou para sair ileso. Contudo, embora o autor reconheça que a perda de bens poderia estar nos efeitos da condenação somente, a pena em exame pode ocorrer mesmo que o agente não se beneficie da prática, mas cause prejuízo, o que implica um alcance maior. Ex: crimes ambientais.
	Como o perdimento dos bens e dos valores vai para o Fundo Penitenciário Nacional, a vítima do delito, seu representante legal ou herdeiros ainda poderão promover-lhe a execução.
	Por fim, observe-se que a CF (art. 5º, XLV), embora assevere que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ressalva a possibilidade de a obrigação de reparar o dano e de a decretação de perdimento de bens serem estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Isso não pode ser aplicado à multa.
	PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – À VÍTIMA
	PERDA DE BENS E VALORES – AO FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL
	
	Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
	Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, em hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários estatais, conforme suas aptidões, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
	O tempo de 1 hora por dia pode ser entendido como o tempo mínimo para a realização de tarefa, pois se o sentenciado desejar abreviar o cumprimento da pena, poderá fazê-lo. É o que preceitua o § 4º do art. 46: Se a pena substituída for superior a 1 (um) ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
	A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento (art. 149, §2º). A prestação de serviços à comunidade somente será aplicada às condenações superiores a 6 meses de privação da liberdade, sendo que até 6 meses poderão ser aplicadas as penas substitutivas previstas no inciso I (prestação pecuniária), II (perda de bens e valores),V (interdição temporária de direitos) e VI (limitação de fim de semana), além da multa.
	A exceção fica por conta da Lei de Drogas, que estipula pena de prestação de serviços por no máximo 5 meses.
	Interdição temporária de direitos	
	Esta pena terá a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída (art. 55 do CP). No que diz respeito às penas de proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo ou de proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, respectivamente previstas nos incisos I e II do art. 47 do CP, serão elas aplicadas a todo crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhe são inerentes (art. 56 do CP). Vejamos as hipóteses:
	I – Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo	
	A proibição em questão tem caráter temporário, não se confundindo com o efeito da condenação previsto no inciso I do art. 92, que implica a perda do cargo para crimes contra a administração com pena superior a um ano (em caso de violação de dever com a Administração Pública) ou qualquer crime com pena superior a quatro anos.
	II – Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou de autorização do Poder Público	
	Situação: médico é condenado por causar culposamente a morte de alguém. Mesmo que o Conselho de Medicina lhe aplique uma advertência, poderá o juiz condená-lo à pena de interdição de direitos temporariamente, proibindo-o de exercer a profissão durante certo período.
	III – Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir	
	Somente é cabível quando a infração penal cometida pelo condenado for de natureza culposa e relacionada com a condução de veículo automotor, uma vez que, se o crime tiver sido doloso e o se o agente tiver utilizado o seu veículo como instrumento para cometimento do delito, não terá aplicação tal modalidade de interdição temporária de direitos. Nesse caso, poderá ser determinada como efeito da condenação a inabilitação para dirigir veículo.
	Isso ocorre porque, nas duas modalidades de infração culposa – homicídio e lesões corporais – praticadas na direção de veículo automotor, o Código de Trânsito cominou no preceito secundário dos arts. 302 e 303, respectivamente, a pena de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, cuja aplicação deverá ser cumulativa com a pena privativa de liberdade.
	CRIME DE TRÂNSITO CULPOSO – SUSPENSÃO DE AUTORIZAÇÃO (PENA RESTRITIVA)
	CRIME DE TRÂNSITO DOLOSO – INABILITAÇÃO (EFEITO DA CONDENAÇÃO – PREVISÃO DO CTB)
	IV – Proibição de frequentar determinados lugares
	Esta pena alternativa recebe severas críticas, principalmente pela quase total impossibilidade de fiscalização do seu cumprimento pelo condenado.
	Limitação de fim de semana	
	Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Durante a permanência do condenado poderão ser ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.	
PENA DE MULTA	
	
