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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP JOSÉ RENAN FEITOSA FILHO GUARDA MUNICIPAL: A IMPORTÂNCIA E ADEQUAÇÃO DO ESTATUTO (Lei 13/022 de 08 de Agosto de 2014) Projeto de Pesquisa a ser apresentado à Banca do Exame do Curso Superior de Tecnólogo em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Prática de Pesquisa em Segurança Pública. ORIENTADORA PROF. MSC. KÁTIA DE MELLO SANTOS IGUATU – CE Março – 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................................................ 4 3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................ 4 4. REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................................................... 4 5. METODOLOGIA ............................................................................................................................................... 5 6. CRONOGRAMA ................................................................................................................................................ 5 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 7 1. INTRODUÇÃO Há pouco tempo atrás, no Brasil foi sancionada a lei 13/022 de 08 de agosto de 2014, onde o Estatuto das Guardas Municipais vem concedendo a estas o poder de polícia e, ainda acrescentando as atribuições de polícia preventiva, podendo desta feita, dividir atribuições com a Polícia Militar do Estado do Ceará, buscando uma conjuntura de trabalho para melhoria da sociedade. Desta maneira pode estar ocorrendo uma descentralização da polícia ostensiva no âmbito dos Estados no Brasil, porque a nova lei e o Estatuto Geral delega o Poder de Polícia às guardas municipais, para o exercício de suas funções. Muitas das Polícias Militares possuem mais de 100 anos de idade. Contudo, não existe sequer um diploma legal que aduz exaustivamente as atribuições desta polícia, diferentemente da nova lei das Guardas, que pormenoriza as funções desta instituição, com isso deixando claro a função de cada um. (COELHO, 2007) Para esta mudança, será disposto o foco da Constituição Federal e, as interpretações pelos Doutrinadores do Direito com influência do Estatuto na descentralização da polícia brasileira, bem como, a sua influência nas atribuições para as guardas municipais de cada estado. O Estatuto das Guardas Civis está gerando uma grande discussão com relação a sua constitucionalidade, pois nenhum Tribunal se manifestou a respeito da lei, havendo apenas especulações quanto à constitucionalidade ou não, existindo duas correntes doutrinárias que aduzem sobre tal tema. Através deste trabalho, será desenvolvido um estudo com o fim de comentar a importância e influência destas novas ações que foram delegadas a esta instituição com relação aos Guardas Municipais da cidade de Iguatu-Ceará. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Analisar e compreender as funções exercidas pelas guardas municipais, a sua importância para comunidade e a adequação do estatuto da Lei 13/022 de 8 de agosto de 2014. 2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS Conhecer as origens e funções das guardas municipais; Abordar as esferas relacionadas às guardas municipais e demais instâncias policiais; Reconhecer a composição legal do estatuto e sua adequação entre os membros das guardas municipais. 3. JUSTIFICATIVA A Guarda Municipal devidamente treinada e dotada de Central de Operações com equipamentos de comunicação, além de viaturas operacionais certamente contribuirá, juntamente com os demais órgãos de Segurança Estaduais, para a redução de índices de violência, sobretudo das infrações de pequeno potencial ofensivo, diminuindo o fluxo e demanda ocupacional da Polícia Militar, que assim poderá se ocupar nos atendimentos às infrações de maior potencial. A atuação da Guarda Municipal será em operações preventivas e Comunitária, inclusive com a implantação de uma Guarnição exclusivamente direcionada a realizar em caráter diuturnamente a Ronda Escolar, atuando na Educação e Prevenção às Drogas, além de um Grupo Especial de Proteção e Prevenção aos crimes e danos ao Meio Ambiente, cujos profissionais serão Agentes Multiplicadores de Cidadania devidamente qualificados para exercer com proficuidade seu mister. O presente trabalho veio por motivo da minha pessoa trabalhar como guarda e, vendo a necessidade de que outras pessoas conheçam a importância do trabalho exercido na comunidade. Embora, muitos acham que são apenas uma pessoa comum nas ruas e que não tem nenhum valor profissional. Além disso, tem o intuito de conhecer todo histórico e a lei que rege a guarda municipal, enfatizando a sua importância junto à população. Com isso, será retratado neste projeto as funções exercidas e, em que campo poderá atuar a guarda municipal. 