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Texto 02 - A visão neoclássica

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TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
São inegáveis os benefícios gerados pelo Comércio Internacional, motivo por que, dia a dia, ele é mais incrementado. Apenas como lembrete, ressaltamos:
A divisão do trabalho, gerando a especialização,
A produção em grande escala, reduzindo custos de produção,
As condições diferentes de clima, fazendo com que a produção agrícola de um país seja diferente da de outro e.
A qualidade de subsolos diferentes, tornando um país rico em determinados minérios e pobre em outros, obrigaram as nações a comerciar entre si.
Diante disso, alguns economistas criaram teorias sobre Comércio Internacional. Destacamos as de Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill. Vamos começar pela Teoria da Vantagem Absoluta.
TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA
Adam Smith publicou em 1776 o livro Riqueza das nações, onde ele afirmava que cada país pode produzir determinada mercadoria com custos menores que os outros. Diversos fatos que ajudam a explicar essa afirmativa.
Consequentemente, esse país se beneficiará se exportar essa mercadoria e importar as outras. Isso proporcionará aos países vantagens recíprocas. Isto é, o beneficio é desse país, que comprará produtos mais baratos, e também dos outros que pagarão com produtos que lhes custarão menos.
O Quadro 13.1 ajuda a compreender melhor. Suponhamos a existência de dois países: A e B.
Quadro 13.1.
	País
	Horas para produzir camisas
	Horas para produzir sapatos
	A
	10
	40
	B
	15
	30
Esse quadro nos mostra o seguinte:
Em A, precisamos de quatro camisas para trocar por um sapato.
A pode comprar um sapato de B, pagando com apenas três camisas,
Portanto, há uma vantagem muito grande nessa troca.
Em B, com um sapato compramos duas camisas.
Se B vender um sapato para A, receberá três camisas.
Essa é a Teoria da Vantagem Absoluta e mereceu as seguintes críticas:
Adam Smith considerou que os preços eram determinados principalmente pela quantidade de horas utilizadas (mão-de-obra) durante a produção. Na verdade, o custo das mercadorias é conseqüência de três fatores: natureza (matéria-prima), trabalho (mão-de-obra) e capital (investimentos, inclusive know-how).
Adam Smith partiu do princípio de que cada país tem sempre vantagem absoluta em algum produto. Como ficaria se uma nação não tivesse vantagem absoluta em nenhum produto? Quem nos tenta dar essa resposta é David Ricardo, com a Teoria da Vantagem Comparativa.
TEORIA DA VANTAGEM COMPARATIVA
David Ricardo, em 1817, apresenta sua teoria, que através do Quadro.
13.2 fica mais fácil de ser compreendida.
Quadro 13.2.
Dias de Trabalho Necessários para Produzir
	País
	100 metros de tecido
	100 barris de vinho
	A
	90 dias
	80 dias
	B
	100 dias
	120 dias
De acordo com a Teoria da Vantagem Absoluta, não poderia haver comércio entre esses países, porque A produz vinhos e tecidos em condições melhores do que B. Mas Ricardo parte para o seguinte raciocínio:
A deve transferir os trabalhadores de tecidos para vinhos, onde tem maior vantagem. Com isso, deve comprar tecidos de B e vender vinho a B.
B deve fazer o inverso, isto é, transferir os trabalhadores de vinhos para tecidos, onde tem menor desvantagem. Com isso, deve comprar vinhos de A e vender tecidos a A.
Diante disso, vejamos o que ocorre:
A vende 100 barris de vinho (vamos abreviar: l00 bv) a B pelo preço equivalente a 90 dias. Como A gasta apenas 80, tem um lucro de 10. Compra 100 metros de tecido (vamos abreviar: l00t) pelo preço equivalente há 90 dias. Como gasta 90, não perde nem ganha, nessa operação.
B compra 100 barris de vinho pelo preço equivalente a 90 dias. Como o custo interno é de 120, B tem um lucro de 30. Vende 100 metros de tecidos por 90. Como o custo interno é 100, perde 10; mas ganhou 30 no vinho. Portanto, B tem um lucro final de 20.
