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DC - Obrigações - Pagamento

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Pagamento
Extinção Normal das Obrigações:
A obrigação já nasce com a finalidade de se extinguir. Essa é uma das diferenças das obrigações e do direito pessoal em relação aos direitos reias. Estes últimos possuem caráter de permanência.
Quando nada existe de anormal, de patológico, no cumprimento da obrigação, extingue-se pelo pagamento. O pagamento é, pois, o meio normal ou ordinário de extinção das obrigações.
O termo pagamento, no sentido estritamente técnico e tal como esta no artigo 304 do Código Civil, é toda forma de cumprimento da obrigação (Solutio). Tendemos a ver termo solução da obrigação como o gênero do qual o pagamento (em dinheiro, portanto) seria a espécie.
O pagamento deve ser visto nas obrigações de dar, fazer e não fazer. Paga-se, na compra e venda, quando se entrega a coisa vendida. Paga-se, na obrigação de fazer, quando se terminar a obra ou atividade encomendada. Paga-se, na obrigação de não fazer, quando o devedor se abstém de praticar o fato ou ato que se comprometeu negativamente, por um tempo mais ou menos longo. O credor pode ou não concorrer para o pagamento. Nos contratos bilaterais, há obrigações recíprocas. Portanto, há “pagamento”, no sentido ora tratado, para ambas as partes: na compra e venda, o comprador deve pagar “dinheiro”, o vendedor deve pagar a “coisa”, entregando-a ou colocando-a à disposição do comprador.
Quando a obrigação se extingue com a intervenção judicial, a forma de extinção será anormal. Há também formas especiais de pagamento, tratadas especificamente pelas legislações, nas quais o pagamento sofre perturbações, o que não lhe tira, no entanto, sua característica básica.
Pode ocorrer, também, que, na impossibilidade de cumprimento da obrigação, não haja possibilidade de pagamento. Quando essa impossibilidade se der sem culpa do devedor, a obrigação extingue-se. Quando houver culpa, abre-se à parte lesada a possibilidade de pedir perdas e danos. A indenização pela inexecução culposa não é pagamento. Substitui o pagamento, mas cm ele não se confunde.
Natureza Jurídica do Pagamento:
O pagamento é um fato jurídico: o pintor conclui o retrato encomendado. Esse fato jurídico se transforma em ato jurídico quando o pintor comunica o término do trabalho encomendante e o coloca a sua disposição.
Aquele que recebe o pagamento é chamado de accipiens, e aquele que efetua o pagamento é chamado de solvens.
Fato, ou negócio jurídico, a questão é que, embora em muitas oportunidades o pagamento seja bilateral, isto é, dependa do concurso do accipiens, ocorre que nem sempre tal concurso será necessário, como visto. O pagamento poderá ser um ato unilateral do solvens, até mesmo sem o conhecimento do credor. Veja-se, ad exemplo, apenas a situação mais gritante das obrigações negativas.
Em sentido amplo, todavia, o pagamento será sempre um fato jurídico, que é gênero do ato e do negocio jurídico.
 Na pratica, se o pagamento constitui negócio jurídico, seus requisitos de validade e eficácia devem ser observados. Será, portanto, nulo se efetuado por agente incapaz; anulável se ocorrerem vícios de consentimento. A efetivação do pagamento deve ser causal, isto é, deve ter relação com a obrigação avençada. Desviando-se da obrigação, o pagamento estará malfeito, ou descumprirá a obrigação, pura e simplesmente, total ou parcialmente; um pagamento sem causa dará direito à repetição do indébito (Art.964).
De Quem Deve Pagar. O Solvens:
Normalmente será o próprio devedor obrigado a pagar ou quem efetivamente paga. Pode ocorrer, no entanto, que terceiros o façam.
Não deve ser deixada de lado, também, a ideia do núncio e da representação pois, afora os casos de obrigação personalíssima, o pagamento pode ser feito não só pelo devedor, mas também por terceiros que o representem. O representante ou o núncio efetuam tão só o ato material de pagar.
