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Tolerância Política no Brasil

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TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 1 
 
Condicionantes da Tolerância Política no Brasil 
 
Ednaldo Ribeiro (UEM) 
Mario Fuks (UFMG) 
 
 
Introdução 
Parece estar em curso, em várias partes do mundo, um retrocesso 
democrático, senão nas instituições, ao menos na opinião pública e nas urnas. Dessa 
vez, o problema não é um monopólio das novas democracias ou circunscrito à América 
Latina ou África. Basta olhar para os casos da França, Inglaterra, Polônia, Hungria, 
Áustria e Estado Unidos. 
 Embora ocorra em um contexto próprio, o Brasil não é exceção. Nesses últimos 
30 anos, vivemos, a maior parte deles, com a sensação de que a sociedade caminhava 
na direção da formação de alguns consensos: 1) opção pela democracia; 2) avanço nos 
direitos das minorias; 3) maior adesão a políticas que afirmam valores de 
autoexpressão (Inghehart e Welzel, 2005). 
Nos últimos anos, essa sensação foi perdendo espaço, com o crescimento e 
mobilização dos interesses associados à religião e à segurança, com a emergência de 
movimentos que defendem a volta do regime militar e, mais afinado com o tema do 
presente artigo, manifestações de intolerância em relação a minorias e expressões 
culturais. Soma-se a essa polarização o crescimento de atitudes e comportamentos 
negativos do público em relação aos políticos, instituições políticas e partidos políticos. 
O conjunto de eventos mais emblemáticos desse processo foram as 
manifestações e protestos que levaram milhares de pessoas às ruas, alguns indignados 
com a corrupção política e pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff e outros 
defendendo a continuidade do governo e o respeito ao resultado das últimas eleições. 
Nesses eventos coletivos eram comuns manifestações verbais, cartazes e faixas com 
conteúdos que sugerem padrões de intolerância política. Em alguns casos, felizmente 
esporádicos, essa rejeição se converteu em violência física, o que levou inclusive a 
construção de um aparato de segurança, semelhante a um muro, separando grupos 
favoráveis e contrários ao governo no momento em que ocorreram as votações na 
Câmara e no Senado sobre a admissibilidade do processo de impeachment da 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 2 
presidente. Se nas ruas a polarização política se converteu em intolerância, o ambiente 
virtual proporcionado pelas redes sociais, provavelmente em razão do anonimato, 
potencializou ainda mais as atitudes de negação à pluralidade de ideias e projetos 
políticos. Após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e o início do governo 
interino de Michel Temer, o quadro de polarização permanece inalterado e os 
episódios de intolerância continuam se repetindo. 
Se, por um lado, esse cenário pode indicar uma positiva elevação do interesse 
dos brasileiros por política (efêmero ou não, só o tempo irá dizer), por outro, nos 
obriga a pensar sobre os seus efeitos sobre a jovem democracia nacional, já que tal 
forma de governo pressupõe a liberdade de ideias e a pluralidade de projetos políticos. 
Essa liberdade deve envolver as ações e comportamentos relacionados à 
persuasão política, ao direito ao voto e de competir pelo poder político. Ela engloba, 
portanto, desde a possibilidade de realizar discursos até lançar candidaturas a cargos 
públicos. Violações desses direitos de minorias são historicamente impetradas por 
governos que sentem sua posição ameaçada, mas são igualmente relevantes aquelas 
ameaças mais sutis que operam no nível da cultura política da sociedade (MILL, 2007). 
Ou seja, crenças, valores, atitudes e comportamentos podem restringir 
fortemente o espaço de atuação de minorias, comprometendo fortemente a extensão 
da liberdade pelo estabelecimento de um contexto de intolerância para com as 
diferenças políticas (GIBSON, 2009). Tão importante quanto inventariar as ações 
concretas de restrição de liberdades impetradas por governos autoritários é, portanto, 
avaliar em que medida os cidadãos de um determinado país partilham uma cultura de 
tolerância que favoreça a constituição de um ambiente onde o debate aberto e livre 
possa ocorrer, até porque essa cultura atua como freio indispensável contra medidas 
governamentais restritivas. 
O atual contexto nacional (e internacional) caracterizado pela mobilização 
social, polarização e crescimento de atitudes não democráticas aponta a relevância de 
estudos sobre a tolerância política. 
 Ao investigar a tolerância política, entramos numa dimensão pouco estudada, no 
Brasil, sobre cultura política democrática. Seguimos aqui os passos de uma crescente 
literatura que entende que o apoio à democracia deve ser examinado como um 
fenômeno que envolve múltiplas dimensões (BOOTH e SELIGSON, 2009; SCHEDLER e 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 3 
SARSFIELD, 2007; CARLIN e SINGER, 2011; FUKS et al, 2016; CASALECCHI, 2016) e que, 
portanto, o “cidadão democrático” não é aquele que apenas afirma preferir a 
democracia como forma de governo, mas que também adere a um conjunto de valores 
e crenças democráticos, do qual a tolerância é parte importante. 
A relevância deste tipo de investigação ganha ainda maior envergadura nos 
contextos das jovens democracias, especialmente as que convivem ainda com 
fragilidades institucionais significativas (como as reveladas no contexto da atual crise 
política brasileira) e com uma cultura política ambivalente, que combina elementos 
democráticos e autoritários (MOISÉS, 2008). Especialmente no momento em que 
ocorre um acirramento dos conflitos políticos que extrapolam o parlamento e as 
disputas eleitorais e atingem as ruas, é importante empreender uma investigação 
sobre a tolerância política em nosso país. 
 
