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Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo (RESUMO PRÁTICO)

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Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 1
 
Código Penal 
 
 
 
 
 
Nesse semestre, será abordado até o Art. 28. 
 
 Preceito Primário / PRECEITO � Ex: matar alguém 
Tipo Penal 
 Preceito Secundário / SANÇÃO � Ex: reclusão de 06 a 20 anos 
 
O Legislador se serve do tipo penal para realizar a tutela jurídica. O tipo penal do Art. 120 CP protege 
a vida, por exemplo. 
 
DIREITO PENAL é o conjunto de normas jurídicas impostas coativamente pelo Estado mediante as 
quais se proíbe determinadas ações ou omissões sob a ameaça da característica sanção penal. 
 
 O Direito Penal é regido pelo: Código Penal (C.P) 
 Legislação Penal Extravagante (L.P.e) 
 
� Integram, também, esse ramo do Direito: os Princípios Gerais, as Condições e Pressupostos para 
aplicação da pena e da medida de segurança. 
 
A aplicação da pena é para os imputáveis e a medida de segurança para os inimputáveis. 
 
 Art. 96 CP (são tratamentos aplicados em vez da pena) 
 
O que impera no Direito Penal é o Princípio da Legalidade � ou seja, o que está na Lei. (o que não é 
proibido é permitido). 
Não se usa a analogia. (ex: matar E.T. � não tem no código, então “pode”. Não podemos associar a 
matar pessoa, nem animais) 
 
Alguns conceitos: 
DIREITO PENAL OBJETIVO � é o direito positivado. A legislação penal em vigor. O Código Penal. 
 
Art.1º
Art.120
Art.361
Parte Geral Parte Especial
(+ de 90% é composta por tipos penais)
Art 120 CP 
proteção 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 2
DIREITO PENAL SUBJETIVO � é o direito de punir que o Estado tem em face ao desrespeito ao Dir. 
Penal Objetivo. (ex: se a pessoa não seguir / desrespeitar o Código Penal). 
 
DIREITO PENAL COMUM � é aquele dirigido a todos os cidadãos, indistintamente. 
 
DIREITO PENAL ESPECIAL � é aquele dirigido a um grupo especial de pessoas levando em 
consideração condições / qualidades especiais definidas no código. Ex: código penal militar. 
 
DIREITO PENAL MATERIAL � é o direito penal pronto. É o que é. 
 
DIREITO PENAL FORMAL � é o direito processual penal. Traz as regras e procedimentos para 
apurar se houve o crime e se o sujeito é passível de sanções. É como provar o que é. 
 
HISTÓRIA DO DIREITO PENAL 
 CONSUETUDINÁRIO � baseado nos costumes 
2 Sistemas de Direito (existente na Inglaterra) 
 LEGALIDADE � baseado nas Leis 
 
1446 a 1500 � em 1500 vigoravam em Portugal as Ordenações do Rei (ordenações afonsinas). 
Quando o Brasil foi descoberto passou a vigorar aqui essas ordenações. (eram as Leis na época). 
 
1500 a 1521 � vigoravam as ordenações manuelinas. 
 
1603 � ordenações filipinas (de D. Filipe, rei de Portugal e Espanha) 
 Alguns tipos de penas: 
 Pena de Morte Natural para Sempre � quando enforcavam e deixavam o corpo lá pendurado 
até apodrecer. 
 Pena de Morte Natural Cruelmente � executada pelos carrascos, com objetivo de causar 
muita dor no executado, até a morte. 
 
Com a independência do Brasil em 1822, D. Pedro deu continuidade à Legislação em vigor até a 
elaboração da Constituição Federal em 1824. 
 
1830 � Código Criminal do Império � entrada em vigor do ordenamento mais importante após a 
Constituição. Durando basicamente 60 anos. 
 
Em 1889 ocorre a Proclamação da República. 
Estão Interligados 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 3
1890 � 1º Código Penal da República � entrou em vigor, recebendo muitas críticas, diferentemente 
do Código Criminal do Império. Pois, foi elaborado muito às pressas e considerado ultrapassado. � o 
que o levou a uma quantidade imensa de modificações. 
 
1932 � CLP � publicação da Consolidação das Leis Penais. 
 
1940 � Decreto-Lei Nº 2848 � entrada em vigor do 1º e atual CÓDIGO PENAL. 
 
1969 � elaborado um novo código penal, com vacatio legis de 1 ano (assim, entraria em vigor em 
1970). Esse vacatio legis foi estendido ano após ano, até 1978 quando foi revogado, não chegando a 
entrar em vigor. 
 
Assim, atualmente, temos o código penal de 1940, 
mas com a Parte Geral modificada em 1984. 
 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
É uma garantia Constitucional (Art. 5º, XXXIX, CF). 
No Brasil, foi adotado em todos os códigos Penais. 
Art. 1º CP � Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal 
 
Princípios que compõem o princípio da Legalidade: 
• Lex Previa � esse princípio afasta a retroatividade da norma penal. 
A norma penal não retroage. É irretroativa. 
Princípio da Anterioridade � a norma penal tem que ser anterior ao fato. Entra em vigor para 
disciplinar fatos futuros. 
• Lex Scripta � não há crime sem lei escrita. Esse princípio afasta os costumes. Não se admite 
os costumes como fonte da norma penal incriminadora. 
A norma penal é imposta coativamente pelo Estado. 
 
02 tipos de fontes do Direito: 
� Fonte Material de Direito (substantiva) � é uma fonte criadora. São os órgãos encarregados da 
elaboração das normas. Ex: Congresso Nacional. 
� Fonte Formal de Direito (de cognição / conhecimento) � a Lei Federal em sentido estrito é a única 
fonte de conhecimento da norma penal incriminadora. 
 
 (*) os costumes podem servir de inspiração 
para as fontes materiais. Mas de maneira alguma é uma fonte formal. 
Parte Geral Parte Especial
Modificada pela LEI 7.209/84
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 4
Art. 62, §1º, I, b, CF � é vedada Medida Provisória que imponha pena e estabeleça o que seja crime. 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, 
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, 
de 2001) 
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
 
Somente Lei Ordinária Federal pode fazer isso (devendo ser aprovada pelo Congresso Nacional) 
A Assembléia Legislativa, a câmara dos vereadores, não são fontes de produção do Direito. 
 
• Lex Stricta � afasta a analogia. (analogia funciona como norma integradora, na ausência de 
lacunas na lei). 
O Direito admite analogia. Mas, em relação à disciplina Penal não se admite analogia como fonte da 
norma penal incriminadora. 
Observamos esse princípio no Art. 1º CP – não há crime sem lei anterior que o defina. 
 
O Direito Penal é fragmentário � significa que a proteção penal não é homogênea. Caráter 
fragmentário quer dizer que o Direito Penal só deve intervir quando houver ofensa a bens 
fundamentais para a subsistência da sociedade. Sempre foi tradição no Brasil. Recentemente, no 
entanto, o DP brasileiro tem apresentado uma característica bem mais intervencionista, objetivando 
aplacar a sensação coletiva de insegurança decorrente da escalada da criminalidade e proporcionar 
uma maior garantia de tranqüilidade social. É o chamado Movimento da Lei e da Ordem 
 
Direito Penal é a última “ratio” � última alternativa. Serve para ser utilizado como último recurso. 
Quando as situações em que a proteção oferecida por outros ramos do Direito (Comercial, Civil, etc.) 
não seja suficiente para inibir sua violação, ou em que a exposição a perigo do bem jurídico tutelado 
apresente certa gravidade. 
 
Analogia “in Bonam Partem” � ex: vítima de atentado violento ao pudor que fica grávida pode realizar 
aborto, como no caso de estupro. Mas, isso já mudou, pois estupro e atentado violento ao pudor 
passaram a integrar o mesmo artigo do CP, recentemente. 
 
• Lex Certa � a lei tem que ser clara, objetiva e didática, uma vez queela é dirigida a todos. 
Todos, ao tomarem acesso à Lei têm que ter plena interpretação da mesma. 
 
LEI PENAL NO TEMPO � entra em vigor no período estabelecido pela Vacatio Legis e se extingue 
quando for revogada por nova lei (*). 
(*) com algumas exceções que não precisam de outras leis que a revoguem: 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 5
Leis Temporárias � trazem em seu corpo a sua validade. Têm o que chamamos de auto-
revogação. 
Leis Excepcionais � têm a sua vigência associada à permanência da causa anormal que a 
originou. Ex: enquanto permanecer determinada epidemia a pena por fazer determinado ato prevalece. 
Se extinguindo assim que acabar a epidemia. Ex: gripe suína: epidemia 
 espirrar na cara de outra pessoa: ato 
 prisão de 01 ano: pena 
 
A revogação pode ser: Total (ab-rogação) 
 Parcial (derrogação 
 
E pode ser também: Expressa 
 Tácita (quando necessita interpretação) 
 
 pode se dar por 2 maneiras: 
EXTRATIVIDADE ULTRATIVIDADE 
(da norma penal) RETROATIVIDADE BENÉFICA 
 
Quando aplico uma lei que está em vigor, dizemos que ela está em sua função normal. Quando perde 
sua vigência e a aplicamos, ela está em sua função extra. (daí falarmos em extratividade) 
 
 
 
 
 
 
No esquema acima temos o exemplo de um processo que se inicia quando a 1ª Lei está em vigor. 
Logo após uma 2ª Lei passa a vigorar, revogando a 1ª Lei. No entanto, essa 2ª Lei não é benéfica ao 
réu. Na data de julgamento, julgo pela 1ª Lei, pois o processo já havia começado quando vigorava a 
1ª. Isso é um exemplo de Ultratividade da Norma Penal. (vide Art.3º CP) 
 
Em regra, a lei penal é irretroativa. Exceto quando for benéfica ao réu. 
 
Retroatividade Benéfica � está prevista no Art. 2º CP e no Art. 5º, XL, da CF. 
Temos 02 modalidades de retroatividade benéfica: 
 1- “ABOLITIO CRIMINIS” � descriminização do fato (caput do Art. 2º CP). 
Quando o fato deixar de ser crime, não existe mais punição. Ex: Adultério que deixou de ser crime 
(Art.240 CP). 
1ª Lei Processo Julgamento2ª Lei
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 6
� se já tenho um inquérito policial em andamento e o fato deixa de ser crime, não vai para frente � 
extinção da punibilidade. 
� se transitou em julgado (quando não cabe mais recurso) a sentença condenatória e o fato deixar de 
ser crime, aplica-se o “Abolitio Criminis” e solta o indivíduo. 
 
