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1 ESTRUTURA E PROPRIEDADES DA MATÉRIA Prof. Rafael P. Chagas TEORIAS DE LIGAÇÃO -Teoria da Ligação de Valência -Teoria do Orbital Molecular Modelo de Lewis: elétrons localizados entre dois átomos Dualidade onda-partícula e Modelo Atômico Orbital: densidade de probabilidade Bibliografia: Atkins & Jones, Princípios de Química, cap. 3 2 • Fim da década de 1920: Walter Heitler, Fritz London, John Slater, Linus Pauling • Orbitais atômicos semi-preenchidos se sobrepõem para formar uma ligação química. • A TLV utiliza uma abordagem mecânico- quântica para descrever as ligações nas moléculas. • Fornece uma justificativa matemática para a interpretação de Lewis de pares eletrônicos formando ligações entre dois átomos. • Uma ligação será formada se houver uma sobreposição de orbitais adequados e se estes orbitais são ocupados por no máximo dois elétrons. Teoria da Ligação de Valência 3 molécula = N [1 + 2] + (C [3 + 4]) molécula = N [covalente + (C iônico)] HA 1s 1 HB 1s 1 A (1) 1 = A(1) B(2) A TLV considera as interações entre átomos separados que são aproximados, formando uma ligação. B (2) Função de onda do átomo B elétron 2 = A(2) B(1) A mecânica quântica pressupõe que os elétrons possam ser intercambiáveis, por isso se utiliza uma combinação linear de 1 e 2. 3 = A(1) A(2) (iônico H - H+) 4 = B(1) B(2) (iônic H + H-) 4 HA 1s 1 HB 1s 1 A B Ligação 1s-1s entre dois átomos de H Ligações sigma Elétrons de spins opostos se emparelham e os orbitais se superpõem (os orbitais atômicos se fundem), formando uma ligação . É simetricamente cilíndrica ao redor do eixo internuclear. Aproximação frontal dos orbitais. Todas as ligações simples são ligações covalentes . 5 HF F 2s 2p F 2s 2p 2pz 2pz Ligação 2p-2p entre dois átomos de F F2 Ligação 1s-2p entre entre H e F Por convenção, a direção da ligação está no eixo z. 6 7 Ligações pi π Ligação 2p-2p entre dois átomos de O. O 2s 2p O 2s 2p 2pz 2pz eixo Z 2px 2px Ligação 2p-2p entre dois átomos de O. A TLV prevê que ligações sejam mais fracas que ligações , devido a menor sobreposição dos orbitais. Lewis e TLV prevêem que O2 é diamagnético – EQUIVOCADAMENTE! (a escolha de 2px é arbitrária) O O Estrutura de Lewis eixo Z A ligação π possui um plano nodal no eixo internuclear, com densidade eletrônica dos dois lados do eixo (análogo a um orbital atômico p). 8 N2 Ligação π: sobreposição lateral dos orbitais Na molécula de N2, os átomos são mantidos juntos por uma ligação e duas ligações π perpendiculares. Quando as três ligações se juntam, as ligações π se fundem formando uma nuvem eletrônica em torno da ligação . Ligação dupla: + Ligação tripla: + 2 9 Ligações : os orbitais atômicos se superpõem frontalmente e a ligação formada é simétrica em torno do eixo internuclear. Ligações : os orbitais atômicos se superpõem lateralmente e a ligação formada possui um nó no eixo internuclear. Na teoria da ligação pela valência, as ligações são formadas quando elétrons desemparelhados de orbitais atômicos de valência formam pares, através da sobreposição desses orbitais; o que pode ocorrer de duas formas: 10 Hibridização -Promoção eletrônica: C vs N, O, F -Hibridização: interferências positivas e negativas entre os orbitais levam a formação de um novo conjunto de orbitais híbridos energeticamente e espacialmente equivalentes CH4 11 4 orbitais híbridos sp3: -Densidade eletrônica concentrada em um dos lóbulos permite a formação de ligações mais fortes - apontados para os vértices de um tetraedro - Etano, C2H6 Orbitais híbridos sp3: CH4, C2H6 e NH3 Arranjo tetraédrico de elétrons: Hibridização sp3 12 13 14 Orbitais híbridos sp2: BF3 e C2H4 Orbitais híbridos são misturas de orbitais atômicos e são tratados matematicamente como combinações lineares de orbitais atômicos s, p e d adequados. 