Em resumo:
A vende 100 bv por 90: ganha 	10
A compra 100 t por 90: ganha 	0
	lucro total:
	10
	
B compra 100 bv por 90: ganha
	
30
	B vende 100 t por 90: perde
	10
	lucro total:
	20
Dessa forma, essa troca torna-se um bom negócio.
Portanto, o comércio entre os dois países pode ser realizado, porque a vantagem absoluta de A em vinho supera a falta de vantagem na troca de tecidos. Poderíamos fazer as seguintes críticas a essa teoria:
Ela é mais abrangente do que a Teoria da Vantagem Absoluta, de Adam Smith. Ricardo abandonou a ideia dos custos absolutos e partiu para a ideia dos custos relativos.
Como Adam Smith, Ricardo considerou que os preços eram determinados principalmente pela quantidade de horas trabalhadas. Outros fatores, como custos de transportes, não foram levados em consideração.
Ricardo e Adam Smith procuraram mostrar que a especialização da produção estimula o Comércio Internacional e beneficia o consumidor.
TEOREMA DE HECKSHER-OHLIN – ESTRUTURA BÁSICA DO MODELO
O teorema de Hecksher-Ohlin (segundo o nome dos dois economistas suecos que o formularam) explica as vantagens do comércio internacional de modo diferente das teorias clássicas, embora não as contradiga. 
Na produção de um bem são utilizados recursos de natureza muito diversa: mão-de-obra, matérias-primas, energia, tecnologia, etc.; o teorema de Hecksher-Ohlin (que tem uma formulação matemática) indica que os países têm vantagem em se especializar na produção daqueles bens que exigem uma combinação de fatores mais eficiente. 
Um exemplo: os países menos desenvolvidos possuem em geral uma mão-de-obra mais barata, por ser um recurso relativamente mais abundante; nos países mais desenvolvidos existe uma maior abundância do fator capital (maquinaria, ferramentas, etc.) o que o torna relativamente mais barato. Justificar-se-ia assim que os países menos desenvolvidos se especializassem na produção de bens que requerem maior quantidade de mão-de-obra (produções "mão-deobra intensiva”) e que os países mais desenvolvidos se especializassem nas produções "capital intensiva”. 
Faz sentido que, a nível mundial, a produção se distribua de modo a proporcionar as combinações mais eficientes. No entanto, como vimos no parágrafo anterior, essa "racionalidade" pode ter um efeito perverso que é o de manter os países mais pobres eternamente nessa situação de pobreza, impedindo-os de obterem os ganhos de produtividade que decorreriam de um processo de melhoria tecnológica, enquanto que os países ricos, especializando-se nas produções tecnicamente mais sofisticadas, acentuam ainda mais a sua vantagem tecnológica, riqueza e desenvolvimento. 
No entanto, este efeito perverso não é "culpa" da teoria econômica: a teoria económica apenas revela um mecanismo perverso que é automaticamente desencadeado pela economia de mercado - e que pode explicar como é que, em tão poucas décadas, os países se distanciaram tanto em termos de desenvolvimento econômico. 
Aplicação da teoria neoclássica do comércio internacional. Dotação de fatores e comércio internacional. Comércio de produtos industrializados e comércio de produto primário.
Como se pode perceber, a teoria de Hecksher-Ohlin complementa a Teoria das Vantagens Comparativas, ao demonstrar que o principal requisito para existência do comércio internacional é a ocorrência de diferenças dos custos relativos de produção de diferentes produtos, em diferentes países.
O modelo HO afirma que mesmo que a produtividade fosse igual nos diversos países haveria espaço para as vantagens comparativas em razão da diferença na dotação relativa dos fatores. Conforme o HO, a diferença entre os preços relativos dos países se deve à diferença na dotação dos fatores, o que determina o comércio internacional. Logo, um país com muito capital por trabalhador exportaria bens intensivos em capital, enquanto um com pouco capital por trabalhador exportaria bens intensivos em trabalho.
