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Curso de Graduação: Turismo Disciplina: Administração e Gestão Apostila Sumarizada Adaptações e Pesquisas: Adm. José Carlos da Silva Lima, Prof. Me. Manaus / Amazonas 2015 Escolar Superior de Arte e Turismo 2 SUMÁRIO 1. Administração – Uma Visão Geral / Introdução .................................... 3 2. As Organizações ........................................................................................ 16 3. O Processo de Organizar........................................................................... 34 4. Organogramas .E Estruturas Organizacionais.......................................................................................... 42 5. O Planejamento e suas estruturas ........................................................... 53 6. Comportamento Organizacional .............................................................. 56 7. Tomada de Decisões.................................................................................... 65 8. Qualidade e Benchmarking....................................................................... 69 9. Projetos e Processos Organizacionais.......................................................................................... 74 10. A Função Direção ...................................................................................... 88 11. A Função Controle..................................................................................... 91 Referências....................................................................................................... 95 . 3 1. Administração – Uma Visão Geral Administração e seus desafios A administração é um dos campos mais excitantes e importantes dos cursos universitários, pois envolve o direcionamento das empresas para serem competitivas e lucrativas. A administração é o campo das atividades profissionais que afeta todas as demais atividades existentes. Todas elas devem ser administradas. Como uma disciplina, a administração tem sido fortemente afetada por significativas mudanças ambientais e organizacionais, que têm ocorrido nas últimas décadas. É muito importante desenvolver um claro entendimento do conceito de administração, bem como de todas as implicações no ambiente organizacional onde ocorre a administração; é preciso também entender o processo administrativo sob uma perspectiva funcional. Administradores, atualmente, se confrontam com desafios extraordinários, que seus predecessores raramente enfrentaram. Estes desafios incluem uma crescente competição global, uma imprecedente demanda por qualidade e valor para os consumidores e uma sempre impressionante necessidade de mudar radicalmente o modo como as organizações funcionam. Mais importante, os administradores de amanhã vão enfrentar um ambiente de negócios ainda mais competitivo. Para vencer os desafios do ambiente dos negócios, de hoje e de amanhã, os administradores dever ser flexíveis, proativos e centrados na qualidade de tudo o que fazem. Por que estudar Administração A primeira razão para estudar administração é que se tem interesse em melhorar o modo como as organizações são administradas, porque “todos interagem com todos”, cada dia, dentro das organizações. Por acaso, alguém não se sentiria aborrecido ao despender três horas na alfândega, só para ter uma bagagem liberada? Alguém não ficaria perplexo se nenhum dos vendedores de uma loja de departamentos parecesse interessado m ajudar na compra /venda? Quando alguém ouve que o governo desperdiça milhões de dólares em ações sem resultados, o que percebe? Esses são alguns exemplos de problemas causados por “administração pobre”. Organizações bem administradas desenvolvem consistência, crescimento e prosperidade; as mal administradas declinam e, muitas vezes, morrem. Algumas organizações conseguem se recuperar do declínio, com certeza, utilizando- se de recursos administrativos altamente eficazes. Os indivíduos adquirem conhecimento teórico e experiência prática ao mesmo tempo, talvez por meio de programas de trabalho-estudo ou treinamentos. A figura descreve o processo de aquisição de conhecimentos teóricos e práticos para administrar organizações, em termos fundamentais. 4 Definições Fatos relevantes Conceitos Técnicas Orientações Palestras e Seminários As várias definições de administrações podem ser convenientemente classificadas em cinco categorias: 1. Escola funcional – que contém as visões de MacFarland, de Henri Fayol e de George Terry, que podem ser assim consolidadas: Administração é um processo distinto, que consiste no planejamento, organização, atuação e controle, para determinar e alcançar os objetivos da organização pelo uso de pessoas e recursos (G. Terry). 2. Escola das relações humanas – que consideram a administração como um processo social, por que as ações administrativas são principalmente concernentes com o relacionamento entre pessoas, mais do que com o direcionamento das atividades: Administração é o alcance de resultados por meio dos esforços de outras pessoas (L. A Aplpey). 3. Escola de tomada de decisão – que contém como visão principal a dos estudiosos Peter Drucker e Stanley Vance, pelo que: Administração é simplesmente o processo de tomada de decisão e o controle sobre as ações dos indivíduos, para o expresso propósito de alcance das metas predeterminadas (P.Drucker). 4. Escola de sistemas – em que, pela teoria de sistemas, as organizações são sistemas orgânicos e abertos, “consistindo da interação e interdependência de partes que têm uma variedade de metas”. 5. Escola contingencial – pela qual a administração é situacional; não existe um modo melhor de projetar organizações e administrá-las; os administradores deveriam “desenhar organizações, definir as metas e formular políticas e estratégias de acordo com as condições ambientais prevalecentes”. Integração sistemática da teoria e prática nos meios significativos e úteis da administração Experiência simulada Casos para estudo Participação em eventos específicos Teoria Prática Aquisição da habilidade de administrar 5 De tudo isso se pode formular as seguintes definições: Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais. A figura relaciona os elementos do conceito de administração. Os elementos do conceito de administração. (Fonte: Van Fleet & Peterson, Conteporany Management, 3. Ed., Boston, Houghton Miflin, 1994, p. 3.) Necessidades e Aspectos da Administração A administração é necessária sempre que pessoas trabalham juntas numa organização. As funções gerenciais devem ser desempenhadas por qualquer um que seja responsável por algum tipo de atividade organizada, funções estas desempenhadas em todos os níveis organizacionais, independentemente do tipo ou tamanho da organização. Os serviços da administração são necessários em todas as atividades de todas as organizações e têm as seguintes características: 1. A administração é propositada – complementação de atividades com outras pessoas e por elas, com o uso adequado dos recursos disponíveis; 2. A administração é concernente com idéias, coisas e pessoas – orientaçãode metas e foco na ação pra alcance dos resultados administrativos/gerenciais; 3. A administração é processo social – processo em que as nações administrativas são principalmente atinentes com as relações entre pessoas; 4. A administração é uma força coordenada – coordenação de esforços de empregados, cada um com seus próprios valores e aspirações, num programa organizacional; 5. A administração é concernente com esforços de equipe – o alcance de certos objetivos é mais fácil por uma equipe do que por um indivíduo trabalhando sozinho; 6. A administração é uma atividade – que exige discernimento para distinção dos conhecimentos e habilidades exigidas para seu desempenho; Recursos financeiros Recursos materiais Recursos informacionais Recursos humanos Atividades administrativas Utilização eficiente e eficaz dos recursos Alcance de metas 6 7. A administração é um processo composto – pelas funções (planejamento, organização, direção e controle) que não podem ser desempenhadas independentemente; a realização de cada uma delas interfere nas demais; 8. A administração age como força criativa e revigorante na organização – o resultado da atividade, em algumas situações, é maior do que a soma total dos esforços colocados pelo grupo; esta sinergia, em resumo, provê vida para a organização; 9. A administração é uma disciplina dinâmica – as funções administrativas são orientadas para o crescimento organizacional, não sendo passivas, mas de comportamento ajustável e adaptável às necessidades deste crescimento; 10. A administração é intangível – é uma força invisível, cuja presença é evidenciada pelos resultados dos seus esforços, que são, por exemplo, ordenação, saídas adequadas de trabalho, clima de trabalho satisfatório, satisfação pessoal dos funcionários etc. Princípios da Administração Um princípio representa um elemento básico