 
Medidas e condicionantes da tolerância política 
 
O reconhecimento da tolerância como importante objeto empírico leva 
necessariamente ao questionamento sobre a quem ela se dirige e quais atividades são 
permitidas. O estudo pioneiro de Stouffer (1955), realizado no contexto do 
macarthismo norte-americano, lidava com a prevalência de uma ameaça ideológica 
única, o comunismo. A dificuldade cresce exponencialmente quando se amplia o 
universo dos grupos que são alvos de intolerância. O General Social Survey, principal 
fonte de dados sobre o tema nos Estados Unidos, por exemplo, inclui em seu 
levantamento cinco grupos: ateus, comunistas, homossexuais, militaristas e racistas 
(SMITH et al, 2016). 
Para Sulivan, Piereson e Marcus (1982), o problema das abordagens anteriores 
é que elas não levavam em consideração uma questão conceitual que tem 
consequência empírica: a (in)tolerância só se aplica quando um indivíduo tem atitudes 
negativas em relação a um determinado grupo. A suposição é que há diversos alvos de 
desafeição na sociedade e que pesquisa que definem de antemão grupos impopulares 
correm o risco de viés de conteúdo, medindo a tolerância de apenas parte da 
população (aquela que não gosta do(s) grupo(s) definidos pelo pesquisador). Isso 
ocorre porque a escolha do grupo de desafeição não é aleatória, por estar 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 4 
intimamente associada a ideologia do indivíduo. 
Segundo Sulivan, Piereson e Marcus (1982), os estudos clássicos de tolerância 
tinham como foco grupos de esquerda (especialmente, os comunistas). Entre as 
consequências empíricas desse viés, vários estudos da década de 1970: 1) 
identificaram, de forma equivocada, um aumento de tolerância politica nas duas 
décadas que se seguiram ao estudo de Stouffer, já que os comunistas deixaram de ser 
o alvo quase exclusivo de intolerância nos EUA; 2) superdimensionaram o impacto da 
escolaridade e da zona de moradia (urbana ou rural), já que o publicoalvo de 
desafeição dos menos escolarizados e de moradores de cidades pequenas, nos EUA, é 
a esquerda. Em síntese, como os estudos clássicos consideravam apenas os grupos de 
esquerda, a escolha do grupo de desafeição interferia na medição da tolerância. 
Para evitar o problema do viés derivado da escolha de determinados grupos 
como alvo da intolerância, esses autores formularam um modelo em que pesquisador 
deveria pergunta primeiro ao entrevistado qual o grupo ele não gosta e, depois, fazer 
perguntas específicas apenas sobre o direito desses grupos. Essa forma de mensuração 
tem sido denominada como a abordagem do least-liked group. Ao contrário dos 
estudos anteriores, essa medida de tolerância não deve tem como alvo um grupo pré-
definido, mas sim o grupo em relação ao qual o indivíduo se opõe. 
Para além dessa discussão metodológica com implicações teóricas e empíricas 
sobre a amplitude e a intensidade da tolerância, a literatura tem avançado também de 
forma considerável na compreensão dos possíveis fatores que fazem com que alguns 
indivíduos manifestem maior tolerância do que outros. O trabalho de Sniderman 
(1975), por exemplo, identifica a auto-estima e o aprendizado social como importantes 
preditores de posturas mais tolerantes. Sullivan, Piereson e Marcus (1982), por sua 
vez, destacam a percepção de ameaça, os valores democráticos e a insegurança 
psicológica como fatores fortemente associados à intolerância generalizada e também 
a grupos específicos. Mais recentemente Stenner (2005) inclui como condicionante 
relevante o traço de personalidade autoritarismo. 
Dentre todos esses fatores, o mais recorrentemente confirmado como preditor 
relevante tem sido a percepção de ameaça. O estudo pioneiro de Stouffer (1955) já 
demonstrava que o nível de intolerância individual estava diretamente relacionado 
com a sensação (real ou imaginária) de ameaça oferecida por grupos impopulares em 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 5 
relação a importantes valores ou à ordem constitucional como um todo. 
Sulivan, Piereson e Marcus (1982), para medir o quanto ameaçados os 
indivíduos se sentem apresentaram uma lista de pares de adjetivos contrastantes 
(fraco/forte, honesto/desonesto, confiável/não confiável, previsível/imprevisível, 
seguro/perigoso, importante/desimportante, violento/não-violento, bom/mau) para 
que os entrevistados atribuíssem notas para cada o seu grupo alvo de desafeição. Por 
meio de análise fatorial essas notas são combinadas em um indicador de ameaça para 
cada grupo least-liked que se revelou fortemente relacionado com a intolerância. 
A interação entre o ambiente político real e atributos individuais relacionados à 
personalidade tem inspirado pesquisas interessantes. Feldman (2003) identificou que 
traços individuais de autoritarismo e a percepção de um ambiente estressante 
interagem na criação da intolerância. Gibson e Gouws (2003) confirmam que 
percepções acerca da escalada da violência urbana se combinam com medidas de 
ansiedade individual na alimentação do sentimento de ameaça entre cidadãos sul-
africanos. 
O apoio às normas democráticas tem sido apontado como um importante 
condicionante da tolerância1 desde a proposição do modelo de Sulivan, Piereson e 
Marcus (1982). Embora a literatura venha tentando explicar, há tempo, o aparente 
paradoxo do hiato existente entre, de um lado, o consenso normativo, nos EUA, em 
torno dos procedimentos democráticos associados a “majoritity rule and minority 
rights”, e a aplicação limitada desses princípios abstratos a situações concretas 
envolvendo grupos controversos, as evidencias empíricas são claras no sentido de 
mostrar que indivíduos com um perfil mais liberal são também mais tolerantes em 
relação aos grupos que não gostam. 
O terceiro fator que tem sido recorrentemente apontado como preditor da 
tolerância é a insegurança psicológica. Associada a determinadas condições sociais 
(como, por exemplo, o status social e a idade), características da personalidade 
individual, em especial o dogmatismo e a baixa auto-estima, estimulam a intolerância 
 
1 Gibson, Duch e Tedin (1992) e também Finkel e Ernst (2005), seguindo essa pista, confirmam 
a existência também de relação entre medidas de apoio a instituições e processos 
democráticos e a tolerância política. 
 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 6 
política. 
Além desses fatores, é importante reconhecer que os preditores clássicos nos 
estudos sobre comportamentos e atitudes políticas têm também aparecido como 
relevantes nessa literatura específica. Efeitos de escolaridade, religião idade, ideologia 
e status social sobre a tolerância têm sido identificados, agindo de forma infeta ou 
indireta, desde o estudo pioneiro de Stouffer (1995), nas reformulações de Sullivan, 
Piereson e Marcus (1982) e nos vários trabalhos publicados por Gibson e seus 
inúmeros colaboradores. 
Nesse artigo, testamos, na opinião pública brasileira, pela primeira vez, alguns 
aspectos dessa tradição de estudos empíricos sobre a tolerância política. Esperamos, 
com isso, não apenas contribuir para o avanço dos estudos sobre a tolerância no Brasil, 
mas também para a compreensão dos processos e fenômenos políticos hoje em curso 
em nosso país. 
 
