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Resumo Psicodiagnostico interventivo

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Resumo – Psicodiagnóstico
Capítulo I - Psicodiagnóstico fenomenológico-existencial: focalizando os aspectos saudáveis
Idade Média: a relação do homem com o mundo era marcada pela vida coletiva, assentada nas tradições e na crença de entidades poderosas que exigiam submissão, pois eram donas do destino.
Renascimento: com as descobertas e a ampliação do comércio, a multiplicidade de possibilidades traz consigo a sensação de desamparo e incertezas quanto ao destino, surgindo então necessidade de controle diante do mundo do qual o homem se afastou e que passou a ser sentido como inóspito.
Moderno: homem criou um método — construção de sistemas lógicos e
coerentes que permitam explicar os fenômenos do universo e de si mesmo, com a consequente exclusão daquilo que não é contemplado pela razão.
Saúde não é o simples fato de não ter doença ou vice-versa.
A prática psicológica inclina-se para acolher o sofrimento humano como perda de sentido.
momento clínico inicial > promover uma confiança terapêutica através da atenção e do acolhimento > reduzido a uma atividade de triagem (encaminhar pacientes para especialistas).
Primeira proposta: Deslocamento do saber, uma outra postura ética em que não existe um saber dado a priori ou uma verdade a ser transmitida, mas uma construção conjunta de sentidos.
Psicólogo deve sair do seu local de especialista e passe a funcionar como um mediador, um “entre”, que acolhe.
O homem só é capaz de chegar ao outro pela palavra, vale dizer, a cultura, e, nesse
âmbito, encontram-se sempre usos, costumes, preceitos e normas, ou seja, todo um corpo moral
normativo.
Perspectiva fenomenológica - considera que a condição constituinte da existência do ser humano é relacional, com o encontro com o outro.
O psicodiagnóstico
Passos do psicodiagnóstico infantil efetuado nos moldes tradicionais:
Uma ou duas entrevistas iniciais com os pais, para que o psicólogo possa entrar em contato com a queixa, a dinâmica familiar e o desenvolvimento da criança.
Em seguida, a criança é testada, são avaliados os testes com ela realizados e integradas as informações obtidas. 
O psicólogo realiza uma ou duas entrevistas devolutivas com os pais, a fim de oferecer-lhes suas conclusões diagnósticas e sugerir os passos seguintes a serem trilhados: psicoterapia da criança, orientação aos pais, psicomotricidade, entre outras possibilidades.
Psicodiagnóstico - orientará o processo terapêutico.
O processo psicodiagnóstico fenomenológico-existencial com crianças e seus pais
Quando o psicólogo recebe pais encaminhados pela professora, o pediatra ou outro agente
da comunidade, é importante que trabalhe, desde o início, o significado que este encaminhamento tem para eles mesmos.
Outro ponto importante a focalizar é como os pais entendem o atendimento psicológico e qual sua
expectativa em relação a ele.
Nas sessões seguintes, através da anamnese, o psicólogo procura conhecer as condições familiares e
sociais, os vínculos estabelecidos e os papéis desempenhados, explicitando-os à medida que os vai
percebendo e compreendendo.
Anamnese - Nas teorias filosóficas de Platão é a lembrança do conhecimento de vidas passadas. É a lembrança de coisas que aprendemos e experimentamos em uma encarnação anterior.
Roteiro de anamnese – Permite o conhecimento do desenvolvimento biopsicossocial da criança, mas é, sobretudo, uma oportunidade para os pais se debruçarem sobre sua experiência passada e presente com o filho, podendo clarificar sentimentos e expectativas que atuam no relacionamento com a criança. Também oferece ao psicólogo a possibilidade de observar formas de relacionamento na família, focos de ansiedade, distribuição de forças na dinâmica familiar.
Primeiro encontro do psicólogo com a criança - se desenvolve através de uma observação lúdica
ou de uma entrevista acompanhada da execução de desenhos, dependendo de sua idade, capacidade e possibilidade de expressão verbal e gráfica. 
A partir deste as sessões com os pais e com a criança são intercaladas.
Comunicação com os pais é de suma importância para que todos estejam cientes de tudo que está sendo feito, então cabe ao psicólogo esclarecer e explicar os instrumentos e sua importância e porque aquilo esta sendo feito, para não haja expectativas que não podem ser realizadas. 