4. REVISÃO TEÓRICA 4.1 COMO SURGIRAM AS GUARDAS NO BRASIL Foi criada em 13 de maio de 1809, a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, dando origem a Guarda Municipal do Rio de Janeiro, e, com isso obtendo como finalidade acontecer o policiamento em tempo integral de toda a cidade. Começaram a agir de forma mais competente e organizada do que os chamados "Quadrilheiros", pessoas que eram escolhidas pelos juízes de cada região ou cidade. (MORAIS, 2013). Como contrapartida veio a Regência Trina Provisória, órgão que surgiu após a abdicação de Dom Pedro I, pois, seu filho Dom Pedro II, não possuía idade suficiente para reinar. Com isso, criou em 14 de junho de 1831 em cada Distrito a Guarda Municipal. No mesmo ano, mais precisamente em 11 de agosto de 1831 foi publicada pelo mesmo órgão: a Guarda municipal, chegando a acabar com as recém criadas Guarda Municipais. Conforme Carvalho (2011, p.54) no período de outubro de 1831, houve uma nova roupagem das guarda Municipais, chamando-as de Corpo de Guardas Municipais Permanentes, que eram subordinadas ao Ministro da Justiça e ao Comandante da Guarda Nacional. O corpo de Guarda Permanente estava autorizado a realizarem qualquer tipo de patrulhamento, respeitando o direito dos cidadãos e, utilizando da força se necessário fosse para efetuar as prisões. Através de Feijó deu a criação deste corpo e, teve em seu quadro como Comandante o Major Luís Alves de Lima e Silva, (''Duque de Caxias") em 18 de outubro de 1832, patrono do exército brasileiro. A Guarda nesta época tinha a competência de realizar o policiamento e acabar com as revoltas que eram de costume no período. O destaque a esta corporação, que eram um grupo de pessoas mais próximas à sociedade. De acordo com Soares (2006, p. 95) nos anos em que houve a Ditadura Militar no Brasil, ocorreu a sua extinção, surgindo em 1988 com a nossa atual Constituição, com fito de promoverem a proteção dos bens, serviçose instalações municipais, sendo facultativo a sua criação pelos Municípios. Já no ano de 1992, ocorreu o III congresso Nacional das Guardas Municipais, onde através dele, ficou o dia 10 de outubro, como o Dia Nacional das Guardas Municipais do Brasil. Porém em 08 de agoste de 2014, foi criado o Estatuto Geral das Guardas Municipais ampliando consideravelmente os poderes que detinha a Guarda, esta nova lei, trouxe o poder de polícia da Guarda e ainda através de seus Princípios desvinculou a Guarda Municipal de qualquer entidade militar, proibindo inclusive a sua formação em órgão desta natureza. Ocorrendo assim, uma descentralização das polícias brasileiras no âmbito do Estados, deixando a Polícia Militar e Civil as únicas entidades com este poder. (BOCAULT, 2001) 4.2 AS GUARDAS MUNICIPAIS DE ACORDO COM A CONSTIUIÇÃO FEDERAL Para Silva (2007, p.46) toda norma que não se conforma com a constituição está em estado de inconstitucionalidade, no entanto, os direitos que são omitidos também estão eivados de inconstitucionalidade. A Supremacia da Constituição Federal decorre do Princípio da Rigidez Constitucional, onde, este leva as normas constitucionais maior formalidade e dificuldade para as suas mudanças. Já a Supremacia da Constituição se refere a sua superioridade a qualquer outra legislação existente no Brasil, sendo assim, as normas infraconstitucionais devem respeitar os preceitos que emanam da Carta Maior. No Brasil temos um modelo de polícia centralizada, haja vista, que a Constituição Federal reserva a poucas instituições a função de ostensividade e prevenção, ficando esta funções a cargo apenas das seguintes instituições: Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Polícia Militar. Agora temos uma nova lei, regulando o poder de polícia as Guardas Municipais, guardiãs do patrimônio e serviços dos Municípios. A Guarda Municipal antes da constituição de 1988, sempre teve a incumbência de manter a segurança do patrimônio Municipal, sem possuírem explicitamente o poder de polícia, desta feita, não passavam dos muros dos prédios, escolas e serviços municipais. Agora com a lei 13022/2014, possuem claramente o poder de polícia, onde este instituto consagra o caráter civil das Guardas e que são uniformizadas e armadas, possuindo a função de proteção municipal preventiva, sem, contudo, entrarem nas competências da União, Estados e Municípios. (GONÇALVES, 2016). Na Constituição da República, a segurança pública é tratada em capítulo exclusivo, que conta apenas com o artigo 144, o qual traz, em seus incisos, os órgão que exercem a segurança pública em nosso país. (BRASIL, 2005). A segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, sendo exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas, além do patrimônio