IMP: Nada vai contra o “abolitio criminis” / Nada suporta o “abolitio criminis” 
 
2- “LEX MITIOR” � Expresso no P.único Art.2º CP 
� qualquer favorecimento ao agente desde que o fato continue a ser crime, pois senão seria 
enquadrado no caput do Art.2º CP. 
Ex: Redução da pena. 
 
Art. 54 CP sofreu uma derrogação tácita em função do Art. 44, I do CP. 
 Lei n.9714 de 98 revogou parcial e 
tacitamente a Lei n.7209 de 84 (do Art. 54 CP), no que diz respeito às penas restritivas de direito em 
substituição à pena privativa de liberdade. 
 É mais benéfica ao réu, portanto 
retroage. Podendo ser aplicada aos fatos anteriores à sua vigência (Lex Mitior – retroatividade 
benéfica) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Função ultrativa da lei � a lei produz efeitos sob todos os fatos ocorridos / originados durante a sua 
vigência. Mesmo que ela não esteja + em vigor na data do julgamento. 
 
Norma Penal em Branco � exige complemento normativo. É aquela que, quando você lê o texto, 
necessita de um complemento normativo para entender o que será punido. 
 
1ª Lei Fato Julgamento2ª Lei
fatos
3ª Lei
benéfica
A 2ª Lei tem retroatividade em face 
da 1ª e ultratividade em face da 3ª
pior
Aplicação da 3ª Lei aos fatos 
ocorridos após sua entrada em 
vigor
Pela extratividade da Lei, em sua 
forma ultrativa, julgo o fato pela 2ª
Lei, a mais benéfica em seu favor
Chamada de Lex Intermedia (lei 
intermediária)
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
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A Norma Penal Temporária e a Excepcional tem força ultrativa. No entanto, não tem retroatividade 
benéfica, pois não tem uma lei posterior que possa retroagir. Ex: Lei Temporária, com vigência do dia 
01 ao 31 de determinado mês: 
 
 
 
 
 
 
IMP: A lei retroage sempre que for benéfica ao réu, de acordo com o Art.5º, XL, da CF. A 
Constituição prevalece sobre o que é estabelecido no Código Penal 
 
MOMENTO DO CRIME 
� Teoria da Atividade � considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão. 
(momento da atividade, da conduta); 
� Teoria do Resultado � considerado praticado o crime no momento do resultado. (Ex: sujeito 
leva um tiro e depois de 1 semana morre. O crime é considerado no momento da morte); 
� Teoria Mista � considera-se o crime nos 2 instantes. Tanto no momento da conduta, como 
no do resultado. 
 
Art.4º CP � adotamos a Teoria da Atividade, ou seja, no momento da conduta. No momento da ação 
ou omissão. Sujeito dá o tiro quando tem 17 anos, 11 meses e 29 dias (portanto, penalmente 
inimputável). A pessoa morre depois que esse sujeito completa 18 anos. Ele será julgado pela idade 
que tinha na época / momento da ação (portanto, pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente). 
 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
� Teoria da Atividade � considera-se o crime no local onde ocorreu a conduta (ação ou 
omissão); 
� Teoria do Resultado � considera-se o crime no local onde ocorreu o resultado; 
� Teoria Mista / Teoria da Ubiquidade � considera-se o crime tanto no local onde ocorreu a 
conduta, como no local onde ocorreu o resultado. 
 
Art.6º CP � adotamos a Teoria da Ubiquidade. Com o objetivo de evitar um conflito negativo de 
jurisdição, ou seja, para evitar se ter um crime / um morto sem apuração. 
Ex: Sujeito praticou uma conduta no Paraguai (dá um tiro do lado da fronteira do Paraguai) e o 
resultado ocorre no Brasil (o tiro acerta e mata alguém que está do lado do Brasil da fronteira com o 
Paraguai). Imagine-se que o Brasil adote a teoria da atividade (portanto o crime seria julgado no 
1ª 30 31
dia Fato ocorrendo dia 30, 
pela força ultrativa da lei 
vou aplicá-la após sua 
vigência
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 8
Paraguai) e o Paraguai a teoria do resultado (portanto seria julgado no Brasil). Nesse cenário haveria 
um conflito negativo de jurisdição. 
 
Quanto à pena aplicada � Art.8º CP. O sujeito pode cumprir pena no Paraguai e indo para o Brasil 
pode estar sujeito a cumprir pena também, caso as sanções sejam distintas. 
 
Princípios que regem a aplicação da Lei no Espaço: (em linhas gerais) 
� Princípio da Territorialidade � aplica-se a Lei do território onde o crime ocorreu. Não importa a 
nacionalidade do agente, assim como da vítima. Ex: se um alemão matar um russo, aqui no Brasil, 
levam-se em conta as leis do Brasil. 
� Princípio da Personalidade (Ativa) / Nacionalidade (Ativa) � aplica-se a Lei ao agente nacional que 
tenha praticado crime no exterior. Ex: brasileiro comete um crime na Argentina. Pelo princípio da 
personalidade será aplicada a Lei brasileira. Por esse princípio o agente deve fidelidade ao 
ordenamento jurídico de seu país. 
� Princípio da Defesa / Defesa Real / Proteção � aplica-se a Lei do país do bem jurídico atingido 
pelo crime. Leva em consideração a nacionalidade do bem jurídico atingido pelo crime. Ex: cidadão 
brasileiro, mais precisamente o presidente é morto fora do Brasil. 
� Princípio da Justiça Universal / Universalidade / Cosmopolita � aplica-se aos crimes considerados 
tão graves, que incomodam a todos os países de maneira que por tratados e convenções os países se 
obrigam a reprimir. Ex: terrorismo, genocídio. 
� Princípio da Representação � Art.7º, II, c. Ex: alemão mata um russo durante um vôo da TAM (Cia 
brasileira) enquanto o avião sobrevoavaespaço aéreo argentino. Esse princípio surgiu recentemente, 
para preencher uma lacuna na lei, pois não se podia aplicar o princípio da territorialidade (pois não 
sobrevoava o Brasil), nem da personalidade (pois o agente não era brasileiro), nem da defesa (pois a 
vítima não era brasileira). 
Obs: Se a cia aérea não for brasileira, não se aplica as leis brasileiras. 
 
Princípio da Territorialidade � Art. 5º CP 
Território é o local onde o país exerce a sua soberania. 
 � é a superfície terrestre limitada por suas fronteiras. Nas fronteiras, temos pontes, rios � existem 
acordos entre os países fronteiriços para determinar o “meio”. 
Mar territorial: atualmente é de 12 milhas 
Espaço territorial aéreo: vai até a coluna de ar atmosférico 
Todas essas definições dizem respeito ao território físico, real. 
Temos também o território por ficção � embaixadas estrangeiras. Para entrar lá precisa de 
autorização. Portanto, há uma soberania estrangeira aqui no Brasil. 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 9
 (*) No entanto, os penalistas não concordam com essa teoria de território por ficção. Para 
efeitos penais, a embaixada é território brasileiro. Assim, se um mordomo inglês matar alguém lá na 
embaixada americana serão aplicadas as leis brasileiras. 
 
� País Acreditante = quem manda o embaixador para representação em outro país 
� País Acreditado = quem recebe o embaixador 
Existe uma convenção de que o Brasil não aplica suas leis aos representantes com status de 
diplomata de outros países. (Imunidade Diplomática) 
 � Se um embaixador praticar um crime aqui no Brasil, não vamos aplicar nenhuma sanção a ele � 
prepara-se um inquérito e manda para o seu país aplicar o ordenamento do país dele. 
 Não se restringe ao solo e dependências da embaixada, 
mas sim à pessoa do diplomata e de seus parentes íntimos (cônjuge, filhos) desde que estrangeiros 
(não brasileiros). 
 
No Brasil, adotamos o princípio da territorialidade abrandada, pois obedecemos tratados e convenções 
de direito internacional aplicado no país, como no caso acima exposto (de diplomatas, embaixadores). 
Logo, não aplicamos o princípio puro. 
 
Território é onde o país exerce sua soberania 
 
Território por extensão 
• Toda embarcação ou aeronave pública (marinha, FAB) são consideradas territórios brasileiros 
em qualquer lugar do mundo; 
• Toda embarcação ou aeronave privada brasileira a serviço do governo brasileiro, fora do Brasil 
(se não for brasileira, não é considerado território brasileiro, mesmo que esteja a serviço do governo 
brasileiro � Art.5º, §1º do CP); 
• Embarcação ou aeronave privada brasileira (que não estejam a serviço do governo brasileiro) em 
alto mar é considerada território brasileiro. (alto mar não é território de ninguém, por isso, nesse caso, 
vale a bandeira do país da embarcação / aeronave). 
 
Art.5º, §2º do CP � o legislador oferece a reciprocidade no território por extensão às embarcações ou 
aeronaves estrangeiras aqui no Brasil. (ex: Navio da Microsoft – portanto privado americano – 
ancorado no porto de Santos: é considerado território brasileiro. Já, o avião do presidente dos EUA 
aqui no Brasil é território americano). 
 
� A regra é aplicar as leis brasileiras a crimes praticados no Brasil (princípio da territorialidade). 
Quando aplicamos a lei brasileira a crimes cometidos fora do Brasil, praticamos um abrandamento do 
princípio da territorialidade. É outra forma de abrandamento, juntamente com a obediência a tratados e 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 10
convenções de direito internacional aplicada no país, como no caso já exposto de diplomatas, 
embaixadores. 
 
Art.7º do CP � Extraterritorialidade � Incondicionada – Inciso I, a, b, c, d � a aplicação da lei 
brasileira independe de qualquer condição (a regra para a 
incondicionalidade está no §1º) 
� Condicionada – Inciso II, a, b, c, §3º � as condições para a 
extraterritorialidade estão no §2º 
 
Incondicionada � I, a: contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (princípio da defesa 
real ou proteção). Obs: se for contra a honra, não é aplicada a lei brasileira. Ex: xingamentos, 
agressão verbal. 
Ex: Navio da marinha brasileira, ancorado no porto dos EUA. Um russo, dentro desse navio, atira um 
arpão e mata o presidente da república. Aplica-se o princípio da territorialidade por extensão � Art.6º 
CP, combinado com o §1º do Art.5º do CP. (ou simplesmente o Art.7º, I, a) 
 
Incondicionada � I, b: crimes contra o patrimônio (Art.155 a 183 CP) ou a fé pública (ex: falsificar 
moeda – Art.289 CP). Nestes dois casos utilizo o princípio da defesa real ou proteção � o bem jurídico 
atingido é a fé pública ou o patrimônio. 
 