Com base no modelo Hecksher-Ohlin, podemos esperar que um grande volume de exportações de produtos agrícolas se mova de países ricos em solo em troca de produtos manufaturados, artesanatos e outros bens produzidos em países onde o capital e o trabalhosão abundantes. Neste esquema, naturalmente amplo, haverá muitas correntes cruzadas.
Como sabemos a divisão dos recursos em três categorias principais (trabalho, capital e terra) somente é válida como uma primeira aproximação. Numa formulação mais pormenorizada, teremos de considerar pelo menos três ou quatro tipos de solo agrícola, além de outros específicos de recursos naturais, mas mesmo em sua mais simples formulação, o modelo sueco mantém apreciava ligações com o mundo real das trocas internacionais.
Desse modo, as causas fundamentais das redes de trocas entre as nações parecem encontrar-se nas diferenças estruturais quanto à disponibilidade de recursos. Estes não se encontram distribuídos na mesma proporção entre as nações e, diante das dificuldades para a sua mobilização de uma nação para outra, cada uma tende a se especializar na produção dos bens e serviços mais apropriados à sua tipologia de recursos. Os excedentes resultantes tendem a serem trocados no exterior por produtos cuja obtenção não se ajuste à estrutura interna de recursos. Assim, o comércio internacional é, na realidade, uma espécie de troca de recursos abundantes por recursos escassos.
Enquanto as firmas realmente vendem seus produtos a preços que tendem igualar-se, são diferentes os preços de alguns de seus insumos, e na verdade os preços de seus fatores de produção, principalmente mão de obra.
Conquanto haja uma altíssima mobilidade internacional de mercadorias, a mobilidade internacional dos fatores de produção é muito baixa, tão baixa, aliás, que a teoria do comércio internacional parte da hipótese de que os fatores de produção, em contraposição aos seus produtos, são completamente imóveis entre países e inteiramente móveis dentro deles. Ocorre ainda que os fatores de produção não recebem a mesma remuneração em todo o mundo.
Uma vez que a qualidade dos fatores de produção, e conseqüentemente, sua eficiência ou produtividade tende a variar de país para país, os países que apresentassem menos eficiência média ver-se-iam alijados dos mercados internacionais que remunerassem os mesmos fatores com os mesmos preços pagos pelos países de modo geral mais eficientes. Isso se aplica especialmente ao custo dos fatores humanos de produção, empregados e empresários, cuja eficiência difere consideravelmente, não só devido a seu conhecimento e experiência diferentes, mas também porque atuam com diferentes técnicas e diferentes volumes de capital.
Esse sistema, implantado no decorrer de séculos, faz com que algumas firmas de países com baixa eficiência média possam competir com firmas de países adiantados. Ademais, caso se deteriore a relação entre o nível da eficiência média de um país em comparação com todos os outros países, essa mudança não faz com que todas as firmas fechem as portas. Mediante a variação da taxa de câmbio, ou através de outros métodos de ajuste, o país pode melhorar a posição de suas firmas, embora não sua eficiência, e dar-lhes mais uma vez condições de concorrer, internacionalmente.
Observe-se que, internamente, o mesmo produto é geralmente fabricado por muitas firmas ou pelo menos várias. As firmas produzem mercadorias idênticas ou semelhantes ou que oferecem serviços idênticos ou semelhantes e concorrem entre si. Seus produtos tendem a valer o mesmo preço, e também tendem a serem aproximadamente iguais os preços que elas têm de pagar por seus insumos, fatores de produção, matérias-primas e combustíveis. Por conseguinte, o custo de produção depende da capacidade gerencial dos administradores da firma, de seu conhecimento e de sua experiência. Os custos de produção dependem de escolherem esta ou aquela técnica de produção ou este ou aquele sistema de organização, que juntos determinam o número de unidades de insumo necessárias à obtenção de uma unidade de produção. A capacidade gerencial abrange não só o melhor meio de produzir, mas também a melhor linha de produção do ponto de vista do empresário, isto é, aquela em que a diferença entre os preços e os custos é a mais favorável e em que, portanto, a lucratividade é a maior.