15 16 17 Orbitais híbridos sp: BeH2 e C2H2 18 19 Orbitais híbridos sp3d: PF5 Orbitais híbridos sp3d2: SF6 20 Hibridizações mais comuns: 21 22 Características das ligações múltiplas - Elementos do 2º período: C, N e O - Para os elementos do 3º período em diante: sobreposição lateral dificultada - Não é possível a rotação em torno de uma ligação π: forma da molécula 23 24 Ligações π no benzeno: deslocalização de elétrons e ressonância 25 Utilizando a TLV na descrição das ligações 1. Desenhe a estrutura de Lewis. 2. Determine o arranjo de elétrons em torno do átomo central. 3. Determine a hibridização com base no arranjo de elétrons. 4. Construa os orbitais híbridos adequados para as ligações previstas. 5. Descreva as ligações. Inclua os nomes dos orbitais envolvidos em cada ligação. BeH H Molécula AX2 = geometria linear Orbitais a 180° um do outro: hibridização sp Duas ligações (Be sp-H 1s) Be HH sp 1s 26 Exercício: Descreva as ligações nas seguintes moléculas utilizando a Teoria da Ligação pela Valência: Cl2; CO2; ClF3; XeF4; NOCl; SOCl2, BCl3; SF5 -; BH4 -; BrF4 - 27 Teoria do Orbital Molecular (TOM) Limitações da TLV: O2 diamagnético segundo a TLV! Mas na realidade, o O2 é paramagnético! - Diamagnetismo: repelido em um campo magnético – elétrons com spins emparelhados (ordinariamente considerado não-magnetismo). - Paramagnetismo: atraído por um campo magnético – elétrons com spins desemparelhados. Não explica compostos como o B2H6. - Mulliken e Hund: TOM - Baseia-se na mecânica quântica, matematicamente mais simples e fornece uma melhor descrição da ligação química. 28 Orbitais Moleculares - Na TOM, todos os elétrons de valência da molécula estão deslocalizados sobre toda a molécula, isto é, não pertencem a nenhuma ligação em particular – ocupam os orbitais moleculares. - Do mesmo modo que nos átomos os elétrons são encontrados em orbitais atômicos, nas moléculas,os elétrons são encontrados nos orbitais moleculares. • Orbitais moleculares: • cada um contém um máximo de dois elétrons; • têm energias definidas; • podem ser visualizados com diagramas de contorno; • estão associados com uma molécula como um todo. 29 A molécula de hidrogênio H2 = A1s + B1s = A1s - B1s - CLOA: OM-CLOA - Interferência construtiva (funções de onda com o mesmo sinal) - Aumento da amplitude na região internuclear - Maior densidade de probabilidade entre os núcleos - Menor energia que os AO’s ORBITAL LIGANTE - Interferência destrutiva (funções de onda com sinais opostos) - Amplitudes se subtraem - Superfície nodal na região internuclear - Maior energia que os AO’s ORBITAL ANTILIGANTE 30 Quando dois OA’s se superpõem, formam-se dois OM’s. • Conseqüentemente, 1s (H) + 1s (H) deve resultar em dois OM’s para o H2: • OM ligante: tem densidade eletrônica entre os núcleos; • OM antiligante: superfície nodal entre os núcleos; • Os OM’s resultantes de orbitais s são orbitais OM’s . • O OM (ligante) tem energia mais baixa do que OM * (antiligante). 31 Diagramas de níveis de energias do OM’sO acréscimo de energia de um OM antiligante é sempre igual ou um pouco maior que a diminuição de energia do OM ligante correspondente. 32 Diagramas de OM’s de moléculas diatômicas homonucleares • O diagrama de nível de energia ou o diagrama de OM mostra as energias e os elétrons em um orbital. • N orbitais atômicos combinam-se para formar N orbitais moleculares; a partir dos OA’s da camada de valência. • Os elétrons são colocados nos OM’s em ordem de energia, seguindo o princípio da exclusão de Pauli (no máx. 2 e-s em cada OM) e a regra de Hund. • O H2 tem dois elétrons ligantes. • O He2 tem dois elétrons ligantes e dois elétrons antiligantes. 33 Ordem de ligação: indica o número líquido de ligações, permitindo o cancelamento dos elétrons em orbitais ligantes pelos antiligantes E a molécula He2 existe? Por quê? Como só o orbital ligante está ocupado, a energia da molécula de H2 é menor do que a energia dos átomos quando separados ,e o hidrogênio existe na forma molecular. 34 Li2 e Be2 Em fase gasosa, o lítio existe na forma de moléculas diatômicas e o berílio é monoatômico. 