O psicólogo precisa usar sua linguagem de tal forma a se fazer compreender por eles. Ele efetua assim uma espécie de tradução dos conceitos teóricos numa linguagem acessível, devendo certificar-se de que sua comunicação está fazendo sentido para os pais.
Ao final do processo, o psicólogo elabora um relatório a respeito do atendimento, no qual procura
descrever o processo em seus passos e na última sessão, este relatório é lido aos pais, para levá-los a uma compreensão assim, eles podem propor modificações, sugerir alterações, acréscimo ou eliminação de situações ou de termos.
Psicodiagnóstico interventivo, na abordagem fenomenológica existencial: uma mudança de atitude
Uma das contribuições do psicodiagnóstico interventivo, na abordagem fenomenológica-existencial,
está na reavaliação do papel desempenhado pelo cliente e pelo psicólogo nesta situação. O cliente, antes agente passivo, torna-se um parceiro ativo e envolvido no trabalho de compreensão e eventual
encaminhamento posterior: é corresponsável pelo trabalho desenvolvido.
O estilo das intervenções do psicólogo
No início do atendimento, as intervenções são exploratórias e visam entender melhor as preocupações dos pais para com a criança.
A utilização dos testes psicológicos
Observação lúdica - mais utilizada com crianças pequenas, entrevistas e testes.
Teste de inteligência - Por exemplo o WISC III, como metáforas de situações vividas pela criança em seu cotidiano escolar e mesmo no familiar e no social.
Visita domiciliar
Com o consentimento do cliente. Ela permite a observação, in loco, da família, assim como a ressignificação de falas e observações ocorridas durante as sessões.
Visita à escola
Recorre-se a uma entrevista com a professora, à observação da criança na sala de aula e no recreio.
As repercussões deste trabalho sobre os pais
busca-se sempre focalizar os aspectos saudáveis da criança e dos pais, fazendo apelo à abertura de novas possibilidades de estar-com em vez da busca de uma adequação a algo considerado “normal” pela ciência, respeitando a cultura e o contexto familiar.
Relatório final - permite verificar a consistência e a coerência das conclusões às quais se chegou. Ele tem a finalidade de constituir-se em uma síntese do processo, descrevendo o que ocorreu neste período de atendimento.
O follow-up
é realizada com a finalidade de retomar, passado algum tempo, a experiência vivida pelos pais durante o psicodiagnóstico, a fim de conhecer sua fecundidade e eficácia.
Capitulo 2 
Busca obter um diagnóstico do indivíduo, classificando-o quanto as patologias quanto a nível mental.
 Psicodiagnóstico antigamente: Analise dos dados coletados (queixa, história de vida pregressa e atual, funcionamento psíquico etc) e encaminhados. Não se efetuava o vínculo e não fazia intervenção.
Psicodiagnóstico atual: Fazer do atendimento um processo ativo e cooperativo. Não se trata apenas de um processo investigativo; ao contrário, o que fundamentalmente o caracteriza é a possibilidade de intervenção.
fenomenologia existencial - Considera o ser humano como um ser sempre em relação, cuja subjetividade se constitui pelas relações que o indivíduo estabelece no decorrer de sua existência. Dessa forma, os pais ou responsáveis também são clientes e têm participação ativa no referido processo.
Psicólogo > precisa mergulhar no mundo do cliente, compartilhar seus códigos, deixar-se
enredar por sua trama de sentidos e, ao mesmo tempo, conseguir uma distância suficiente que permita refletir sobre a situação.
Atendimento psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial:
1 - EntrevistaInicial
2 - História de vida da criança (Anamnese) - observação do comportamento verbal e não verbal
3 - Contato inicial com a criança – observação Lúdica ( apresento a caixa lúdica que contém vários jogos, papel, canetas, utensílios de casa, carros, espada, arminhas e etc...)
4 - Sessões devolutivas com os pais - alternadas sessões entre crianças e pais
5 - Encontros com a criança (uso de testes psicológico caso se mostre necessário) - não tem conjunto padrão de procedimentos definidos anteriormente, sendo os procedimentos definidos caso a caso.
6 - Visita Escolar e Domiciliar (após efetivado um vínculo com os clientes) - mundo interno projetado sobre os espaços e objetos.
7 - Últimas Sessões com os pais - trabalhar o desligamento, retomando as percepções ocorridas durante o processo.