Como o pagamento é efetuado em benefício do credor, deve ele aceita-lo. Exceção ocorre quando se trata de obrigação em que a figura do devedor é importante no desempenho da obrigação e assim foi convencionado, como nas obrigações personalíssimas em geral, por exemplo, a apresentação de um artista. Ou naquelas em que a confiança desempenha papel primordial, como no caso de mandato.
O credor deve aceitar o pagamento, ainda que proveniente de terceiro.
Art. 304 - Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único - Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
O interessado na extinção da dívida de que a lei fala é aquele que tem interesse jurídico, o que lhe legitima a ação de consignação. Assim, sob esse prisma, o fiador tem interesse em quitar a dívida do afiançado.
Existem assim três categorias de pessoas aptas a figurar como solvens, isto é, aquele que paga. Em primeiro lugar o próprio devedor, por si ou por representante.
Pode também pagar o terceiro, interessado ou não interessado. O parágrafo único do artigo 304 acrescenta que o terceiro não interessado tem o mesmo direito de pagar, “se o fizer em nome e por conta do devedor”.
Se o terceiro não interessado pagar em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar, mas não se sub-roga nos direitos do credor. Há direito a uma ação de cobraça singela do que foi pago.
Quando é o interessado que paga, sub-roga-se em todos os direitos do crédito (Art.346).
Art. 346 - A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Por outro lado, se é o terceiro não interessado que paga em nome do devedor o faz por simples liberdade, ou por mero espírito de filantropia, nada pode reaver.
Pode ocorrer, no entanto, que o devedor tenha justo motivo para não pagar a dívida e se surpreende ao ver que terceiro se adiantou no pagamento. É o caso, por exemplo, de a divida não ser exigível por inteiro, de estar no todo ou em parte prescrita (exceção de contrato não cumprido) etc. Para tal situação o atual Código, no seu artigo 306, diz: “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação”.
O motivo da oposição deve ser justo. O terceiro solvens deve ter, evidentemente, conhecimento da oposição pelo devedor, antes de pagar. Pagará, nessa hipótese, assumindo um risco. Questão importante pode ocorrer no caso de o terceiro pagar sem que o devedor tome conhecimento, e este tinha motivo justo para não faze-lo, isto é, para se opor ao pagamento. Essa hipótese é enfocada pelo atual dispositivo. Se o terceiro pagou mal, só poderá reembolsar-se até o que aproveitou ao devedor. Aquele que pagou mal deverá repetir do credor que, em tese, recebeu mais do que lhe competia. Complete-se que em qualquer caso, o pagamento feito por terceiro não pode piorar a situação do devedor.
Se o devedor tinha meios para se opor ao pagamento, esse pagamento feito contra sua vontade ou sem o seu conhecimento não obriga a reembolsar, pois não lhe terá sido útil. Da mesma forma na hipótese de desconhecimento por parte do devedor: impõe-se que o solvens informe o devedor que vai pagar, sob pena de pagar mal. Em qualquer situação, o montante do pagamento que tenha sido útil para o devedor deve ser reembolsado, em que pese a nova redação, sob pena de ocorrer injusto enriquecimento. A óptica se transplanta, no caso concreto, para o âmbito da prova.
Questão não erigida na lei é aquela na qual tanto o devedor como o credor se opõem ao pagamento de terceiro. Suponhamos a hipótese em que há duvida se a obrigação é personalíssima ou não. O credor diz que não aceita a solutio por terceiro. O devedor informa ao terceiroque não deve pagar. Ai não se pode negar a impossibilidade do pagamento, pois o terceiro passa a ser absolutamente inconveniente numa relação jurídica que não lhe pertença.
O artigo 307 trata de pagamento que importe em transmissão de domínio. Obrigação de dar, portanto. Aplica-se o principio fundamental segundo o qual ninguém pode transferir mais direitos do que tem. Para a transmissão do domínio deverão estar presentes todos os requisitos do negócio jurídico. A alienação por que não seja dono da coisa, é ineficaz. Um pagamento nessa situação abre à vítima a possibilidade de indenização. Se, porem, se tratar de coisa fungível, já consumida, de boa-fé, pelo credor, não se pode mais reclamar a coisa deste. Não havendo mais a coisa a ser reivindicada, a situação é do substitutivo indenizatório. Do credor, contudo, não se pode reclamar. A questão resolver-se-á entre o terceiro que pagou e o devedor. Para a exceção do parágrafo tratado, há necessidade de três condições: que o pagamento seja de coisa fungível, que tenha havido boa-fé por parte do accipiens e que tenha sido consumida a coisa. Enquanto não consumida, haverá direito à repetição, no todo ou em parte, da coisa.
