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ALISSON OLIVEIRA DA SILVA 
 
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AULA SOBRE VIDAS SECAS 
 
NEOPRODUTIVISMO é característica de pessoas ligadas ao mercado, ou seja, 
capitalistas. Mas esse camponês não se integra ao modelo produtivista porque o 
sistema social que ele vive faz com que ele seja tão explorado, que nem ele mesmo 
tem a oportunidade de produzir como os capitalistas. Esse produtor no sistema de 
inquilinato não produz no sistema de produtivismo. 
A terra não é um simples fator de produção. Com o avanço do produtivismo nós 
temos a relação produtor com o meio-ambiente, onde o meio-ambiente passa a ser 
altamente um fato de produção capitalista. Isso o camponês não tem. O produtor 
capitalista varia as culturas de acordo com o custo de produção e valor de mercado, 
enquanto que para o camponês isso também não existe, ele continua produzindo. 
Porque ele produz, mesmo investindo mais do que o produto vale e não para de 
produzir? Ele gasta na forma de trabalho e não na de capital. 
As unidades produtivas não são concorrentes, os produtores se entreajudam. 
Quando o camponês entra em relações sociais com um agente antagônico, ele será 
explorado por esse agente antagônico. Mas nele, existe um código de conduta de 
reciprocidade que vai muito além dessa exploração. Essa forma de ajuda mutua é 
que faz com que essas populações cheguem à terra e consigam se manter. O 
camponês é dono do meio de produção, trabalhador e administrador. Mas isso não 
quer dizer que ele seja DONO da terra, porém é dono do trabalho, ele e seu grupo 
familiar. 
Essa característica do campesinato é integralmente mantida na agricultura familiar, 
então quando falamos de agricultura familiar, exceto a exploração de agentes 
antagônicos são mantidas. Por isso o produtor familiar consegue subsistir durante 
uma crise e o produtor patronal não consegue, é por isso que a produção agrícola 
do mundo é tocada pelo produtor familiar e não pelo patronal. Só que com uma 
característica: Em países ricos, todos os produtores camponeses se tornaram 
produtores integrados ao mercado. 
O grande erro do Marx achou que com o avanço do capitalismo o camponês não ia 
existir, o camponês ia acabar. Isso foi o erro do Marxismo clássico, que não previu 
que o produtor familiar se integrasse ao capitalismo. 
A Direita defende o pequeno produtor? Não, apenas o grande. A Esquerda defende 
o pequeno produtor? Só no Brasil. Ele tem propriedade privada, logo é capitalista 
não sendo de Direita nem Esquerda. (Brasil). 
As relações de mercado são caracterizadas pela: 
RECIPROCIDADE: Compra e vende sempre na mão de conhecidos, ou seja, do 
agente antagônico pelo código de conduta baseado em cima do auxílio, prestação 
de serviços, garantia que vai comprar toda a produção, etc. O camponês que dá 
vida esse código de conduta e não o contrário. 
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PERSONALIZAÇÃO: Relações personalizadas, não existindo pessoa jurídica e sim 
pessoa física. As relações existem com uma pessoa com um histórico dentro da 
comunidade. Essa personalização também é regulada pelo código de conduta. 
CLIENTELISMO: Com a reciprocidade e personalização em um ambiente de 
desigualdade, o camponês é cada vez mais explorado. O camponês passa a 
depender mais do agente antagônico. Porém o agente antagônico passa a ter 
compromissos para com o camponês. Então quanto mais pobres o camponês mais 
ele precisa do AA e mais o AA atende o camponês. 
PATRONAGEM E DEPENDÊNCIA PESSOAL: Quanto mais desigual é, mais 
violento será violento as relações entre camponês e o agente antagônico. As 
relações do Fabiano são muito mais violentas que as do Brigelino. 
O camponês não é isolado no mercado, só que na hora que vai ao mercado, ele não 
vai diretamente ao mercado, passando pelo agente antagônico. Esse agente 
antagônico, e o antagônico venderam para o Seasa (exemplo), os preços são 
normalmente cotados. O comprador não paga o valor integral ao produtor, como 
forma de pressionar ele a vender toda sua produção. Para o agente antagônico, 
existe uma gama grande de compradores de produtos, existindo certa concorrência, 
então, ele escolheu um só. 
Toda a estrutura de competição de mercado é destruída pelo agente antagônico, 
sendo intermediários, eliminando estrutura competitiva de mercado. 
Toda imperfeição do mercado é adicionada ao AA e ainda pode influenciar o preço 
de produtos mesmo não estando relacionado ao mercado. Quem abastece o 
mercado e quem fará a distribuição de produtos dos camponeses são esses 
'depósitos' locais, eliminando toda a estrutura competitiva. 
Um exemplo disso foi o aumento do preço do tomate ano retrasado. Para o 
consumidor ele aumentou 300%, para o Seasa aumentou 150%, do agente 
antagônico até o produtor esse aumento foi de 30%. Então quem ganhou? Foi o 
atravessador. Exploração do consumidor e mais ainda do camponês. 
