Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exame de Ordem Damásio Educacional Curso: Reta Final|Disciplina: Direito do Consumidor Aula:Única MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM GUIA DE ESTUDO 1. Aspectos constitucionais da proteção do consumidor Como direito e garantia fundamental (art. 5º, XXXII, da CF) Como princípio da ordem econômica (art. 170, V, da CF) 2. Caracterização da relação de consumo A aplicação das normas protetivas – que são de ordem pública e de interesse social - previstas no CDC depende da caracterização da relação jurídica de consumo 3. Elementos que compõem a relação de consumo Sujeitos: a) consumidor, b) fornecedor, Objeto: a) Produtos, b) serviços, Elementos finalístico: "destinação final" (excluem-se as aquisições intermediárias). 4. Conceito de fornecedor – art. 3º do CDC O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades econômicas de circulação de produtos e prestação de serviços no mercado de consumo; A atividade econômica sempre se traduz num conjunto de atos realizados de forma habitual e profissional, com finalidade econômica; O CDC não disciplina os atos econômicos os quais continuam regulados pelo direito civil, O conceito de fornecedor não se confunde com o conceito de empresário, art. 966 do CC, O conceito de empresário é mais restrito do que fornecedor. Exame de Ordem Damásio Educacional 2 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM 5. Conceito consumidor – art. 2º do CDC Consumidor negocial, pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos e serviços, como destinatário final; Destinatário final – é o sujeito que retira de circulação econômica o produto ou serviço e que não os transforma e não os comercializa. 6. Teorias que surgem com a finalidade de explicar o destinatário final Teoria Maximalista (ou objetiva): Basta a realização de um ato de consumo, ou seja, a simples retirada do bem ou serviço do mercado para que alguém seja considerado consumidor; Teoria finalista (ou subjetiva): O consumidor é só o destinatário final não econômico, ou seja, não empresarial e não profissional.. Teoria do finalismo aprofundado, mitigado ou teoria mista/teoria híbrida: De acordo com esta teoria, incide o CDC quando o adquirente seja pessoa física ou jurídica, embora não destinatário final do produto ou serviço se apresenta em situação de vulnerabilidade, ou seja, quando adquire os produtos, ou contrata serviços, de acordo com os padrões regulares de consumo. Este tem sido o entendimento predominante no STJ. 7. Consumidores por equiparação – arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 do CDC Os consumidores por equiparação não são propriamente destinatários finais de produtos e serviços, porém, encontram-se numa determinada situação jurídica de proteção que permite a aplicação das regras do CDC; Art. 2º, parágrafo único: equipara-se o consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; são todos aqueles que, de alguma maneira tenham participado ou sido afetados pela relação de consumo. Essa regra deixa clara a natureza difusa do direito do consumidor. Art. 17 do CDC – equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Quem for atingido por acidente de consumo é considerado, para fins de proteção, consumidor; Exame de Ordem Damásio Educacional 3 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Art. 29 do CDC – equiparam-se aos consumidores todas as pessoas, determináveis ou, expostas às práticas comerciais (oferta, publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas e bancos de dados e cadastros de consumidores) 8. Definição de Produto – art. 3º,§1º do CDC Produto é qualquer bem móvel, imóvel, material ou imaterial; Observações doutrinárias: a) a forma de aquisição do produto é irrelevante para sua caracterização (amostras grátis); b) o estado do produto é irrelevante, o produto pode ser novo ou usado: aplica-se o CDC. 9. Definição de Serviços – art. 3º, §2º do CDC O serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração (direta ou indireta), inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. O CDC não se aplica aos serviços genuinamente gratuitos; A remuneração pode se feita de forma direta ou indireta pelo consumidor; A remuneração indireta decorre do fenômeno da coligação negocial. Os serviços públicos, ou seja, aqueles que são prestados pelo Estado, em sentido amplo, somente estarão sujeitos ao CDC quando remunerados diretamente, seja por tarifa ou por preço público (transporte, água e esgoto, energia elétrica, por exemplo). Quando a remuneração é indireta (educação, segurança pública, saúde), ou seja, por tributos, não se aplica o CDC. O art. 22 do CDC – afirma que os serviços públicos essenciais devem ser prestados de forma continua. Porém o STJ firmou entendimento que a inadimplência do consumidor autoriza a interrupção do serviço, desde que não se trate de débito pretérito. 