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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS DISCIPLINA DE RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTA-ATMOSFERA PROFESSOR: Francisco de Queiroz Porto Filho 4. Métodos para avaliar a Umidade do Solo 4.1 Método Gravimétrico Consiste em recolher uma amostra de solo, pesá-la, secá-la em estufa a 105ºC durante 24 a 48 horas e pesá-la novamente. É considerado como o método padrão e serve para ajuste dos outros métodos. MU - MS U = MS g/g ou % 4.2 Método da Resistência Elétrica Consiste num bloco de gesso no qual são inseridos dois eletrodos ligados a um aparelho medidor de resistência à passagem de corrente elétrica. Calibra-se o instrumento com o método gravimétrico São mais sensíveis para tensões entre 1 a 15 atm (mostrar aparelho) 4.3 Método da moderação de neutrons Baseia-se no fato de que o hidrogênio contido na água do solo, ao ser atingido por neutrons rápidos, dispersa-os e transforma-os em neutrons de movimentos lentos, que retornam à fonte onde existe um detector. A umidade do solo será tanto maior, quanto maior o retorno de neutrons lentos. É utilizado para qualquer teor de umidade do solo. Componentes principais: a) Sonda – contém fonte de neutrons rápidos e detector de neutrons lentos. Fontes de Neutrons Rádio – Berílo – Radiação perigosa Amerício – Berílo – Radiação menos perigosa b) Scaler – mede o fluxo de neutrons lentos. c) Tubo de acesso de alumínio d) Caixa Protetora – cilindro blindado de parafina { Para de determinar o conteúdo volumétrico da água em um solo qualquer é necessário obtenção de uma equação de calibração para cada profundidade a ser analisada. Escolhe-se dentro da área quatro ou mais parcelas de 2 x 2 e instala no centro de cada uma, tubos de PVC, alumínio ou aço de aproximadamente 2 polegadas de diâmetro interno, 2mm de espessura nas paredes e de comprimento variado. As parcelas são irrigadas até a saturação da profundidade desejada. Um outro tubo é instalado fora das parcelas e 1,30m do solo para a obtenção da leitura de carcaça. Faz-se leituras diária com a sonda a cada profundidade desejada, até que haja uma estabilização nos valores obtidos pela mesma (equilíbrio). A cada leitura, nas mesmas profundidade, determina-se o conteúdo volumétrico de água do solo (θ). A leitura da carcaça, necessário se faz toda vez que se realiza leituras com a sonda, e a relação contagem no solo/contagem na carcaça é expressa como sendo contagem relativa (CR). A equação de calibragem para cada profundidade ou para todo perfil é obtido em função do conteúdo volumétrico de água no solo (θ) e da contagem relativa (CR), de acordo com os modelos: θ = a + bCR θ = a + bCR + c (CR)2 Obtida as equações pode-se detectar a qualquer instante o conteúdo volumétrico de água no solo, bastando para tal, instalar tubos de acesso para a sonda em locais pré- determinados. EXEMPLO: Contagem relativa (CR) e conteúdo volumétrico de água (θ). Data Profundidade (cm) Contagem Carcaça Leitura Neutrometro Contagem Relativa (CR) Conteúdo Volumétrico (θ) 2/12/89 0 - 20 699 308 0,440 11,37 3/12/89 0 - 20 696 244 0,351 7,32 4/12/89 0 - 20 696 198 0,284 7,36 5/12/89 0 - 20 696 181 0,260 7,02 6/12/89 0 - 20 698 174 0,250 6,45 7/12/89 0 - 20 694 170 0,245 6,37 8/12/89 0 - 20 697 168 0,241 6,27 9/12/89 0 - 20 694 161 0,232 6,17 Resolução: Tomado os valores da contagem relativa (CR) como “X” e o conteúdo volumétrico (θ) como “Y” e analisando estatisticamente através da regressão linear, obtém-se a equação seguinte: θθθθ = 0,89 + 22,22 CR com r2 = 0.94 4.4 Método do Tensiômetro O tensiômetro mede a tensão com que a água é retida no solo e com o auxílio da curva característica, encontra-se o teor de umidade do solo. 5. Classificação da água no solo 5.1 Classificação Física Baseia-se no grau relativo de tensão com o qual a água é retida pelo solo. Classifica-se em: a) Água livre ou de drenagem – conteúdo acima da capacidade de campo; sujeita muito fracamente (0,1 – 0,5 atm tensão); não desejável; movimenta-se principalmente devido à gravidade; causa lixiviação dos nutrientes do solo. b) Água Capilar – retida entre capacidade de campo e o coeficiente higroscópico; tensão varia entre 0,1 e 31 atm; não é todo disponível às plantas; movimenta-se pelo ajustamento dos filmes d’água (dos mais grossos para os mais finos); funciona como a solução do solo; c) Água higroscópica – retirada a tensões que variam de 31 a 10.000 atm; adsorvida principalmente nos colóides do solo; em grande parte não é líquida (vapor); movimenta-se principalmente na forma de vapor. OBS: A capacidade de retenção total de água no solo correlacionam, tanto com a textura como com o conteúdo de matéria orgânica. 