de conhecimento que explica o relacionamento e ajuda na predição do que aconteceria se tal princípio fosse aplicado. Os princípios são desenvolvidos para ajudar os executivos a pensar e agir. Um grupo de conceitos tem sido desenvolvido pela experiência e correspondente pesquisa. Estes princípios, como considerados por Joseph L. Massie são somente “aproximações da generalização a partir da experiência”. Como tal eles não deveriam ser tratados como regras rígidas e inflexíveis para o comportamento administrativo. Os princípios da administração, dentro de sua natureza, são: 1. Dinâmicos – princípios de administração são flexíveis por natureza e estão continuamente mudando; 2. Generalizações – princípios de administração não podem ser estabelecidos tão rigorosamente como os das ciências físicas, porque seres humanos se comportam mais erraticamente do que fenômenos físicos; 3. Relativos – princípios de administração são relativos e não leis absolutas que possam ser aplicadas cegamente em todas as situações; 4. Inexatos – princípios de administração são relacionados com o caos e procuram trazer ordem a ele, regulando o comportamento humano em qualquer situação; 5. Universais – a maioria dos princípios administrativos pode ser aplicado em qualquer tipo de organização; em outras palavras, eles são aplicáveis a negócios, governos, universidades e outras organizações não-lucrativas ao redor do mundo. De acordo com Georgey Terry,a utilidade dos princípios se baseia na premissa de que eles provêem conduta eficiente. Por meio dos princípios da administração, um gerente pode evitar erros básicos no seu trabalho e predizer resultados das suas ações com confiança. De acordo com Harold Koontz os princípios ajudam as organizações a: a) Aumentar a eficiência – os princípios ajudam no pensamento e na ação; Um princípio é uma afirmativa básica ou uma verdade fundamental que provê um entendimento e orientação ao pensamento e à prática, na tomada de decisões. 7 b) Cristalizar a natureza da administração – os princípios consolidam o sempre crescente conhecimento e pensamento no campo da administração; c) Melhorar a pesquisa em administração – a administração trata com seres humanos cujo comportamento é bastante imprevisível; os princípios ajudam pelas generalizações dos testes do comportamento, entendendo e predizendo as ocorrências futuras; d) Alcançar metas sociais – os princípios administrativos desempenham um papel importante na melhoria da qualidade e do padrão da vida das pessoas. As funções da Administração As funções da administração aquelas atividades básicas que devem ser desempenhadas por administradores para alcançar os resultados determinados e/ou esperados pelas organizações. Estas funções constituem o processo administrativo e são: Planejamento – determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro, e decisão das tarefas e recursos utilizados para alcance daqueles objetivos; Organização – processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os departamentos; Direção – influência para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão daquelas pessoas; Controle – função que se encarrega de comparar o desempenho atual como os padrões predeterminados, isto é, com o planejado. Alguns estudiosos denominam a função direção, como liderança, o que está ocorrendo na maioria dos livros norte-americanos. Todavia, deve-se entender que liderança é uma condição da direção, uma qualificação da direção, e não pode ser substituída pela função de direção. Pode-se dirigir sem liderar, o que não é a melhor condição; liderar é dirigir com qualificações de modo a tornar a função de direção mais eficaz. As funções administrativas têm as seguintes características: 8 As funções administrativas e suas características As relações entre as funções administrativas estão representadas na figura abaixo: Estabelecer objetivos e missão Examinar as alternativas Determinar as necessidades de recursos Criar estratégias para o alcance dos objetivos Conduzir e motivar os empregados na realização das metas organizacionais Estabelecer comunicação com os trabalhadores Apresentar solução dos conflitos Gerenciar mudanças Desenhar cargos e tarefas específicas Criar estrutura organizacional Definir posições de staff Coordenar as atividades de trabalho Estabelecer políticas e procedimentos Definir a alocação de recursos Medir o desempenho Estabelecer comparação do desempenho com os padrões Tomar as ações necessárias para melhoria do desempenho 1. Planejamento 3. Direção 2. Organização 4. Controle 9 O processo administrativos Os Níveis de Administração Ainda que todos os administradores realizem o mesmo conjunto de funções, eles são classificados em níveis dentro da organização. De maneira geral os administradores são encontrados em três níveis da organização: no topo, no nível intermediário e na área de operação, sendo classificados em alta administração, média e administração operacional (supervisão ou chefia), respectivamente. Todos estes níveis são considerados administrativos ou gerenciais por terem diretamente ligados às suas atividades outras pessoas de quem dependem para a consecução daquelas atividades. Alta Administração – a alta direção ou diretoria responde pelo direcionamento maior e pelas operações organizadas. É da responsabilidade da diretoria, também, desenvolverpolíticas, estratégias e estabelecer metas para a organização como um todo. Esta estabelece os objetivos (que serão desmembrados em metas) e os repassam aos níveis hierárquicos mais baixos, até os níveis operacionais da organização. A alta administração seguidamente representa a sua organização junta à comunidade, governo e outras organizações. A alta administração encontra-se no topo da pirâmide administrativa que, apesar de questionada, continua existindo na maioria das organizações e é representada pelos: presidente, vice-presidentes e diretores. Média administração – a administração de nível médio é conhecida em muitas empresas como gerência de departamento, ou gerência de setor Diferentemente dos gerentes de primeiro nível ou supervisão, os gerentes de nível médio planejam, organizam, dirigem e controlam outras atividades gerenciais. Os gerentes médios de marketing, por exemplo, coordenam as atividades de uma unidade ou subunidade, isto é, coordenam as atividades de outros gerentes. Recursos Humanos Financeiros Materiais Informação Tecnologia Planejamento Controle Organização Direção Resultados Alcance de metas Melhoria de desempenho Aumento de capacidades e recursos para metas futuras 10 Administração operacional – a administração de primeiro nível ou operacional é diretamente responsável pela produção de bens ou serviços. Ela é constituída de gerentes de vendas, chefes de seção ou supervisores de produção. As pessoas que se reportam ao gerente operacional fazem o trabalho básico da organização, tanto produtos como serviços. Este nível de administração é a ligação entre a produção ou operações de cada departamento e o resto da organização A maior parte do tempo gasto pela administração operacional é com a supervisão das pessoas de execução das tarefas, e muitos dos supervisores se têm transformado em líderes de equipe, para obter melhores resultados com os funcionários. Outra maneira de classificar os níveis administrativos é: a. Estratégico – que corresponde à alta administração, pois determina os objetivos de longo prazo e a direção para a organização como um todo. Os níveis administrativos e suas funções b. Tático – que corresponde à média administração, pois coordena e decide que produtos ou serviços serão produzidos; c. Operacional – que corresponde à supervisão, pois coordena a execução das tarefas de todo pessoal operacional. Habilidades e Papéis Administrativos O desempenho administrativo é fortemente dependente e habilidades que os administradores devem ter e dos papéis que assumem em função das contingências. Há basicamente três tipos de habilidades necessárias, segundo Robert L. Katz, para que o administrador possa atuar eficazmente no processo das suas atividades. Essas habilidades são: Pessoal não-administrativo (pessoal de operações Alta administração (Diretoria) Média administração (Gerência) Administração Operacional (Supervisão) Estabelecimento de objetos, políticas e estratégias organizacionais Implementação das tarefas administrativas, coordenação e solução de conflitos Direção e supervisão do trabalho do pessoal operacional, nos processos de produção Uso das habilidades técnicas para a realização das várias tarefas e atividades realizadas pela organização 11 Habilidades Técnicas – são aquelas relacionadas ao desempenho de funções ou trabalhos especializados dentro da organização; consistem no conhecimento, métodos técnicos e equipamentos para a realização de tarefas específicas. Habilidades Humanas – são aquelas relacionadas ao tratamento com pessoas; consistem na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, compreendendo