10. Política Nacional das relações de Consumo É composta pelo: Objetivos – art. 4º, caput, Exame de Ordem Damásio Educacional 4 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Princípios – art. 4º, incisos, Instrumentos (formas de proteção) – art. 5º Objetivos do CDC: Proteger os interesses dos consumidores garantindo a harmonia e a sustentabilidade do mercado. Princípios: Vulnerabilidade – art. 4º, I do CDC, reconhece a fragilidade o consumidor no mercado de consumo, trata-se de uma presunção absoluta, ao menos em relação ao consumidor pessoa física. Quanto ao consumidor empresário, pela adoção da teoria finalista aprofundada ou mitigada, tem que ser demonstrada a vulnerabilidade. Vulnerabilidade não se confunde com hipossuficiência que está relacionada com a possibilidade de o juiz inverter o ônus da prova em favor do consumidor, sempre que considerar que naquele caso, a produção de uma determinada prova é impossível, ou muito difícil. A inversão do ônus depende da demonstração, em cada caso, da hipossuficiência, motivo pelo qual não é automática. Segurança - impede a circulação de produtos e serviços que possam lesar a vida, saúde ou a integridade física do consumidor. A segurança decorre de um padrão fixado pelo Estado. Produto e serviço inseguros são diferentes de produto e serviços perigosos e nocivos, que podem ser fornecidos, de acordo com os arts. 8º a 10 do CDC, desde que o consumidor seja ostensivamente informado dos riscos. Informação – é uma derivação da boa-fé objetiva. Possui duas projeções: a) acesso à informação e a sua compreensão (art. 31 do CDC); b) a informação tem que ser vista como base negocial. 11. Responsabilidade Civil nas relações de consumo Sistemas Jurídicos Responsabilidadepelo fato do produto/serviços – arts. 12 a 17; Responsabilidade pelo vício do produto/ serviços – arts. 18 a 25. Exame de Ordem Damásio Educacional 5 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Principais características Responsabilidade pelo fato – é a que se caracteriza quando há um defeito, ou seja, quando o produto ou o serviço não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, causuando, assim, um acidente de consumo (defeito + dano); Se não há acidente (defeito + dano) – embora o produto, por exemplo, não funcione – não se aplica a responsabilidade pelo fato; O dano pode ser material e moral, individual, coletivo ou difuso; Os responsáveis pelo fato do produto encontram-se no art. 12 do CDC (fabricante, produtor, construtor e importador) e todos respondem solidariamente; O comerciante – o fornecedor direto – tem responsabilidade subsidiária (art. 13 do CDC (responsabilidade indireta), ou seja, respondem quando não for possível identificar os demais responsáveis (produto de origem desconhecida); Responsáveis pelo fato do serviço – art. 14 do CDC, quem responde são os prestadores do serviço; Em regra, a responsabilidade dos fornecedores é objetiva, ou seja, não depende de demonstração de culpa de sua parte; Importa exceção à essa regra encontra-se no art.14, §4º: os profissionais liberais respondem de forma subjetiva; neste caso, deve ser apurada a culpa do profissional liberal que prestou o serviço para que ele seja responsabilizado; Prazo de prescrição: ações indenizatórias pela relação de consumo são de 05 anos contados do conhecimento do dano e de sua autoria; Responsabilidade pelo vício – o vício é consequência de uma falha no dever de adequação do produto ou serviço às necessidades do consumidor, ou às informações que foram prestadas pelo fornecedor; O vício fica caracterizado quando há falha qualidade ou quantidade que torne o produto ou serviço impróprio ou inadequado ao consumo, ou lhe diminua o valor; Diante de uma situação de vício, o consumidor tem duas alternativas: a) tutela indenizatória; b) direito de reclamação – permite ao consumidor, observado um procedimento exigir, o saneamento do vício ou uma obrigação equivalente. Exame de Ordem