Incondicionada � I, c: contra a administração pública (ex: desvio de dinheiro, corrupção) ou por quem 
esteja a seu serviço (Art. 312 a 327 CP). Aplica-se o princípio da defesa real ou proteção em razão do 
bem jurídico tutelado. 
 
Incondicionada � I, d: genocídio � conduta de agente que visa destruir, desaparecer com 
determinado grupo étnico. Aplica-se o princípio da justiça universal. 
Se o cidadão brasileiro praticar genocídio no estrangeiro (independente de qual for o grupo) tem 
aplicação da lei brasileira. 
Ex: Se um argentino, residente no Brasil, comete um genocídio nos EUA, ele também estará sujeito à 
aplicação da lei brasileira (pois ele é domiciliado no Brasil) 
 
Extraterritorialidade CONDICIONADA (Art.7º, II, CP): A condição para que a situação jurídica seja 
enquadrada em alguma dessas alíneas a seguir, é que sejam respeitadas TODAS (sem exceção) as 
condições trazidas no §2º desse artigo. 
 
Condicionada � II, a: crimes que os países se obrigam a reprimir com tratados e convenções. Aplica-
se o princípio da justiça universal 
 
Aplicação da Lei Brasileira 
a crimes praticados fora do 
Brasil 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 11
Condicionada � II, b: crimes praticados por brasileiros. Aplica-se o princípio da personalidade. 
Ex: casal brasileiro vai morar nos EUA e leva uma empregada também brasileira para trabalhar lá na 
casa deles. Esse casal pratica alguns atos que encaixam como crime de servidão contra essa 
empregada. Se, apenas a mulher volta para o Brasil e o marido continuar nos EUA trabalhando, a 
condição “A”, do §2º (entrar o agente em território nacional) é respeitada apenas para a mulher, pois o 
agente do crime entra no Brasil, estando, apenas ela sujeita à lei brasileira. 
 
Condicionada � II, c: a aplicação dessa alínea será quando o agente e a vítima não forem brasileiros. 
E quando a embarcação ou aeronave for privada brasileira e no local do crime não houver lei a ser 
aplicada. Aplica-se o princípio da representação. 
 
Art. 7º §3º � o agente tem que ser estrangeiro e a vítima brasileira. Desde que sejam respeitadas as 
condições trazidas no parágrafo anterior, aplica-se a lei brasileira com base no princípio da defesa real 
ou proteção. 
 
Art. 7º §2º, B � “ser o fato punível também no país que foi praticado” � o cara vai para o estrangeiro 
e casa com 4 mulheres. Sendo nesse país permitido. Ao voltar para o Brasil, não será aplicada lei 
contra o crime de bigamia 
Outro exemplo: Aborto. Na Holanda é uma prática permitida. Se, a brasileira for para lá, fizer o aborto 
e depois retornar ao Brasil, não será punida pela lei brasileira. 
 
Art. 7º §2º, C � “estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição” 
� Ex: em caso de crime político, a lei brasileira não admite extradição. Então, se um brasileiro 
cometer crime político no exterior e depois voltar para o Brasil, “não pega nada”. Não será extraditado. 
As condições de extradição estão no Estatuto do Estrangeiro – Art.77. 
� Também não se concede extradição se a apena for igual ou inferiora 1 ano (IV, Art. 77 do 
Estatuto). No caso de lesão corporal (Art.129 do CP) a pena é de 3 meses a 1 ano, portanto, não 
admite extradição. 
 
Art. 7º §2º, D � “não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena” � A 
aplicação da lei brasileira ao fato depende de que o agente tenha sido condenado no estrangeiro, mas 
não tenha cumprido a pena lá. Essa é a condição. 
(*) Se faltar uma das condições (Art. 7º, §2º, a, b, c, d, e) não se aplica a lei brasileira 
 
(*) Pergunta do professor: Existe alguma possibilidade de se aplicar o Art.8º CP em caso de 
extraterritorialidade condicionada? Sim, se o agente tiver cumprido parcialmente a pena no 
estrangeiro. Essa é uma situação em que, excepcionalmente, aplico o Art.8º CP em caso de 
extraterritorialidade condicionada. 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 12
� Cumprir parte da pena, não extingue a punibilidade. 
� O Art.8º CP é aplicado nos Art.6º e 7º, I do CP, sem caráter de excepcionalidade. 
 
Art. 7º §2º, E � “não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta 
a punibilidade, segundo a lei mais favorável”. 
 Caso de perdão no CP � §5º do Art.121, quando a pena criminal não se fizer necessária, pois a 
ação infracionária resultar em graves conseqüências para o agente. 
 Caso de extinção de punibilidade CP � Art.107, traz as condições para a extinção. (Ex: inciso IV: 
e, casos de perepção, decadência ou prescrição) 
Perepção � inércia do querelante no curso do processo penal. Se não cumprir os 
prazos, o processo se extingue. 
Decadência � perda do direito de propor queixa crime ou propor ação penal, em 
função do prazo. 
 
Ação Penal Pública (Incondicionada, que é a regra) � Denúncia 
Ação Penal Pública (Condicionada) � Representação (Art. 147, P.único. Ex: crime de 
ameaça depende de representação para instaurar processo crime – prazo de 6 meses para 
não entrar em decadência) 
Ação Penal Privada � Queixa (peça vestibular da ação penal privada). A autoridade não 
põe a mão sem que o ofendido se manifeste 
 
Prescrição � é a perda do direito de ação, em processos já em curso. Art. 109 CP 
traz algum tipos de prescrições. Ex: 
PPP (Prescrição de Pretensão Punitiva) � ocorre antes do trânsito em julgado 
PPE (Prescrição de Pretensão Executória) � ocorre depois do trânsito em julgado 
 
Se der prescrição ou decadência ou perepção, extingue-se a punibilidade e quebra a condição 
E 
 
Art. 7º §3º � crimes praticados por estrangeiro, contra brasileiro, fora do Brasil. Traz o último caso de 
Extraterritorialidade Condicionada. 
Ex: brasileiro viajando pela Europa é vítima de furto, roubo. Se o agente (quem praticou o crime) 
também for brasileiro, vamos aplicar o dispositivo no Art.7º, II, b (crime praticado por brasileiro). Agora, 
se o agente for estrangeiro, a aplicação da lei brasileira depende do concurso de todas as condições 
apresentadas no §2º mais as condições estabelecidas no próprio Art.7º, §3º, a, b. 
 Se preenchidas as 
condições do §2º, não for pedida a extradição ou se pedida, for negada pelo Brasil, será aplicada a lei 
brasileira. 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 13
 Contudo, essa aplicação depende da requisição do Ministro da Justiça para a aplicação da Lei 
Penal. Essa condição, presente na alínea b, do Art.7º, §3º encerra na mão do Executivo (do 
Presidente da República) a capacidade de decidir se será aplicada ou não a lei brasileira. O que é 
muito ruim. 
 
Art. 9º CP � Eficácia de Sentença Estrangeira 
Só homologam-se sentenças estrangeiras para serem executadas aqui no Brasil em casos 
excepcionais: para reparação de danos, restituições e outros efeitos civis (inciso I); e em casos de 
medida de segurança (inciso II). 
Os requisitos para se homologar sentença estrangeira nas duas situações trazidas pelos dois incisos 
acima é que a sentença estrangeira produza na espécie as mesmas conseqüências do que as 
produzidas pela aplicação da lei brasileira e que haja um requerimento da parte interessada (Art.9º, 
p.único, a). 
Ex: Sujeito comete crime no estrangeiro e tem patrimônio no Brasil � produzindo as mesmas 
conseqüências na aplicação da lei estrangeira ou brasileira, pode-se homologar a sentença para 
reparação de danos, desde que seja requerida pela parte interessada na reparação. 
(*) A sentença condenatória criminal faz coisa julgada no civil. Ex: caso de reparação de danos: 
se a pessoa for condenada no crime, o sujeito é condenado à indenização (esfera civil). Não precisa 
entrar nas duas esferas, a condenação no âmbito penal, faz isso automaticamente. 
 
Art. 9º, II – Medida de Segurança � aplicada ao inimputável e ao semi-inimputável (Art.26, P.único, 
CP) 
 Não é pena. É tratamento. Por isso, se for imposta no estrangeiro e a pessoa 
se encontra no Brasil, atualmente, produzindo na espécie as mesmas conseqüências que teria a lei 
brasileira, mais a existência de tratado de extradição com o país de onde emanou a sentença ou na 
falta de tratado, suprida pela requisição do Ministro da Justiça, pode-se homologar a sentença 
estrangeira. (Art. 9º, p.único, b). 
 
Obs: MANDADO � ordem (Oficial de justiça cumpre uma ordem, um mandado) 
MANDATO � procuração (políticos cumprem mandatos. São nossos procuradores, 
para nos representarem). 
 
Art. 10 CP � Contagem de Prazo 
 O Prazo Penal é importante para a contagem do período da pena. 
 Esse artigo traz as regras para contagem do prazo: Computa-se o dia do começo e a pena termina 
sempre na véspera. Ex: Pena de 01 ano � início em 14/09/09, término em 13/09/10 às 24h (véspera); 
Pena de 15 dias � início em 14/09/09 e término em 28/09/09 às 24h. 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 14
 A pena é expressa em anos, meses ou dias (nessa ordem). Ex: 24 meses, o correto é falarmos 2 
anos; 90 dias, o correto é falarmos 3 meses. 
 
Art. 11 CP � Frações não computáveis da pena 
 As frações do dia (horas) e de moeda (centavos; em caso de multa) são desprezadas. 
 aqui não falamos em 
arredondar, mas sim desconsiderar. 
Ex: Pena de 15 dias � tendo abrandamento da pena pela metade: 7 dias e 12 horas. 
Levando em conta que as frações do dia são desprezadas, o sujeito irá cumprir pena de 7 dias. 
No caso de multa: R$536,99 � o sujeito vai pagar R$536,00 (não se arredonda, despreza) 
 
CONCURSO (Conflito) APARENTE DE NORMAS � a palavra concurso está sempre ligada à 
pluralidade. 
Ex: Concurso de pessoas: quando temos + de 1 agente; 
 Concurso de crimes: quando o sujeito pratica + de 1 crime; 
 Concurso formal (Art.70 CP): quando o sujeito, mediante 1 só ação/conduta pratica + de um 
crime; 
Concurso material (Art.69 CP): quando o sujeito pratica + de um crime mediante condutas 
distintas (ex: atira em algum colega na sala de aula, depois ao descer as escadas estupra uma aluna, 
e na lanchonete assalta a caixa registradora). 
 