Dados e metodologia 
 
Para o contexto da América Latina, o Latin American Public Opinion Project 
(LAPOP) é a única fonte de dados sobre o tema e até a sua onda de 2014 empregava a 
técnica dos grupos identificados. Em seu questionário, o Lapop inseria um grupo 
bastante genérico e ampliado de “pessoas que falam mal da forma de governo”, e os 
entrevistados deveriam apontar seu grau de aprovação ao exercício de direitos 
políticos fundamentais por parte desse grupo: votar, manifestar publicamente, 
concorrer a cargos públicos e discursar. 
 Como já alertamos, esse procedimento abre uma janela considerável para erros 
de mensuração principalmente porque aqueles que são críticos da atual forma de 
governo apresentam, obviamente, tendência a concordar mais fortemente com a 
fruição de todos esses direitos. Por outro lado, devido ao viés de conteúdo, a 
tolerância desse segmento da população não é media, já que não são perguntados a 
respeito do grupo que é o seu alvo de desafeição. A estratégia do least-liked, poderia 
evitar esse problema, já que inicialmente o entrevistado informaria qual o seu grupo 
de maior rejeição, o que excluiria seus grupos com os quais os indivíduos simpatizam 
ou se identifica. Felizmente a equipe do LAPOP incluiu uma bateria de questões 
seguindo essa abordagem, mediante a apresentação de uma lista cobrindo uma ampla 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 7 
variedade de perfis ideológicos de grupos alvo na última edição da pesquisa conduzida 
no Brasil no primeiro semestre de 2017. 
Seguindo as orientações gerais propostas por Sullivan, Piereson e Marcus 
(1982), o questionário do LAPOP apresenta a seguinte pergunta para identificação do 
grupo de desafeição dos entrevistados: 
Falando de alguns grupos de pessoas, poderia informar o quanto gosta ou 
desgosta dos listados abaixo. Usaremos agora uma escala de 1 a 10, na qual 1 
significa "desgosto muito" e 10 significa "gosto muito". 
a) Pessoas que defendem a legalização do aborto 
b) Pessoas que defendem o regime militar 
c) Comunistas 
d) Petistas/ Simpatizantes do PT 
e) PSDBistas/ Simpatizantes do PSDB 
 
Diferentemente da proposta de Sullivan, Piereson e Marcus (1982), o Lapop 
não formulou a questão direta sobre qual seria o grupo de maior antipatia dos 
entrevistados, de modo que a identificação desse alvo foi realizada pela verificação dogrupo com menor nota atribuída na escala de gosto acima. Nos casos em que o 
entrevistado atribuiu a menor pontuação a mais de um grupo, o empate foi resolvido 
por designação aleatória. 
Na sequência os indivíduos são convidados a se posicionarem em relação a 
fruição de alguns direitos políticos do seu grupo de desafeição prioritário (o menos 
gostado, em uma tradução literal do least liked). Para tanto, a seguinte questão é 
utilizada: 
Falando do grupo de pessoas que o(a) sr./sra menos gosta... 
Em uma escala de 1 a 10, na qual 1 significa "desaprova fortemente " e 10 
significa "aprova fortemente "... 
a) O quanto o sr./sra. aprova o direito dessas pessoas de votar? 
b) O quanto o sr./sra. aprova o direito dessas pessoas de fazer um discurso 
público? 
c) O quanto o sr./sra. aprova o direito dessas pessoas de concorrer a um cargo 
público? 
 
As respostas oferecidas são tomadas como atitudes em relação ao exercício 
desses direitos e compõem assim medidas de tolerância política tendo como 
referência os grupos de desafeição de cada respondente. Tomadas de forma isolada, 
relativas a cada direito, ou na sua forma agregada, essas medidas serão consideradas 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 8 
adiante como variáveis dependentes em modelos multivariados construídos para 
identificar os condicionantes fundamentais da manifestação de atitudes tolerantes no 
contexto nacional. 
 
Um quadro da desafeição e da tolerância política 
 
 Como descrevemos acima, os entrevistados pelo LAPOP manifestaram os seus 
sentimentos em relação a cinco grupos. As respostas, em uma escala de “desafeição” 
de 1 (desgosto muito) a 10 (gosto muito), foram utilizadas para calcular a média de 
notas de cada um deles, como segue na Tabela 1. Organizadas da menor para a maior, 
podemos constatar que a menor média foi registrada para os comunistas (3,2). Muito 
próximos estão os três grupos seguintes: simpatizantes do PSDB, pessoas que 
defendem a legalização do aborto e simpatizantes do PT. O grupo dos defensores do 
regime militar está relativamente afastado dos demais, com média superior a 5. 
 
Tabela 1. Médias de Desafeição por Grupos, Brasil, 2017. 
Grupos Média 
Comunistas 3,2 
PSDBistas/Simpatizantes do PSDB 3,4 
Pessoas que defendem a legalização do 
aborto 
3,5 
Petistas/Simpatizantes do PT 3,9 
Pessoas que defendem o regime militar 5,2 
 Fonte: LAPOP, 2017. 
 
 Considerando as notas atribuídas aos cinco grupos, identificamos qual é o 
principal grupo de desafeição (“menos gostados”) para cada um dos entrevistados. 
Para os indivíduos que atribuíram a menor nota para mais de um grupo (empate) foi 
adotado procedimento de designação aleatória, de modo que a distribuição é 
aproximadamente semelhante entre os cinco grupos. 
A Tabela 2 apresenta a distribuição percentual dos grupos de desafeição, 
ordenados pelo percentual crescente. Compatível com a sua melhor média na escala 
de desafeição, os “militaristas” são o grupo com menor ocorrência, com 11% dos 
entrevistados os elegendo como o seu principal alvo de desafeição. Na sequência vem 
os “petistas”, com 18,5%, seguidos de perto pelos “PSDBistas”. Isso é compatível com 
pesquisas recentes sobre a redução dos níveis de partidarismo no contexto nacional 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 9 
(Ribeiro, Carreirão e Borba, 2016), mas surpreende ao mostrar que o PT está longe de 
deter o monopólio da antipatia popular em relação a partidos. Os comunistas ocupam 
a segunda posição, pois são os “menos gostados” de 19,9% da amostra nacional. O 
maior percentual de menções, com folga, recai sobre os defensores da legalização do 
aborto, com 31,8%, o que revela um forte componente moral na escolha do grupo alvo 
de antipatia social em nosso contexto. 
Tabela 2. Grupos de Desafeição, Brasil, 2017 (%) 
Grupos % 
Pessoas que defendem o regime militar 11 
PSDBistas/Simpatizantes do PSDB 18,5 
Petistas/Simpatizantes do PT 18,8 
Comunistas 19,9 
Pessoas que defendem a legalização do 
aborto 
31,8 
 Fonte: LAPOP, 2017. 
 