Art. 307 - Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu.
Parágrafo único - Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.
A Quem se Deve Pagar. O Accipiens:
O pagamento deve ser feito ao credor. No entanto, podem ocorrer exceções. Tanto o credor poderá estar inibido a receber, como o devedor poderá, em certas situações especiais, pagar validamente a quem não seja credor.
Assim, o preço deve ser entregue ao vendedor; a coisa ao comprador.
Pode suceder que, no momento de ser efetuado o pagamento, o credor originário já tenha sido substituído. Tal substituição pode ter sido tanto efetivada por ato entre vivos, como por ato de morte. Se forem vários os credores, como na obrigação solidária, qualquer um deles pode receber o pagamento.
Também, na hipótese de obrigação indivisível, o pagamento a um só dos credores será valida, com as regras próprias do instituto (Art.259). Se a obrigação for divisível e não solidária, cada credor deve receber sua parte do crédito.
 O artigo 308 dá como valido o pagamento feito ao representante do credor. O representante atua em nome do representado, no lugar do representado.
Art. 308 - O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Quando do nascimento da obrigação, os contratantes podem estipular que o accipiens seja um terceiro. Portanto, se o pagamento não for efetuado ao credor ou seu representante, será ineficaz.
O pagamento, porem, pode ser feito a pessoa não intitulada e mesmo assim valer, se houver ratificação do credor ou do representante.
Notemos que nem sempre a pessoa intitulada ou qualificada a receber apresenta-se com um mandato formalmente completo. Não se pode esquecer que a autoridade singela para receber, fornecida e concedida pelo credor, equivale a situação do representante mencionado na lei.
O artigo 311 diz que “considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, exceto se as circunstancia contrariarem a presunção daí resultante”. A presunção é a de que quem se apresenta com um recibo firmado por terceiro possui mandato específico para receber. É portador da quitação, enfim.
Credor Putativo:
O direito não pode prescindir da aparência. Pode ocorrer o pagamento a pessoa que tenha a mera aparência de credor ou de pessoa autorizada. Trata-se do credor putativo.
Não se trata apenas de situações em que o credor se apresenta falsamente com o título ou com a situação, mas de todas aquelas situações em que se reputa o accipiens como credor. O artigo 309 diz que “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é valido, ainda provando-se depois que não era credor”.
A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter aparência de credor e estar o solvens de boa-fé. Restará ao verdadeiro credor haver o pagamento do falso accipiens.
Quando o Pagamento Feito a Terceiro Desqualificado Será Valido:
O devedor pode se exonerar mesmo pagando a terceiro não intitulado, em três situações:
Na hipótese de ratificação, pelo credor, do pagamento recebido. Tal ratificação equivale a um mandato. Pago ao filho de credor e este posteriormente confirmar o recebimento, por exemplo.
Na hipótese em que o pagamento reverte em benefício do credor (Art.308), a prova será ônus do solvens. Por exemplo, pago à mulher do credor, provo que o pagamento reverteu em seu benefício. É preciso lembrar que o pagamento só valerá até o montante do benefício: a dívida é de 1000 reais. Paguei o total à mulher do credor; aquela, no entanto, só entregou 500 reais a ele. Só ate esse montante valerá o pagamento.
Credor Putativo.
Pagamento Feito ao Inibido de Receber:
Certas pessoas, embora figurem na posição de credoras, estão inibidas de receber, e quem paga a elas arrisca-se a pagar mal.