Damásio Educacional 6 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM 12. Procedimento do direito de reclamação Prazos para o exercício do direito de reclamação: Prazo de Garantia legal – art. 26 do CDC – não depende de qualquer previsão no contrato, porque decorre de norma de ordem pública: 90 dias para os produtos/serviços duráveis e 30 dias para os não duráveis; Se o fornecedor der garantia contratual/convencional/estendida, enquanto esta não cessar, fica impedida a fluência da garantia legal), 13. Contagem do prazo Vícios aparentes ou de fácil constatação – da entrega do produto ou término do serviço; Vícios ocultos – são contados a partir da constatação pelo consumidor; Para o STJ os vícios ocultos só podem ser alegados durante a vida útil do produto ou serviço. 14. Prazo de saneamento (prazo de correção) Prazo do fornecedor para sanar o vício, regra: 30 dias, mas pode sofrer alteração, para no mínimo 07 dias ou para o máximo de 180 dias (depende de cláusula convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor); 15. Opções do Consumidor (caso o vício não seja sanado) Substituição do produto, por outro da mesma espécie (caso o fornecedor se recuse, deve fazer uso da ação de obrigação de fazer prevista no art. 84 do CDC); Abatimento proporcional do preço; Restituição das quantias pagas, mais perdas e danos. 16. Práticas Comerciais – são 5: Oferta – arts. 30 a 35 do CDC; Publicidade – arts. 36 a 38 do CDC; Práticas (comerciais) abusivas – arts. 39 e 41 do CDC; Exame de Ordem Damásio Educacional 7 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Cobrança de divida – arts. 42 e 42-A do CDC; Bancos de dados e cadastros de consumo – arts. 43 e 44 do CDC. Oferta – conjunto de informações inseridas no mercado sobre produtos e serviços. Para o CDC, oferta equivale a marketing. É qualquer tipo de técnica que tenha por finalidade aproximar o consumidor dos produtos ou serviços. A oferta tem como efeito a força vinculante: a) o consumidor pode exigir o cumprimento forçado – art. 35 do CDC; b) ela passa a integrar o contrato que venha a ser celebrado. Publicidade – É toda peça informacional de caráter persuasivo, quer dizer, pela qual se pretende convencer o consumidor a consumir. O CDC não proíbe a técnica publicitária, em si, mas veda três modalidades, a saber: a) publicidade clandestina (art. 36 do CDC) - é aquela que o consumidor não reconhece como tal, com facilidade, ou seja, não consegue identificar como sendo publicidade; b) publicidade enganosa (art. 37, §1º do CDC) - é aquela que contém informações falsas, e é capaz de induzir o consumidor a erro. A omissão sobre informações relevantes também pode caracterizar a publicidade enganosa; c) publicidade (art. 37, § 2º do CDC) - é aquela que viola valores protegidos pelo ordenamento, como, por exemplo, a discriminatória, a que incite a violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Práticas Comerciais abusivas – art. 39 do CDC – Rol exemplificativo, prática desleais e condenáveis pelos “bons costumes comerciais”: Venda casada; Venda com limitação quantitativa; Envio de produtos não solicitados. Cobrança de divida – A cobrança de dívida é lícita, mas o fornecedor-credor não pode praticar atos de abuso do direito de cobrar. Caso se valha de meios que exponham o consumidor ao ridículo, ou que impliquem em constrangimento ou ameaças, pode ser caracterizado dano moral; Exame de Ordem Damásio Educacional 8 de 8 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Cadastro e os bancos de dados conhecidos como arquivo de consumo - Principais regras do cadastro: Prazo de permanência máximo da informação: 05 anos contados do vencimento da divida; Direito de comunicação prévia, por escrito (não depende de “AR” e quem deve providenciar a comunicação é o órgão mantenedor do cadastro); Direito de retificação das informações. 17. Proteção Contratual Art. 49 do CDC – Direito de arrependimento (em 7 dias, desde que a contratação tenha se dado fora do estabelecimento comercial); Art. 51 do CDC – clausulas abusivas, que são nulas de pleno direito; Art. 52 do CDC – nos contratos que envolvam financiamento ou concessão de crédito, o valor a multa por atraso não pode ser superior a 2%; Art. 53 do CDC - proibição de cláusula de decaimento, ou seja,a prevê a perda total da parcelas pagas em caso de inadimplemento do consumido; Art. 54 do CDC – regras sobre o contrato de adesão.
Compartilhar