 
Uma vez identificados os grupos de maior desafeição, a bateria seguinte de 
questões procura medir as atitudes dos entrevistados em relação à fruição de direitos 
políticos pelos membros desse grupo de referência (o “menos gostado”). A escala aqui 
também é de 1 a 10 (1=desaprovo fortemente e 10=aprovo fortemente). 
A Tabela 3 apresenta, portanto, as médias de aprovação desses três direitos. 
Nota-se que direito mais tolerado é o voto, seguido do direito de discursar em público 
e, por fim, vem o direito de concorrer a cargo público. Esse último direito, portanto, 
parece ser percebido como aquele que apresenta o maior potencial de ameaça 
quando exercido pelo grupo de maior rejeição. Infelizmente não temos parâmetros 
para avaliar comparativamente esses médias com outros momentos no tempo ou com 
outros países. Mesmo a comparação com os EUA, que dispõem de uma série histórica 
de dados, a comparação é inviável, pois os grupos de referência naquele contexto são 
outros, levando a patamares distintos de rejeição e, principalmente, de sentimentos 
de ameaça. Diante dessa limitação, não julgamos pertinente afirmar que se tratam de 
médias baixas, moderadas ou altas, já que toda tentativa nesse sentido terá como base 
exclusiva pressupostos normativos abstratos sobre que nível de tolerância política 
seria saudável para uma jovem democracia como a nossa. 
 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 10 
 
 
Tabela 3. Médias de apoio a direitos para o grupo de desafeição, 
Brasil, 2017. 
Grupos Média 
Votar 6,6 
Discursar em público 6,1 
Concorrer a cargo público 5,8 
 Fonte: LAPOP, 2017. 
 
 
 É importante também, nessa etapa descritiva da análise, identificarmos como 
se distribui essa média de tolerância para cada grupo de desafeição (TABELA 4). 
Confirmando os resultados da tabela anterior, podemos perceber que as menores 
médias para todos os grupos ocorrem na última coluna, relativa ao direito de 
concorrer (em negrito). Entre os grupos, podemos perceber que petistas são os que 
registram as menores médias de aprovação de direitos nas três colunas. Entretanto, 
considerando os testes de diferenças de médias, constatamos que, quando o que está 
em jogo é a possibilidade de um membro do grupo de desafeição ocupar um cargo 
eletivo, a distinção entre os grupos não é estatisticamente significativa. 
 
Tabela 4. Médias de apoio a direitos por grupo de desafeição, Brasil, 2017. 
Grupos Votar Discursar Concorrer 
Comunistas 6,63 6,24 5,63 
Pessoas que defendem a legalização do aborto 6,58 6,24 5,84 
Pessoas que defendem o regime militar 7,35 6,85 6,38 
Petistas/Simpatizantes do PT 6,28 5,86 5,58 
PSDBistas/Simpatizantes do PSDB 6,62 5,91 5,77 
Teste de diferença de médias (p-valor)* 0,019 0,016 0,159 
* Diferenças são significativas quando o p-valor é igual ou menor que 0,05. 
 Fonte: LAPOP, 2017. 
 
 
Também elaboramos uma versão qualitativa dessa medida de tolerância, que 
procura captar as posições extremas de tolerância/intolerância. Os entrevistados que 
se encontram nos pontos 1 e 2 das escalas de aprovação de direitos foram 
classificados como “extremamente intolerantes”, aqueles localizados nos pontos 9 e 
10 foram chamados de “extremamente tolerantes” e todos os demais são 
“moderados”. A Tabela 5 apresenta a distribuição dessas categorias para cada um dos 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 11 
direitos. Novamente, como não temos padrões ótimos de tolerância universalmente 
válidos e nem medidas anteriores para o nosso contexto nacional, é difícil avaliar esses 
percentuais como positivos ou negativos, mas é no mínimopreocupante que nos três 
direitos a amostra esteja praticamente dividida entre os dois grupos, sendo que no 
segundo direito os tolerantes constituem a minoria (desconsiderando a margem de 
erro da pesquisa). 
 
Tabela 5. Tolerantes e Intolerantes, por tipo de direito, Brasil, 2017 (%). 
Direitos Tricotômica 
 Intolerantes Moderados Tolerantes 
Votar 14,8 46,1 39,1 
Discursar em público 17,5 52,3 30,2 
Concorrer a cargo público 22,3 49,6 28,1 
Fonte: LAPOP, 2017. 
 
Assim como anteriormente, também calculamos os percentuais de tolerantes, 
moderados e intolerantes por grupo prioritário de desafeição, com o objetivo de 
verificar se a distribuição se altera quando consideramos a divisão dos entrevistados 
no que diz respeito aos alvos da intolerância (TABELA 6). 
No primeiro grupo temos aqueles que apontam os “militaristas” como o grupo 
que menos gostam. Vejam como os percentuais são mais elevados nos três direitos, na 
comparação com os demais grupos de entrevistados. Isso indica que a maioria 
daqueles que elegem esse grupo como o alvo da sua antipatia os toleram 
politicamente. Esse quadro já era esperado, já que os maiores opositores aos 
militaristas são democratas e, portanto, são mais propensos a aderir aos princípios 
democráticos que freiam a intolerância política (Marcus et al, 1995). 
Os entrevistados que identificam os comunistas como o seu grupo de maior 
desafeição tendem a ser os menos tolerantes. Os três outros grupos estão muito 
próximos em termos percentuais, mas chama a atenção uma alteração na ordem dos 
direitos mais tolerados para esses grupos. Para militaristas e comunistas a ordem de 
tolerância é aquela encontrada sem a divisão por grupos, com o voto sendo o mais 
tolerado e a candidatura, o menos aprovado. Já os petistas, psdebistas e pessoas que 
defendem a legalização do aborto são mais frequentemente alvos de intolerância 
quando manifestam publicamente suas ideias. 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 12 
 
 
 