público, através dos seguintes órgãos: l - polícia federal; lI - polícia rodoviária federal; III- polícia ferroviária federal, IV- polícias civis: - V- polícias militares e corpos de bombeiros militares. No Art. 3, onde diz no seu inciso I que a proteção dos direitos humanos são fundamentais para o exercício de cidadania e da liberdade pública, como também no seu inciso II, comenta sobre a preservação da vida, a redução do sofrimento e diminuição das perdas Enquanto que, no inciso III fala do patrulhamento preventivo, e, no inciso IV retrata do compromisso com a evolução social da comunidade e, o V inciso do uso progressivo da força. (BRASIL, 2014) A Guarda deve seguir os princípios que estão previstos na lei de forma mínima, bem como, seguir outros que norteiam suas ações de acordo com a Constituição Federal, não podendo de forma alguma fugir deste caminho determinado pelo legislador. O estatuto deixa a cargo dos municípios a criação de outros princípios, não podendo estes invadir as competências dos estados e da União. No novo texto da lei, está inserido o patrulhamento preventivo e o uso progressivo da força, como dos princípios a serem seguidos (SOUZA, 2000). Di Pietro (2010, p.155) diz que no primeiro parágrafo, do capítulo III da Constituição, deixa de forma clara que pertence as Polícias Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Polícias Militares o patrulhamento ostensivo, onde veio como enfoque, de ceder este patrulhamento ostensivo para que a Guarda exerça a sua função primordial, ou seja, constitucional, que é prevenir o crime no patrimônio e serviços pertencentes ao município. As ruas do município é um bem municipal de seu uso comum, desta feita, pode ser realizado o patrulhamento pôr a Guarda Municipal, onde muitas vezes se deparam com o crime e que não poderão reagir pelo fato dos mesmos não portarem armas de fogo. Enquanto que Lisboa (2013, p.67) afirma que a mesma lei também proíbe a formação das guardas municipais em ambiente militares, podendo o estado criar um ambiente de formação centralizado ou a critério do municípios terem os seus próprios locais de formação. Desta, desvincula do ensino militar e deixa de forma taxativa que são instituições que devem estar fardada, armada e não militarizada. Além disso, relata a lei geral das guardas municipais, no parágrafo de seu artigo 11, § 2 em que o estado poderá, mediante convênio com os municípios interessados, manter o órgão de formação e aperfeiçoamento centralizado, onde cujo conselho e gestor seja assegurada a participação dos municípios conveniados. Para Batista (2002, p.88) comenta que no parágrafo 2º não pode ser o mesmo destinado a formação, treinamento ou aperfeiçoamento de forças militares. Os parágrafos do estatuto vieram desvincular da polícia militar a formação das guardas municipais, percebe-se que esta instituição quer ter a sua própria identidade e deixar de ter dependência desvinculando de uma vez dos métodos militares. Com o novo estatuto a Guarda passou a ter os seus objetivos bem delineados, sendo assim o artigo 4º e seu parágrafo único da l ei 13.022 refere-se que é competência geral das guardas municipais a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do município. O estatuto não ampliou as funções da Guarda municipal para que ela simplesmente conceda um poder de polícia, onde ela atue na proteção dos bens e serviços, ou seja de forma igual à que manda a constituição, adquirindo o poder de polícia. (MELLO, 2010). 4.3AS GUARDAS COMO ORGÃO MUNICIPAIS A guarda municipal é uma instituição de caráter civil uniformizada e armada, vinculada ao poder executivo municipal, formada por servidores públicos efetivos, concursados, e que tem por função a proteção dos bens, serviços e instalações do município. Com isso vem ressaltar o respeito aos direitos dos cidadãos, que estão inseridos em todo bojo da Constituição do Brasil. O Brasil por ser país que tem inserido em sua história várias violações aos Direitos Humanos, decidiu o legislador repetir tal preceito, dando uma sensação de garantia ainda maior à sociedade, atendendo as ocorrências emergenciais quando solicitados ou depararem com elas, devendo estes mesmos agentes, conduzir o detido ao Delegado de Polícia de sua Circunscrição. (MARCO, 2008). De acordo com a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), nos incisos VI e VII, salienta-se que a guarda municipal poderá exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias e logradouros municipais, nos termos da Lei, ou de forma concorrente, mediante convênio celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal. Além disso poderá proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e ambiental do Município, inclusive adotandomedidas educativas e preventivas;(BRASIL, 