Por outro lado, tem-se que os países, por causa dos custos dos transportes, tendem a comercializar mais com seus países vizinhos do que com países distantes.
Os modelos de complementaridade baseados na escassez relativa dos fatores não explicam, no entanto, o crescimento do comércio internacional decorrente da expansão das exportações e das importações simultâneas de produtos pertencentes a uma mesma indústria. Dadas as crescentes trocas entre os países industrializados, esse tipo de comércio despertou interesse entre os teóricos a partir dos anos 1970. 
Krugman (1980) considera as economias de escala como o único fator responsável pelo comércio intra-indústria e, no seu modelo, conclui com o argumento de que há, na presença de custos de transporte, incentivos para concentrar a produção dos bens manufaturados com retornos crescentes de escala em mercados maiores. Na presença de economias de escala, a expectativa é que haja maiores remunerações para os trabalhadores das economias maiores. Intuitivamente, isso significa que, se os custos de produção forem os mesmos entre dois países, o mais lucrativo seria produzir próximo ao maior mercado e, assim, minimizar os custos de transporte, ou então que, mantendo-se constante o trabalho empregado, essa diferença seria compensada pelo diferencial de salário entre os países.
Para a nova teoria do comércio, as trocas norte/sul estão associadas ao comércio inter-indústria e se devem às vantagens comparativas determinadas pela intensidade de fatores de produção. O comércio norte/norte, por outro lado, baseia-se em economias de escala e em diferenciação de produto, e está essencialmente associado ao comércio intra-indústria. Para essa literatura, países em desenvolvimento deveriam especializar-se no comércio internacional de bens intensivos em recursos naturais e em mão-de-obra.
TEORIA DA DETERIORAÇÃO DOS TERMOS DE TROCA
É interessante lembrar que, do pondo de vista teórico, essa perspectiva tinha sustentação no teorema de Heckscher e Ohlin, segundo o qual a proporção dos fatores de cada país determina seu padrão de exportações e importações, e no teorema da equalização dos fatores, para o qual o livre comércio equalizaria o preço real dos fatores entre os países. Ou seja, no limite, mantido o livre comércio e observados certos supostos, os salários nos países centrais e periféricos convergiriam. Assim, a terra prometida, de leite e mel, seria oferecida a todos os seres humanos do planeta.
As suposições do teorema da equalização dos fatores são numerosas: trata-se do comércio entre dois países; são dois bens e dois fatores de produção, com distribuições diferentes nesses países; a produtividade marginal é decrescente e as funções tecnológicas de produção são idênticas; prevalece perfeita mobilidade de bens, inexistindo tarifas, controles de comércio ou custos de transportes; há concorrência perfeita nas economias domésticas e nenhuma mobilidade de fatores (trabalho e capital); não há especialização completa da produção, a ponto de um dos países produzir um único bem.
Este teorema sempre teve e tem até hoje uma influência poderosa no debate de idéias e recomendações de políticas econômicas, especialmente em relação aos países subdesenvolvidos. Esse foi, aliás, o ponto de partida para a análise desenvolvida na América Latina e na Cepal por Raul Prebisch, e desenvolvida posteriormente por Aníbal Pinto, segundo o qual, ao contrário de uma das implicações da tese de Samuelson e outros economistas, os ganhos do comércio não se repartiam de forma equânime entre os países. Os estruturalistas latino-americanos não se limitaram a engrossar as vertentes do pensamento econômico que sublinharam as "falhas" do mercado ("market failures"), mas desdobraram essa apreciação para as "falhas" da divisão internacional do trabalho. A análise de Prebisch dispensaria a "prova" da deterioração das relações de troca, bastando apenas queesse índice não tivesse evoluído de modo a refletir o aumento da produtividade dos produtos industrializados em relação aos produtos primários. Como o progresso técnico foi mais intenso no primeiro caso, mesmo que as relações de troca não tivessem se deteriorado contra os produtos primários, bastaria a constatação de não refletirem aquela diferença relativa para justificar a necessidade de políticas industriais e de industrialização nos países periféricos. Um corolário natural da tese citada foi a idéia-força da industrialização, com suas exigências de protecionismo seletivo; desenvolvimento da infraestrutura; produção, inclusive estatal, de insumos básicos; programação e financiamento dos grandes investimentos. Tais preocupações marcaram os primeiros anos da Cepal e especialmente o começo da obra de Aníbal Pinto, um dos mais influentes estruturalistas latino-americanos. 