Tabela 6. Tolerantes e Intolerantes por grupo de desafeição e direito, Brasil, 2017(%). 
Direitos Tricotômica 
 Votar Discursar Concorrer 
 Int Mod Tol Int Mod Tol Int Mod Tol 
Pessoas que defendem o regime 
militar 
15,3 41,4 43,3 15,8 47,5 36,7 19,6 50 30,4 
Petistas/Simpatizantes do PT 14,2 52 33,7 16,3 58,7 24,9 26,7 51,8 21,5 
Comunistas 16 43,9 40,1 21,6 46,7 31,7 24,7 44,6 30,7 
PSDBistas/Simpatizantes do PSDB 19,3 41,7 39 19,5 51,9 28,6 26,3 42,8 30,8 
Pessoas que defendem a legalização 
do aborto 
11 48,7 40,3 13 56,3 30,7 16 56 28 
 
Nossa análise sobre os condicionantes da tolerância utiliza uma única medida 
integrada considerando as atitudes de aprovação ou reprovação dos três direitos. Para 
tanto conduzimos o teste de consistência interna proposto por Cronbach (1951) e o 
valor encontrado de 0,85 confirmou a pertinência dessa redução. Como as 
distribuições percentuais anteriormente exibidas já indicavam, existe uma forte 
tendência de respostas semelhantes às questões sobre os três direitos. Com isso, 
procedemos o cálculo de um índice somatório que denominados de Índice de 
Tolerância Política (ITP), que após a padronização para variar entre 0-10 registrou a 
média de 6,19. Assim como procedemos em relação as medidas isoladas, também 
tricotomizamos essa medida usando os extremos da escala. As distribuições são 
exibidas na Tabela 7. 
 
Tabela 7. Tolerantes e Intolerantes, Brasil, 2017(%). 
 Geral Militar Comunistas Aborto PTistas PSDBistas 
 
Tricotômica 
Intolerante 10,3 12,9 11,5 6,8 11,2 12,9 
Moderado 60,2 56,1 59,2 63,9 65,2 56,1 
Tolerante 29,4 31 29,7 29,2 23,6 31 
 
 
 
Bases sociais e atitudinais da desafeição e da tolerância política 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 13 
 