8 - Relatório Final - descritivo do caso
9 - Devolutiva final para a criança - livro de história infantil
Visita escolar - Marco o contato por telefone e, geralmente, deixo a critério da escola a indicação da pessoa com quem devo falar. Na visita, procuro observar as instalações da escola, suas possibilidades, sua conservação. Pergunto ao responsável sobre as condições de ensino, o desempenho escolar da criança e seu relacionamento com colegas e professores.
Visita domiciliar - Só ocorre se a família concordar. Ela é agendada previamente em horário determinado pela família. Peço que ela, na medida do possível, esteja reunida. Durante a visita interesso-me por observar a casa, suas condições de cuidado e higiene, os móveis, enfim, a parte física.
Últimas sessões com os pais
Nas últimas sessões com os pais, tenho cinco objetivos:
Alinhavar as percepções ocorridas durante o processo, ou seja, estabelecer um fio condutor que delineie o que foi trabalhado aos poucos, produzindo um agestalt.
Trabalhar o desligamento do processo de psicodiagnóstico, já que nesse trabalho conjunto se estabelece uma forte aliança com os pais e a criança, cujo rompimento produz sentimentos diversos que merecem ser discutidos e trabalhados.
Avaliar conjuntamente o processo, em que aspectos atingimos nosso objetivo em comum, no 
que mudamos etc.
Apontar os aspectos importantes que podem permitir aos pais e à criança continuar suas vidas mais fortalecidos.
Trabalhar eventuais encaminhamentos ou o desligamento do consultório ou instituição.
Relatório final
Ele é descritivo e é lido na íntegra para os pais, que podem retirar ou acrescentar algo ou ainda sugerir modificações.
Devolutiva final para a criança
Fazer um livro cuja história é a própria história da criança, faço o texto acompanhado por legendas e gravuras, cujos personagens são representados por animais pelos quais a criança tenha manifestado preferência. O enredo em si contempla a história de vida da criança, seus conflitos e o próprio atendimento psicodiagnóstico. O livro não contém nome do autor tampouco o nome da criança, e é lido e entregue a ela no último atendimento. O propósito é que a criança leve consigo algo que lhe permita continuar elaborando aquilo que, por alguma razão, não pôde ser elaborado até aquele momento.
Psicodiagnóstico como prática colaborativa: trabalho realizado conjuntamente pelo psicólogo, pais e/ou responsáveis e crianças, tendo estes uma participação ativa no processo. Relação horizontal.
	Psicodiagnóstico como prática compartilhada: compartilha-se um com os outros suas impressões, experiências e percepções, buscando novas compreensões. Esse compartilhamento de percepções pode ser considerado uma intervenção, possibilitando ampliar o campo de consciência da pessoa, permitindo novas experimentações.
	Psicodiagnóstico como prática de compreensão das vivências: O psicólogo precisa se reconhecer no outro para identificar a experiência e o significado para o outro. é preciso que haja um envolvimento existencial, mergulhar no mundo do cliente.
	Psicodiagnóstico como prática descritiva: evita classificações. Descritivo pois descreve o momento e espaço da vida da pessoa, focalizando seu modo de estar no mundo e seus significados. Diverge do psicodiagnóstico tradicional, que classifica o cliente quanto as patologias a partir dos dados coletados.
Capítulo 3
O discurso seria, pois, o resultado de um processo de raciocínio, explicação, exposição. Essa definição sugere que o discurso é algo que revela um conteúdo por meio desse processo.
palavras vão se juntando em histórias, que ora trazem momentos do passado e do futuro, ora levantam percepções e sentimentos que assumem formas não previstas pela própria pessoa, como no giro de um caleidoscópio.
Uma das formas possíveis de discurso: a narrativa.
Essas narrativas foram substituídas, gradualmente ao longo da história, por outro tipo de comunicação: a informação.
Narrativa: traz, de maneira viva, o acontecimento vivido, é aberta, dá liberdade ao leitor para interpretar a história contada e não tem compromisso com a verdade tomada no sentido factual, objetivo. Por esse caráter livre e aberto, a narrativa não se submete à organização da vida na sociedade moderna e cai em desuso.
Informação: é destituída da experiência vivida, precisa ser suficiente em si e para si e precisa ser plausível e passível de verificação.
Ao falar de seus filhos e de suas vidas, os pais não estão apenas dando informações sobre o
desenvolvimento, a dinâmica familiar, a escola etc. Eles estão narrando uma história cheia
de experiências.