5.2 Classificação biológica Baseia-se na água aproveitada para o crescimento dos vegetais. Divide-se em: a) Água supérflua – água em excesso da contida à capacidade de campo; de pouco ou nenhum benefício para a planta. É mais adversa à medida que se aproxima do ponto de saturação, causando aeração pobre ou deficiente para as raízes e os microorganismos do solo que desta forma retardam os processos de amonificação e nitrificação. Um outro efeito negativo é a perda de nutrientes por lixiviação. b) Água disponível ou utilizável – é aquela contida no solo entre capacidade de campo e o ponto de murcha. É a principal fonte de suprimento para a planta. O grau de disponibilidade desta água diminui e seu efeito negativo nos rendimentos aumenta à medida que ela se aproxima do ponto de murcha. c) Água não disponível – retida a tensões iguais e maiores a 15 atm. Formada pela água higroscópica e parte da capilar. Na figura abaixo são apresentadas diagramaticamente as classificações física e biológica mostrando as relações entre ambos. 6. Constante Hídrica do Solo - Umidade de Saturação (US) - Capacidade de Campo (CC) - Ponto de Murcha Permanente (PMP) - Água Disponível (AD) 6.1 Umidade de Saturação É a máxima percentagem de água que um solo pode conter. Corresponde ao preenchimento da porosidade total. Determinação: Em laboratório satura-se uma amostra de solo e determina o teor de umidade pelo método gravimétrico. MU - MS U = MS x 100 6.2 Capacidade de Campo É a quantidade máxima de água capilar que pode ser retida contra a força da gravidade, por um solo, após drenagem de água supérflua. a) A Campo – Satura-se uma área de 4m2 e cobre-se para evitar a evaporação. Na profundidade desejada determinar o teor de umidade do solo a cada 12 - 24 horas até que a variação da umidade nas determinações seja praticamente constante. (48 a 72 horas). Exemplo: Tempo U% 0 30 24 25 48 22 72 18 96 15 120 15 b) No Laboratório – Penera-se um amostra (peneira de 2mm), satura-se e usando- se a câmara de Richards (Panela de pressão) determina-se o conteúdo de água à tensão de: 0,1 atm - solos de textura grossa 0,3 atm - solos de textura média à fina 6.3 Umidade de Murchamento É o teor de umidade que um solo ainda retém, quando as plantas mostram pela primeira vez sinais de murchas permanente. Esta constante constitui o limite inferior de água disponível às plantas. Determinação • Método Fisiológico – Geralmente usa-se o girassol ou o feijão como planta indicadora. • Método de Laboratório – Usa-se a câmara de Richards a uma tensão média de 15 atm. 6.4 Água Disponível Corresponde ao teor de água retido no solo entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente. AD = CC –PMP Teorias sobre água disponível: Segundo SHOW a atividade das plantas permanece praticamente 100% até um certo consumo da água disponível, à partir daí suas atividades decresce bruscamente. Portanto, para a planta não reduzir seu desenvolvimento, deve-se supri-la de água neste momento. - Cálculo da lâmina requerida: (Ucc - Upm) h = 100 x da x H x f h = lâmina requerida (mm) Ucc = teor de umidade em massa na capacidade de campo (%) Upm = teor de umidade em massa no ponto de murcha permanente (%) da = densidade aparente (g/cm3) H = profundidade do sistema radicular (mm) f = fator (fração da AD a ser consumida), assume valores diferentes dependendo do tipo de solo e da cultura. Para o tipo de solo temos: - Solos arenosos - 50 a 60% da AD. - Solos francos - 40 a 50% da AD. - Solos argilosos - 30 a 40% da AD. 7. Fatores do solo que afetam a quantidade e uso da água disponível para as plantas. Dentre as características do solo que influenciam na disponibilidade de água encontram-se: 7.1 Relações conteúdo de água-tensão Os fatores que afetam a quantidade de água a CC e PMP, influenciam também a água disponível. Estes fatores são, entre outros, textura, estrutura e matéria orgânica. Enquanto mais fina é a textura do solo maior será o seu conteúdo de água disponível às plantas na figura é possível apreciar o efeito da textura do solo na tensão da água do solo e na quantidade de água disponível. 7.2 Concentração de Sais A concentração de sais do solo seja pela adição de fertilizantes seja pelos sais oriundos do próprio solo, pode influenciar na absorção de água das plantas pela diminuição do ψos e no caso do sódio pela desestruturação do solo. 7.3 Profundidade do Solo A profundidade do solo afetará notadamente a quantidade de água disponível. Especialmente nos solos rasos com culturas de sistemas radicular profundos 7.4 Estratificação do solo Esta característica de alguns solos influencia marcantemente a água disponível e seu movimento no solo. As camadas altamente compactadas (hardpans ou camadas impermeáveis) reduzem bastante a taxa de movimento vertical da água no solo e também dificultam a penetração das raízes das plantas. QUESTÃO PROVA CONCURSO INCRA Na figura abaixo são apresentadas as curvas de retenção de água de três solos. Com base nesse gráfico, analise as afirmativas a seguir: I - O solo 1 provavelmente apresenta textura mais argilosa e maior água disponível total. II - O solo 2 provavelmente apresenta textura média e maior água disponível total. III - O solo 3 provavelmente apresenta textura arenosa e menor água disponível total. IV - O solo 2 provavelmente apresenta textura média e água disponível total superior ao solo 3 e inferior ao solo 1. V - O solo 3 apresenta a menor porosidade total. São corretas somente as afirmativas: (A) I e V; (B) I, III e IV; (C) II e V; (D) II, III e V; (E) III, IV e V
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