Concurso aparente de normas 
 quando o concurso não é verdadeiro, não é real. Para resolvermos esse problema, 
temos alguns princípios: 
� Princípio da Especialidade 
� Princípio da Subsidiariedade 
� Princípio da Consunção 
� Princípio da Alternatividade 
 
O único princípio previsto na Parte Geral do CP é o da Especialidade (Art.12 CP). 
 
Art. 12 CP � Legislação Especial 
Toda vez que tiver conflito entre uma lei especial e uma geral, aplica-se a lei especial. 
A norma especial (N.E) tem todos os elementos trazidos pela geral (N.G) + alguns outros que as 
tornam especiais. A aplicação da N.E afasta a N.G 
Ex: Art. 121 CP � matar alguém � Norma Geral (homicídio) 
 Art. 123 CP � matar alguém (*) � Norma Especial (infanticídio) 
(*) mas com uma condição/situação especial: matar o próprio filho sob estado puerperal. 
Essa variedade deprincípios decorre, 
sobretudo, da vaidade 
dos operadores do 
Direito 
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 15
Princípio da Subsidiariedade Expressa (quando consta na própria norma que ela é subsidiária. Ex: 
Art.132 CP) 
 Tácita 
 
Há um conflito entre norma subsidiária e norma primária 
 Contém todos elementos da norma subsidiária e pune 
de maneira + gravosa / com + rigor. 
 Ex: Art.132 CP � expor alguém a perigo iminente � se atirar uma flecha em alguém com a intenção 
de acertar o boné dela, respondo pelo Art. 132 do CP (norma subsidiária expressa, pois no próprio 
corpo da lei, na parte final, diz que esse artigo será aplicado desde que o fato não constitua crime mais 
grave). No caso desse exemplo, se além de acertar o boné, acertar a cabeça da pessoa e por 
conseqüência chegar a matá-la, o agente responderá pelo Art. 121. Esse é o crime mais grave. Dessa 
forma, vemos a norma principal afastando a subsidiária. 
 
 (*) A norma subsidiária define pena menos grave. 
 
 Crime complexo (Art. 101 CP) � se resolve com o Princípio da Subsidiariedade 
 
Art. 146 (constrangimento ilegal) e Art. 155 são normas subsidiárias tácitas em relação ao Art. 157. 
 normas menos graves norma + grave / principal 
 
Ao confrontarmos o Art. 146 (constrangimento ilegal mediante violência ou grave ameaça) com o Art. 
147 (ameaça): o 146 é norma primária e o 147 subsidiária (pois define fato menos grave). A ameaça 
está inserida no Art. 146. 
É um caso de subsidiariedade tácita, pois o Art. 147 não faz referência que em caso de crime + grave 
se aplica outra norma (vide Art. 132). 
Os Art. 146 e 155 também não trazem expressamente a subsidiariedade da norma 
 
Princípio da Consunção � estabelece uma relação de crime meio e crime fim. 
 O crime meio será consumido pelo crime fim, quando ele for fase normal ou obrigatória de 
preparação ou execução do crime fim. 
Ex: não há maneira de matar alguém sem produzir lesão corporal, no sentido da Legislação Penal 
(Art.129 CP � lesão corporal: ofender a integridade ou a saúde de outrem. [Saúde, no caso, engloba a 
saúde psíquica]). 
Sem atingir a saúde da pessoa, a pessoa não morre. Por isso, o crime fim depende do crime meio. 
Consumirá o crime meio. 
Crime Fim � homicídio e Crime Meio � Lesões Corporais 
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 16
Outro exemplo: Crime de invasão a domicílio é consumido pelo crime de furto. A pessoa é indiciada 
por crime fim (furto) e não pelo crime meio (invasão de domicílio). 
 
Expansão do Princípio da Consunção � Antefatos e Pós-fatos impuníveis 
 
Antefatos Impuníveis � Ex: cidadão, já casado, quer se casar com outra mulher (sem ter que se 
separar). Para isso, falsifica a certidão de nascimento (Art. 297 e 299 CP) para praticar o crime de 
bigamia (Art. 235 CP). 
Art. 235 � é o crime fim. Não posso casar sem falsificar a certidão de nascimento. 
Art. 297 e 299 � são antefatos impuníveis pelo princípio da consunção. Toda vez que tenho um 
crime fim que não pode ser realizado / praticado sem a realização de alguns crimes meios, estes são 
consumidos pelo crime fim. 
 
 Contudo, existem alguns crimes meios que são puníveis com + rigor que o crime fim. Ex: bandido 
quer praticar um roubo a Banco. Para isso, seqüestra o gerente do Banco, o mata e pega a sua 
identidade de acesso ao cofre. (Art. 121, §2º, V). 
Crime Fim � roubo e Crime Meio � homicídio 
 mais grave 
Não posso casar sem falsificar, mas posso roubar sem ter que matar 
 
Pós-fatos Impuníveis � quando for mero exaurimento do crime anterior. (não confundir � consunção 
# exaurimento) 
Ex: colocar em circulação um dinheiro que eu mesmo falsifiquei � é um aproveitamento da prática de 
falsificação. Respondo apenas pela falsificação e não por colocar em circulação. 
 Indivíduo rouba um televisor (Art. 155) e depois o vende para terceiro (Art. 171, §2º, I). O referido Art. 
171, é um exaurimento / um aproveitamento pela realização do furto. É um pós-fato impunível. 
 
 
Isso é um conflito aparente de normas que a doutrina traz / trata com a possibilidade de 
expansão do princípio da consunção. Na prática, o promotor pode e vai enquadrar o sujeito pelos 
2 artigos o crime praticado. 
 
 
Princípio da Alternatividade � é quando respondo por um só crime (por um só dos verbos). 
Ex: Lei n.11.343 de 2006, Art. 33 � traz diversas condutas / verbos que são punidos pelo mesmo tipo 
penal. Não aplico pena para cada conduta individualmente caso o sujeito incorra em mais de uma. 
O Art. 289, §1º também serve de exemplo ao trazer várias condutas puníveis pelo mesmo crime. 
 
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TEORIA DO CRIME 
 
Crime = Delito (no Brasil, são sinônimos) 
 
Crime / Delito X Contravenção Penal (infração penal menos grave) 
 Essencialmente não há diferença. Diferem-se na gravidade da infração 
 
Infração Penal Crime 
(gênero) Contravenção Penal 
 
 
Cominação x Aplicação x Execução da pena 
Cominação � ameaça dirigida a toda coletividade (encontrada nos tipos penais � abstratos; ex: se 
matar alguém pena de 06 a 20 anos; ameaça; não determina especificamente a pena); 
Aplicação � quando o juiz, em sentença penal condenatória, determina a pena a ser aplicada 
Execução � quando a sentença penal condenatória transitar em julgado. 
 
Art.1º, Decreto Lei 3.914, de 1941 � traz a caracterização do que é crime de acordo com a infração 
penal. 
Quando o preceito secundário do tipo penal (ou seja, a sanção) contiver Reclusão ou 
Detenção, sabemos que se trata de Crime. 
Ex: Reclusão de 01 a 04 anos e multa � trata-se de crime, com penas cominadas 
cumulativamente (E). 
Reclusão de 01 a 04 anos ou multa � trata-se de crime, com penas cominadas 
alternativamente (OU). 
Reclusão de 01 a 04 anos � trata-se de crime, com pena cominada isoladamente. 
 
Quando o preceito secundário do tipo penal (ou seja, a sanção) contiver Multa, ou seja, a 
cominação apenas de multa, trata-se de uma contravenção penal cominada isoladamente. 
IMP: aqui há de se prestar atenção para não confundir cominação de multa, com aplicação de multa. 
A aplicação de multa não quer dizer que se trata de contravenção, uma vez que, no caso de detenção 
/ reclusão com pena cominada alternativamente com multa, o juiz pode optar pela pena de multa e se 
trata de um crime (detenção / reclusão = crime) 
 
Quando o preceito secundário do tipo penal (ou seja, a sanção) contiver Prisão Simples, 
sabemos que se trata de Contravenção Penal. Sendo que a pena pode ser cominada 
cumulativamente, alternativamente ou isoladamente com a Multa, a exemplo do que já foi 
exemplificado para a Reclusão / Detenção (Crime). 
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 18
 
 
 
 
Conceito Formal � é o que o termo crime designa. O significado do termo: “crime é toda ação ou 
omissão, proibida por lei, sob ameaça da característica sanção penal”. 
 
Conceito Material � é o que é, essencialmente. Ou seja, crime é um desvalor da vida social. 
Essencialmente, crime é uma ofensa ao bem juridicamente tutelado. 
 
(*) Nota-se que: proibida por lei e juridicamente (em destaque acima) mostram se tratar de um critério 
do Legislador. 
 
 O não pagamento de uma dívida, não é crime. É um ilícito civil. Ex: pego um empréstimo 
no banco, de R$1 milhão para investir na empresa, vem a crise e não consigo honrar com 
meus compromissos de pagamento desse empréstimo. Diferentemente de passar cheque sem 
fundos, pois leva em conta a intenção / a conduta de se realizar a infração. 
 
 
Crime Material � é quando o tipo penal exige o resultado do crime. A maior parte do nosso código é 
constituída por crimes materiais. 
Art.14 – Crime Consumado � Art.121 –Matar alguém � para consumar o crime, tem que matar a 
pessoa. 
 
Crime Formal � o Legislador descreve a conduta, mencionando / indicando o resultado, mas não 
exige o resultado para aplicação da pena. 
Art.159 – Extorsão mediante sequestro � tem que ter finalidade / intenção de sequestrar para obter 
vantagem (resultado do sequestro). O legislador não exige a obtenção da vantagem para a 
consumação do crime, de forma que só a intenção já basta. Se consuma com a conduta. Se, 
sequestrou, mas não foi pago o resgate, o sequestrador responde pelo crime consumado. 
Art.171, §2º, V – Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro � sujeito corta a mão 
para obter valor de seguro. Não chega a obter o valor do seguro, pois o golpe é descoberto e o sujeito 
é preso. Esse sujeito vai responder pelo crime consumado, de lesar o próprio corpo com o intuito de 
obter vantagem, mesmo que não tenha obtido essa vantagem. 
 