Ao narrarem, os pais mostram mais do que os fatos acontecidos, mas as suas maneiras de significar esses
fatos, seu olhar sobre eles, a maneira como se sentem impactados. Por analogia, o processo se dá como o do artesão que modela sua escultura com determinada porção de argila: os pais, ao narrarem suas histórias, dando-lhes forma, impactam nossas experiências, e esse impacto nos ajuda a compreendê-los. Certamente o que dizemos aos pais também os afeta, continuando a modelagem do bloco de argila, em um processo de vai-e-vem.
Conduzir o psicodiagnóstico interventivo existe a concepção de que todo homem está em movimento, é capaz de reviver suas experiências ao relatá-las e é capaz de modificá-las atribuindo-lhes novos significados e acrescentando outros. 
É através da fala que o pensamento se cumpre e as significações se dão, pois falar é encontrar a experiência no momento, como surge perante o outro e perante o próprio ser falante. A fala é o próprio
manifestar e desdobrar do ser.
Capítulo 4
Movimentos transferenciais no psicodiagnóstico interventivo
No decorrer das entrevistas é necessário entender o que o paciente transfere para o psicólogo e o que isso lhe provoca, fato que permite uma caracterização do tipo de vínculo que o paciente estabelece.
Por não estar sozinho, o coordenador do grupo recebe de forma mediada e compartilhada o impacto transferencial, fenômeno que facilita a sustentação do lugar clínico.
Utilizando o modelo do psicodiagnóstico interventivo, ao final do processo, alguns casos não precisam ser encaminhados, pois já recebem a ajuda psicológica necessária durante a etapa diagnóstica.
Quando a transferência negativa não consegue ser minimamente cuidada, o mais comum é ocorrer a desistência do psicodiagnóstico (no decorrer do processo) ou a não consecução do encaminhamento.
Capítulo 6
Colagem: uma prática no psicodiagnóstico
Recursos utilizados como entrevistas com pais (entrevista inicial, entrevista de anamnese, entrevistas devolutivas), observações lúdicas, testes, visita à escola e visita domiciliar, têm como objetivo ajudar no processo de investigação e na consequente compreensão da problemática apresentada pelos pais ou responsáveis pela criança.
“A colagem é qualquer desenho ou quadro feito grudando-se ou prendendo-se materiais de qualquer espécie a um fundo plano, tal como um pedaço de pano ou papel”
Tal descrição remete a uma atividade simples e ao mesmo tempo significativa, dado que “pode ser
utilizado como experiência sensorial e tambémcomo manifestação emocional”
“Muita coisa é revelada através da seleção de figuras. O estado de espírito revelado pelo
conjunto escolhido pode contar algo sobre o que a criança está sentindo naquele momento, ou na sua
vida em geral”
Colagem é a representativa do mundo interno da criança, de seus sentimentos e pensamentos.
Material utilizado: figuras de revistas, tesouras, colas, cartolinas para serem usadas como fundo,
incluindo lápis preto e de cor, canetinhas e/ou giz de cera, caso haja interesse em complementar a
atividade com desenhos ou escrita.
As figuras que são oferecidas na ocasião da utilização da colagem são previamente recortadas pelos
estagiários e supervisores, e devem abordar diversos temas, como pessoas, situações, animais, objetos,
alimentos, transportes, móveis, ambientes etc., em quantidade suficiente para permitir que haja uma
escolha por parte do cliente.
Para a realização da colagem, as figuras recortadas são dispostas de modo aleatório, são escolhidas
pelo cliente e coladas em uma cartolina. Durante a escolha, observa-se a forma de exploração, falas,
figuras que parecem chamar a atenção, mas não são escolhidas etc
Capítulo 7
Interlocuções entre a clínica psicológica e a escola no psicodiagnóstico interventivo
A escola aparece nesse sentido como possibilidade de mudança e oferta de oportunidade: é lá que a criança faz conquistas, descobre amigos, adquire autonomia e se exercita para ser um futuro adulto e cidadão. Por outro lado, lá a criança é avaliada e, muitas vezes, julgada; poderá ser humilhada ou sofrer
Preconceitos.
pode abrir novas possibilidades para
a compreensão de como a criança está relacionada à queixa, quais significados atribui processo de
aprendizagem e como se relaciona com o contexto escolar.
A visita contribui também para aproximar o psicólogo clínico da escola e para desmistificar a sua
atuação e, ao mesmo tempo, reduz os riscos de toda a problemática infantil ser atribuída apenas a problemas intrapsíquicos, culpabilizando a criança por suas dificuldades.