Qual o problema de explorar de se explorar o consumidor em países pobres como o 
Brasil? Diminui o consumo. Se não dá pra explorar o consumidor, vai explorar 
quem? O produtor. 
Por mais que a indústrias e complexos industriais não queiram trabalhar com 
pequenos produtores, eles não conseguem viver sem os pequenos produtores 
devido a exploração deles. 
Indústria Leiteira paga menos do que vale para o pequeno produtor. O que ela não 
gastou com o pequeno produtor e paga mais ao grande produtor. "Se você produzir 
igual ele, você vai ganhar igual ele". 
O sistema de remuneração da indústria leiteira é a qualidade e o principal item de 
qualidade é quantidade. 
Dessa forma, o camponês é influencia e dominado pela instituição nacional. Mas ele 
não é relacionado (parcial) ao mercado? A sociedade o explora ele via mercado, 
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mesmo que não tenha contato com a vida urbana, ele será explorado pelo meio 
urbano. 
Esses meios de mercado característicos do campesinato têm como origem e se 
alimentam de que? Se o camponês fosse pobre, ele não aceitaria exploração. 
Então, os 5 fatores que fazem com que o camponês seja explorado são: 
> Falta de acesso a terra. 
> Falta de acesso a linhas de crédito 
> Falta de acesso a analises justa de como ele vai vender o produto 
> Falta de acesso a sistemas de transporte 
> Falta de acesso a informação 
Esses mecanismos associados a pobreza do produtor faz com que ele continue com 
essa modo de vida explorado. 
Oligarquias conseguem acesso ao governo, porém, isso beneficia somente ela, a 
oligarquia e não a população em si. 
Expansão do movimento modernista durante o mesmo período, tendo como ponto 
auge a semana de arte moderna em 1922. Monteiro Lobato foi o maior autor/escritor 
brasileiro que colocou contra o movimento modernista. 
Até a semana de arte moderna, o típico representante do povo brasileiro era de uma 
vertente da literatura chamada de "indianista", porém, o índio era idealizado, sendo 
branco de estatura europeia. 
Os autores do modernismo vêm contrapor essa ideia dizendo que esse índio 
idealizado não representa o povo brasileiro, e sim o caboclo. Monteiro Lobato 
descreve o caboclo no personagem Jeca Tatu. 
Fabiano = Caboclo. 
O desenvolvimento se dá no meio urbano e as populações do meio rural vão ficar 
cada vez mais caracterizadas como populações atrasadas. Aquela ideia do Jeca 
Tatu ainda é a ideia presente, ou seja: se o pobre não fosse preguiçoso e gostasse 
de trabalhar, o Brasil não seria um país tão atrasado. Essa ideia do Monteiro Lobato 
vai fazer a cabeça da população nessa época e era pra ser usada na POLÍTICA DO 
DESENVOLVIMENTISMO. 
 A gente passa pela era do FACISMO. No Brasil, a população judaica não era uma 
população pobre, então eles não seriam a população a ser perseguida. Entãoquem 
vai ser perseguido no Brasil durante esse período? A população negra e a 
população pobre no geral. O Fabiano que era perseguido pelo fascismo brasileiro, 
seria perseguido pelo fascismo alemão? NÃO. 
Intervalo entre as duas Guerras Mundiais. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, todos 
têm a certeza de que teremos outra grande guerra, pois, quem perdeu a Primeira 
Guerra saiu extremamente humilhado, então a certeza era de que países perderam 
a guerra iriam se organizar e tentar a vingança. 
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Então, a economia mundial se prepara para a nova guerra. Em um país pobre como 
o Brasil, a situação fica ainda pior. 
Uma família sertaneja maltratada pelo meio, não o ambiente e sim o meio social, 
conseguindo lidar muito bem com o meio-ambiente, mesmo sendo desfavorável 
com o fenômeno recorrente da seca. Esse núcleo familiar lida constantemente com 
o fenômeno da fome. Qual é para o Fabiano a condição de característica melhor ou 
pior? A mulher dele. Quando ele atinge o nível de subsistência, a condição de vida é 
ótima, caso contrário, é péssima. 
Fenômeno da imigração, migrando ou para Recife ou para Juazeiro, chegando em 
Recife ou Juazeiro a população nordestina era confinada em campos de 
concentração, as pessoas que tinham exame de tuberculose negativo eram 
embarcados rumo ao sul do país (SP e Santos, BH ou RJ). Quem tinha exame de 
tuberculose positivo era expulso do campo de concentração e era mandado de volta 
para o sertão (até os anos 50). 
A obra é de estudo de caráter psicológico, que tenta tratar do personagem por 
dentro. Outra obra de estudo de caráter psicológico importante da mesma época era 
a obra Crime e Castigo. 
Graciliano Ramos tenta deixar claro que o Fabiano era lógico, que o problema dele 
era com a fala e a forma de se relacionar com os outros grupos urbanos. 