suas atitudes e motivações, exercendo a liderança. Habilidades Conceituais – são as relacionadas à capacidade de ver a empresa de maneira total; consistem na capacidade de compreender as complexidades da organização, de modo global, e promover o ajustamento do comportamento dos participantes da organização. Nos diversos níveis administrativos, as habilidades estão distribuídas conforma a figura. Alta administração (Diretoria) Conceituais Média administração (Gerência) Humanas Administração operacional (Supervisão) Técnicas As habilidades gerenciais, nos diversos níveis de administração Eficiência e Eficácia Organizacional Tudo o que se faz se destina a alcançar um objetivo ou resultado. Pelo menos assim devia ser. Aquilo que é feito está relacionado com a deficiência (a ação) e aquilo que é alcançado refere-se à eficácia (o resultado). A eficiência é a medida da utilização dos recursos quando se faz alguma coisa; refere-se à relação entre as “entradas” e “saídas” num processo. Quanto mais saídas são obtidas comas mesmas entradas, maior o grau de eficiência alcançada. A eficácia está relacionada ao alcance dos objetivos/resultados propostos. Está relacionada à realização das atividades que provoquem o alcance das metas estabelecidas. A eficácia é a medida de alcance do objetivo ou resultado. Níveis administrativos Habilidades Eficiência é operar de modo que os recursos sejam mais adequadamente utilizados 12 Ênfase nos meios Realização de tarefas Resolução de problemas Treinamento dos funcionários Ênfase nos resultados Consecução dos objetivos Acerto na solução proposta Operações realizadas corretamente Não basta ser eficiente; é preciso se eficaz. Só se é eficaz, todavia, sendo eficiente, isto é, os resultados só serão alcançados se trabalhar para isto. Numa visão mais ampla, eficiência significa “fazer certas as coisas” e eficácia “fazer certo as coisas certas”. Isto porque se pode fazer certo as coisas erradas, o que significaria eficiência, mas não eficácia. No quadro estão alguns elementos de diferenciação entre eficiência e eficácia. A atividade Administrativa A administração e o Gerenciamento Alguns estudiosos fazem intensa diferença entre administração e gerenciamento. A administração determina os objetivos específicos e os fraciona para as diversas áreas da organização, em metas a serem alcançadas. É uma função de criar e estabelecer as políticas. O gerenciamento, por outro lado, está relacionado com a condução e execução das políticas estabelecidas pela administração. Esta é a visão de estudiosos como Ordway Tead, Oliver Sheldon e William Spriegel, dentre outros. Nas palavras de Spriegel, a “administração é amplamente determinativa, enquanto o gerenciamento é essencialmente executivo”. Com este pensamento, diz-se que os administradores pensam e os gerentes agem, ou seja, a administração é uma atividade do mais alto escalão e o gerenciamento é uma atividade de nível médio (de realização). Administração tem um conceito mais amplo do que gerenciamento. Gerenciamento é o corpo de criação de regras e de ação da organização. Richard N. Fermer e William G. Ryan, diferenciam administração e gerência, como a seguir: Elementos diferenciais entre eficiência e eficácia Eficácia significa fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo. Eficiência Eficácia 13 Definimos um gerente como alguém que se esforça para alcançar objetivos quantificáveis, relacionados às finalidades do subsistema e um administrador como aquele que se esforça para atingirobjetivos não quantificáveis, independentemente do efeito final de sua consecução. O trabalho do Administrador A despeito das similaridades nas atividades gerais de um administrador os trabalhos individuais de um gerente são vastamente diferentes. O trabalho individual além, de diferenciado, é influenciado por fatores tais como: Natureza da organização, sua filosofia, objetivos e tamanho Tipo de estrutura (organograma) Atividades e tarefas realizadas Tecnologia e métodos de realização do trabalho Natureza do pessoal empregado Nível do trabalho administrativo na organização Peter Drucker identifica três tarefas igualmente importantes, mas essencialmente diferentes, que devem ser realizadas: Preenchimento de missão e propósitos da instituição, qualquer que seja o tipo; Estabelecimento de trabalho produtivo e da realização dos trabalhadores; administração dos impactos sociais e das responsabilidades sociais Além dessas tarefas, Drucker identifica 5 operações básicas no trabalho administrativo. São elas: 1. Estabelecer objetivos – para cada área ou setor e descrever o que precisa ser feito para alcança-los; 2. Organizar – as atividades, decisões e relações necessárias para classificar e dividir o trabalho, e criar a estrutura organizacional; 3. Comunicar e motivar – para a obtenção de uma equipe de pessoas responsáveis por vários cargos; 4. Medir/avaliar – estabelecendo os alvos e medições de desempenho tanto do indivíduo como da organização como um todo; 5. Desenvolver pessoas – dirigindo, encorajando e treinando de modo a bem desenvolver os próprios subordinados, o que depende de como o administrador gerencia. A atuação administrativa se relaciona e é afetada diretamente pelo tipo e pelas características da organização, como mostrado na figura abaixo. 14 A atuação do administrador nas organizações. (Adaptado de Mullins, Laurie, Management and Organisational Behavior, 4. Ed., London, Pitman Publishing, 1996, p. 405.) Diferenças entre Gerenciamento e Liderança Gerenciamento e liderança são seguidamente pensados como a mesma coisa.Todavia existe uma importante diferença entre os dois termos, de acordo com Paul Hersey, Kenneth Blanchard e Dewey Johnson. Em essência, liderança é um conceito mais amplo do que gerenciamento. Gerenciamento é uma forma especial de liderança, na qual o alcance dos objetivos organizacionais é imperioso. A diferença-chave entre os conceitos, entretanto, reside no termo objetivo organizacionais. Ocorre liderança sempre que uma pessoa tente influenciar o comportamento de um indivíduo ou grupo, a despeito do motivo. Isto pode acontecer pelos objetivos próprios ou pelos objetivos dos outros, e estes objetivos podem ou não ser coerentes com os objetivos da organização. A liderança é parte do gerenciamento; ela enfatiza principalmente as atividades comportamentais numa organização. O quadro XX lista algumas diferenças primárias entre gerentes e líderes eficazes, na visão de Warren Bennis, um respeitável estudioso da liderança: Determinação dos objetivos e formulação da política organizacional Implementação das decisões políticas e execução do trabalho Alcance dos objetivos estabelecidos dentro das orientações políticas Conselho Diretivo (ou equivalente) Administração/Gerenciamento Esclarecimento de objetivos Planejamento do trabalho Organização de atividades Direção de recursos Controle de desempenho 15 Diferenças primárias entre gerentes e líderes O Gerente do Futuro O Gerente do futuro, de acordo com Plunkett & Attner, deve, entre outras, ter as seguintes características: Procurar a mudança – as coisas nunca ficam com estão; as turbulências e ambigüidades são fatores permanentes; Observar as realidades externas – estar atento às mudanças de mercado, tais com a tecnologia, concorrência, consumidor; Promover um estilo de treinamento – ajudar os funcionários a visualizar novas maneiras de fazer as coisas; Eliminar o medo – dos funcionários, em enfrentar os desafios para alcance das metas organizacionais; Criar especialização – desenvolvendo meios de treinamento e aprendizagem em todos os níveis funcionais da organização; Gerentes que também são líderes Administram as atividades Dão suporte às condições e pessoas Confiam nos controles Têm perspectiva de curto prazo Aceitam o status quo Perguntam como e quando Centram-se nos sistemas e estruturas Inovam suas realizações Desenvolvem as pessoas Inspiram confiança Têm perspectiva de longo prazo Desafiam o status quo Perguntam o quê e por quê Centra-se nas pessoas Líderes Gerentes Pessoas que têm habilidade de liderança e administrativas Habilidade de liderança Habilidade de liderança Pessoas com habilidades de liderança, mas que não são administradores Pessoas com habilidades de liderança, mas que não são administradores 16 Ter visão – ter habilidade de focar onde a organização, ou o trabalho, seja o mais vibrante, versátil ou responsivo; Negociar para resolver problemas – usando a autoridade do cargo,para atingir os alvos, contrabalanceando as necessidades da organização com aquelas dos membros de equipes; Valorizar a diferença – da força de trabalho, abrindo-se para novas maneiras de pensar porque as pessoas são diferentes. Desenvolver a administração participativa – fazendo de cada funcionário o elemento de poder criativo com um pouco de autoridade para a tomada de decisão Desenvolver o poder das equipes – o que acontecerá, ou por gerenciamento amplo