2014). Conforme Benont (2000, p.23.) houve uma exaltação a respeito do empenho que estes agentes municipais devem ter para com o trânsito, meio ambiente, patrimônio histórico, cultural e arquitetônico. Nestes incisos são trabalhada a prevenção e medidas educativas para que os objetivos sejam alcançados. Cabendo salientar aqui, que estes bens acima citados são os municipais, sem invadirem a competência dos outros órgãos conforme diz o caput da lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). Quanto à competência de trânsito, percebe-se que devem trabalhar mediante convênio com os órgãos estaduais e municipais de acordo o que reza o código de trânsito nacional. No caso onde, houver órgão municipal, cabe a incumbência da Guarda celebrar convênio com este, é o caso do Ceará. A Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) possui os agentes fiscalizadores do ambiente de trânsito, conforme este inciso, Enquanto que a Guarda ao celebrar este convênio poderá fazer autuações, bem como fiscalizar todo o ambiente em que é de sua atribuição. Deste modo, percebe-se que este corolário repetiu o que foi as polícias militares na Constituição Estadual. Nos incisos VIII, ele procura estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Município vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com vistas ao desenvolvimento de ações preventivas integradas;( BERWIG, 2017) No inciso XI, articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município Já os outros incisos se referem à cooperação, interação, parcerias e articulação com órgão civis de defesa civil e outros que possuem o caráter de contribuírem com as atividades de melhoria da segurança das comunidades. Esta relação deve ocorrer por meio de ações interdisciplinares, de modo que todos os meios sociais, com suas políticas sociais ajam de forma a unir os seus esforços e conhecimentos para o bem da sociedade no geral. Os incisos acima, também previram a participação da Guarda através de uma cooperação com a defesa civil. Neste percebe-se, não a participação direta, mas sim uma ajuda ao ente competente por esta atribuição. Também prevê que a Guarda deve realizar convênios com os municípios vizinhos, estes tem o fito de facilitarem o emprego e políticas de segurança. A Guarda Municipal de Iguatu, pode fechar um convênio de ajuda mútua com o Município de Acopiara e Jucás, pois, são municípios vizinhos. E por último, os incisos XV, XVII e XVIII, traz o seguinte: XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande porte; XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades e signatários; XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e docente das unidades de ensino municipal, deforma a colaborar com a implantação da cultura de paz na comunidade local. XV. Contribuir no estudo de impacto da segurança local conforme o plano do diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande porte. Este seria o caso em que a entidade, opinaria sobre as condições que devem ser implantadas no empreendimento para facilitar a segurança do local. Esta é uma atribuição que todas as polícias militares estão lutando para conseguir. Haja vista que a maioria de construções são autorizadas sem as mínimas condições. (MENDONÇA, 2013.) Os governantes deveriam facilitar uma segurança pública de qualidade, colocando a guarda para atuarem dentro de um contexto municipal em que atendesse as necessidades da sociedade. Sem esquecer de implantar uma cultura de paz. Cabe destacar aqui, que o crime nas adjacências das escolas ou instituições educacionais, afetará consubstancialmente as atividades e pessoas ali inseridas. 4.3.1 O Perfil das Guardas Municipais Brasileiras O perfil das Guardas Municipais vem sendo tratado ao longo do tempo por a sociedade. E o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que, investiga todos os 5.570 municípios e divulga dados relativos a diversas áreas como recursos humanos das administrações municipais, Transporte, Cultura, Segurança e justiça, como também o perfil das guardas nos tempos de hoje De acordo com Severino (2007, p.56) entende-se que a dinâmica e composição dessas corporações no cenário brasileiro atual, vem apresentando bastante destaque. Além de observar as similitudes e diferenças dessas corporações, a saber: quanto à gestão da segurança, quanto aos Conselhos Municipais de Segurança, quanto aos municípios que possuem Guardas Municipais, quanto ao gerenciamento (termo utilizado pela crítica à concepção militar da palavra comando implantada nas GMs) das Guardas Municipais e quanto ao uso de armas de fogo. 4.3.2 A Guarda Municipal e Análise do Exercício de suas Funções na Segurança Pública A importância de entendermos certas variáveis da guarda municipal, como a sua