Aníbal Pinto esteve à vontade na apreciação crítica da ortodoxia, pois sempre se debruçou sobre a análise histórica e sobre a análise comparada de processos de desenvolvimento. Além disso, nunca deixou de prestar muita atenção à interação do desenvolvimento econômico com a política e a sociedade. Em uma dose seus mais criativos ensaios: "A Concentração do Progresso Técnico e de Seus Frutos no Desenvolvimento Latino-Americano", de 1964 ("El Trimestre Económico", janeiro-março de 1965) e complementado por "Natureza e Implicações da Heterogeneidade Estrutural", de 1969, Aníbal Pinto transportou para a economia nacional as análises de Prebisch e Rosenstein-Rodan sobre a repartição dos frutos do progresso técnico em escala internacional. Enfatizou não apenas sua dimensão regional, mas também setorial e social, apontando a tendência à desigualdade e à concentração inerentes ao estilo de desenvolvimento dominante na América Latina. Uma verdadeira heterogeneidade estrutural, reflexo das desigualdades de produtividade e na modernização não apenas entre campo e cidade, ou entre regiões pobres e regiões desenvolvidas, mas dentro dos setores e das regiões, no interior das cidades e do campo. Fez isso, desde logo, evitando a perspectiva dualista-funcionalista, que prevalecia em versões à direita e à esquerda. 
Nesses ensaios, abriu-se caminho para a formulação de políticas de desenvolvimento com menor desigualdade, que estão a quilômetros das práticas populistas que têm envolvido as políticas sociais e regionais de redução (ou não redução) dessas desigualdades. 
Aníbal Pinto era impaciente e crítico reiterado do pensamento conservador e de suas projeções nas políticas públicas. Mas não foi um heterodoxo somente em relação à ortodoxia conservadora. Sempre rejeitou também a idéia de que a Cepal pudesse ser encarada como uma espécie de "FMI de esquerda" e foi, ao mesmo tempo, crítico implacável das análises finalistas e catastrofistas, que engoliam o caráter contraditório e aberto do processo de desenvolvimento e substituíam como tantos o fazem até hoje, análises por sínteses. 
Concluindo, vale a pena reproduzir esquematicamente o raciocínio em defesa do protecionismo periférico na concepção da CEPAL. Os três estágios abaixo o sintetizam:
Não é mais possível nem desejável o “desenvolvimento para fora” na América Latina;
Logo, o desenvolvimento deveria ser reorientado para a industrialização;
A indústria periférica, entretanto, não é capaz de competir livremente com as importações provenientes dos países centrais; seu desenvolvimento, portanto, exige menores salários ou proteção. 
A INDÚSTRIA INFANTE
ALEXANDER HAMILTON
Alexander Hamilton (11 de janeiro de 1755 ou 1757, Nevis, Antilhas — 12 de julho de 1804, Nova Iorque) foi o primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América. Estabeleceu o First Bank of the United States e teve influência no desenvolvimento das bases do capitalismo americano. Morreu em 1804 num duelo com o então vice-presidente Aaron Burr.
SECRETÁRIO DO TESOURO: 
George Washington nomeou Hamilton como o primeiro Secretário do Tesouro. Hamilton serviu no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos de 11 de setembro de 1789 até 31 de janeiro de 1795.
No período de dois anos, Hamilton submeteu ao Congresso cinco relatórios que importaram em uma revolução financeira na economia norte-americana:
Primeiro Relatório sobre o Crédito Público: comunicado à Câmara dos Representantes, em 14 de janeiro de 1790.
