
As Deusas e a Mulher - Jean Shinoda Bolen
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Jean Shinoda Bolen PAULUS AS DEUSAS E A MULHER nova psicologia das mulheres as deusas e a mulher nova psicologia das mulheres Jean Shinoda Bolen (Orelhas) Este é um livro que combina mitologia e psicologia, a fim de proporcionar à mulher mais compreensão sobre a sua vida íntima, comportamento e ação no mundo. A Autora parte da consideração das antigas deusas gregas, vendo nelas padrões constantes na psique da mulher ou, segundo Jung, arquétipos que moldam a existência. Esses poderosos padrões interiores são responsáveis pelas diferenças entre as mulheres, e compreender sua ação e inter-relação é a chave para o autoconhecimento e busca de integridade. Jean Shinoda Bolen proporciona uma nova tipologia das mulheres, em muitos pontos ultrapassando os pontos de vista da psicologia junguiana. É livro importante para a mulher e para o homem; a mulher nele descobrirá seu caminho, e o homem com ele aprenderá o que é mulher, e qual será a sua mulher. Jean Shinoda Bolen é doutora em medicina, psiquiatra e analista junguiana, professora na Universidade da Califórnia e membro da Ms. (Fundação para Mulheres). Jean também ensina e dirige seminários na região da baía de San Francisco e em todo o país. Casada com James Bolen, tem dois filhos e mora em Mill Valley, Califórnia. Título original Goddesses in Everywoman ©Jean Shinoda Bolen, Harper & Row, San Francisco, 1984 Tradução Maria Lydla Remédio Revisão Ivo Storniolo Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bolen, Jean Shinoda. As deusas e a mulher: nova psicologia das mulheres Jean Shinoda Bolen tradução Maria Lydia Remédio - revisão Ivo Storniolo - São Paulo : Paulus, 1990. - (Coleção amor e psique) Bibliografia ISBN 85-349-0709-9 1. Arquétipo - Psicologia 2. Mitologia grega - Aspectos psicológicos 3. Mulheres-Mitologia 4. Mulheres-Psicología. Título. II. Série: Amor e psique. 90-0579 CDD-305.4 -150.1954 -155.633 -292.08 índices para catálogo sistemático: 1. Arquétipo : Psicologia 150.1954 2. Mitologia grega : 292.08 3. Mulheres : Condições sociais : Sociologia 305.4 4. Mulheres : Mitologia grega 292.08 5. Mulheres : Psicologia 155.633 INTRODUÇÃO À COLEÇÃO AMOR E PSIQUÉ ©PAULUS-1990 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (011)570-3627 Tel.(011)5084-3066 http://www.paulus.org.br dir.editorial@paulus.org.br ISBN 85-349-0709-9 ISBN 0-06-250082-1 (ed. original) PAULUS Estrada de São Paulo 2685 Apelação (Portugal) Fax (01) 948 88 78 Tel. (01)94724 14 Na busca de sua alma e do sentido de sua vida, o homem descobriu novos caminhos que o levam para a sua interioridade: o seu próprio espaço interior torna-se um lugar novo de experiência. Os viajantes desses caminhos nos revelam que somente o amor é capaz de gerar a alma, mas também o amor precisa da alma. Assim, em lugar de buscar causas, explicações psicopatológicas às nossas feridas e aos nossos sofrimentos, precisamos, em primeiro lugar, amar a nossa alma, assim como ela é. Deste modo é que poderemos reconhecer que estas feridas e estes sofrimentos nasceram de uma falta de amor. Por outro lado, revelam-nos que a alma se orienta para um centro pessoal e transpessoal, para a nossa unidade e a realização de nossa totalidade. Assim, a nossa própria vida chegará em si um sentido, o de restaurar a nossa unidade primeira. Finalmente, não é o espiritual que aparece primeiro, mas o psíquico, e depois o espiritual. E a partir do olhar do imo espiritual interior que a alma toma seu sentido, o que significa que a psicologia pode de novo estender a mão à teologia. Esta perspectiva psicológica nova é fruto do esforço para libertar a alma da dominação da psicopatologia, do espírito analítico e do