de delegação, ou criando equipes de projeto com autoridade adequada para funcionar; Ser obcecado pela qualidade dirigida ao cliente – tanto dos produtos quanto dos processos ou serviços, que devem ser continuamente melhorados. A comunicação nas Organizações Os administradores precisam desenvolver suas habilidades de comunicação, uma das três mais exigidas no desempenho das suas atividades, Os papéis interpessoais, informacionais e decisionais e as funções de planejamento, organização, direção e controle, dos administradores, todos requerem habilidades eficazes de comunicação. A missão organizacional, as estratégias, as metas, a cultura, todas devem ser comunicadas eficazmente, para que sejam realizadas e concluídas com sucesso. A comunicação interpessoal é um processo transacional, em que as pessoas constroem o significado e desenvolvem expectativas sobre suas experiências, através da troca de símbolos. Estes símbolos podem ser verbais, ou não, e são influenciadas por fatores intencionais, ou não. O Conceito e os Tipos de Comunicação É preciso estar atento ao aspecto de que falar ou escrever, não necessariamente significa comunicar, no seu sentido mais preciso. A comunicação envolve o entendimento do que foi transmitido, por todos os envolvidos no processo. A comunicação pode se processar de diversos modos, mas, basicamente, se representa de duas formas: Comunicação verbal Comunicação não verbal 2.As Organizações Organização: grupo de pessoas que se constitui de forma organizada para atingir objetivos comuns. A comunicação é o processo de transmissão de informações e o respectivo entendimento do significado pelos envolvidos. 17 O papel das organizações São as organizações que executam quase todas as atividades na sociedade moderna. As organizações complexas representam um doselementos mais importantes da sociedade atual. Em geral, as pessoas nascem em hospitais, são educadas em escolas e trabalham em uma organização. Tiram grande parte da satisfação material, social e cultural das organizações. O caminho para a compreensão do homem moderno e da sociedade em que vive conduz, portanto, ao estudo das organizações complexas. Tudo acontece por meio das organizações As organizações obtêm, em média, desempenho tão superior aos indivíduos, que, na maioria dos casos, fica difícil a uma pessoa competir sozinha com aquilo que está sendo executado para uma organização. Organização é um grupo de pessoas que se constitui de forma organizada para atingir objetivos comuns. Incluem-se nesta definição as empresas, universidades, hospitais, escolas, creches, associações culturais, partidos políticos, sindicatos, clubes, condomínios, cooperativas, famílias, organizações não-governamentais, associações de classes profissionais, corporações militares, associações de moradores de bairro, entre outros. Quase tudo, portanto, é feito por meio das organizações. Por que isso acontece? Quando o homem começou a constituir organizações? Desde os tempos pré-históricos existem organizações e podemos mesmo dizer que existem organizações em outras espécies animais. A origem das organizações Por que preferimos fazer as coisas acontecerem por meio de organizações? A resposta é simples: as organizações permitem-nos alcançar padrões mais elevados e uma qualidade de vida melhor. De que forma? Um padrão de vida elevado requer alto padrão de consumo. Claro que nos referimos a um alto padrão de consumo per capita. Não adianta aumentarmos o consumo e, ao mesmo tempo, dividirmos esse consumo global por um número maior de pessoas. Isso nos obriga a ter um alto nível de produção per capita, pois é impossível consumir sem produzir. Se desejarmos um alto nível de produção per capita, teremos de ter obrigatoriamente alta produtividade, a qual só se consegue por meio da especialização. É impossível obter alta produtividade sem especialização. A especialização, por sua vez, requer divisão do trabalho. Especialização e divisão do trabalho são dois conceitos intimamente relacionados, existindo mesmo em outras espécies. Foi a partir da divisão do trabalho em grande escala que a espécie humana teve condições de ampliar a produção e a poupança, e melhorar as condições de consumo das futuras gerações. Existindo divisão do trabalho, é fácil concluir que será indispensável a troca dos bens e serviços produzidos pelos especialistas, pois o consumidor não consome o que produziu, mas um bem ou serviço produzido por outrem, presumivelmente mais habilitado. A especialização aumenta a produtividade, pois as pessoas podem se concentrar no que sabem fazer bem e trocar os bens que produzem e os serviços que prestam pelos bens e serviços que consomem, abrindo mão da auto-suficiência. 18 O indivíduo vive agora sob a disciplina da regra: se quer obter o que deseja, deve encontrar, então, o que oferecer em troca. A organização mais simples possível A partir do momento em que os membros de um grupo aceitam uma liderança, está caracterizada a existência de uma organização, em que as pessoas aceitam ascendência de um líder para julgar ou compor as diferenças entre os membros de um mesmo grupo e todos, por assim dizer, obedecem a esse líder. Essa organização se caracteriza, portanto, pela existência de um líder; os demais membros de um grupo “se reportam”, ou seguem esse líder. Trata-se da forma mais simples de organização que pode existir. Ela pode ser encontrada nas tribos mais primitivas da pré-história e mesmo em outras espécies animais. Uma vez formada a organização, ela adquire vida própria e tem que ser administrada. A forma mais primitiva de organização é, às vezes, chamada de organização radial, pela possibilidade que temos de representá-la dessa forma, conforme mostrado na figura. 19 A forma acima não é mais usada para representar uma organização. Entretanto, o resultado prático será idêntico, se fizermos a representação da forma usual, que exprima a mesma organização simples, conforme se mostra na figura. Níveis intermediários de liderança Já existiam nos povos primitivos organizações pouco mais complexas do que essa. Temos no êxodo, por exemplo, uma prova documental da existência de uma organização com níveis intermediários, apesar de já se haver utilizado outras vezes o nível intermediário entre os líderes e seus seguidores, como no caso da construção das pirâmides egípcias que, mobilizando milhares de pessoas, exigiam uma organização mais sofisticada do que a radial. Essa nova organização pode ser representada como mostrado na figura A complexidade de organizações modernas É fácil perceber que as organizações mostradas são extremamente simples. Além disso, vimos que a humanidade já convive com diversas formas de organização há milhares de anos. No entanto, cada vez que se estuda uma instituição há dúvidas sobre a melhor forma de organizá-la e sempre é possível encontrar várias alternativas aceitáveis. A administração dessas organizações envolve quase sempre muitas controvérsias. Por que isso ocorre? A principal razão é que as organizações modernas são infinitamente mais complexas do que os modelos simples que mostramos. O número de variáveis envolvidas 20 numa organização e administração de uma grande empresa, universidade, ou qualquer outra grande instituição é enorme, ao contrário do que ocorria nas organizações primitivas. Outra razão é a subjetividade de muitas variáveis; a administração não é uma ciência, e muito menos uma ciência exata. O julgamento humano varia de uma pessoa para outra. O porte e a complexidade das organizações também aumentaram muito. Finalmente, embora já se soubesse muitas coisas nos séculos anteriores sobre administração, esses conhecimentos se encontravam disseminados em várias áreas das ciências sociais. A sistematização dos conhecimentos relativos à administração é bastante recente, pois data do fim do século XIX. Embora Desde 4000 anos a.C os egípcios já tivessem vislumbrado a necessidade de planejar, organizar e controlar e algumas contribuições esparsas tenham sido obtidas ao longo desses 60 séculos, a primeira teoria abrangente da administração de autoria de Henri Fayol, só foi publicada em 1916. Organizar e organização O processo de organizar e o resultado do processo Organização é a arte de empregar todos os recursos disponíveis a fim de alcançar um determinado objetivo. Henry Dutton A organização pode ser entendida como o processo de organizar, isto é, como a atividade organizadora. Nesta acepção, já dizia Henry Dutton, no início do século passado, que organização é a arte de empregar com eficiência todos os recursos disponíveis a fim de alcançar um determinado objetivo. Nesse sentindo, organizar é uma das responsabilidades do administrador. Sua definição é extremamente abrangente e genérica: a organização consiste em identificar o trabalho a ser executado e distribuí-lo pelos que devem fazê-los, de forma que os recursos sejam bem empregados. Organização é a forma que assume toda associação humana para