Operações da Lei que impõe Direitos sobre a Importação: comunicado à Câmara dos Representantes, em 23 de abril de1790.
Segundo Relatório sobre o Crédito Público: Relatório sobre um banco nacional. Comunicado à Câmara dos Representantes, em 14 de dezembro de 1790.
Relatório sobre o Estabelecimento de uma Casa da Moeda: comunicado à Câmara dos Representantes, em 28 de janeiro de 1791.
Relatório sobre Manufaturas: comunicado à Câmara dos Representantes, em 5 de dezembro de 1791.
No Relatório sobre o Crédito Público, o Secretário fez a controversa proposta de o governo federal assumir os débitos em que incorreram os estados durante a Revolução. Isto foi uma ousada manobra para dar poderes ao governo federal sobre os governos estaduais, e motivou severas críticas por parte do Secretário de Estado, Thomas Jefferson, e do representante James Madison. As divergências entre Jefferson e Hamilton estenderam-se a outras propostas que Hamilton encaminhou ao Congresso, e elas tornaram-se especialmente fortes, com os seguidores de Hamilton sendo conhecidos como federalistas, e os de Jefferson como republicanos. Estes foram os primeiros partidos políticos na história dos Estados Unidos.
O próximo notável relatório de Hamilton foi seu "Relatório sobre Manufaturas." O Congresso arquivou o relatório sem muito debate, exceto pela objeção de Madison contra a formulação de Hamilton da cláusula constitucional do bem-estar geral, que Hamilton interpretou extensivamente. Todavia, o Relatório sobre Manufaturas é um documento clássico anunciando o futuro industrial dos Estados Unidos que logo seria alcançado. Nisto Hamilton opunha-se à visão de uma nação americana agrária de fazendeiros de Jefferson e propunha uma clara visão de uma dinâmica economia industrial, subserviente aos interesses manufatureiros.
Hamilton ajudou a fundar a Casa da Moeda dos Estados Unidos, o First Bank of the United States, a Guarda Costeira e um elaborado sistema de tributos, tarifas e impostos. O programa hamiltoniano, uma vez completo, substituiu o caótico sistema financeiro da era da Confederação, em cinco anos, com um moderno aparato para dar estabilidade financeira ao novo governo e aos credores a confiança necessária para investir nos títulos da dívida federal.
Como principais fontes de receita, o sistema de Hamilton impôs um imposto de consumo sobre o uísque. Forte oposição ao imposto do uísque irrompeu na Rebelião do Uísque em 1794; na Pensilvânia ocidental e na Virginia ocidental, o uísque era habitualmente fabricado e usado (muitas vezes em lugar do dinheiro) pela maior parte da comunidade. Em resposta à rebelião — sobre o fundamento de que a obediência às leis era vital ao estabelecimento da autoridade federal — ele acompanhou o presidente Washington, o general Henry Lee e mais tropas federais ao lugar da rebelião. Essa irresistível demonstração de força intimidou os líderes da insurreição, encerrando a rebelião praticamente sem derramamento de sangue.
INDUSTRIALISTA
Hamilton estava entre os primeiros a predizer um futuro industrial para os Estados Unidos. Em 1778, ele visitou as Grandes Cataratas do Rio Passaic no norte de Nova Jersey e viu que as cataratas podiam um dia ser aproveitadas para prover energia para um centro industrial no estado. Enquanto ainda secretário do Tesouro, em 1791, ajudou a fundar a Sociedade para o Estabelecimento de Manufaturas Úteis, uma empresa privada que usaria a força das cataratas para operar fábricas. Ainda que a companhia não tenha sido bem sucedida em seu propósito original, ela arrendou a terra em torno das cataratas para outras aventuras fabris e continuou a operarpor mais de um século e meio.
LEGADO
NA ECONOMIA
Alexander Hamilton é algumas vezes considerado o patrono da escola americana de filosofia econômica que, de acordo com certos historiadores, dominou a política econômica dos Estados Unidos desde 1861.[1] Ele apoiou firmemente a intervenção do governo em favor dos negócios, tal como Jean-Baptiste Colbert na França.