psicologismo, para que volte a si mesma, à sua própria originalidade. Ela nasceu de reflexões durante a prática psicoterápica, e está começando a renovar o modelo e a finalidade da psicoterapia. E uma nova visão do homem na sua existência cotidiana, do seu tempo, e dentro de seu contexto cultural, abrindo dimensões diferentes de nossa existência para podermos reencontrar a nossa alma. Ela poderá alimentar todos aqueles que são sensíveis à necessidade de colocar mais alma em todas as atividades humanas. A finalidade da presente coleção é precisamente restituir a alma a si mesma e "ver aparecer uma geração de sacerdotes capazes de entender novamente a linguagem da alma", como C. G. Jung o desejava. Léon Bonaventure À minha mãe, Megumi Yamaguchi Shinoda, formada em Medicina. Apesar de não ter tido a mesma oportunidade, ela se empenhou em ajudar-me a me tornar adulta, sentindo que eu era afortunada por ser uma menina, e que poderia fazer o que quer que eu aspirasse como mulher. PRÓLOGO À EDIÇÃO BRASILEIRA Todos nós necessitamos do encontro com o outro para o encontro consigo mesmo. Esta é a faísca geradora do conhecimento e da transformação que é parte potencial em nós. Essa necessidade natural de encontrar-se e descobrir-se aparece desde sempre: "Abrirei minha boca em parábolas, revelarei coisas escondidas desde a criação do mundo" (Mt 13,35). As parábolas foram usadas para os primeiros contatos e revelações na relação Deus- ser humano. Os mitos, assim como as parábolas, nos aproximam da comunicação dos deuses com o homem, possibilitando uma religação com a dimensão cósmica e sagrada, a busca da própria verdade, o encontro com a alma. É em busca da origem da mulher, da sua história, do seu mito, que a autora descreve os caminhos da mulher, baseada em imagens simbólicas trazidas pelas deusas gregas que estiveram e estão vivas na imaginação. A grandeza das deusas mitológicas, assim como das imagens arquetípicas descritas por C.G. Jung, está na eternidade de sua essência e em sua permanência na mente humana. As imagens simbólicas dos arquétipos enriquecem e ampliam nossa consciência; elas tem diferentes aspectos do si-mesmo, e o seu conhecimento permite à mulher compreender e desvendar seus próprios sentimentos e recuperar seu Eu. Despertar para a mitologia significa estar desperto para a realidade da vida. Atender ao chamado de cada deusa (de nós mesmos) e dos diferentes relacionamentos que ecoam em nós, descobrir-lhes o sentido e o significado em nosso cotidiano, é o caminho para resgatar nossa alma. A reflexão e assimilação do conhecimento das "deusas e a mulher" propiciam para o ser humano, homem e mulher, um guia para a sua alma, em busca de sua integridade. A rotina a ser vencida, cheia de obstáculos sociais; a assimilação da cultura e do conhecimento; o compromisso socioprofissional; o compromisso de ser mãe, muitas vezes em choque com as outras possibilidades; tudo isso se faz presente como Eris (deusa da discórdia) e nos força a repensar e a nos reposicionar perante a vida. A discórdia é um fator primordial presente nos questionamentos, dúvidas e também nas alianças, integrando aspectos do inconsciente, a sombra, abrindo espaço para a necessidade de liberação e desenvolvimento da consciência. A quantidade de opções que somos obrigados a fazer ao longo da vida só nos alimenta e ilumina quando vem ao encontro de nossa inteireza. Essa é a proposta de Jean Shinoda Bolen. As sete deusas que a autora descreve - Ártemis, Atenas, Héstia, Hera, Deméter, Perséfone e Afrodite são ainda hoje sete possibilidades excludentes de ser mulher. A autora nos mostra através do mito do julgamento de Paris, exemplo de princípio patriarcal, como se estabeleceu a exclusão das possibilidades femininas. Houve uma primeira