Crime de Mera Conduta � também é um crime de consumação antecipada, ou seja, também se 
consuma com a conduta. 
Conceito Formal 
Conceito Material 
Conceito Analítico 
de crime X 
Crime Formal 
Crime Material 
Crime Mera Conduta 
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 19
 Crime de Mera Conduta x Crime formal � Alguns autores não o distinguem do crime formal. No 
entanto, o que o distingue do crime formal é o fato do legislador não fazer referência a qualquer 
resultado, como ocorre no crime formal. O legislador apenas descreve a conduta, ex. Art. 150 do CP – 
Invasão de domicílio. 
 
Conceito Analítico de Crime 
 
Evolução Histórica do conceito de crime: 
 
Carmignani Força Física – Elemento Objetivo – CONDUTA 
 Força Moral – Elemento Subjetivo – CULPABILIDADE 
 
 A conduta há de ser voluntária. Quando o sujeito tem controle do seu movimento. Ex: pessoa 
é levada, à força, a puxar o gatilho, contra a sua vontade. Não há conduta para efeito penal nesse 
caso. 
 Conduta típica (Art. 121 CP) é a que encontramos nos tipos penais. Nota-se que ela pode 
não ser antijurídica, ex: legítima defesa (Art.23 CP) � exclusão de ilicitude � não há crime. 
(Conduta típica nem sempre é crime). 
 
Para que se tenha crime, exige-se que a conduta seja típica, antijurídica e culpável. 
 
Pressupostos da Culpabilidade: 
a) Culpa em sentido estrito � Art.18, II do CP � conduta culposa; 
b) Imputabilidade � é um pressuposto da culpabilidade. Art.26 do CP define o agente 
inimputável. Tudo que não for classificado como inimputável, é imputável. “Consiste na capacidade 
absoluta de entender a ilicitude do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, ao 
tempo da ação ou omissão”. (típica e antijurídica). São causas de inimputabilidade: doença mental, 
ser menor de 18 anos, embriaguez (Art. 28, II, §1º). 
c) Dolo � é o querer, é a vontade, com potencial consciência da ilicitude. Chamado: Dolo 
Normativo. Ex: mulher, do Cazaquistão vem passear no Brasil, descobre que está grávida e pergunta 
a um funcionário do hotel onde está hospedada se é crime praticar o aborto no Brasil, uma vez que 
no país dela, não é. O funcionário lhe diz que com dinheiro, aqui tudo é permitido. Com isso, ela 
realiza o aborto. Ela teve a vontade, teve o querer, mas, de acordo com essa classificação de 
culpabilidade, não constitui em Dolo a sua conduta, pois não tinha conhecimento da ilicitude do ato 
praticado. 
d) Exigibilidade de conduta conforme o Direito � toda vez que não for exigível a conduta, 
conforme o direito, não há culpabilidade. Ex: pessoa coagida não responde pelo crime – é o caso do 
sujeito que tem uma arma na cabeça e é coagido a atirar em outra pessoa. 
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 20
 Mais tarde, um alemão, WELZEL, redefine o conceito de culpabilidade: na parte do Dolo, ele 
tirou o “querer” da culpabilidade (classificando esse “querer” como Dolo Natural); e sacou dos 
pressupostos a culpa em sentido estrito. 
 
 Para ele, a culpabilidade ficou assim: Imputabilidade 
 Potencial consciência da Ilicitude 
 Exigibilidade da conduta conforme o Direito 
 
 Para Welzel, o dolo que estava na culpabilidade é transferido para a conduta. Para ele, toda 
a conduta já é dolosa ou culposa. 
 Mais tarde, dolo e culpa se enquadram em Fato Típico. 
 A conduta há de ser dolosa ou culposa. Não basta apenas querer. 
 A conduta dolosa tem que ser classificada de acordo com tipo doloso, enquanto que a 
culposa de acordo com tipo culposo. A conduta dolosa não se enquadra no tipo culposo, e vice-
versa. 
 Art. 18, I, CP � Dolo Natural – crime doloso. Os tipos penais punem, em regra, crime doloso, 
pois não há menção à culpa. 
 Art. 18, II, CP � crime culposo. Art. 121, §3º do CP � quando mato alguém, sem querer. 
Menciona o tipo culposo do homicídio. 
 
**A teoria do crime começa no CP no Art. 13** 
 
Art. 13, CP � no caput desse artigo, adotamos a Teoria da Equivalência dos Antecedentes 
Causais, também conhecida como “Conditio sine qua non”. 
Análise do caput desse artigo: 
 - descrição de crime material 
 - exigência de um resultado Materialístico 
 Jurídico 
Todo crime produz resultado jurídico, mas nem todos produzem resultado materialístico (ou seja, 
aquele que produz alguma mudança no mundo). Ex: crime de injúria. 
Todo crime que produz resultado material, produz resultado jurídico. 
 
 - causa é toda ação que contribuiu para o resultado. Ex: sujeito atira e mata outra pessoa � 
Nexo Causal � ação (tiro) produz o resultado (morte). 
- O sujeito que vende a arma para quem atirou: há uma relação de Nexo Causal com o resultado. 
- A empresa/sujeito que fabricou a arma: há uma relação de Nexo Causal com o resultado. 
- Quem coletou o minério de ferro para a empresa fabricar a arma: há uma relação de Nexo Causal 
com o resultado 
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 21
Método / processo hipotético de eliminação � consiste em identificar os antecedentes causais. 
Para isso, elimina-se a ação para ver se o resultado permanece ou não. Ex: não ter comprado a arma: 
não daria o tiro e não mataria. Portanto, a venda da arma, para esse crime, é antecedente causal. 
 
Pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais: todos antecedentes se equivalem (assim, a 
venda da arma se equivale ao ato de atirar) � essa é a teoria pura. Mas, o que ocorre na realidade é 
um abrandamento dessa teoria. 
 
Para que se tenha crime, precisa de uma conduta (ou seja, de uma vontade). Conduta que pode ser 
dolosa ou culposa (Art. 18, I e II CP). 
Quando não se faz menção alguma do tipo de culpa, pune-se a conduta dolosa (Art.18, P.único). Ex: 
Art. 163 CP (destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia): se, sem querer, apóio a mão no vidro da 
janela da sala de aula e o vidro se quebra, não serei punido com base nesse artigo, pois não tive a 
intenção (conduta dolosa) e nem agi com negligência ou imprudência (conduta culposa). 
 Conduta culposa é aquela em que há imprudência, 
negligência � o sujeito responde por crime culposo quando o mesmo poderia ser evitado, caso não 
fosse imprudente, negligente. Ex: atropelamento de trânsito. 
 supondo que o atropelamento tenha sido provocado por 
uma falha mecânica do veículo, ou seja, acionei o freio, mas ao invés de frear o veículo acelerou. 
Logo, o sujeito não teve como evitar o acidente � nesse caso, o sujeito não atuou com dolo, nem 
culpa. 
 
O dolo ou culpa, garantem limitação ao antecedente causal, com isso limitam a aplicação do caput 
do Art.13 do CP 
 
O §1º do Art.13, também atua como limitante do caput do Art.13 do CP. Ex: Tício dá um tiro em Paulo, 
mira na cabeça (portanto tinha intenção de matar), mas acaba acertando-o no pé, não sendo o 
suficiente, portanto, para levá-lo à morte. Paulo, ao ser socorrido é colocado em uma ambulância. A 
caminho do hospital essaambulância bate de frente com um caminhão, resultando na morte de Paulo 
� Neste caso, Tício não responde pelo resultado (morte de Paulo) � Há uma superveniência de 
causa relativamente independente 
 Relativa, pois o sujeito (Paulo) só morreu 
porque estava na ambulância em razão do tiro que levou de Tício. 
Usando o método hipotético de eliminação: sem o tiro no pé, Paulo não tinha morrido, pois não 
estaria na ambulância no momento da batida. Portanto, há um nexo causal entre o tiro e a morte em 
função da batida. Contudo, o §1º do Art.13 limita a aplicação do caput do mesmo artigo ao estabelecer 
situações de relativa independência. � O resultado (morte) não será atribuído ao Tício, em função da 
limitação à Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais, estabelecida pelo §1º do Art.13. 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
 22
Tício só responderá pelos atos anteriores ao resultado: tentativa de homicídio. Se víssemos apenas 
o caput do Art.13 do CP, ele responderia pela morte. 
 
Outro exemplo: sujeito leva um tiro e é levado ao hospital. É operado e depois, durante a recuperação, 
o hospital pega fogo e o mesmo morre, queimado. � quem atirou não responde pelo resultado morte, 
mas sim pela tentativa de homicídio. A superveniência de causa relativamente independente rompe o 
Nexo Causal. 
 
Outra situação: quando o tratamento do ferimento levar à morte, como por exemplo, no caso de 
infecção hospitalar (sujeito leva um tiro, é operado, mas durante a recuperação sofre uma infecção 
generalizada em função da ferida provocada pelo disparo) � a doutrina trabalha com o 
Desdobramento do Curso Causal � nesse caso, não se aplica o §1º do Art.13, de forma que o 
agente (autor do disparo) responde por homicídio doloso consumado. 
 
Por si só: vítima leva um tiro no pé. Perde o equilíbrio e é atropelada por um automóvel. Com a soma 
de todos os ferimentos, acaba morrendo. � o resultado é atribuído ao agente, autor do disparo. (não 
se aplica o §1º do Art.13) 
 
Outro exemplo: cozinheiro, ao saber que um inimigo mortal seu está em seu restaurante, aguardando 
sua refeição, coloca veneno na comida (realiza, portanto, uma conduta para matar – dolosa). O cliente 
ingere a comida. Neste mesmo momento, uma viga de concreto cai bem na sua cabeça, provocando a 
morte imediata da vítima � O cozinheiro não responde pela morte. Contudo, a base legal não é o §1º 
do Art.13, uma vez que a queda da viga é absolutamente independente. Não há qualquer relação de 
causalidade, entre o envenenamento da comida e queda da viga. 
 Base legal a ser aplicada neste caso: ter colocado veneno na comida não é antecedente 
causal do resultado morte. É pelo não enquadramento do caput do Art.13 do CP � Método Hipotético 
de Eliminação � ou seja, se não tivesse colocado veneno, o sujeito morreria de qualquer jeito. 
 