Hamilton opôs-se às ideias britânicas de livre-comércio, as quais ele acreditava serem inclinadas a beneficiar os poderes coloniais/imperiais, em favor do protecionismo dos Estados Unidos, que ele acreditava que iria ajudar a desenvolver a emergente economia da jovem nação. Henry C. Carey inspirou-se em seus escritos. Alguns dizem que ele influenciou as idéias e a obra do economista alemão Friedrich List.
FRIEDRICH LIST
Georg Friedrich List (Reutlingen, Württemberg, 6 de Agosto de 1789 — Kufstein, Tirol, 30 de Novembro de 1846) foi um economista, partidário do protecionismo, matéria sobre a qual teorizou. Até meados do século XX a sua obra era a mais traduzida de qualquer economista alemão com exceção de Karl Marx.
De acordo com o seu pensamento econômico, as empresas nacionais não se poderiam desenvolver se o mercado já estivesse ocupado por empresas de países estrangeiros economicamente mais avançados. Nessas circunstâncias justificava-se um protecionismo educador, tendo por objetivo proteger temporariamente o mercado nacional para assegurar a consolidação das indústrias nacionais para que em médio prazo pudessem concorrer com sucesso num ambiente de livre concorrência que não se transformasse rapidamente num sistema de sentido único pelo esmagamento das indústrias do território economicamente menos desenvolvido.
Esta teoria tem larga aplicação nos países em vias de desenvolvimento, tendo sido recentemente utilizada por numerosos países da Ásia, nomeadamente os chamados dragões econômicos. Anteriormente foi também muito utilizada pelos Estados europeus e pelos Estados Unidos da América. Apesar de toda a retórica em torno da globalização, mesmos os Estados mais avançados ainda recorrem a medidas de protecionismo seletivo nos sectores considerados ‘’estratégicos’’ que se enquadram no pensamento de List.
Foi um dos inspiradores da criação da União Aduaneira dos Estados Alemães de 1834 (Zollverein), que abrangeu a maior parte das entidades políticas que formaram a Alemanha.
ARGUMENTO DA INDÚSTRIA NASCENTE
O argumento da indústria nascente é um argumento econômico utilizado como justificativa para medidas protecionistas. É um dos temas mais antigos na história do pensamento econômico. Os principais tópicos relacionados são: a eficácia da intervenção governamental sobre determinados ramos de produção, externalidades positivas e o potencial de vantagem comparativa (ou vantagem comparativa dinâmica).
EVOLUÇÃO DO ARGUMENTO E CRÍTICAS
Friedrich List foi o primeiro a analisar o argumento da indústria nascente com maior profundidade. Ele escreve no livro The National System of Political Economy que a proteção da indústria nascente deve ser removida gradativamente até que esta se torne independente. Ele admite que uma nação possa sacrificar parte do conforto presente em nome de uma maior prosperidade futura, com firmas mais produtivas. Contudo, ele previne que a proteção seria justificável apenas se a nação conseguisse manter a indústria favorecida com capacidade de competir com o mesmo grau de eficiência que outras indústrias estrangeiras. Afinal, a proteção pode provocar algumas distorções no mercado, por isso não deve ser feita sem razão ou fundamento.
Robert Baldwin acrescenta que, existindo uma expectativa de que uma indústria tenha potencial de vantagem comparativa sobre outras, as firmas nesta indústria conseguiriam captar recursos do mercado de capitais para cobrir os custos iniciais excessivos, não necessitando de ajuda alguma (problema de informação assimétrica). Mas ele não observa a questão de maior aversão ao risco do setor privado em relação ao setor público, chamada de miopia.