Ainda que os fatores que condicionam a seleção de um grupo como o alvo 
preferencial de desafeição e a manifestação de atitudes intolerantes em relação a esse 
grupo possam não ser os mesmos, optamos nessa pesquisa por mobilizar um mesmo 
conjunto de variáveis para buscar identificar quais as bases sociais (ou demográficas) e 
atitudinais desses dois fenômenos complementares. 
Infelizmente os dados do LAPOP não permitem investigar a influência da 
percepção de ameaça (real ou imaginária) sobre os níveis de desafeição e tolerância 
política dos brasileiros, principalmente porque não há informações complementares 
sobre a avaliação que os entrevistados fazem dos seus respectivos grupos de 
desafeição, tal como metodologia proposta por Sullivan, Piereson e Marcus (1982). 
Como o segundo conjunto de preditores mais recorrentes na literatura se relaciona 
com a adesão e apoio a normas democráticas, tais como a liberdade de expressão e 
direitos das minorias (SULIVAN, PIERESON E MARCUS, 1982; GIBSON, DUCH E TEDIN, 
1992; FINKEL E ERNST, 2005), procuramos operacionalizar medidas que correspondam 
a essa dimensão. Primeiramente selecionamos uma medida sobre a adesão dos 
entrevistados à participação (VERBA, SCHLOZMAN AND BRADY, 1995), obtida no Lapop 
com a questão: “A participação de pessoas em manifestações permitidas por lei. Até 
que ponto aprova ou desaprova?”. Os entrevistados eram levados a escolher em uma 
escala de 1 a 10, qual o ponto que melhor representa sua posição sobre o assunto. 
Desde o estudo clássico de Stouffer (1955), a religiosidade tem sido 
considerada um fator importante na explicação da tolerância política. Em sua obra 
clássica esse pesquisador aponta que, apesar da denominação importar, mais 
relevante é a frequência aos cultos e celebrações, algo que podemos chamar de 
ativismo religioso. Nunn et al (1978), três décadas depois, confirmam esse achado e 
afirmam que as diferenças nos níveis de tolerância entre religiosos não-praticantes e 
os mais ativos foi ampliada. Adaptando o modelo analítico de Stouffer aos dados do 
GSS de 2008, Eisenstein e Clark (2015), chegam a resultados semelhantes, reafirmando 
a importância do envolvimento religioso na explicação de atitudes intolerantes. 
Coerente com esses achados, utilizamos em nossos modelos um índice de 
ativismo religioso composto por uma medida comportamental e outra valorativa. A 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 14 
primeira é derivada de uma pergunta sobre a frequência dos entrevistados à missas e 
cultos, com uma escala de cinco pontos que parte do “nunca” e chega ao “mais de 
uma vez por semana”. A segunda medida é obtida pelo questionamento sobre a 
importância da religião na vida do entrevistado, codificada como uma escala de quatro 
pontos, indo do “nada importante” ao “muito importante”. Com procedimento 
somatório obtivemos uma única escala de 0 a 7. 
Outra medida presente nos estudos sobre tolerância é o interesse por política, 
considerado um dos principais preditores em estudos sobre o comportamento político, 
seja na explicação da sofisticação política (Converse, 1964, Neuman, 1986; Luskin, 
1990; Delli Carpini & Keeter, 1996), da participação política (Lazarsfeld et al. XXXX) ou 
de atitudes democráticas (Moisés, 2008; Booth e Seligson, 2009; Rennó et. al., 2010; 
Salinas e Booth, 2011; Booth e Richard, 2014; Norris 1999, 2011; Dalton 1999, 2004; 
Klingemann, 1999). O seu efeito é sempre positivo, no sentido de formar cidadãos 
politicamente competentes e cívicos. A suposição é que o indivíduo que tem mais 
interesse por política é também quem tem mais informação política e quem participa 
e, portanto, conheceria melhor as normas e praticas democráticas. Esperamos, 
portanto, que o interesse por política tenha um efeito positivo sobre a tolerância 
política. Para medir o interesse por política, invertemos a escala da seguinte pergunta: 
“O quantoo(a) sr./sra. se interessa por política: muito, algo, pouco ou nada?”. 
A partir da proposição clássica de que a educação formal permite a 
compreensão e internalização de normas de tolerância (Lipset, 1959: 55-56), 
incluímos, em nosso modelo, a escolaridade. As pesquisas na área reiteram 
constantemente que, assim como o interesse, quanto maior a escolaridade maior a 
adesão à democracia. Esses resultados são consistentes tanto nas novas democracias 
(Evans e Rose, 1997; Moisés e Carneiro, 2008; Booth e Seligson, 2009) como nas mais 
antigas (Dalton, 1999; Dalton, 2004). Além disso, esses fatores afetam não só a adesão 
expressa à democracia, como outras atitudes e comportamentos correlatos, tais como 
a participação (Verba et. al., 1995) e, em associação com a informação política, a 
tolerância (Delli Carpini e Keeter, 1996; STEHLIK-BARRY, 1996). Estudos específicos 
sobre tolerância também destacam o papel importante da escolaridade na formação 
de atitudes tolerantes, especialmente mediante o seu efeito positivo sobre a 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 15 
segurança psicológica e a adesão às normas democráticas (SULIVAN, PIERESON E 
MARCUS, 1982). A escolaridade foi dicotomizada de modo que o 1 representa aqueles 
entrevistados que possuem formação superior completa. 
A variável ideologia foi inserida de forma diferente nos modelos de desafeição 
e tolerância, sendo que nesse último adaptamos uma codificação que privilegia os 
extremismos. Embora a literatura sobre tolerância política considere a ideologia como 
indicador de atitudes conservadora ou liberal em relação a direitos de minorias, 
inserimos a escala de auto-posicionamento ideológico nos nossos modelos para a 
tolerância política com a intenção de analisar o extremismo como traço do perfil 
psicológico do indivíduo. Certamente, isso faz muito mais sentido em países em que a 
clivagem ideológica é entre direita e esquerda do que em países divididos entre 
conservadores e liberais. Entendemos que indivíduos que se situam nos extremos na 
escala ideológica tendem a ser menos tolerantes do que aqueles mais moderados 
(Lipset, 1959). Acreditamos que a estrutura de sistema de crenças do indivíduo que 
adota posições extremistas no espectro ideológico seja semelhante, em termos de 
intensidade e consistência interna, a de indivíduos com traços de personalidade 
dogmática (SULLIVAN, PIERESON E MARCUS, 1982), portanto, sendo menos flexíveis 
em relação às ideias/grupos em relação às quais se opõem. Para os modelos que 
tomam os grupos de desafeição como variável dependente, optamos por uma 
codificação que apenas distingue esquerda, centro e direita. Considerando a escala de 
1 a 10, os quatro primeiros pontos foram recodificados como “esquerda”, as 
pontuações 5 e 6 foram convertidas em “centro” e, por fim, os quatro últimos pontos 
foram convertidos para “direita”. 
Consideramos também a questão etária, sempre presente na literatura sobre 
tolerância desde a pesquisa de Stouffer (1955). Nesse estudo inaugural foram 
identificadas importantes diferenças nos níveis de tolerância a comunistas, ateus e 
socialistas entre as distintas coortes etárias, sendo os mais jovens mais tolerantes. 
Fazendo uma importante distinção entre idade e geração, Cutler e Kaufman (1975) 
confirmam os achados anteriores de que com o avançar da idade os indivíduos tendem 
a se tornarem menos tolerantes, mas identificam também diferenças geracionais 
relevantes. Ou seja, quando comparam jovens e velhos da década de 1950 com essas 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 16 
mesmas coortes de 1970, verificam que as mais recentes tendem a manifestar atitudes 
mais tolerantes. Resultados semelhantes são encontrados por Davis (1975), Nunn et al 
(1978) e Sullivan PIereson e Marcus (1982). Infelizmente não dispomos de dados 
longitudinais para empreender uma análise geracional tal como a presente nesses 
estudos, mas tentamos incorporar essas duas dimensões em nossos testes. Nos 
modelos que investigam as bases da desafeição optamos pela análise dos efeitos 
etários e, para tanto, adotamos uma codificação tricotômica que agrupa indivíduos de 
até 30 anos em uma primeira categoria, de 31 a 50 em uma segunda categoria e os 
maiores de 50 na última. 
Para a análise dos condicionantes da tolerância, todavia, incorporamos a 
questão geracional sob uma perspectiva especificamente política, portanto distinta do 
que fizeram os estudos listados acima. Tomando como definidor a predominância de 
experiências políticas na vigência do regime de exceção, findado em 1985, ou sob a 
égide de instituições democráticas, distinguimos a amostra em dois grupos 
geracionais. Incluímos, assim, considerações de natureza contextual, pois, nas jovens 
democracias latino-americanas, a socialização política das gerações apresenta uma 
clivagem fundamental: ter vivido apenas no regime democrática ou ter passado 
também pela experiência autoritária. Estudos recentes (Moreno e Lagos, 2016; Fuks, 