 
 CONDUTA TIPO CRIME 
1- COMISSIVA COMISSIVO COMISSIVO 
2- OMISSIVA OMISSIVO OMISSIVO PURO 
3- OMISSIVA COMISSIVO OMISSIVO IMPRÓPRIO / Impuro / 
 Promíscuo / Comissivo por Omissão 
4- COMISSIVA OMISSIVO COMISSIVO IMPRÓPRIO / Impuro 
 
1- Conduta Comissiva é aquela conduta Positiva, onde há uma Ação. 
Terminologia 
utilizada em 
concursos 
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 23
Tipo Comissivo traz uma descrição de Fazer (ex: Art. 121 CP – Matar Alguém). A maior parte dos 
tipos da parte especial é composta por tipos comissivos. 
 
2- Conduta Omissiva é a conduta Negativa, onde há uma Omissão. 
Tipo Omissivo traz uma descrição de Não Fazer (ex. Art. 135 CP – Deixar de prestar auxílio). 
Ex. de conduta omissiva: ver que alguém está se afogando e não fazer nada. Deixar a pessoa se 
afogar mesmo podendo fazer algo. 
 
3- Existe a possibilidade de matar alguém por meio de uma conduta omissiva? 
� §2º do Art.13 traz as situações em que isso ocorre nas alíneas a, b e c. 
Para responder por um tipo comissivo, praticando uma conduta omissiva, necessita de uma Norma de 
Ligação 
§2º do Art.13, a � Ex: se um bombeiro passa na rua e vê alguém acidentado, sangrando, 
necessitando de ajuda. Se ele não prestar socorro e a pessoa morrer, responderá por homicídio, uma 
vez que ele tem obrigação por lei, de socorrer. (caracteriza-se numa conduta omissiva normativa) 
 Se, em vez de bombeiro, for um cidadão comum que apresentar uma conduta omissiva, 
caracteriza-se um crime omissivo puro. 
 
§2º do Art.13, b � “assumir a obrigação onerosamente ou gratuitamente”. Ex. de Maneira Onerosa: 
uma enfermeira contratada para cuidar de um paciente na residência do mesmo. Distrai-se e esquece-
se de dar o remédio. O paciente morre. A enfermeira, nessa situação, omitiu o cuidado, logo 
responderá pelo evento morte (responde pelo Art. 121 CP). 
Ex. de Maneira Gratuita: sujeito está na praia. Uma mulher com uma criança pequena pede para que 
ele dê uma olhada na criança enquanto ela vai ao banheiro. Por um descuido essa criança corre em 
direção ao mar, se afoga e morre. O sujeito assumiu a obrigação de cuidar da criança gratuitamente, 
no momento em que concordou em olhar a criança. Dessa forma, responderá pelo evento morte (Art. 
121, §3º CP) � Conduta Omissiva e Tipo Comissivo. 
 
§2º do Art.13, c � ”quando um comportamento anterior criar risco da ocorrência de um resultado”. Ex: 
sujeito estimula o outro a entrar no mar agitado, falando que se ele não o fizesse iria virar alvo de 
chacota por parte da turma. O “outro” morre afogado. Nesse caso, o sujeito responderá pelo evento 
morte. Conduta Omissiva e Tipo Comissivo. 
 
A Ação é causa física do resultado. 
X 
A Omissão é normativa do resultado � somente posso responder por um tipo comissivo tendo 
realizado um comportamento omissivo se me enquadrar em alguma das situações trazidas pelas 
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 24
alíneas a, b ou c, do §2º do Art.13 (o que contraria o caput do Art.13*, pois se a omissão fosse causa 
do resultado não precisaria das alíneas do §2º) 
(*) caput do Art.13 � “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. 
 
A maior parte da doutrina entende que a omissão não é causal, não é naturalística (não provoca 
mudança no mundo exterior). Entende que a omissão é normativa. Portanto, se tiver andando à beira 
de um lago, junto com um amigo e tiver uma criança se afogando e não fazer nada para ajudar, 
respondo por omissão de socorro (conduta omissiva – Art.135 CP). Se, o meu amigo, for, por acaso o 
pai da criança afogada, responderá pelo tipo comissivo – Matar Alguém, Art. 121 CP. 
 
4- Conduta Comissiva e Tipo Omissivo � é uma incorporação que vem da doutrina italiana. 
Ex: pessoa sofre uma parada cardíaca, durante o expediente, no meio da repartição onde trabalha. 
Seus colegas vão de imediato ao seu socorro, no entanto são impedidos por ordens do chefe. Se a 
mulher morre, o chefe responde por crime comissivo impróprio / impuro, mediante uma conduta 
comissiva (ação de proibir o socorro) e tipo omissivo (não socorrer). 
 
Antes de mais nada, para saber o que é crime, temos que saber o que é dolo e o que é culpa, por isso 
vamos dar um salto na sequência dos artigos do Código Penal, para o Art.18 do CP. 
 
Art.18 do CP 
 
 DOLO CULPA (em sentido estrito – Art.18, II, CP) 
1- requisito exigido por ambos: PREVISIBILIDADE 
2- PREVISTO 
 
1- PREVISIBILIDADE � O fato tem que ser previsível. Previsível não é o resultado possível. É 
previsível todo resultado que se pode prever mesmo atuando com todo cuidado. Ex: pego o meu carro 
e vou “costurando” na estrada, a toda velocidade. O evento (acidente) é previsível. Pois, se não 
tivesse correndo, o resultado seria evitado ou pelo menos as possibilidadesseriam muito reduzidas. 
Outro exemplo: Carro zero Km. Falha o freio e atropelo e mato uma pessoa. Neste caso, o resultado 
não era previsível, portanto não há dolo nem culpa. 
 
2- O Dolo é + exigível que a Culpa. Não há dolo sem que o agente tenha PREVISTO o resultado. 
 
 Teoria da Representação � basta que o agente tenha previsto o resultado para agir 
dolosamente. Há dolo desde que o agente tenha antevisto o resultado causado. É a teoria defendida 
pelas emissoras de TV. No entanto, no Brasil não adotamos essa teoria em nosso ordenamento. 
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 Teoria da Vontade � não basta prever, mas tem que querer. Neste caso, temos o chamado 
Dolo Direto. (Vide Art. 18, I, CP) 
 Teoria do Assentimento � além do Dolo Direto (ou seja, do querer) é composto pelo Dolo 
Eventual, ou seja, quando o agente assume o risco de produzir o resultado. É a teoria que adotamos 
no Brasil. 
 
Desmistificando a Morte por Acidente de Trânsito, classificada como conduta dolosa pelas emissoras 
de TV aqui do Brasil � não há previsão do resultado, portanto não há dolo � o homicídio é culposo, 
ocorrendo por negligência, imprudência do motorista. 
Quando o motorista está bêbado � comete o dolo de dirigir alcoolizado, mas não há dolo de matar 
num eventual acidente. 
Para ter dolo, o resultado precisa ser previsto, querido ou assumido o risco (Teoria do 
Assentimento) 
Homicídio doloso na direção só ocorre em uma situação: quando o sujeito atropela intencionalmente 
ou acelera para bater propositalmente. Mas, para isso é preciso de perícia, provas. 
 
 
 Alternativo (quando o agente realiza uma conduta e tanto faz o resultado. 
Dolo Indireto Ex: dá um tiro e tanto faz ferir ou matar) 
 Eventual (quando o agente assume o risco de produzir o resultado. 
 
DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE 
 Para ser Dolo não basta que o agente tenha previsto o resultado, embora 
seja uma característica presente no Dolo. O Dolo Eventual ocorre quando além de prever, o agente 
admite o resultado. (Ex: se morrer morreu. Tanto faz para o agente o risco de matar) 
 É uma modalidade 
excepcional de culpa. Não é a regra (a regra é que o agente não prevê o que era previsível). Se o 
agente sinceramente acreditar que o resultado não vai acontecer (em razões de suas habilidades 
pessoais) de maneira alguma mesmo o tendo previsto, trata-se de culpa consciente. Ex: sujeito 
caçando dá um tiro para acertar o animal. Antes de dar o tiro ele vê que tem uma pessoa atrás do 
animal, mas como acredita em suas habilidades de nunca ter errado um tiro antes, atira. Contudo 
acaba acertando a cabeça da pessoa � Culpa Consciente. 
 
Todo crime culposo é obrigatoriamente crime material. Exige-se o resultado. Tem que dar causa ao 
resultado (Art.18, II, CP). Conduta sem querer e vítima fica gravemente ferida: Lesão Corporal 
Culposa. 
Modalidades de Culpa: 
 A imprudência é modalidade de culpa e não de dolo; se dá por uma ação descuidada. 
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 A negligência se dá por uma omissão descuidada. Ex: mecânico descuidado esquece-se de 
verificar os freios do veículo. 
 A imperícia se dá quando a agente não tem habilidade técnica para realizar a conduta. Ex: 
médico fazendo uma cirurgia e erra; motorista de ônibus não consegue fazer uma manobra e provoca 
atropelamento. 
 
P.único Art.18 CP � para punir crime culposo tem que estar especificado no código. Ex: §3º 
Art.121 CP. 
 
Crime Preterdoloso � preter = além � crime que vai além do dolo. Tem-se, portanto, um misto de 
Dolo e Culpa. � Dolo no Antecedente e Culpa no Consequente. 
É quando o agente realiza uma conduta dolosa, mas o resultado provocado vai além do que ele queria 
embora as tenha previsto. 
É quando o agente não queria nem assumiu o resultado. 
Ex: sujeito quer quebrar todos os dentes do outro. Dá um murro na boca do outro. Esse outro cai e 
bate a cabeça na guia da calçada e morre. O agente teve o dolo de lesionar, mas causou a morte. 
Possui culpa em relação ao evento morte. Responderá por Lesão Corporal Seguida de Morte – Art. 
129, §3º CP. Nesse dispositivo, o legislador fez uma composição entre uma conduta dolosa e o 
resultado culposo. 
O agente não quis, nem assumiu o risco de produzir o resultado, queria apenas quebrar os dentes do 
outro, lesionar o outro. É um caso de Crime Preterdoloso. 
 