Para Harry Johnson, o caso da indústria nascente é explicitamente dinâmico, ou melhor, um argumento para intervenção temporária com a finalidade de corrigir uma distorção transitória. A justificativa para a proteção teria então que assumir que esta deve durar na proporção em que a indústria realmente necessita. O argumento da indústria nascente se baseia em um caso de proteção temporária, na alegação de que a firma poderia finalmente se estabelecer e ser capaz de competir nas mesmas condições das indústrias estrangeiras dentro do mercado interno ou no mercado mundial. Havendo custos excessivos, porém temporários, nos estágios iniciais, essa indústria jamais seria capaz de se firmar contra a competição aberta internacional, ou isso demoraria muito tempo. O argumento indica então que a abertura comercial, em países menos desenvolvidos, traria uma ineficiência social na alocação de recursos. Setores com potencial de vantagem comparativa estariam sendo desperdiçados, pois não conseguem atrair investimentos quando há forte competição externa. Assim sendo, o gasto incorrido na proteção seria um tipo de investimento, considerando que traria um benefício futuro com a maior produtividade indústria.
Paul Krugman também analisa o tema, mas com um ponto de vista mais cético. Ele argumenta que é difícil saber o momento adequado para proteger a indústria. Também alerta sobre a possibilidade de grupos de interesse utilizarem o argumento para favorecerem setores onde há uma relação de troca de interesses, algo recorrente no Brasil, por exemplo.
Krugman admite que o argumento seria justificável quando o mercado de capitais do país fosse imperfeito, mas nesse caso, seria melhor torná-lo mais eficiente em vez de proteger qualquer indústria. Também ressalta o caso da apropriabilidade, quando uma firma não consegue se apropriar dos benefícios intangíveis por ela produzidos, ou seja, no caso em que o custo social excede o custo privado. Neste caso, seria interessante o governo incentivar estas firmas a entrarem neste mercado, o que promoveria externalidades positivas para a sociedade e outras firmas.
Outra crítica plausível contra o argumento é o fato das políticas protecionistas distorcerem o mercado. Tarifas protecionistas e quotas de importação (não muito convencional) provocam distorções de subproduto, gerando então peso-morto. O uso de subsídios seria uma alternativa de proteção, porém, em países menos desenvolvidos (LDC), o uso de subsídios é praticamente inaplicável, pois quem arca com os custos é o próprio governo, que pode não ter dinheiro o suficiente nem apoio popular para isso.
O protecionismo também pode afetar outros setores que utilizam o produto tarifado como insumo, principalmente setores de exportação. Desta forma, um setor produtivo acaba sendo protegido em detrimento da desproteção de outros, havendo ainda dificuldade por parte do do governo em medir o nível ótimo de proteção. O argumento da indústria nascente é muito utilizado para justificar políticas de substituição de importação, em oposição às políticas de promoção de exportação, comuns nos países do leste e sudeste asiático, que apresentaram grau de desenvolvimento elevado a partir dos anos 1980.
Uma tarifa sobre determinado tipo de bem importado poderia ser o equivalente, por exemplo, a uma política que taxasse exportações numa intensidade semelhante. Isso, supondo um caso em que importações de bens intermediários entrassem direta ou indiretamente nas atividades de exportação. Quanto mais forte a relação de dependência entre estes setores, mais danoso seria o impacto sobre as exportações de uma tarifa contra as importações. Um exemplo disso seria a questão da restrição de importação proibitiva sobre os microcomputadores no Brasil. Um protecionismo levado ao extremo, que praticamente anulou a competição externa deste tipo de bem no país. Apesar da intervenção, os computadores brasileiros permaneceram mais caros e de menor qualidade do que os seus similares externos. Com o tempo, os preçosdeclinaram e a qualidade melhorou, mas as firmas deste ramo de produção nunca conseguiram alcançar a razão qualidade/preço dos seus rivais externos. Outras indústrias sentiram-se prejudicadas, pois não poderiam ter acesso a um produto que facilitaria a sua produção e até mesmo baratearia os custos e consequentemente os preços. Assim, a política de proteger a indústria de informática trouxe um custo inadequado para outros setores. Não apenas isso, mas inviabilizaram-se investimentos em setores que poderiam crescer com os menores custos dos computadores importados, como a indústria de Softwares e de periféricos.
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