Paulino e Casalecchi, 2018), têm apontado que, na América Latina, as gerações que 
viveram os dois regimes apoiam mais a democracia do que aqueles que só foram 
socializados na democracia. De acordo com esses estudos, as pessoas que foram 
socializadas no regime autoritário manifestam maior aversão a ele por terem 
experimentado a privação de direitos civis e políticos. Nossa hipótese é que, embora 
valorizem mais o regime democrático que tiveram de conquistar, as gerações mais 
velhas apoiam menos do que as mais novas os princípios liberais da democracia, 
especialmente o direito das minorias. Esses valores, assim como o elenco de valores 
de auto-expressão (Inglehart e Welzel, 2005), estão mais associados a processos por 
meios dos quais a sociedade torna-se mais liberal do que às ameaças que operam no 
nível da repressão estatal. 
Para a construção dessa variável estabelecemos a idade de 15 anos como 
marco definidor das gerações, sendo que quem tinha 15 anos ou mais no ano que se 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 17 
iniciou a transição é considerado como socializado no regime anterior (autoritário) e, 
portanto, tendo vivido nos dois regimes (podendo compará-los) e quem tinha 14 ou 
menos é considerado como socializado apenas no regime democrático. Como os dados 
provém de pesquisa conduzida em 2017, aqueles com mais de 47 anos pertencem à 
geração que teve experiência política em mais de um regime político e aqueles com 47 
anos ou menos pertencem à geração que foi socializada e cuja experiência política 
ocorreu apenas na democracia. 
Começando pela desafeição, optamos por recodificar a variável que identifica o 
grupo preferencial de desafeição em cinco medidas dicotômicas. Assim, em cada uma 
delas a codificação é 0 ou 1, sendo que 0 indica que o entrevistado não aponta o grupo 
X como o seu desafeto preferencial, enquanto o 1 indica que o grupo é sim o alvo de 
sua desafeição. Na Tabela 8 são exibidos os resultados desses modelos. 
O primeiro modelo, portanto, estima os efeitos das variáveis sobre a 
probabilidade do entrevistado de escolher como seu grupo preferencial de desafeição 
o grupo de pessoas que defende a legalização do aborto. Considerando o nível de 
significância usual nas ciências sociais, apenas a religiosidade e faixa etária se 
mostraram relevantes. O efeito da religião caminha na direção do esperado, elevando 
a probabilidade de seleção do grupo em questão em 13% a cada ponto da escala que 
vai de 0 a 7. Ou seja, quando mais ativo religiosamente o indivíduo é, maior é a sua 
probabilidade de selecionar esse grupo como seu alvo preferencial de desafeição. 
Os coeficientes para as faixas etárias, por sua vez, indicam queos mais jovens 
tendem a escolherem esse grupo com mais frequência do que os mais velhos. Note 
que os membros do grupo com idade entre 31 e 50 anos em 2017 (ano da coleta) 
apresentam 29% menos chance de selecionar esse grupo do que o grupo de referência 
(mais jovem, até 30 anos). A diferença é ainda maior na comparação com os mais 
velhos, já que esses apresentem probabilidade 48% menor. 
Ao relativizarmos o procedimento de teste de hipóteses e considerarmos como 
relevantes variáveis com p-valor menor do que 1,0, incluíamos o interesse por política 
como variável importante nesse primeiro modelo. Em uma escala de quatro pontos, 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 18 
cada avanço reduz a probabilidade de seleção do grupo em 13%. 
Relativizando ainda mais, podemos nos deter também sobre os efeitos que 
ultrapassam 10% de efeito (negativo e positivo) sobre as razões de chance, apesar de 
registrarem p-valores maiores do que 1,0. Segundo esse critério, podemos identificar 
que indivíduos que se posicionam no centro do espectro ideológico, quando 
comparados aos que se declaram de esquerda, apresentam 22% menos chance de 
selecionar o grupo. Por sua vez, o grupo com escolarização média, na comparação com 
aqueles que declaram ter apenas o ensino fundamental, apresenta chance 18% maior 
de seleção dos defensores da legalização do aborto como grupo de desafeição. A 
condição de mulher, coincidentemente, também eleva essa probabilidade em 18%. 
Passando ao grupo composto por pessoas que defendem o regime militar, 
novamente a religiosidade se mostra relevante, mas dessa fez reduzindo a 
probabilidade de seleção. Cada ponto na escala (que vai de 0 a 7) reduz essa chance 
em 10%. O interesse por política, que dessa vez atinge níveis bastante exigentes em 
termos do valor-p, eleva essa probabilidade em 46%, o que é bastante expressivo se 
considerarmos que esse preditor está codificado em uma escala de quatro pontos. 
Efeito igualmente expressivo é encontrado na escolaridade, já que os entrevistados 
com formação superior apresentam 157% mais chance de selecionarem os chamados 
militaristas como seus desafetos principais. Quanto às faixas etários, identificamos que 
mais dois grupos mais velhos apresentam menores chances de selecionar os 
militaristas, tendo como referência para comparação os entrevistados mais jovens (até 
30 anos). Assim como fizemos anteriormente, ao dilatarmos os limites da análise para 
além dos testes de hipóteses com o p-valor, constatamos que o autoposicionamento 
ideológico à direito reduz em 21% a chance de seleção desse grupo, comparando com 
o grupo de referência dos identificados com a esquerda. Também merecem ser 
mencionados os efeitos redutores da escolaridade média e da condição de mulher, 
respetivamente de 18 e 19 pontos percentuais. 
Em relação aos comunistas apenas a idade se mostrou preditor relevante, 
registrando p-valor abaixo dos 0,05 usuais. Os mais velhos, neste caso, apresentam 
probabilidade consideravelmente maior de seleção desse grupo político como alvo de 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 19 
desafeição. Para o grupo intermediário (de 31 a 50 anos) essa diferença é de 77% e 
para o grupo mais velho chega a impressionantes 222%. Novamente avaliando os 
efeitos de variáveis que não passaram no teste de hipótese, mas cujos efeitos são 
relativamente grandes, constatamos que o posicionamento ideológico de centro e de 
direita produzem, respectivamente, acréscimos de 37 e 35 pontos percentuais nessa 
probabilidade. A escolaridade superior, por sua vez, reduz essa chance em 16% e a 
condição de mulher em 14%. 
Considerando o grupo dos petistas ou simpatizantes do PT, a única variável 
estatisticamente significativa é o interesse por política, com efeito redutor de 18% a 
cada ponto na escala. Ampliando o limite da análise, podemos verificar que a 
identificação ideológica como o centro eleva essa chance em 35%. Os grupos de 
escolarização têm efeitos discrepantes, com o média elevando a probabilidade em 
10% e o superior a reduzindo em 29%. Algo semelhante ocorre com a idade, com o 
grupo intermediário apresentando probabilidade 34% maior e o mais velho 24% 
menor. 
Passando ao último grupo, dos psdbistas ou simpatizantes do PSDB, nenhuma 
das variáveis atingiu o nível de significância usual. Os efeitos do posicionamento 
ideológico de centro e de direita, apesar de não significativos para o teste de hipótese, 
são negativos, reduzindo em 22 e 19 pontos percentuais a probabilidade de seleção, 
respectivamente. Os efeitos redutores da escolaridade também merecem ser 
registrados, já que os que apresentam o ensino médio tem 11% menos chance de 
seleção desse grupo partidário e aqueles com formação superior tem redução de 37%. 
Por fim, em termos de faixas etárias, apenas o grupo mais velho merece ser destacado, 
com redução de 15%. 
Tabela 8. Condicionantes da Desafeição, Brasil, 2017. 
 Exp(B) 
(Erro) 
Aborto Militar Comunistas PTistas PSDBistas 
Adesão ao princípio da 
participação 
1,00 
(,024) 
0,95 
(,039) 
1,0 
(,028) 
0,99 
(,029) 
1,03 
(,029) 
Ideologia Esquerda Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. 
Centro 0,78 0,94 1,37 1,35 0,78 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 20 
(,169) (,255) (,194) (,193) (,198) 
Direita 1,04 
(,165) 
0,79 
(,268) 
1,35 
(,190) 
0,98 
(,206) 
0,81 
(,196) 
Religiosidade 1,13*** 
(,034) 
0,90* 
(,052) 
0,94 
(,039) 
1,01 
(,040) 
0,94 
(,039) 
Interesse por política 0,87# 
(,078) 
1,46*** 
(,113) 
1,09 
(,087) 
0,82* 
(,097) 
1,03 
(,090) 
Educação Fundamental Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. 
Médio 1,18 
(,157) 
0,82 
(,263) 
0,94 
(,181) 
1,10 
(,184) 
0,89 
(,198) 
Superior 1,05 
(,254) 
2,57** 
(,323) 
0,84 
(,284) 
0,71 
(,329) 
0,63 
(,313) 
Faixa 
Etária 
Até 30 anos Ref. Ref. Ref. Ref. Ref. 
31 a 50 anos 0,69* 
(,153) 
0,63# 
(,239) 
1,77** 
(,194) 
1,34 
(,182) 
0,98 
(,183) 
 + de 50 anos 0,52** 
(,207) 
0,54* 
(,323) 
3,22*** 
(,225) 
0,76 
(,261) 
1,15 
(,231) 
Sexo 1,18 
(,141) 
0,81 
(,225) 
0,86 
(,164) 
0,98 
(,168) 
1,09 
(,166) 
N 1029 1029 1029 1029 1029 
AIC 1275,7 647,89 1031,6 982,26 1010,4 
 