Ex: Mulher grávida do 6º filho. Marido sempre batia nela quando ela não concordava com ele. Em uma 
dessas discordâncias, dá um soco nela. Acabam perdendo a criança. 
Agente: dolo em lesionar e culpa em produzir o aborto. Responde pelo Art. 129, §2º, V do CP - Crime 
Preterdoloso. 
 
Crime qualificado pelo resultado � se o agente tiver a intenção de agredir a mulher para produzir o 
abortamento, uma vez que sabe que o filho não é seu, vai responder pelos Art. 129 (lesionar a mulher) 
e Art. 125 do CP (dolo de produzir o aborto). Uma vez que tem um tipo penal específico no código no 
caso de produzir aborto quando praticado dolosamente. Trata-se de um Concurso Formal Imperfeito. 
 
No caso de jogar ácido na mulher com dolo de provocar deformidade, vai responder pelo Art. 129, §1º, 
III do CP. Tanto faz se for por dolo ou culpa, pois não tem um tipo penal que defina deformidade 
permanente a título de culpa (em sentido estrito) como existe para o caso do aborto (no Art.125). 
 
Ex: Cidadão põe a mão no fogo pela mulher. Fez vasectomia. Num belo dia sua mulher enche o saco 
dele, levando-o a lhe dar um soco. No hospital, descobre que ela estava grávida e em função do soco 
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havia perdido o bebê. Trata-se de um resultado não previsto, pois não sabia que ela estava grávida. 
Não contava com isso, pois tinha feito vasectomia e confiava na fidelidade dela. 
De acordo com o Art.19 do CP não há agravamento pelo resultado, pois não houve dolo nem culpa 
em produzir o aborto uma vez que não sabia da gravidez. Neste exemplo, o sujeito responderá apenas 
pelo caput do Art.129, respondendo pela lesão corporal provocada na mulher e não pelo evento 
aborto. Mas, se a mulher ficar afastada de suas atividades por mais de 30 dias, responderá pelo Art. 
129, §1º, I do CP. 
 
 
ERRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIPO � Art.121 CP: Matar Alguém. Matar é elemento do tipo. 
O tipo é composto por: 
• Elementos Objetivos: descritivos. Ex: meios de execução, lugar de execução, etc. 
• Elementos Normativos: exigem uma valoração jurídica. 
• Elementos Subjetivos: o elemento subjetivo + comum é o dolo (vontade livre e consciente 
de realizar a conduta descrita no tipo) 
Elemento subjetivo do tipo: dolo, vontade, querer 
(*)Todos os elementos do tipo são elementos constitutivos 
 
Art.20 CP � erro quanto ao elemento constitutivo do tipo exclui o dolo. 
 
Erro de Tipo Essencial Inevitável: ocorrem em eventos imprevisíveis, onde não é possível afastar o 
erro. Logo, não há dolo nem culpa. De tal maneira que o agente não responde por nada. 
ERRO
de TIPO
de PROIBIÇÃO
ERRO de TIPO
Essencial
Acidental
Inevitável (Invencível / Escusável)
Evitável (Vencível / Inescusável)
Objeto
Pessoa
Na execução
Resultado diverso do pretendido
qualidade
quantidade
Pode ser 
quanto:
mas o que 
é TIPO? 
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Ex: Autorizada a matança de lobos para restaurar um desequilíbrio na cadeia alimentar de uma região. 
Tem um infeliz fantasiado de lobo no meio de um monte de lobos. Se o caçador matar o sujeito 
fantasiado pensando que ele fosse um lobo, não caracteriza dolo. 
Ex: Enfermeira aplica um remédio num paciente. Devido a uma possível falha na fabricação do 
remédio, o paciente morre. Não há dolo. 
 
Erro de TipoEssencial Evitável 
Ex: Enfermeira, por descuido, pega o remédio, mecanicamente, do lugar onde sempre esteve e 
deveria estar. No entanto, a faxineira quando limpou a prateleira dos remédios os trocou de ordem na 
hora de guardá-los. A enfermeira aplica o remédio errado no paciente, que acaba vindo a morrer. Não 
há dolo, contudo, se tivesse tido cuidado e conferido o remédio antes de aplicá-lo, poderia ter evitado o 
erro. Logo, é inescusável, ou seja, não tem desculpa. Responde pelo Art. 121, §3º do CP (homicídio 
culposo). Houve negligência, trata-se de uma conduta culposa. 
 
Ex: Professor pega o código de um aluno para explicar determinado assunto. Ao final da aula se 
esquece e acaba colocando o código em sua maleta pensando que era seu. Não há dolo. Trata-se de 
um erro essencial evitável. No entanto, não responde por crime culposo, pois em nosso ordenamento 
não existe furto culposo. Art. 155 � não contém culposo no tipo (como ocorre no Art. 121, §3º do CP). 
De acordo com o Art. 20 do CP só se responde por crime culposo se tiver expresso em lei. Tem que 
ser tipificada a conduta culposa. 
 
Erro de Tipo Acidental quanto ao Objeto: pode ser tanto quanto à qualidade como à quantidade da 
coisa subtraída. Ex: sujeito rouba uma bolsa contendo o que acreditava ser ouro. No entanto, tinha 
uísque. Tanto o ouro como a bebida são coisas alheias móveis. Há, portanto, um erro quanto ao tipo 
da coisa subtraída / furtada. 
o erro acidental quanto ao objeto NÃO exclui o dolo 
 
Erro de Tipo Acidental quanto à Pessoa: aplicação do Art. 20, §3º do CP. 
Ex: Filho quer matar o pai, para ficar com a herança. Prepara uma emboscada. Sabendo que o pai 
passa todo dia numa rua sempre no mesmo horário, espera o pai e no momento que a pessoa que 
acreditava ser seu pai dobra a esquina dá um tiro e a mata, no entanto não era seu pai, mas sim um 
desconhecido. Confunde a vítima. No erro de tipo acidental quanto à pessoa tem-se que levar em 
consideração as qualidades da vítima pretendida. O filho responderá como se matado o pai (que 
continua vivo). Responde por homicídio doloso, com agravante por ser ascendente, e por motivo torpe. 
 
No erro quanto à pessoa há um erro de representação. Ex: irmãos gêmeos. Penso que é um, mas na 
verdade é outro. 
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Ex: Pai atira na nuca de uma pessoa, a uma distância significante, que estava pulando o muro de sua 
casa, pensando ser o estuprador de sua filha. No entanto, era seu filho que estava perseguindo o 
estuprador de sua filha que havia pulado o muro um pouco antes. O pai matou o filho por engano. 
Queria, na verdade, matar o estuprador de sua filha. Neste caso, responderá por homicídio doloso 
privilegiado como se tivesse matado o estuprador. No entanto tem diminuição da pena aplicada, pois 
estava sob o domínio de violenta emoção (Art. 121, §1º do CP). 
 
Erro de Tipo Acidental na Execução: aplicação do Art. 73 CP. 
Ex: Aponto a arma para uma pessoa, dou um tiro. Erro a pessoa pretendida e acerto outra que está ao 
lado. Caso não existisse o Art. 73 responderia por tentativa de homicídio a uma pessoa (vítima 
pretendida) e homicídio culposo com relação à outra. O Art. 73 CP aduz que respondo por homicídio 
como se tivesse atingido a vítima pretendida, no caso de erro na execução. Respondo por um só 
crime. 
Obs: a diferença com relação ao erro quanto à pessoa ocorre pelo fato da pessoa estar presente no 
momento do fato, da conduta. 
 
Ex: Se, no mesmo exemplo acima, o projétil acertar as 2 pessoas, o Art. 73 CP em sua parte final, 
manda aplicar o Art. 70 do CP – Concurso Formal. O agente vai responder pelos 2 crimes, nos termos 
do Art. 70 do CP. 
 
Art. 74 CP – Resultado Adverso do Pretendido � também é modalidade de erro acidental na 
execução. 
Ex: Quero praticar um crime. Erro e acabo praticando outro crime. Sujeito quer quebrar a vidraça da 
escola. Joga uma pedra. Erra e acerta a cabeça de uma pessoa que estava passando pela rua. Há 
uma tentativa de dano (Art. 163 CP), mas acabou praticando uma lesão corporal culposa (Art. 129, §2º 
CP). 
O Art.74 CP afasta a concurso formal, de maneira que o sujeito responderá apenas pelo Art. 129, §2º 
O Art. 74 CP diz: 
 Se ocorrer, também, o resultado pretendido (jogo a pedra, acerta na cabeça da pessoa e em 
seguida na vidraça, quebrando-a), aí sim aplica o Art.70 CP: concurso formal do crime de dano 
consumado (quebrei a vidraça) e lesão corporal culposa. 
� Só responderá pelos 2 crimes se ocorrerem os 2 resultados. 
� Se houver apenas o resultado pretendido (quebra da vidraça e não acertar a pessoa na rua), não 
haverá erro. 
� Se houver resultado diferente do pretendido, responde culposamente pelo crime, desde que seja 
previsto em lei. 
 
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Art. 20, §2º CP – Erro Determinado por Terceiro � Ex: 3 amigos. Tício, sabendo que José havia 
dormido com sua esposa, decide manipular o Caio para dar um susto em José. Entrega uma arma a 
Caio (carregada) e diz que estava descarregada e pede para que ele desse um “susto” em José. Na 
hora de dar o susto, pensando que arma estivesse descarregada, Caio atira e acaba matando José. 
 Tício, quem provoca o erro, responderá pelo Crime. 
 Caio comete um erro de tipo essencial. Poderia evitar, ao conferir se a arma estava mesmo 
descarregada. Não teve dolo de matar, nem assumiu o risco de produzir o resultado. Ele foi levado ao 
erro de tipo essencial evitável. Responderá apenas por homicídio culposo, nos termos do caput do 
Art.20 CP. 
 
Autoria Mediata � quando levo alguém ao erro do tipo essencial. Não há concurso de pessoas entre 
esses 2 agentes. Cada um comete um tipo de crime. No exemplo acima, Tício é o autor mediato. Não 
há liame subjetivo entre os agentes quando um age com dolo e outro com culpa. 
 
Ex de erro de tipo essencial inevitável: Médico pede para que a enfermeira aplique determinada 
medicação em um paciente. A enfermeira não age com dolo nem tem consciência e competência para 
saber se a medicação é correta ou não. Caso resulte na morte do paciente, em função da medicação 
aplicada, o médico é o autor mediato e responde por homicídio doloso. Se o paciente não morrer 
responde por tentativa de homicídio. Aplicação do Art. 20, §2º CP. 
 