atingir um objetivo comum. James D. Mooney A organização pode ser também entendida como o produto resultante desse processo de organizar, como a forma que assume toda a associação humana para atingir um objetivo comum. Pra englobar os dois conceitos, mas situando-se mais próximo do segundo, Edgar Schein definiu a organização como a coordenação racional das atividades de certonúmero de pessoas, que desejam alcançar um objetivo comum e explícito, mediante a divisão das funções e do trabalho e por meio da hierarquização da autoridade e da responsabilidade. Uma organização é a coordenação racional das atividades de certo número de pessoas, que desejam alcançar um objetivo comum e explícito, mediante a divisão das funções e do trabalho e por meio da hierarquização da autoridade e da responsabilidade. Assim, o sentido é muito próximo ao de instituição. A diferença entre ambos é que s instituições dificilmente poderiam ser informais, enquanto existem organizações formais e informais. O termo mais abrangente é, portanto, organização. Organização formal e informal As organizações podem ser formais ou informais. As organizações informais podem existir como entidades independentes. No entanto, essas organizações informais 21 independentes não têm nenhum interesse prático para o estudo da administração. Portanto, quando falamos em organização informal estamos nos referindo a organizações informais existentes dentro das organizações formais. A maioria dos autores considera mesmo que as organizações informais independentes não têm as características necessárias para serem consideradas como organizações. Uma característica importante da organização, que distingue de outros tipos de sistemas sociais, é a prioridade para a consecução de uma meta específica. Segundo esse critério, os grupos de amigos não são organizações nesse sentido técnico. Podemos dizer, portanto, que sem objetivo nenhuma organização teria razão de existir e, em conseqüência, todas as organizações realizam objetivos. Para que exista uma organização formal é necessário, além do objetivo, um conjunto de regras mais ou menos permanentes e uma estrutura estabelecendo os papéis e as relações entre seus membros. A organização formal requer autoridade das pessoas que exercem o controle e estabelecem a forma de sua utilização, bem como a divisão do trabalho e as relações formais entre seus membros. Postulados centrais da teoria da organização Simon, Smithburg e Thompson definem da seguinte forma os postulados centrais da teoria da organização: 1- Uma organização é um sistema de comportamento sociais interligados de numerosas pessoas, que chamaremos de participantes da organização. 2- Cada participante e cada grupo de participante recebe incentivos da organização, em troca dos quais contribui para ela. 3- Cada participante continuará sua participação na organização enquanto os incentivos que lhe são oferecidos forem tão grandes ou maiores do que as contribuições que dele forem solicitadas. 4- As contribuições trazidas pelos diferentes grupos de participantes são a fonte da qual a organização retira os incentivos a ele oferecidos. 5- Portanto, a organização só continuará existindo enquanto as contribuições forem suficientes para proporcionar incentivos suficientemente grandes para motivar as contribuições. Cumpre lembrar que as organizações podem romper-se e desaparecer a qualquer momento, pois são sistemas imperfeitos, inventados e operados por pessoas, mas podem durar séculos, sobrevivendo aos seus fundadores. O sistema organizacional Sistema que contém elementos humanos e materiais empenhados, coordenadamente, em atividades orientadas para resultados, ligados por sistema de informação e influenciados por um ambiente externo, com o qual o sistema organizacional interage permanentemente. FATORES QUE COMPÕEM O MACROAMBIENTE Científicos e Tecnológicos: conhecimentos acumulados pela humanidade que influenciam na maneira de realizar as tarefas e operações. Políticos: padrões de organização e funcionamento do Estado e da sociedade civil e dos seus mecanismos de interação e regulação 22 Setor ambiental relevante e subsistema Setor ambiental relevante Subsistema (inclusive a opinião pública) Econômicos: organização do sistema econômico; política econômica; produto nacional bruto e per capita.; perfis de distribuição de riqueza; taxas inflacionárias e níveis de emprego, entre outros. Institucionais: contextos de normas legais que regulamentam comportamentos individuais e coletivos. Demográficos: crescimento demográfico, densidade demográfica, distribuição espacial, composição etária e étnica, entre outros. Ecológicos: meio ambiente físico e natural que circunda o sistema organizacional. FATORES QUE COMPÕEM O MICROAMBIENTE Consumidores: usuários dos produtos e serviços de organização. Fornecedores: supridores de recursos: capital, mão-de-obra, materiais, equipamentos, serviços e informações, entre outros. Concorrentes: produzem bens ou serviços iguais, semelhantes ou sucedâneos, visando aos mesmos consumidores ou usuários; competem pelos mesmos recursos junto aos mesmos fornecedores. Regulamentadores: entidades que impõem controles, limites e restrições à ação da organização: governo, meios de comunicação de massa, sindicatos. Associações empresariais e de classe e organizações não governamentais, por exemplo. 23 Clientes e concorrentes............................................................ Fornecedores de insumos........................................................ Fornecedores de tecnologia e equipamentos........................... Instituições financeiras............................................................ Mercado de trabalho................................................................ Imprensa e comunidade........................................................... Ciência e tecnologia................................................................ Entidades regulamentadores.................................................... Vendas e marketing Compras Produção e qualidade Finanças e contabilidade Recursos humanos Comunicação social Pesquisa Jurídico e lobbies O objetivo Identificação do objetivo da organização Ao iniciar o estudo de qualquer organização, o ponto de partida será sempre identificar e explicitar seu objetivo. Nem sempre é fácil a identificação precisa o objetivo. Às vezes, o objetivo real pode não ser exatamente aquele que é oficialmente definido. É preciso saber qual a razão de ser da organização, isto é, por que ela existe. Alguns autores dizem que o objetivo final de uma empresa é sempre o lucro e tudo mais são meios para alcançar esse objetivo. Essa é a forma simplista de colocar a questão. O lucro é absolutamente indispensável para que qualquer organização possa sobreviver, mas não se pode afirmar com precisão que todas as existam tendo em vista só esse objetivo. O verdadeiro objetivo da indústria não é o lucro: o empresário deve sempre se propor a produzir bens e serviços úteis... a negação dessa idéia é a especulação. Henry Ford A maioria das organizações tem como objetivo produzir um bem ou prestar serviço à sociedade, embora para isso precisem ter lucro. Em conseqüência, podemos dizer que as organizações servem à sociedade. É possível comparar o lucro nas organizações com a saúde das pessoas. A saúde é absolutamente indispensável à sobrevivência; no entanto não vivemos para ter saúde. Uma empresa deficitária é uma empresa doente e, naquele momento, precisa priorizar a cura do mal que a aflige. Uma vez curada a doença, emergem outras prioridades em função daquilo que a pessoa deseja da vida. As organizações têm, portanto, objetivos que precisam ser bem identificados e explicitados. O lucro pode ser, em determinados períodos,o objetivo principal de uma empresa, mas dificilmente o será sempre. Uma pessoa que não conseguiu selecionar um objetivo válido é presa fácil para a ansiedade, que é a base das doenças e das organizações. Charles D. Flory A necessidade de um objetivo Todas as organizações, da mesma forma que as pessoas, têm necessidades de objetivos claros e bem definidos para serem saudáveis. Seguem-se algumas citações clássicas sobre objetivos. 24 As atividades executadas na organização A relação das atividades Uma vez definido e explicitado o objetivo real da organização, devemos procurar identificar quais as atividades que aí são realizadas e, paralelamente, ir procurando verificar de que forma elas contribuem para alcançar os objetivos. O quadro XX traz algumas das relações de atividades, levantadas em uma empresa de fabricação mecânica, apenas o título exemplificativo, uma vez que é impossível uma enumeração completa válida para qualquer empresa. RELAÇÃO DE ATIVIDADES Materiais Compras de material de escritório Compras de matéria-prima para a produção O homem conduz o barco de margem a margem, mas se orienta de estrela a estrela. Anônimo Alice perguntou ao coelho: “Qual a estrada que devo seguir?”