Para a análise das bases sociais e atitudinais da tolerância política, assim como 
fizemos na parte descritiva da análise, consideramos uma medida numérica que 
podemos chamar de Índice de Tolerância Política, mas também uma versão qualitativa 
que distingue três grupos: intolerantes, moderados e tolerantes. Tomando a primeira 
variável como dependente, estimamos um modelo linear e tomando a segunda um 
modelo logístico multinomial. Considerado o primeiro modelo constatamos efeito 
estatisticamente significativo para a medida de adesão ao princípio democrático da 
participação, com elevação de 0,18 ponto a cada avança na escala que varia de 1 a 10. 
Passando aos efeitos do posicionamento ideológico, considerando os extremos 
verificamos que apenas o posicionamento como extrema esquerda apresenta efeito 
significativo, reduzindo em meio ponto o ITP (na comparação com os indivíduos de 
centro, nossa categoria de referência). O interesse por política, por sua vez, 
apresentou efeito positivo, elevando em 0,42 a medida de tolerância a cada avanço 
em sua escala de quatro pontos. A última variável com efeito estatisticamente 
significativo foi a geração política, indicando que os indivíduos socializados no regime 
militar têm pontuação 0,46 menor do que aqueles que tiverem experiências sob a 
vigência de instituições democráticas. 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 21 
Considerando níveisde significância até 1,0 como válidos, podemos registrar o 
efeito da condição de mulher, elevando em 0,30 ponto o índice. Ampliando esse relato 
para as variáveis cujos efeito ultrapassam um décimo de ponto do ITP (0,10), mas que 
não atingiram níveis de significância estatísticos aceitáveis, poderíamos apontar o 
efeito do posicionamento ideológico de extrema-direita, que eleva em 0,27 ponto o 
ITP, na comparação com o grupo de centro. Registramos também os efeitos redutores 
de 0,31 e 0,11, respectivamente, para os grupos de escolarização médio e superior. 
Podemos sintetizar então afirmando que a tolerância tende a ser maior entre 
os que mais fortemente aderem ao princípio democrático da participação, que são de 
centro, interessados por política e socializados na democracia. 
O modelo logístico multinomial acompanha parcialmente esses resultados, já 
que indica que quanto maior a adesão ao princípio da democracia, maior é a 
probabilidade de estar entre os tolerantes (comparada com a chance de ser 
intolerante, nossa categoria de referência). Consistentemente, o posiciomento de 
extrema-esquerda reduz consideravelmente a chance de estar entre os moderados e 
tolerantes (50% e 48%, respectivamente). O interesse por política, novamente afeta 
positivamente a probabilidade de ser moderado ou tolerante, em 36 e 66 pontos 
percentuais, respectivamente. 
Levando em consideração valores para o teste de hipótese de até 1,0, 
incluiríamos no grupo de preditores a religiosidade, que afetaria negativamente em 9% 
a probabilidade de estar entre os moderados e a formação superior, com efeito 
redutor de 47% sobre a chance de estar nesse grupo moderado. Desconsiderando o 
teste de hipótese, destacaríamos a condição de identificado com a extrema-direita, 
reduzindo em 21% a probabilidade de estar entre os moderados e os efeitos redutores 
da escolaridade média e superior sobre a chance de fazer parte do tolerantes, o que 
ocorre com a condição de socializado no regime militar. Por fim, a condição de mulher 
produz elevação na chance de fazer parte dos moderados e tolerantes, 
respectivamente em 29 e 21 pontos percentuais, a despeito da sua insuficiência no 
teste de significância estatística. 
TEXTO EM DESENVOLVIMENTO. 
FAVOR NÃO CITAR. 
 22 
Tabela 9. Condicionantes da Tolerância Política, Brasil, 2017. 
 Índice 
B 
(Erro) 
Tricotômica 
Exp(B) 
(Erro) 
Moderado Tolerante 
Adesão ao princípio da 
participação 
0,18*** 
(,029) 
1,02 
(,035) 
1,23*** 
(,041) 
 
 
Ideologia 
Extrema 
Esquerda 
-0,50* 
(,210) 
0,50** 
(,243) 
0,52* 
(,273) 
Centro Ref. 
 
Ref. Ref. 
Extrema 
Direita 
0,27 
(,246) 
0,79 
(,320) 
0,94 
(,348) 
Religiosidade -0,04 
(,040) 
0,91# 
(,052) 
0,95 
(,057) 
Interesse por política 0,42*** 
(,091) 
1,37* 
(,130) 
1,66*** 
(,138) 
Educação Fundamental Ref. Ref. Ref. 
Médio -0,30 
(,185) 
1,03 
(,238) 
0,75 
(,263) 
Superior -0,11 
(,297) 
0,53# 
(,371) 
0,63 
(,395) 
Geração 
política 
Socializada na 
democracia 
Ref. Ref. Ref. 
Socializada no 
regime militar 
-0,46* 
(,197) 
0,90 
(,245) 
0,70 
(,273) 
Sexo 0,30# 
(,168) 
1,29 
(,216) 
1,21 
(,236) 
N 1051 1051 
 R-quadrado 0,09 AIC 1834,81 
 
 
 
 
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