O artigo 310 refere-se ao pagamento efetuado ao incapaz de quitar, já que a incapacidade inibe o agente para os atos da vida civil. Quando o solvens tem pleno conhecimento da incapacidade do accipiens e mesmo assim paga a este, o representante legal do credor terá legitimidade para impugnar o pagamento. Cabe ao solvens provar que o resultado do pagamento reverteu no benefício do incapaz. Nem sempre será prova fácil. O pagamento somente valerá no caso em que o devedor não possui conhecimento da incapacidade do credor.
O artigo 312 do Código Civil discorrer acerca da penhora, explicando que o devedor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito ou da impugnação a ele oposta por terceiros, pagar ao credor, este pagamento não será valido.
Essa situação também é de ineficácia do pagamento e não propriamente de validade. É requisito, porem, que o solvens tenha tomado ciência da penhora ou da oposição de terceiros. Se pagar ao credor, assumira o risco. Trata-se de modalidade de aplicação das garantias dos direitos de crédito. A lei equipara, para os efeitos, tanto a ciência da penhora, quando a ciência por notificação ou interpelação feita por terceiro. Ao terceiro, nesse caso, cabe depositar em juízo, ou nos autos em que foi efetivada a penhora, ou consignar em pagamento, se tiver duvidas quanto à validade do pagamento que efetuaria a terceiro. Na hipótese desse terceiro ter agido de forma abusiva, impedindo ou retardando o recebimento do credito pelo credor, responderá pelo abuso de má-fé.
Também esta inibido de receber e quitar o devedor falido, desde o momento da abertura da falência, dentro do âmbito de seus atos de comércio. O falido deverá ficar afastado de suas atividades.
Objeto de Pagamento e Sua Prova:
O pagamento deve compreender, como objeto, aquilo que foi acordado. Nem mais, nem menos. Recebendo o credor o objeto da prestação, seu pagamento, estará a obrigação extinta. Já vimos que o credor não pode ser obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. E ainda que a prestação seja divisível, não pode ser o credor obrigado a receber por partes ou em parcelas, se assim não foi acordado.
A nova dicção da lei processual, trazida pela Lei nº 11.382/2006, acrescenta o artigo 745-A ao CPC.
Há quem defenda que com esse texto, deixa de ser aplicado o paradigma do artigo 313, permitindo-se, assim, que o valor do débito seja pago parceladamente. Não pensamos assim. O juiz “pode” deferir pedido nesse sentido, com a concordância do credor. A norma é de processo e há de se atender ao contraditório. O credor deve necessariamente se manifestar e aquiescer. O credor teria, ademais, outros meios mais eficazes de obter seu crédito, como a penhora on line.
As normas de direito das obrigações do Código Civil devem ser entendidas comonormas especiais de direito material em relação ao CPC, mero instrumento. Fora da execução e das condições do artigo 745-A, o parcelamento não pode ser concedido, isso é isento de duvida de qualquer modo. Nossa conclusão é no sentido que sem manifestação favorável do credor, não se aplica a faculdade do artigo 745-A.
As perdas e danos, no caso de inadimplemento, são substituição de pagamento, e não pagamento, também não são pagamento os outros meios válidos de extinguir a obrigação, como a transação, dação, sub-rogação etc.
O artigo 947 do Código de 1916 reportava-se do pagamento em dinheiro. Vimos que atualmente tal pagamento, como regra geral, só pode ser feito em moeda corrente no país, proibida a moeda estrangeira. A Lei nº 10.192/2001, na mesma senda da legislação anterior, estabeleceu expressamente no artigo 1º que todas as estipulações pecuniárias devem ser em real, moeda corrente no País. Os negócios em moeda estrangeira somente são permitidos, por exceção, nos contratos de importação e exportação; nos contratos de compra e venda de câmbios e nos contratos celebrados com pessoa residente e domiciliada no exterior. O artigo 318 do Código expressa-se no mesmo sentido, proibindo as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, excetuados os casos da legislação especial, ora mencionada.
O artigo 315 estatui que as dívidas em dinheiro deverão ser pagam no vencimento em moeda corrente e pelo valor nominal, como regra geral. Afastam-se, em principio, as modalidades de clausula móvel e correção monetária. A lei mais recente admite a intervenção judicial com correção do valor no pagamento do preço, quando, “por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução” (Art.317).