Art. 20, §1º CP – Descriminantes Putativas 
Relembrando o que foi visto acerca de uma discussão doutrinária: 
- Crime é a conduta típica, antijurídica e culpável. 
- Na doutrina, a culpabilidade é um pressuposto para aplicação da pena, portanto crime é um fato 
típico e antijurídico. 
 
Art. 23, 24 e 25 CP � trabalham com situações que afastam a ilicitude da conduta. Afastam a 
antijuridicidade da conduta. Não há crime, pois a conduta é típica, mas não é antijurídica. 
Ex: Estado de Real Necessidade: para salvar seu direito à vida, acaba tirando o direito à vida de outro. 
Não há crime. Art. 23, I e Art.24 CP 
 
Art. 23, III – Estrito cumprimento do dever legal � Ex: Busca e apreensão: oficial de justiça que entra 
na residência de um cidadão sem a sua autorização e apreende algum bem. Cumpre ordens maiores 
do Estado. Está em cumprimento do seu dever. 
 
Art. 23, III – Exercício regular de direito � Ex: impedir à força que alguém invada seu terreno, como 
por exemplo, um sem terra invadindo um terreno particular. 
Ex: educar o filho – bater na criança para educá-la, corrigindo-a, não é crime. 
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Art. 20, §1º CP – Descriminantes Putativas � quando supõe que esteja em legítima defesa, em 
estado de necessidade, em estrito cumprimento do dever legal ou no pleno exercício regular de direito, 
mas NÃO ESTÁ. 
Ex: Sujeito fazendo um cruzeiro no mar gelado. Ouve um aviso que o navio está afundando. Corre 
atrás de uma prancha de madeira, para que não morra de frio no mar. Outro sujeitochega junto para 
disputar a mesma prancha. Na briga, mata o sujeito, pois precisava da prancha para sobreviver 
(acreditava estar em estado de necessidade). Logo depois, soa um novo aviso dizendo que houvera 
um engano e o navio não estava afundando. A pessoa não estava em real necessidade, pois para que 
isso seja caracterizado, é indispensável a existência de perigo atual. 
 Ao pensar em estar em estado de necessidade: estado de necessidade putativo. Não pode 
ser aplicado o Art.24 CP, pois o perigo não era atual. 
 Nesse exemplo, vai responder pelo §1º do Art.20 CP � não responderá pelo crime. Será 
absolvido. 
 
Ex: Sujeito já havia matado 5 pessoas. Vira e diz que vai matar sua mulher e o Ricardão com quem ela 
o estava traindo. A mulher é assassinada. O Ricardão fica sabendo disso, e que ele era o próximo a 
ser morto. Ricardão está num bar e avista o sujeito entrando. Na hora que o sujeito coloca a mão no 
bolso da jaqueta, o Ricardão não pensa duas vezes e mata atira uma faca no pescoço do sujeito, 
levando-o à morte. Depois, quando chega a polícia descobre-se que o sujeito não portava uma arma, 
mas sim estava segurando uma carta endereçada ao Ricardão com um pedido de desculpas por ter 
pensando em matá-lo. 
 Neste caso não há legítima defesa (Art.25 CP). Há sim uma legítima defesa putativa, 
descriminante da conduta com base no §1º do Art.20 CP, uma vez que o sujeito não podia esperar 
para ver se seria assassinado ou não. Foi levado ao erro, mas na dúvida era melhor não se arriscar. 
 
Ex: Estrito cumprimento do dever legal putativo � Oficial de Justiça entra na casa de alguém para 
realizar uma busca e apreensão de uma TV. Como o sujeito nunca se encontrava em casa, foi 
chamado um chaveiro para ele entrar na casa. Só que há um erro, pois na mesma rua tinha 2 pessoas 
com o mesmo nome e acaba entrando na casa errada, portanto, levando a TV da pessoa errada. §1º 
do Art.20 CP 
 
Ex: Exercício regular do direito putativo � Erro médico: sujeito é levado para um centro cirúrgico 
errado. Cidadão tinha semelhança física com o outro e o médico realiza uma cirurgia que não era para 
ser feita naquele paciente. §1º do Art.20 CP 
 
Culpa Imprópria � Ex: invadem sua residência de madrugada, depois de você ter sido assaltado 5 
vezes em sua própria residência. Houve o telefone tocar antes da invasão, mas achou que podia ser o 
bandido averiguando se havia alguém em casa para cometer novo roubo, por isso não atendeu. Na 
Teoria Geral do Direito Penal – Prof. Ivan Carlos de Araújo 
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hora em que a pessoa entra pela porta, com todas as luzes escuras, dá um tiro e mata a pessoa. 
Quando vai ver o bandido, descobre que não era um bandido, mas sim um vizinho que vinha trazendo 
em suas mãos um bilhete de que sua mãe havia falecido. Tentara ligar, mas como ninguém tinha 
atendido ao telefone, resolveu pular o muro e entregar o comunicado pessoalmente. O autor não 
responderá por homicídio doloso, mas sim culposo. Tinha a intenção de se proteger do bandido 
(Legítima Defesa), no entanto falhou ao não esperar para ver quem era; quem tinha invadido sua casa. 
 É um caso de Culpa Imprópria, pois atirou querendo acertar o bandido (logo, conduta 
dolosa), mas vai responder pelo crime culposo. Pensa estar agindo em Legítima Defesa, mas não 
está. 
 A Culpa Imprópria se diferencia do erro acidental quanto à pessoa. Responde pela parte final 
do §1º do Art.20 CP. (Crime culposo e não doloso) 
 
OBS: Na 1ª parte do §1º do Art.20 CP, o erro é plenamente justificável, portanto não responde por 
crime algum. 
 
Natureza Jurídica das Descriminantes Putativas � consiste em saber o que vem a ser 
descriminantes putativas do ponto de vista jurídico. 
 
Descriminante � Causa de Exclusão da Ilicitude 
Putativo � vem do latim e significa: imaginário, fantasioso 
Descriminante Putativa = Causa de Exclusão da Ilicitude Imaginária 
 
 Existe uma discussão doutrinária acerca de sua natureza jurídica. Para alguns, trata-se de 
erro de tipo. Outros dizem que é erro de proibição. 
 Paulo José da Costa Jr, diz que há uma 3ª modalidade de erro. Uma mistura de erro de tipo 
com erro de proibição. (é a posição compartilhada pelo professor). 
 
 Erro de Tipo x Erro de Proibição 
 
 
 
 
 
 
 
 É o exemplo, já visto, da mulher que chega do 
Cazaquistão e acreditou ser lícito fazer o abortamento aqui no Brasil, uma vez que no país dela era. 
Art. 20, §1º CP 
Não há dolo 
O sujeito não tem vontade, nem 
consciência da conduta. 
O agente não tem tipicidade ou se 
tiver, é culposa 
Art.21 CP (tb chamado Erro sobre Ilicitude do Fato) 
Há dolo 
Mas o agente é isento de culpa, pois acredita que o 
que está fazendo é certo. Realiza uma conduta com 
consciência e vontade, mas acredita que sua conduta 
seja lícita / permitida. 
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Art.124 CP (consentir o abortamento) � há vontade de realizar o abortamento. Age, portanto, com 
dolo. Mas, não tinha consciência da ilicitude do fato. 
 Mas, tinha possibilidade de tomar consciência da ilicitude? Na situação exemplificada, em 
função da dificuldade na comunicação com as pessoas aqui no Brasil, não tinha. 
 O erro de proibição é causa de exclusão da culpabilidade em função da ausência de PCI 
(potencial consciência da ilicitude). Art. 21 CP � excludente da culpabilidade – portanto, Isento de 
Pena. 
 É o senso de reprovação social que recai sobre o autor 
do fato típico e antijurídico. Ex: sujeito tem 3 filhos: um de 12, 8 e outro de 3 anos. Contrata um pintor 
para pintar o muro do quintal. Mostra aos seus 3 filhos que não é para sujar o muro que acaba de ser 
pintado. Os filhos resolvem jogar bola no quintal e sujam o muro inteiro novamente. Aplica um 
“corretivo” nos pentelhos com uma proporção distinta: no mais velho desce a lenha, no do meio bate, 
mas com moderação e no de 3 anos pega no colo e diz que o que fizera era errado. O pai age 
conforme a capacidade de entendimento das crianças do que o que haviam feito era errado. Quanto 
maior a capacidade de entender, maior a censura. 
 
Art. 21 CP � Erro de Proibição: toda vez que se supõe estar atuando licitamente, mas é ilícito. � 
Excludente de Culpabilidade � Conseqüência: Isenção da Pena. 
 A 1ª parte do §1º do Art.20 CP (erro de tipo) traz uma linguagem própria do Erro de Proibição, 
uma vez que o legislador também faz uso da expressão: isenção de pena. Em função disso, alguns 
doutrinadores consideram as descriminantes putativas como sendo erro de proibição e não de tipo. 
 No entanto, a 2ª parte do referido artigo traz uma linguagem própria de erro de tipo. 
 O legislador mistura os 2 tipos de erros nesse artigo. Na 1ª parte a conseqüência é do erro de 
proibição e na 2ª do de tipo. 
 Nessa discussão doutrinária, Paulo José da Costa Jr, defende a existência de uma 3ª 
modalidade de erro – uma mistura de erro de tipo, com erro de proibição. 
 
Art. 23 CP � Tipos Penais Permissivos: o legislador permite que se mate alguém, e que essa conduta 
não seja crime. 
 De acordo com o Art.20 CP o sujeito pensa que atua de acordo com um tipo penal 
permissivo. Supõe, por erro. 
 O Art. 23 CP traz os Excludentes da Antijuridicidade, ou seja, Excludentes da Ilicitude � NÃO 
há CRIME � para que seja crime, a conduta tem que ser típica e antijurídica. 
 contrária ao ordenamento jurídico 
 Existem situações que excluem essa antijuridicidade de uma conduta típica. Quando o 
Estado permite matar alguém, por exemplo, (em legítima defesa, em estado de perigo). 
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 A tipicidade da conduta é indício da antijuridicidade, ou seja, de que é crime. Uma vez que, o 
fato da conduta estar tipificada em nosso ordenamento tudo indica que, ao ser realizada, sofrerá 
alguma sanção. 
 Mas, posso ter uma conduta

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