Propõe que na visita escolar observem-se os seguintes aspectos:
Espaço físico: considerando o espaço por onde as crianças transitam; como está organizado para
recebê-las; quais os brinquedos/equipamentos disponíveis; orientações se há presença de
inspetores etc.
Higiene ambiental.
A disposição do espaço e do mobiliário, avaliando se favorece atividades em grupo, contato com os professores fora da sala de aula, acesso a direção;
A merenda, a qualidade dos materiais pedagógicos, os livros e recursos audiovisuais disponíveis.
Recomenda que o foco da visita escolar se volte para as relações sociais que a criança estabelece com os colegas e professores e como é percebida por eles. 
Além da observação, é importante que o psicólogo entreviste a professora para conhecê-la e poder apreender como percebe o aluno.
Santos (2002) mostra que os cadernos escolares são como um retrato da criança e que a análise
deste material permite compreender melhor a sua capacidade de entrar em contato com a realidade,
perceber e conhecer os objetos que nela se encontram e fazer uma avaliação das funções cognitivas, tais
como memória, linguagem, percepção, habilidades visuais e espaciais. Outro aspecto importante a ser
verificado nos cadernos escolares é como a criança expressa o grau de desenvolvimento das funções
executivas (Luria, 1981): lógica, estratégia, planejamento, resolução de problemas, raciocínio hipotético dedutivo, organização, manejo de tempo, memória de trabalho (habilidade de manter informações na mente, enquanto executa uma tarefa), atenção sustentada e inibição de impulsos.
A análise dos cadernos escolares mostra-se um instrumento útil na compreensão de crianças que
são encaminhadas para avaliação psicológica, mesmo quando não há uma queixa escolar, uma vez que
traduzem sua maneira de ser no mundo.
Nessa avaliação, solicita-se que a criança escreva seu nome e, em seguida, ditam-se cinco palavras relacionadas ao universo de cada criança. Começa-se com palavras polissílabas, depois trissílabas, dissílabas e monossílabas, e por último, pede-se que escreva uma pequena frase. Concluída essa escrita, solicitamos à criança que leia tudo o que escreveu. Ficamos ao lado dela e pedimos que leia devagar e vá indicando, com o dedo apoiado no papel, a palavra que está lendo enquanto fazemos um registro de suas respostas.
Essa investigação possibilita identificar em que fase de aquisição de escrita e leitura a criança se
encontra:
Nível pré-silábico — nesta fase a criança começa a diferenciar letras de números, desenhos ou
símbolos. Este nível é subdividido em duas fases: fase pictórica, na qual a criança registra
garatujas e desenhos, e fase gráfica primitiva, em que a criança registra símbolos ou letras
misturadas com números. Exemplos: TRAQ (casa); AIVNOAXE (abacaxi).
Nível silábico — nesta etapa a criança conta os “pedaços sonoros”, isto é, as sílabas, e coloca um
símbolo (letra) para cada pedaço. A noção de que cada sílaba corresponde a uma letra que pode
acontecer com ou sem valor sonoro convencional. Exemplos: AO (gato) ou GT (gato) com valor
sonoro; LI (gato) ou EI (gato) sem valor sonoro.
Nível silábico-alfabético —Nesta etapa o valor sonoro torna-se imperioso, e a criança
começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba. Exemplo: TOAT (tomate).
Nível alfabético — a criança reconstrói o sistema linguístico e compreende a sua organização.
Exemplo: A criança sabe que os sons L e A são grafados LA, que T e A são grafados TA e que,
juntos, significam LATA.
Nível ortográfico — nesta etapa dos níveis conceptuais linguísticos, a criança apresenta-se na fase
alfabética e necessita de intervenção do professor na ortografia. Exemplos: conheceno, convesa,
lipesa, vamus, pasarino etc.
Capítulo 8
Visita domiciliar: a dimensão psicológica do espaço habitado
a proposta não era apenas conhecer as pessoas da família que não participavam do processo psicodiagnóstico, não era somente ampliar a compreensão das relações estabelecidas, mas também tinha como objetivo entrar em contato como espaço da casa da criança, ou seja, não só com quem ela vivia, mas como vivia.
É importante destacar, ainda, que essa visita só se realizava mediante a concordância da criança e dos pais. Ela não era obrigatória.
As primeiras visitas domiciliares foram utilizadas como um recurso a mais. Hoje, no entanto,
considero-as como parte do processo psicodiagnóstico. Partindo do ponto de vista de que é fundamental
compreender a criança na rede das relações familiares, estratégias que permitam ampliar esta
compreensão serão, sem dúvida, enriquecedoras.