. O coelho respondeu: “Depende de aonde você quer chegar”. E Alice disse: “Mas eu não sei aonde eu quero ir”. E o coelho responde: “Então, qualquer estrada serve”. Lewis Carrol In Alice no País das Maravilhas Não há vento favorável para quem não sabe aonde ir. Sêneca Nada é mais importante do que não seguirmos como carneiros o rebanho que passa diante de nós, indo não para onde deveríamos ir, MS para onde o rebanho vai. Sêneca O grande problema de nossa época é o grande número de placas de orientação e nenhum destino. I Kronen Berger Fixar um objetivo é como identificar a Estrela Polar – você assenta a bússola nela e a usa para se conduzir pelo caminho que você quer utilizar. Marshall E. Dimock Disse o Grão-Duque: “Alguém com propósito confuso não consegue reagir diante do inimigo” (III. 23 Meng) Sun Tzu 25 Compras de equipamentos para a produção industrial Planejamento e controle físico e financeiro dos estoques Compras de material de limpeza Armazenagem de matéria-prima Armazenagem de produtos em processamento Armazenagem de produtos acabados Armazenagem do produto de limpeza Transporte Transporte do pessoal Transporte dos produtos acabados para os clientes Transporte de matéria-prima para a unidade de produção Contabilidade e Orçamento Contabilidade Geral Auditoria Interna Contabilidade Fiscal Orçamentação e custos de produtos já fabricados anteriormente Análise dos resultados contábeis Planejamento e controle orçamentário Planejamento fiscal e tributário Demonstrativos financeiros e contábeis Estudo das margens de contribuição de cada produto e serviço Recursos Humanos Recrutamento e seleção de pessoal 26 Avaliação de pessoal (desempenho e potencial) Treinamento Serviços técnicos e ambulatoriais Segurança no trabalho (prevenção de acidentes) Registro do pessoal Processamento da folha de pagamento Serviço social Estatísticas de pessoal Planejamento dos recursos humanos Negociações coletivas com sindicatos Administração de salários e benefícios Acompanhamento dos processos na Justiça do Trabalho Finanças Aplicações financeiras Descontos de duplicatas de clientes Programação financeira Operações de financiamento bancário Relacionamento geral com bancos Seguros Controle de contas a pagar Operações de recebimentos e pagamentos Faturamento, crédito e cobrança Aprovação de créditos aos clientes Reconciliação bancária Estudo da situação econômica e financeira do país Organização, Sistemas e Métodos 27 Serviços de informática e processamento de dados Documentação de sistemas Manutenção de sistemas Implantação, manutenção e suporte aos usuários de redes locais Elaboração de normas de procedimentos Estudos para racionalização das rotinas Planejamento e gestão da informação e do conhecimento Sistemas de apoio à decisão Sistemas de informações gerenciais Serviços Administrativos Serviços de portaria, recepção e vigilância Serviços de limpeza e conservação Restaurantes Segurança patrimonial Serviços jurídicos Mesa telefônica Reprodução de documentos (impressoras, mimeógrafos e xérox, por exemplo) Manutenção de máquinas e equipamentos de escritório Serviços de arquivos e microfilmagens Engenharia do Produto Arquivo técnico dos desenhos dos produtos Pesquisa e desenvolvimento de novos produtos Projetos de novos produtos 28 Controle de qualidade do produto acabado Controle de qualidade da matéria-prima Controle de qualidade ao longo do processo de fabricação Normalização e especificação dos produtos Avaliação de desempenho dos produtos Engenharia de Processo Ferramentaria (fabricação de gabaritos, de dispositivos de fixação de peças e ferramentas, matrizes para prensas e acessórios para fabricação). Especificação dos processos e tempos de produção Orçamentação de novos produtos Especificação das rotinas de fabricação Estudos de layout Engenharia de Fabricação Operações de fabricação: usinagem Operações de fabricação: caldeiraria, serralheria e soldagem Operações de fabricação: forjaria e estamparia Operações de fabricação: mercenaria Operações de fabricação: pintura e acabamento Operações de fabricação: fundição Programação e Controle da Produção Programação da produção de cada produto Controle da produção de cada produto 29 Controle da produtividade dos meios de produção Expedição de produtos Coordenação da produção com as vendas Manutenção e Serviços Fabris Manutenção preventiva e corretiva das instalações fabris Operação e manutenção das redes industriais de ar comprimido, energia elétrica, telefone e transmissão de informações, água, gás, esgoto, proteção contra incêndio, vapor e óleo para os cilindros hidráulicos de alta pressão. Manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos de produção Planejamento e normas de manutenção Ferramentaria Marketing e Vendas Pesquisa do mercado, previsão e quantificação da demanda Operações de vendas Administração da equipe de vendas Contatos e visitas a clientes atuais e potenciais. Análise da competição Publicidade e divulgação Promoções e descontos Adaptação dos produtos às necessidades dos clientes Estratégias de fixação dos preços Determinação dos preços Determinação dos canais de distribuição Embalagens Controle de cadastro de clientes e uso de mala-direta 30 Credenciamento, controle e descredenciamento de representantes Exportações Coordenação das vendas com a produção Direção Geral Formulação e aprovação dos objetivos e das políticas da empresa Aprovação do orçamento geral da empresa Auditoria externa Aprovação da estrutura organizacional do topo da empresa Aprovação e demissão de empregados de nível gerencial para cima Relação com autoridades públicas e organizações patronais Controle dos resultados e aprovação dos demonstrativos financeiros Aprovação de empréstimos e financiamentos acima de determinado valor Aprovação de projetos de investimentos acima de determinado valor Aprovação de fusões, cisões e aquisições de outras empresasDIREÇÃO Conjunto de esforços, no nível hierárquico mais alto da organização, visando a determinar os objetivos da organização e promover a sua realização por meio do acionamento de recursos humanos e materiais. 31 Órgãos de direção de sociedades anônimas de capital aberto Diretoria Diretores ATIVIDADES DE DIREÇÃO Formulação das políticas da organização Aprovação de orçamento geral Aprovação de aquisições e investimentos acima de determinado valor Aprovação de empréstimos e financiamentos do longo prazo e os que excedem determinado valor Extinção ou criação de ramos de negócio e de subsidiárias Relações com autoridades públicas de alto nível, com as organizações patronais e com a mídia Aprovação dos valores dos salários acima de determinado nível Estabelecimento da estrutura organizacional básica Seleção e aprovação das admissões de empregados acima de determinado nível Controle geral dos resultados e aprovação dos demonstrativos financeiros Relações com a s Bolsas de Valores e a Comissão de Valores Mobiliários Elaboração do planejamento estratégico da empresa Relações com os acionistas minoritários Aprovação de avais e finanças Assembléia geral de acionistas Conselho de administração Conselho fiscal Presidência 32 Capitalismo Sistema econômico em que cada pessoa tem o direito à propriedade privada e a usá- la da forma que lhe pareça mis convenientes, desde que sejam respeitadas as leis vigentes. Sociedade anônima Empresa que tem o seu capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas, exceto em relação aos acionistas controladores. Sociedade anônima de capital aberto Sociedade anônima que tem seus títulos negociados na Bolsa de Valores. Sociedade anônima de capital fechado Sociedade anônima que não tem seus títulos negociados na Bolsa de Valores. Sociedade limitada Forma jurídica e organizacional de uma empresa que permite que a responsabilidade de alguns sócios seja limitada ao montante de dinheiro que forneceram à sociedade. Cooperativa Empresa formada e dirigida por uma associação de usuários ou fornecedores de um produto com o objetivo de desenvolver uma atividade econômica ou prestar serviços comuns, eliminando os intermediários. As atividades gerenciais Nenhuma organização pode fazer mais do que permitem seus principais administradores; afinal de contas, o gargalo está sempre na parte superior da garrafa. De todas as tarefas de uma organização, a mais difícil, mas também a mais importante é estruturar a sua alta administração Peter Drucker As atividades gerenciais constituem a essência da administração e se caracterizam pelos esforços para obter resultados por meio de terceiros. É o nível intermediário entre o nível institucional e o de operações. É constituído pelos administradores da empresa, que costumam ter o título de gerentes. Como dissemos, os três grandes níveis em que se classificam as atividades de uma organização podem ser subdivididos. É comum classificarem-se as atividades gerenciais nos três níveis abaixo, cada uma delas com responsabilidades específicas. 