35 Orbitais moleculares a partir de orbitais atômicos 2p • Existem duas formas nas quais dois orbitais p se superpõem: • frontalmente, de forma que o OM resultante tenha densidade eletrônica no eixo entre os núcleos (orbital molecular ); • lateralmente, de forma que o OM resultante tenha densidade eletrônica acima e abaixo do eixo entre os nucleos (orbital molecular ). • Os seis orbitais p (dois conjuntos de 3) devem originar seis OMs: • , *, , *, e * • Conseqüentemente, há um máximo 1 ligação e 2 ligações que podem vir de orbitais p. OM do B2 ao Ne2 36 Orbitais moleculares a partir de orbitais atômicos 2p 37 Diagramas de níveis de energias dos OMs: O2, F2 e Ne2 Os orbitais 2s têm menos energia do que os orbitais 2p, logo, os orbitais 2s têm menos energia do que os orbitais 2p. Há uma superposição maior entre orbitais 2pz (eles apontam diretamente na direção um do outro) daí o OM 2p tem menos energia do que os orbitais 2p. Há uma superposição maior entre orbitais 2pz , logo, o OM *2p tem maior energia do que os orbitais *2p. Os orbitais 2p e * 2p são duplamente degenerados. 38 Configurações eletrônicas: notação na TOM Paramagnetismo do O2 O diagrama de OM para o O2 mostra dois elétrons desemparelhados no orbital *2p. O diagrama de OM para o O2 prevê tanto o paramagnetismo como a ligação dupla (ordem de ligação = 2). A ligação dupla é, na realidade, uma ligação e mais duas “meias” ligações π. 39 Diagramas de níveis de energias dos OMs: B2, C2 e N2 Os orbitais atômicos 2s e 2p dos elementos B, C e N possuem energias mais próximas do que no caso do O e F. Nesses casos, o OM 2p dessas moléculas fica um pouco acima em energia que o π2p. Isso pode ser explicado considerando que há repulsão entre os elétrons que ocupam os OM 2s e 2p, já que estes tendem a ocupar a mesma região no espaço (s-p mixing). 40 B2 N2 41 42 OM’s de moléculas diatômicas heteronucleares = cAA + cBB • Ligação covalente apolar: cA 2 = cB 2 • Ligação covalente polar: o orbital atômico do átomo mais eletronegativo tem energia menor, logo ele contribui mais para o orbital molecular de menor energia • Ligação iônica: o coeficiente de um dos íons (cátion) é próximo de zero, porque o outro íon (ânion) captura quase toda a densidade eletrônica. O elemento mais eletronegativo contribui mais fortemente para os orbitais ligantes e, o menos eletronegativo contribui mais fortemente para os orbitais antiligantes. Os diagramas de níveis de energia de moléculas diatômicas heteronucleares são muito mais difíceis de predizer qualitativamente, já que os orbitais atômicos contribuem de maneira diferente para cada orbital molecular. Assim, é necessário calcular cada um dos OM’s. 43 Diagramas de níveis de energias dos OMs: NO e CO 44 Energias dos orbitais moleculares calculados para uma molécula de um óxido diatômico (CO e NO). Os orbitais são formados pela mistura de orbitais s e pz de ambos os átomos. 45 - São integralmente consideradas as contribuições covalentes e iônicas - Orbitais atômicos de mesma simetria, com energias similares e recobrimento significativo combinam-se (CLOA) formando igual número de orbitais moleculares que se espalham sobre toda a molécula. Orbitais moleculares de moléculas poliatômicas 46 SF6 B2H6 (diborano): Ligação 3 centros 2 elétrons 47 Exercícios: 1. Desenhe o diagrama de níveis de energia dos orbitais moleculares, escreva a configuração eletrônica no estado fundamental, calcule a ordem de ligação e indique se a molécula possui caráter diamagnético ou paramagnético: Li2 +; F2; Ne2; C2 2-; CO; CN-. 2. Utilizando a TOM, explique por que a energia de dissociação de ligação do O2 (498 kJ/mol) é muito menor que no C2 (620 kJ/mol). 3. Descreva as ligações na molécula de O2 utilizando a TLV e a TOM e, sabendo do caráter paramagnético do O2, diga qual das teorias descreve mais adequadamente as suas ligações.
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