Prova do Pagamento:
Prova é a demonstração material, palpável de um fato, ato ou negócio jurídico. É manifestação externa de um acontecimento. Quem paga tem direito a se munir de prova desse pagamento, da quitação.
O artigo 319 diz “O devedor, que paga, tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamente, enquanto lhe não for dada”. Já o artigo 320 discorre acerca dos requisitos do recibo, instrumento da quitação, dizendo: “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante”.
O instrumento da quitação é prova cabal de pagamento, porque em juízo não se aceitará prova exclusivamente testemunhal para provar o pagamento, se o valor exceder ao teto legal. No entanto, os dispositivos do estatuto processual admitem prova testemunhal, quando houver começo de prova por escrito, em documento emanado da parte contra quem se quer fazer valer o documento e nos casos em que o credor, moral ou materialmente, não tinha condições de obter a quitação.
Recibo é o documento idôneo para comprovar o pagamento das obrigações de dar e fazer. Nas obrigações de não fazer, o ônus da prova é o credor, que deve evidenciar se foi praticado o ato ou os atos.
A quitação, contendo os requisitos do artigo 320, não necessita ter a mesma forma do contrato. Um escrito particular pode, por exemplo, valer como quitação para uma obrigação contraída por instrumento público. O atual código acrescentou no artigo 320 que a quitação pode ser dada sempre por instrumento particular. Nada impede, porem, que seja dada por instrumento público e, se fornecida por instrumento particular, não exigirá palavras sacramentais, basta que se refira claramente ao pagamento da obrigação, o qual, alias, pode ser parcial. Se ressalva alguma for feita no instrumento, entende-se que a quitação se refere a todo débito.
É dever do credor dar a quitação, uma vez recebido o pagamento. Se o credor se recusar a conceder a quitação ou não a der na devida forma, pode o devedor acioná-lo, e a sentença substituirá a regular quitação. Trata-se de ação para obrigar o réu a uma manifestação de vontade. A sentença substituirá essa vontade renitente.
Existem, também, os chamados Débitos Literais, os quais são representados por títulos. A posse do título pelo credor é presunção de que o título não foi pago, e a posse do título pelo devedor é presunção de que o título foi pago. Caso o devedor não tenha pago o título, e o credor tenha perdido o mesmo, quando o devedor quitar a divida o credor deverá fazer uma declaração, o qual irá inutilizar o título desaparecido.
A partir do artigo 322, o Código passa a tratar de presunções de pagamento, as quais são presunções relativas, portanto admitem prova em contrário.
Art. 322 - Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Como o artigo 322 diz, nas quotas periódicas, o pagamento da ultima presume a solvência das anteriores. O mais lógico é entender que o credor não receberia a ultima prestação, se a anterior não tive sido paga. Admite-se, prova em contrário. Não cabe, contudo, ao credor, segundo alguns, em se tratando de prestações sucessivas recusar-se a recebimento da ultima, se não recebeu alguma anterior: deve receber com ressalva, a fim de evitar a presunção legal. É defensável também a posição de que o credor pode opor-se ao recebimento nessa situação, tendo em vista que o devedor já esta em mora.
O artigo 323 presume que a quitação dada ao capital, sem reservas de juros, estes se presumem pagos. Esse artigo deve ser examinado em consonância com o artigo 354 da imputação do pagamento.
Art. 354 - Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
Quando o título representa a obrigação, “a entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento” (Art.324). A presunção é relativa por que o título pode ter sido obtido com violência; a remessa do título pode ter sido efetuada por engano, por exemplo. O parágrafo único do artigo 324 do vigente Código, repetindo a mesma regra anterior, reza que essa quitação ficará sem efeito se o credor provar, 60 dias, a falta do pagamento. Como se nota, esse prazo é decadencial.
Qualquer que seja o meio, o instrumento de quitação, nesse prazo decadencial, pode o credor provar a falta de pagamento.
As despesas com o pagamento e a quitação correm por conta do devedor, salvo estipulação em contrario. Segundo o artigo 325, qualquer fato imputável ao credor que gere acréscimos de despesas deverá ser a ele imputado.