33 NÍVEIS GERENCIAIS Gerência geral – comando geral do processo produtivo e acionamento dos recursos disponíveis para a realização dos objetivos fixados pelo nível de direção. Gerencia unidades complexas, englobando mais de uma função. Às vezes, esses gerentes são responsáveis por empresas subsidiárias. Gerência média (ou funcional) – comando das atividades de operação especializada, como finanças, marketing, recursos humanos e manutenção. Supervisão imediata – comando da realização, propriamente dita, das tarefas, implicando o contato direto com os executores. São os supervisores de primeira linha. Temos ainda o nível operacional, que é o nível hierárquico mais baixo da organização, em que é executada a maior parte das atividades. Atividades-fins: atividades que constituem o conjunto de esforços visando a realizar os fins a que se destina a organização Atividades-meios: atividades que constituem o conjunto de esforços visando a apoiar ou facilitar a realização dos fins da organização Classificação das atividades quanto aos afins As atividades podem ser classificadas quanto à proximidade em relação aos fins a que se destina a empresa em: atividades-fins (também conhecidas como produtivas ou substantivas) e atividades-meios (chamadas também de adjetivas, de apoio ou improdutivas). Exemplos de atividades-fins: *Empresa industrial: operação do equipamento e das ferramentas de fabricação, de modo que sejam produzidos os produtos na quantidade planejada e com a qualidade especificada. *Ministério da educação: atividades diretamente relacionadas à educação como ensino médio e magistério. *Loja de departamento: venda dos produtos. *Petrobrás: atividades diretamente vinculadas à exploração, produção, refino, transporte e distribuição dos produtos de petróleo. *Light: atividades de geração, transformação, transmissão e distribuição de energia elétrica. 34 Exemplos de órgãos responsáveis por atividades-fins: *Ministério da Marinha: Forças Navais; Corpo de Fuzileiros Navais; Comando do Controle Naval e Tráfego Marítimo. *Petrobrás: departamentos com atividades de exploração, produção, refinação, transportes (Fronape) e distribuição (Petrobrás Distribuidora). *Usina siderúrgica: departamentos responsáveis pelas operações de altos- fornos, de conversores, de laminação, de trefilação e, possivelmente, de retífica dos produtos. Exemplos de atividades-meios: *Serviço público federal: têm o título de “atividade auxiliares”, como as relacionadas a pessoal, orçamento, estatística, administração financeira, contabilidade e auditoria e serviços gerais. *Empresa de energia elétrica: atividades de pessoal, serviços jurídicos, patrimônio, finanças, contabilidade e relações públicas, por exemplo. Exemplos de órgãos responsáveis por atividades-meios: *Petrobrás: serviço de pessoal, material, jurídico e de relações públicas, por exemplo. Ministério da Marinha: diretoria de pessoal e de material, por exemplo. 3. O Processo de Organizar Organizar é uma das funções do administrador podemos definir organizar como o processo de identificar e agrupar o trabalho a ser realizado; de definir responsabilidades e autoridades e estabelecer as relações entre os grupos de modo a possibilitar que as pessoas trabalhem eficazmente para atingir os objetivos. Preferimos a definição mais completa que damos a seguir. Organizar É o processo de identificar e agrupar logicamente as atividades da empresa, de delinear as autoridades e responsabilidades, de estabelecer as relações de trabalho que devem vigorar entre os indivíduos ou grupos que constituem a empresa, de modo que os recursos disponíveis sejam aplicados eficiente e eficazmente, a fim de que a empresa e seus funcionários realizem seus objetivos mútuos. Órgão À medida que identificamos as atividades, vamos agrupando-as em conjuntos coe- rentes, nas quais elas foram agrupadas por sua natureza. Cada conjunto deve terum responsável e suas atividades são exercidas por pessoas. Temos aí a noção de órgão, normalmente definido como um grupo coerente de pessoas sob uma autoridade hierárquica única, a fim de assumir, de forma permanente, um papel determinado. Níveis hierárquicos dos órgãos 35 Figura 3.1 Os órgãos podem ser agrupados para formar órgãos maiores e divididos para formar menores. Assim, temos órgãos de vários níveis hierárquicos, cada nível com um título que o caracteriza. Os títulos dos níveis variam de empresa para empresa. mas existem padrões consagrados: departamento tem nível superior a seção; diretoria tem nível superior a gerência. Além disso, deve haver coerência dentro da instituição: se numa diretoria os departamentos têm nível hierárquico mais elevado que as divisões, o mesmo deve ocorrer nas demais diretorias da instituição. EXEMPLOS DE NÍVEIS COMUNS NA ADMINISTRAÇÀO DE EMPRESAS 1. Diretoria 2. Departamento 3. Divisão 4. Seção 5. Setor O exemplo acima ilustra os títulos dos níveis hierárquicos no padrão europeu, comumente usado no Brasil. Nos Estados Unidos, divisão tem nível mais alto que departamento e esse é o padrão seguido pelas multinacionais americanas que operam no Brasil. As empresa tem liberdade de escolher os títulos dos níveis, mas devem respeitar os padrões consagrados e a coerência. EXEMPLOS DE NÍVEIS NA ADMINISTRAÇAO PÚBLICA 1. Secretária 2. Coordenação 3. Divisão 4. Serviço e Setor 5. Seção Convém notar que, nas empresas privadas, seção tem quase sempre nível superior a setor, ao contrário do que ocorre, comumente, na administração pública. Os órgãos de nível hierárquico menor, subordinados a um órgão de nível mais elevado, estão inseridos dentro dele. Podemos representar este fator de forma mostrada a seguir, embora não seja usual essa forma de representação. Na figura 3.1 o departamento tem três divisões e estas, duas seções cada. 36 Figura 3.2 Existem mutias denominações para os níveis dos órgãos, como mostrado na figura 3.2 37 Figura 3.3 A figura 3.3 apresenta os títulos mais comuns para chefias e níveis de direção e gerencial. Os títulos das posições de chefia são formados, com freqüência, por três partes, um título fundamental, que caracteriza o nível, um complementar, que modifica ou qualifica o fundamental, e um título descritivo, que define as atividades exercidas: a região, o serviço (ou produto), ou especifica o órgão, como exemplificado pelo quadro abaixo Os critérios de departamentalização são os representados abaixo: Departamentalização funcional: agrupar num mesmo órgão as atividades afins, ou de mesma natureza, também ditas de mesma especialidade. Os critérios normalmente utilizados no primeiro nível são os que estão acima da linha pontilhada. 38 Figura 3.7 Figura 3.6 Figura 3.5 Figura 3.4 A figura 3.4 mostra a departamentalização típica de uma gerência geral, a figura 3.5 mostra diretoria financeira e a figura 3.6 de um departamento de recursos humanos. Departamentalização por produto ou serviço Agrupa num mesmo órgão todas as atividades diretamente relacionadas a determinado produto ou serviço, independentemente da sua natureza ou especialidade, conforme o exemplo da figura 3.7. 39 Figura 3.8 Departamentalização por clientela Agrupa as atividades com o serviço de servir a grupos de clientes externos ou internos. Departamentalização por área geográfica Agrupa por área geográfica as atividades executadas na mesma região, independente da natureza ou produto. Departamentalização por processo ou equipamento Concentra num mesmo órgão todas as pessoas que utilizam um mesmo tipo de equipamento, ou técnica, ou que operam um mesmo processo. Departamentalização pelo maior usuário Consiste na subordinação de um órgão, que presta serviço a vários órgãos, ao maior usuário desses serviços. Departamentalização por período de tempo Criação de órgãos para executar as mesmas atividades, ou quase as mesmas, em horas ou turnos diferentes, visando a assegurar a continuidade do serviço. Departamentalização por volume de trabalho Fracionar um órgão em tantas unidades idênticas quantas forem necessárias para manter uma supervisão adequada. 40 Figura 3.9 Essa empresa poderia estar departamentalizada pelo critério funcional no primeiro nível e pelo de produto no segundo, conforme ilustrado na figura 3.8. Finalmente, a mesma empresa poderia estar departamentalizada por produto no primeiro nível, conforme ilustrado na figura 3.9. 