autonomia relativa e, suas competências previstas no ordenamento jurídico. A autonomia relativa pelo fato das articulações políticas que envolvem a composição, aparelhamento e qualificação dos agentes da Guarda Municipal, por exemplo, e a limitação de competências para entendermos os limites da atuação dessas corporações na segurança pública. Para o melhor entendimento, está ocorrendo nos Municípios a usurpação de função das Polícias Militares, cabendo inclusive a intervenção dos Ministérios Públicos (MP) dos estados, onde isso estiver ocorrendo, com amparo no artigo 127 da Carta Magna, que assim discorre: “O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” Analisar o conteúdo do art. 144 da Constituição Federal somado as competências atribuídas aos entes federados nos ilumina acerca das competências que devem ser exercidas por cada órgão componente do sistema de segurança pública. (1998 apud MENDONÇA, 2013) Só quem tem competência previamente definida por regras jurídicas, está apto, em qualquer Estado de Direito, a desempenhar funções com o selo da autoridade pública. É importante essa noção pelo fato de que, como nos alerta Paula (2005, p.97) que: “O império da lei deve ser entendido como dimensão essencial do Estado de Direito, no sentido de que o poder político não é livre, mas subordinado ao direito, em especial a uma Constituição, pois atua por meio dela, e todas as demais normas devem ser informadas pela ideia de direito”. A Carta Constitucional é bem clara quando define quais órgãos são responsáveis pelo exercício da segurança pública, bem definido no art. 144, e, taxativamente nos parágrafos que se seguem, quais as respectivas funções dos órgãos dentro do sistema. O Art. 144. Refere-se a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, e, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina- se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e socialou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina- se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina- se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam- se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. Na análise desse artigo apesar das guardas municipais não estarem expressamente previstas no caput, não enseja que esta não faça parte do sistema, apenas que dentro de um federalismo assimétrico o município não possui as mesmas competências que os outros entes federativos e, também porque este não possui o instrumento necessário para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, a polícia. Acerca do assunto Paula (2015, p.90) atenta que: “Embora não figurem no art. 144, as guardas municipais integram o sistema de segurança pública da CF/ 88. Mas a própria ausência de menção no referido artigo nos dá uma pista de que as guardas não possuem as mesmas responsabilidades dos demais órgãos e o mesmo status constitucional”. Devemos discordar somente da questão de que as guardas municipais não possuem o mesmo status constitucional dos outros órgãos. Não existe hierarquia entre os órgãos do sistema de segurança pública, o que existe são competências distintas e funções específicas de cada componente e sua parcela de reponsabilidade que devem ser observadas. A luz do caput do art. 144 inferimos que a manutenção da ordem é constitucionalmente prevista como função dos órgãos majoritariamente denominados de polícia, seja ela no sistema de segurança pública, seja no âmbito da Câmara dos Deputados (art. 51, inc. IV) ou no Senado Federal (art.52, inc. XIII). Logo, se cria duas vertentes de atuação dos órgãos componentes do sistema de segurança pública, a saber: a vertente pessoal, entendido como a relação do Estado com os membros que integram a sociedade e a vertente patrimonial, entendido a relação do Estado com seus bens, à prestação dos seus serviços e a guarda e vigilância de suas instalações. Como foi negada ao município a possibilidade de possuir esse instrumento legalmente constituído, há de concordar com a afirmação em voga que a Guarda Municipal “não é polícia”, logo se retira do mesmo a possibilidade destas atuarem de forma completa nas duas vertentes previstas para os órgãos elencados no caput do art. 144 da CF/ 88. A partir dessa construção é possível entendermos que se faz necessário especificar as competências relativas ao exercício da manutenção da preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, e é justamente essa a pretensão dos parágrafos que se seguem ao especificar as competências privativas de cada órgão, incluindo- se nesse rol a Guarda Municipal. Conforme COSTA (2016, p.102): “As guardas municipais não podem exercer nenhuma das funções expressas como exclusiva das instituições mencionadas no art. 144, caput, da Carta Magna, e as previstas como sendo