A casa do cliente reflete um psiquismo grupal, revela a experiência afetiva daquelas que a habitam. A maneira como o cliente recebe o terapeuta em sua casa, reflete a maneira como ele o recebe em sua vida. O lugar onde vivemos diz muito sobre nós.
	O objetivo da visita é de ampliar a compreensão das relações que se estabelecem na família, não só com quem a criança vive, mas como ela vive. A entrevista deve ser marcada quantos todos ou a maiorias dos familiares estejam presentes. Não é obrigatória. É realizada quando já há um vínculo, um grau de intimidade e confiabilidade, de forma que essa visita não seja interpretada como uma investigação da casa e das pessoas que a habitam. Deve ser uma visita profissional, porém o caráter social faz com que a informalidade seja esperada. A dimensão simbólica da casa, o movimento dos habitantes, nos possibilita imaginar as possíveis redes de significações que cada habitante associa e imprime em seus espaços cotidianos. Revela o nosso modo de estar no mundo.
Os familiares que decidem qual parte da casa será visitada. Para que aconteça uma intervenção no ambiente domiciliar ou terapêutico, o psicólogo deve avaliar a prontidão do paciente em recebê-la e assim produzir seus efeitos terapêuticos.
Capítulo 10
Metáfora e devolução
Devoluçãopara os mais é mais fácil do que para as crianças, por ter comum a comunicação mediada em palavras
Alternativas para devolução para criança: Utilizar caixa de brinquedos ou material resultante de procedimentos de avaliação, construir uma narrativa sobre os aspectos mais relevantes e apresentando a criança sob forma de livro de história infantil.
Existem diferenças e semelhanças entre as narrativas de mitos, fabulas e contos, sendo:
Os mitos e as fabulas são derivadas do conto.
Conto é uma forma primitiva de contar histórias.
Mito e fábula são narrativas que tem uma origem anônima e popular.
A diferença entre mito e fabula está no seu caráter coletivo e de sua origem, que são fundamentadas em questões espirituais e acontecidos históricos.
Os mitos não obedecem ao principio da razão, transmitindo um conhecimento, uma realidade não racional, alegórico, simbólico, mas sempre tida como verdade.
Fabulas são historias com intuito de transmitir uma moral.
Contas de fadas transmite conhecimento sobre questões humanas, coloca em foco as questões do limite da existência como nascimento, vida e morte, traz os comportamentos latentes.
Objetivo do livro de história: devolução diagnostica da criança, transmitir conhecimento de si, da sua história e de seus conflitos. Não tem moral.
Devolução é realizada em uma ou duas entrevistas no final do processo.
Objetivo da devolução: auxiliar o paciente a realizar uma integração psíquica daquele aspecto de sua personalidade que estão dissociadas. Obs.: devolução é um caráter terapêutico.
É necessário para que o paciente possa integrar aspectos de sua identidade que estão desassociadas, a devolutiva funciona como mecanismo de reintrodução, sobretudo da identidade latente do paciente, contribuindo também para diminuir as fantasias de doença, cura, loucura e etc... possibilitando perceber critérios mais próximos da realidade com menos distorções idealizadoras ou depreciativas.
Se as devolutivas forem feitas ao longo do processo pode ocorrer no final que não seja necessário comunicar algo novo e que a entrevista de encerramento serão mais a resumir tudo que foi visto e despedir-se do paciente.
Para Gardner o psicoterapeuta tem mais chance de ser escutado quando fala a linguagem própria da criança, ou seja, de alegorias, pois as interpretações são recebidas pelo inconsciente da criança não havendo confrontações diretas que sustentem a ansiedade.
Consideramos que a elaboração do livro de histórias como devolutiva supõe alguns elementos
norteadores:
O livro de histórias é uma metáfora que expressa a compreensão do psicodiagnóstico. É uma
síntese que contempla a história vital da criança e suas vivências durante o psicodiagnóstico, suas
dificuldades e recursos internos, em uma linguagem acessível à sua compreensão.
A história e os personagens devem ser escolhidos em função das afinidades e analogias com os
conteúdos evidenciados no psicodiagnóstico. Por exemplo, pulgas e macaquinhos como personagens para crianças com condutas hiperativas, pássaros e peixes como personagens para famílias migrantes. Deve-se dar especial atenção ao emprego de personagens que têm, culturalmente, sentidos conotativos. No Brasil, veados, burros, urubus e gatos pretos podem ligar-se a sentidos pejorativos.