41 42 4. Organogramas Organograma é a representação gráfica simplificada da estrutura organizacional de uma instituição, especificando os seus órgãos, seus níveis hierárquicos e as principais relações formais entre eles. Sua finalidade é permitir uma visualização rápida da forma como a empresa está organizada. Não é seu objetivo mostrar de maneira completa, precisa e abrangente toda a estrutura organizacional. Os organogramas devem refletir a organização real da empresa. Se não o fizerem com fidelidade, poderão distorcer a compreensão e gerar decisões e atitudes errôneas por parte dos que confiam na sua exatidão. Simplicidade: O organograma deve apresentar apenas os elementos essenciais à com- preensão da estrutura organizacional; sobrecarregá-lo com informações acessórias provoca confusão e pode dificultar ou mesmo impedir a identificação do que é importante. Por isso, não se representam as relações de prestação de serviços e apenas em caso importantes são representadas as autoridades funcionais e as de fiscalização. É fácil imaginar que um organograma que incluísse todas essas relações se transformaria num emaranhado de linhas sem utilidade prática. Da mesma forma, deve-se evitar incluir nos organogramas mensagens aos funcionários, slogans de vendas e figuras geométricas complicadas. Padronização: Não importa que tipos de organogramas a empresa adote e que informações inclua neles; é preciso que os elementos estruturais nele representados tenham sempre o mesmo significado; sejam uniformes e coerentes em todos os organogramas da empresa. Atualização: Os organogramas retratam a estrutura formal da empresa em determinado momento. Precisam ser mudados sempre que as circunstâncias o exigirem; nunca devem se transformar em "camisas-de-força". Um organograma obsoleto tem o mesmo valor que um jornal do ano anterior. Robert Townsend, embora com intenções satíricas, recomenda que desenhe os organogramas a lápis, pois as organizações são corpos vivos que "desenvolvem músculos novos para enfrentar novos desafios". Em resumo: os organogramas devem sempre refletir a realidade. Podemos concluir que o organograma não é uma representação completa da estrutura organizacional; é uma representação gráfica dos órgãos e das principais relações formais. A estrutura organizacional abrange as descrições de funções, as delegações de poderes, as relações de prestação de serviços e as comunicaçõesformais; além de outros instrumentos que a empresa julgar úteis para a compreensão da estrutura. 43 Tipos de organograma Organograma clássico ou vertical Componentes básicos Entre os numerosos tipos de organogramas existentes, o mais utilizado é o chama do organograma clássico ou vertical. As regras e convenções normalmente adotadas na elaboração desse tipo de organograma são resumidas nas seções seguintes. Os componentes básicos dos organogramas são as linhas e os retângulos. A razão para usarmos retângulos em vez de outra figura geométrica é sua simplicidade e facilidade de visualização rápida da estrutura. Os retângulos são a pedra de base na construção dos organogramas; representam os órgãos que compõem a estrutura e não as pessoas. Nos níveis hierárquicos superiores, certas pessoas possuem tal importância, que elas, sozinhas, podem ser consideradas como constituindo um órgão e nesse caso são, então, representadas por um retângulo próprio. Exemplificando: 44 Figura 4.1 A maioria dos organogramas usados em empresas brasileiras informa apenas os elementos hierárquicos e funcionais da denominação do órgão, não incluindo as demais informações, seguindo o princípio da simplicidade. Quanto maior o número de infor- mações, mais completo fica o organograma, mas menos simples se toma, requerendo maior necessidade de atualizações. As linhas e o que representam As linhas representam as principais relações formais existentes na estrutura, espe- cificamente o fluxo de autoridade. As convenções variam de empresa para empresa, as mais comuns sendo as seguintes: Como mencionamos os organogramas, geralmente, mostram apenas as autoridades de linha e as relações de assessoria. As relações de prestação de serviços não são representadas e as autoridades funcionais e as de fiscalização só são representa das nos casos em que são intensas e freqüentes. As linhas de comunicação entre o órgãos que não sejam representativas de autoridade não são representadas nos organogramas, mesmo que sejam freqüentes. A Figura 4.1 mostra um exemplo de organograma clássico. Posicionamento dos órgãos de linha e de assessoria As relações hierárquicas têm origem numa única linha que, saindo do retângulo principal como assembléia geral e diretor-presidente, divide-se pelos órgãos subordina dos por meio de linhas horizontais e junta-se aos retângulos representativos desses órgãos por meio de segmentos verticais que se ligam a esses retângulos no meio do se lado superior. Os órgãos de linha são representados na chamada medula orgânica e os d assessoria nos ramais. No caso de um órgão de assessoria pessoal, como um gabinete, retângulo representativo fica junto do retângulo correspondente ao órgão de linha a que serve com exclusividade (alguns dizem “pendurados na cabeça"). 45 Representação dos colegiados Os colegiados devem ser representados graficamente, mediante duas formas: sol tos, nos níveis superiores do organograma, ou em linha ou assessoria, conforme sua função, ligados ao órgão ao qual se vinculam. A hierarquia dos órgãos e suas dimensões Além da nomenclatura hierárquica constante de cada retângulo, que indica o nível do órgão, a importância dos órgãos constantes do organograma é indicada pelas dimensões dos retângulos: quanto mais importante o órgão, maior é o seu retângulo. A diferenciação no tamanho dos retângulos tem também uma lógica do ponto de vista gráfico: à medida que se desce na escala hierárquica aumenta o número de órgãos. Por isso, quase sempre, o organograma tem um contorno triangular. Representando-se os órgãos de nível hierárquico inferior com dimensões menores, evita-se um alongamento excessivo do organograma no sentido horizontal. 46 Figura 4.2 Os órgãos de mesmo nível hierárquico devem ficar na mesma horizontal. Aceita-s, representar todos os retângulos do organograma com dimensões iguais. Essa prática e mais usual no passado quando os organogramas eram feitos a mão. A posição horizontal superior nem sempre indica hierarquia A posição superior de um órgão de assessoria no plano vertical não significa maior importância hierárquica em relação aos órgãos de linha que graficamente estão abaixo dele. É fácil entender isso lembrando que a secretária do diretor-presidente, quando representada no organograma, fica graficamente numa horizontal acima dos diretores. Separação gráfica das atividades-fins e meios Nas grandes empresas, é freqüente separar graficamente, no organograma, os órgãos que exercem atividades-meios dos que executam atividades-fins, sem que tal fato indique maior importância de uns sobre outros. Nesse caso, os órgãos que exercem atividades-meios ficam graficamente numa posição acima, apenas para facilitar even- tuais indicações de autoridades funcionais ou, como será visto na Parte 7, para segregar os órgãos de uma administração central. A representação dos órgãos de atividades-meios numa horizontal acima não significa que sejam hierarquicamente superiores aos de atividades-fins. A figura 4.2 mostra a representação gráfica da estrutura de uma construtora: Verificam-se pela representação que não ficam claras as relações de autoridade de linha nem as de assessoria. Essa representação gráfica não permite uma rápida visualização da forma como opera a empresa, que deveria ser sua finalidade. A seguir, um organograma em que os órgãos são indicados pelas suas siglas. Indica-se também uma linha de coordenação que não deveria estar representada. Nota-se como é difícil identificar os órgãos. 47 Outra forma de representação é o chamado organograma circular, em que os níveis superiores são mostrados no centro da circunferência e os inferiores na periferia. Não é possível mostrar as relações formais da estrutura. Vantagens e desvantagens dos organogramas As principais vantagens dos organogramas são conseqüências da explicitação que ele proporciona da estrutura organizacional. (Facilita a identificação de deficiências da estrutura, como: superposições e duplicações de atividades, lacunas de atividades isto é, atividades que não são executadas), subordinações múltiplas e níveis hierárquicos em demasia. Facilitar a identificação das deficiências induz à sua correção. É mais fácil ignorar deficiências quando não estão explicitadas. 48 Ao revelar o caráter formal da organização, o organograma indica aos funcionários como eles se enquadram no sistema em que atuam, facilitando a coordenação das ativi- dades, a comunicação entre as pessoas da organização, o treinamento e a integração dos novos empregados. Ao contribuir para a definição de responsabilidades, proporciona melhores condições para o exercício do controle e para atenuar os conflitos de autoridade. Os organogramas revelam apenas as relações formais da estrutura, omitindo, para atender à característica de simplicidade, as relações de prestação de serviços, as numerosas relações informais e as linhas de comunicações. A principal desvantagem é que o organograma formaliza situações, que, com o tempo, podem tornar-se inadequadas. Teoricamente, isso não deveria ser desvantagem, porque uma vez que uma estrutura organizacional se torna inadequada, deve ser mudada
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