atribuição de outros órgãos”. Essa explanação vai ao encontro da perspectiva da atuação que se pode chamar de público- patrimonial das guardas municipais. É importante frisarmos que o exercício da atuação nas duas vertentes dos órgãos da segurança pública prevista no caput do art. 144 da CF/ 88 não advém da especificação das competências privativas, mas da perspectiva, repetimos, da preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio descrito no enunciado do mesmo (poderá advir também de uma regulamentação infraconstitucional às competências privativas), ou seja, da possibilidade de atuarem na vertente pessoal da segurança pública. Essa assertiva fica clara quando analisamos as competências destinadas à Polícia Rodoviária federal (PRF) e a Polícia Ferroviária Federal (PFF) que possuem a incumbência do patrulhamento e não do policiamento das rodovias e ferrovias federais respectivamente. Se fossem levadas em consideração apenas as competências elencadas para esses órgãos. Esses conceitos nos revelam o caráter amplo e específico das funções exercidas pelos órgãos componentes do sistema de segurança pública. Revela que estes podem atuar em duas modalidades de prestação de serviço na segurança, ou seja, a proteção do patrimônio e das pessoas. À Guarda Municipal cabe o patrulhamento e somente o exercício da função de segurança pública em sua vertente patrimonial. (ROCHA, 2014) 5. METODOLOGIA A metodologia escolhida para a realização deste trabalho foi a descritiva com abordagem qualitativa, que inicia com pesquisa bibliográfica por meio da contribuição de autores renomados, ainda foram pesquisados sites, revistas, livros e outros periódicos que versam sobre o tema. Todo material bibliográfico serviu para afirmar e auxiliar no embasamento teórico. Para Gil (2010, p. 2), pode-se definir pesquisa como um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são proposto. A Pesquisa nasceu do desejo de estudar sobre a guarda municipal. Para essa razão, decorre do desejo de conhecer com vistas a fazer de maneira mais eficiente e eficaz. O material produzido servirá de subsídio para corporação da guarda municipal da região de Iguatu-Ce. Marconi e Lakatos (2010, p. 227) afirmam que o TCC é uma das modalidades de trabalhos científicos cuja origem se encontra na Idade Moderna. Na época das universidades, a defesa do TCC representava “o momento culminante de quem aspirava ao título de graduado”. Nesse contexto o trabalho também tem esse missão. A pesquisa dar-se-á numa abordagem qualitativa como forma de compreensão de um fenômeno social, possibilitando um maior contato entre o pesquisador e o seu objeto de estudo,tornando, assim, uma forma mais adequada para o estudo de uma natureza com fenômeno social de acordo com Minayo (2000, p.47). Nessa abordagem, ocorrerá um estudo de caso como meio de compreensão de um fenômeno particular e individual, mas que poderá ser utilizado como exemplo de fenômenos maiores, mais complexos (MINAYO, 2010). O desejo pelo tema se deu por observar as dificuldades existentes no local em que trabalho como a falta de estrutura física, equipamento de proteção individual, falta de contingente e, por não existir a valorização por parte dos gestores e da própria sociedade. A justificativa do tema se dá por perceber a necessidade de aprofundamento no tema em estudo, uma vez que a sociedade tem passado por um processo de transformação acelerado e de globalização do conhecimento. 6. CRONOGRAMA FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO Escolha do tema X Levantamento Bibliográfico X X Elaboração do projeto X X Apresentação do Projeto X Pesquisa para o TCC X X X Redação Final Do TCC X Correção Ortográfica do TCC X Entrega do TCC X 6. REFERÊNCIAS BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao Direito penal brasileiro. 8º ed., Rio de Janeiro: Revan, 2002. BENONI, Belli. Polícia, “tolerância zero” e exclusão social. In: novos estudos CEBRAP, nº 58, nov. 2000. BERWIG, Aldemir. Aspectos do poder de polícia municipal. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, nº 101, jun. 2017. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de informações básicas municipais- Perfil dos municípios 2012. Biblioteca do IBGE, 2017. ______Ministério da Justiça. Plano Nacional de Segurança Pública. Brasília, 2000. Disponível em: <http://www.portal.mj.gov.br>. Acesso: 05 nov. 2014. ______ Ministério da Justiça. Matriz Curricular Nacional para Guardas Municipais. Brasília, 2005. CARVALHO, José Murilo de. As metamorfoses do coronel. Jornal do Brasil. 06 maio. 2011. COELHO, Dulce Maria Alves da Rocha. Federalismo Fiscal no Brasil: Uma análise do Fundo de Participação dos Municípios. 2007. COSTA, Frederico Lustosa. 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