Enquanto Monteiro Lobato dizia que Jeca era como um cão vadio, Graciliano 
Ramos mostra que a família era humana e consegue pensar, só que o problema 
deles é que eles não conseguem se comunicar, sendo o meio social extremamente 
agressivo contra esse grupo familiar fazendo com que ele de desumanize, 
mostrando a cachorra Baleia mais humana que o próprio grupo familiar. 
Meio rural da seca com condições de produção extremamente difíceis, porém eles 
conseguem sobreviver e produzir nesse ambiente, porém, ele sai da fazenda não 
por causa da seca, e sim por causa da dívida. 
O problema da família de Fabiano era a linguagem, ele não conseguia se 
comunicar, conseguindo apenas a comunicação entre si, sendo o REAL problema 
era as pessoas fora da comunidade. 
A autoimagem do Fabiano não era de humano, e sim de um bicho, tendo uma ALTA 
autoestima. Fabiano tinha orgulho de domar égua e seu filho tinha orgulho do pai. 
Em termos de saberes, Fabiano se utilizava da fé para curar de doenças e também 
curar animais. Isso é totalmente IRRACIONAL segundo a visão produtivista, porém 
pra ele é extremamente racional. Ex: Existem comunidades que só tratavam animais 
depois que eles (animais) fossem benzidos. Os saberes do Fabiano tem algum 
aspecto mágico que está ligado a grau de desenvolvimento e informação de 
determinada população. 
Qual a visão de Fabiano em relação as pessoas da cidade? Na festa ele tem 
contato com as pessoas da cidade, se sentindo totalmente fora de seu ambiente 
não conseguindo se integrar a população. Imagine Fabiano migrando para São 
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Paulo, como seria a vida dele em SP? Seria extremamente miserável e com cultura 
incompatível com a cidade. Por isso, o êxodo rural é extremamente impactante. 
E a visão do Fabiano sobre hierarquia social? Ele consegue perceber que a 
sociedade é estratificada? Sim! Ele consegue perceber seu lugar na sociedade? 
Sim! E ele acha isso uma coisa ruim ou uma coisa boa? Ele não acha isso ruim para 
ele. Ele consegue enxergar a hierarquia social, porém, ele não problematizou essa 
hierarquia e não a questionou. 
E a situação trabalhista do vaqueiro? Ele não era empregado, não recebia salário. 
Trabalhava por meio de parceria, usando o meio de INQUILINATO e peonagem por 
dívida, ou seja: CATIVEIRO DA TERRA. Cativeiro da terra é toda e qualquer 
situação que o indivíduo aceita a exploração para ter acesso a terra. 
Imaginando que a renda dele vinha de bovinos, em época de seca, essas vacas 
levavam 1 ano para conseguir emprenhar, então no primeiro ano ele não ganha 
nada, no segundo ano a vaca está gestante, é no terceiro ano que ele conseguirá 
vendo algum bezerro e só aí vai ganhar algum dinheiro. Esse regime ainda existe no 
NE, onde não há penetração de políticas públicas e o vaqueiro tem acesso a 1/4 
dos bezerros. 
Qual a ideia que o Fabiano tem do Governo? O que é o Governo para o Fabiano? A 
ideia que ele tem do governo é uma ideia mágica, distante, tendo ideia de que o 
governo é uma coisa boa. Quando ele está na cadeia ele imagina que está 
apanhando do governo, e então ele pensa: Apanhar do governo NÃO é desfeita. 
Fabiano respeita totalmente a autoridade do governo, porém, repreende o governo 
nesse momento. Como o governo dava autoridade para alguém como ele 
(Fabiano)? (no caso do Saldado, que na escala social se iguala ao Fabiano). 
Qual a outra autoridade que o Fabiano encontra ao longo do livro? O fiscal quando 
ele vai vender o porco e cobra o imposto. Fabiano NÃO sabe o que é imposto. O 
fiscal multa ele para de criar porco, pois segundo ele é extremamente perigoso. 
Então a visão que ele tem do governo é de algo distante e superior, e o único erro 
que o governo comete é achar que o governo não deveria dar poder a pessoas 
como ele. 
Qual era o sonho de consumo da família? A cama de couro. Essa cama de couro é 
cama de população pobre, porém, ele não tinha acesso a cama de couro e dormia 
em cama de palha. 
O que Fabiano espera dos filhos? Que eles tenham a mesma vida dele ou 
diferente? Que eles tenham vida IGUAL. Quem tinha essa visão de mudança era a 
Vitória, que muda para o Sul para que os filhos tenham acesso a escola. 
Nesse contexto, qual a imagem que o filho mais novo tem do pai? De um herói, se 
orgulhando do pai. 
O conhecimento é passada de pai para filho, é por isso que os países ricos não 
querem que a população saia do campo, porque se essa população sai do campo 
ela não consegue produzir novamente na terra em uma geração. Esse é um dos 
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problemas do Brasil, pois devido a concentração de terra e o êxodo, o Estado tenta 
voltar com essa população para o campo e essa adaptação é extremamente 
complicada. 
 
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