Quanto ao conteúdo formal, é fundamental que o livro de história traduza:
a história de vida (familiar e da criança);
o sintoma ;
a busca de atendimento e a relação com o psicólogo;
a explicitação dossentimentos do personagem de identificação;
a integração dos diferentes aspectos observados através da hora de jogo, testes, visitas etc.
O final da história ainda é um tema controverso, entretanto é muito importante que a criança tenha a chance de expressar sua própria solução final quanto ao encaminhamento dado.
Capítulo 11
A elaboração de relatos de atendimento em psicodiagnóstico interventivo: sua importância na formação do aluno estagiário 
Reflexão sobre essa tarefa e sobre a importância dos atos de ensinar e aprender a confecção do prontuário e do registro documental, que são parte integradora e formal que permeia a experiência clínica.
Nosso objetivo é alinhavar a experiência da construção desse laudo técnico, dando ênfase ao registro documental e aos prontuários, unindo a isto a reflexão sobre a experiência de ensino e aprendizagem, para que supervisor e aluno-estagiário possam juntos acompanhar as competências que estão sendo desenvolvidas.
O manual ainda destaca como finalidade deste laudo:
[…] apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição (Conselho Federal de Psicologia, 2013, p. 7).
Prontuário e o resumo do atendimento : devem expressar informações com objetividade e clareza, bem como usar uma linguagem acessível ao paciente ou ao interessado para explicar o que, em conjunto com ele, se trabalhou e se concluiu durante o atendimento psicológico.
O prontuário oferece documentos como: identificação do paciente, avaliação da demanda, definição dos objetivos do trabalho psicológico e apontamentos referentes à evolução, preenche, com sua confecção, os requisitos de direito do cidadão, como o de ter explicitado de maneira concreta, clara e organizada os pareceres e saberes técnicos sobre os fatos de natureza psicológica relatados, de forma elaborada e cientificamente fundamentada.
Psicólogo-supervisor poderá ensinar, acompanhar e avaliar o aluno na busca por uma melhor qualidade do atendimento, preservando o compromisso com o usuário do serviço e contribuindo, assim, para o desenrolar do processo, já que está diretamente inserido no campo de atendimento.
Para a confecção de relatos semanais e laudo, costumamos oferecer aos nossos alunos-estagiários dispositivos norteadores, cuja função é orientar a ação de relatar e de construir o conhecimento.
Considerações a respeito dos relatos da primeira entrevista, da hora de jogo e do uso de teste
Primeiro tópico a ser abordado no relato das entrevistas é como os pais chegaram até a instituição — apenas um dos pais, ou só a mãe, avó ou responsável —, sendo que a ausência de um deles pode ter um significado, o que merece ser mais bem investigado. Devem ser relatadas suas atitudes, se são solícitos, se mostram cooperação ou se estão resistentes ou retraídos.
Dessa forma, não podemos reduzir a visão que temos da criança apenas ao manifestado pelo desejo ou queixa de seus pais, uma vez que ela tende a buscar uma posição no mundo a partir do que supõe que o
discurso familiar lhe pede (Santoro, 2011).
Sobre os relatos de hora de jogo diagnóstica
É solicitado aos alunos os relatos dos primeiros contatos com as crianças, realizado por meio da técnica de hora jogo diagnóstica, apresenta a hora de jogo diagnóstica como um momento em que a criança vai
trazer até nós, psicólogos, sua “fantasia inconsciente de enfermidade e de cura”, 
Nessa hora, a criança é deixada livre para brincar, sendo-lhe oferecida uma caixa de brinquedos variados e material gráfico, para que possa expressar, por meio do jogo livre e espontâneo, as fantasias subjacentes às dificuldades e sintomas pelos quais veio procurar o atendimento juntamente com sua família.
Na hora de jogo, é importante que relate de forma clara e muito detalhada cada movimento, gesto e
atitude das crianças.
Sobre o uso do teste psicológico
A escolha das estratégias e dos instrumentos dentro de um processo de avaliação psicológica é feita
sempre de acordo com o referencial teórico, o objetivo e a finalidade, portanto, no nosso caso, é clínica,
cujo fim é colaborar com o diagnóstico que contempla outras técnicas além dos testes.
Quando se pensa em utilizarqualquer instrumento de avaliação, deve-se questionar se terá a função de responder a alguma pergunta relacionada ao caso clínico, ou seja, o teste será adotado desde que realmente tenha alguma contribuição a oferecer.