	É uma das três modalidades de pena. Consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa.
	Pode também ser aplicada como pena alternativa. Com a nova redação do § 2º do art. 44, a multa poderá substituir a pena aplicada desde que a condenação seja igual ou inferior a um ano. Antes (art. 60, § 2º), atingia penas de até 6 meses. Se a pena privativa for superior a um ano, pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
	Há quem entenda, contudo, que o art. 60, § 2º, ainda tem aplicação. Este estabelece que a multa poderá substituir a pena cuja condenação seja igual ou inferior a 6 meses. Isso seria aplicável nos casos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça com pena inferior ou igual a 6 meses. Este é o entendimento de René Ariel Dotti. Em outro sentido (revogação do art. 60, § 2º), está LFG.
	SÓ MULTA – PENA DE ATÉ 1 ANO (CRIMES SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA)
	Sistema de dias-multa
	A fixação de dias-multa permite que a aplicação da multa seja sempre atual. Foram revogadas quaisquer referências a valores de multas, de modo se forem encontrados valores correspondentes à pena de multa, devemos desconsiderá-los e entendê-los, simplesmente, como referência à pena de multa, que será calculada de acordo com o sistema de dias-multa.
	A multa será de 10 a 360 dias-multa. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz, entre 1/30 e 5 salários mínimos, conforme a situação econômica do réu. O juiz poderá aumentar o valor até o triplo se considerar que o valor alcançado é ineficaz, ainda que aplicado ao máximo. OBS: nos crimes contra o sistema financeiro nacional, nos crimes contra a propriedade industrial e nos crimes de tráfico admite-se que o aumento seja do décuplo no caso de valor ineficaz.
	Aplicação da pena de multa – sistema bifásico:
	1º. encontrar o número de dias-multa a ser aplicado, atendendo-se ao critério trifásico do art. 68 do CP - primeiramente se analisam as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 (culpabilidade, antecedentes, etc), a fim de encontrar a pena-base, que variará entre 10 e 360 dias-multa. A seguir, serão consideradas circunstâncias atenuantes e agravantes. Por último, as causas de diminuição e de aumento.
	2º. cálculo do valor de cada dia-multa, considerando-se a capacidade econômica do sentenciado.
	Pagamento da pena de multa	
	Deverá ser paga em até 10 dias após o trânsito da condenação. Pode haver desconto no salário do condenado ou parcelamento. Caso não haja o pagamento, deverá ser extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, para fins de execução.
	Execução da pena de multa	
	Dispõe o art. 51: Transitada em julgado a sentença penal condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
	Antes, se não paga, a multa era convertida em pena privativa de liberdade, o que prejudicava os mais pobres, que não tinham condições de pagá-la e acabavam presos mesmo sem terem praticado crime de grave monta.
	
	Hoje é diferente. A multa, embora de natureza penal, é considerada dívida de valor, devendo ser aplicada na sua cobrança as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, ou seja, a Lei de Execução Fiscal, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
	Competência para a execução da pena de multa
	E quem vai executar a multa, já que sua cobrança deve obedecer à lei de execução fiscal? Há duas correntes:
	I – O juízo das execuções fiscais, devendo a execução ser proposta pelo Procurador da Fazenda. Houve uma decisão política no sentido de mudar a natureza da execução do valor monetário decorrente da multa, que passou a ser civil. Assim, deve-se distinguir a multa penal (lado intrínseco) do valor que ela exprime (lado extrínseco). A multa, enquanto objeto de um provimento judicial condenatório, tem sempre natureza penal (punitiva, retributiva). Distinta, agora, é a natureza da dívida. Este é o entendimento do STJ.
	II – A multa não perdeu sua natureza de sanção penal, e como tal deve ser tratada. O fato de ter sido considerada dívida de valor apenas ressaltou sua natureza pecuniária, nada mais. Também não afeta a competência do juízo penal para sua cobrança. É a posição de Rogério Greco.	Ademais, considerar a vara de execução fiscal competente implicaria ofender o princípio da intranscendência da pena, bem como permitir que o Estado deixe de exercer seu ius

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