Marcos norteadores, para que nossos alunos cuidem das informações que devem ser observadas e que possam colaborar com a análise do material produzido na sessão:
Dados de identificação: são os dados sobre o examinando, que incluem somente as iniciais de
seu nome, número de prontuário, sexo, idade (quando menor de 18 anos, devem constar o nome
do responsável e grau de parentesco), data de aplicação e o nome dos relatores, que devem
incluir o nome da dupla de alunos-estagiários e do psicólogo-supervisor; 
Técnica utilizada: aluno defini a técnica por ele adotada.
Objetivo da técnica e sua justificativa para o uso: deverá informar no que o teste poderá colaborar para a compreensão do caso que acompanha, qual hipótese justifica seu uso.
Descrição da aplicação: são incluídos aqui pontos relacionados ao “antes, durante e após” a
aplicação propriamente dita do teste, assim como as condições do espaço físico e sua
organização, considerando inclusive a hora de início e fim; a disposição do examinando a se
submeter a tal atividade; reações comportamentais e verbais do examinando quando se depara
com uma atividade individual.
Levantamento dos dados interpretativos e síntese interpretativa: pressupomos leitura minuciosa do Manual do teste pelo estagiário, sendo então observados os indicadores para tal levantamento para tal levantamento interpretativo.
Anexo(s): o aluno-estagiário deverá anexar ao relato todo o material produzido durante a
aplicação pelo examinando, que podem ser desenhos, histórias produzidas, folha de resposta,
protocolo de interpretação (HTP), protocolos de forma geral do teste e/ou instrumento de
medida adotado.
Referências bibliográficas: deverá constar nesse item toda literatura consultada. 
Capítulo 12
Por desempenharmos nossa profissão principalmente em clínicas-escola de Psicologia que oferecem
atendimento gratuito, grande parte dos clientes tem dificuldades socioeconômicas, acarretando carências
em diversos aspectos, o que induz a atuações que escapam do campo tradicional da psicologia clínica.
Como lembra o Conselho Federal de Psicologia (2007, p. 8), frequentemente “o trabalho profissional
requer inventividade, inteligência e talento para criar, inovar, de modo a responder dinamicamente ao
movimento da realidade”.
Frequentemente, nas clínicas-escola de psicologia as crianças comparecem para atendimento
psicológico trazendo como queixa dificuldades na escolarização. Na sua maioria, são encaminhadas por
escolas públicas, que esperam obter dos psicólogos clínicos explicações acerca dos motivos que as
impedem de se desenvolver pedagogicamente
ainda temos como desafio no psicodiagnóstico interventivo ampliar nosso olhar,
de modo a ir além da criança como foco da investigação e integrar outros aspectos, como os efeitos do
mundo moderno sobre ela e sua família.
Bauman aponta que a época em que vivemos tem por característica privilegiar o
consumo, o imediatismo e o individualismo competitivo. Como consequência, também os laços afetivos
(familiares, amorosos, de amizade etc.) adquirem os atributos de volatilidade e superficialidade,
assumindo um caráter que Bauman (2004) chama de “amor líquido”.
Cabe-nos também o enfrentamento rigoroso das teorias, que são insuficientes para dar conta das
transformações processadas nas famílias, sobretudo em seus enredamentos afetivos.
Entretanto, na contemporaneidade, é preciso despir-se das amarras teóricas com o objetivo de acolher o cliente e sua família, sem cair na armadilha de considerar que a criança ficará, obrigatoriamente, prejudicada no seu desenvolvimento psicológico.
Acreditamos que faz parte do papel do psicólogo sugerir, apoiar e incentivar os pais ou responsáveis a atitudes ativas, como a de organizar grupos nas comunidades para enfrentar o problema das drogas de seus filhos, procurar formas de reagir ao banditismo, exigir uma melhor atuação das escolas ou um atendimento adequado no que se refere à saúde. Enfim, auxiliá-los a conhecer, reconhecer e batalhar por seus direitos como cidadãos.
Compreender e respeitar o mundo do cliente, o que implica contemplar as questões políticas, sociais e econômicas que estão imbricadas na sua vida e que se não consideradas nos tornarão incapazes de atingir nosso objetivo. Isso significa que o psicólogo não deve ater-se apenas ao espaço clínico, mas conhecer o ambiente escolar da criança, suas condições de moradia e seu meio social.

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