Art. 325 - Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.
O artigo 326 do Código Civil diz, que se as partes pactuarem o pagamento em determinada região, a medida a ser utilizada será a desta região, se não houver ressalva expressa.
Art. 326 - Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
Lugar do Pagamento. Dívida Quérables e Portables:
No silencio da avença, o pagamento será efetuado no domicílio do devedor. Em geral, portanto, a dívida é quérable. Cabe ao credor procurar o devedor para a cobrança.
Em caso de disposição contratual em contrário, o devedor deve procurar o credor em seu domicílio, ou no local por ele indicado, a dívida é portable.
Art. 327 - Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único - Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
Sempre será o acordo das partes que prevalecerá. Há obrigações que, por força de circunstancia ou de sua natureza, mormente de costumes, devem ser executadas ora no domicílio do credor, ora no domicílio do devedor. A lei também pode fixar o lugar do pagamento.
Segundo o parágrafoúnico do artigo 327, se forem designados dois ou mais lugares, caberá ao credor a escolha. O credor deve, no entanto, manifestar sua escolha ao devedor, em tempo hábil, para que este possa efetuar o pagamento.
Problema surge quando o devedor muda de domicílio. O mais lógico é que o credor opte por manter o mesmo local originariamente fixado. Se isso não for possível e o pagamento tiver que ser necessariamente feito em outro local, no novo domicílio do devedor, arcará este com as despesas acarretadas ao credor, tais como taxas de remessa bancária, viagens etc.
Embora o contrato possa fixar a dívida como quérable, se continuamente o devedor procurar o credor para pagar, há animus de mudança de local de pagamento. Ou vice-versa. A habitualidade há de ser vista como intenção de mudar o lugar de pagamento, salvo se as partes fizerem ressalva que a inversão do que consta no contrato é mera liberdade. Quem paga em lugar errado, paga mal, na grande maioria das vezes.
O artigo 328 trata de pagamento consistente na tradição de um imóvel, dizendo que far-se-á no lugar onde este se acha. As prestações relativas a imóveis, ditas na lei, não significam aluguéis, mas são referentes a serviços só realizáveis no local do imóvel. No entanto, sempre que a natureza da obrigação o permitir, as partes poderão dispor diferentemente.
Art. 328 - Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em 
prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
O artigo 329 diz que “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor”. A regra ratifica o brocardo segundo o qual nada se pode fazer perante uma impossibilidade. Como regra, o caso fortuito e a força maior não autorizam indenização. 
Tempo do Pagamento:
Quando existe uma data para o pagamento, um termo, o simples advento dessa data já constitui em mora do devedor.
Art. 397 - O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único - Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Quando não existe data para o cumprimento da obrigação, deve ser notificado o devedor para ser constituído em mora.
Quando as partes u a lei não estipulam um prazo para o pagamento, a prestação pode ser exigida a qualquer momento: são as obrigações puras. As obrigações com prazo fixado são as obrigações a termo.
Quando existe um prazo, a obrigação só pode ser exigida pelo credor com o advento do termo desse prazo. Entre nós o prazo presume-se estipulado em benefício do devedor. Sendo um favor seu, nada impede que cumpra antecipadamente a obrigação. O credor não pode exigir seu cumprimento, mas a obrigação, nesses moldes, é cumprível pelo devedor desde sua constituição.
Não é muito comum, mas a obrigação pode ter um prazo fixado em benefício do credor. Nesse caso, não pode ser o credor obrigado a receber antecipadamente.
Se a obrigação consistir em obrigações periódicas, cada pagamento deve ser examinado de per si. Cada prestação periódica deve ser estudada isoladamente.
A obrigação, se por um lado pode ser cumprida antecipadamente, salvo os casos examinados, não pode ser cumprida alem do prazo marcado. Isto é, se ainda for útil para o credo a obrigação em retardo pode ser cumprida, mas já com os encargos de mora. Se, de um lado, o devedor pode antecipar o cumprimento, inclusive com medida judicial, não pode pedir dilação de prazo ao juiz, ressalvadas as situação de caso fortuito ou força maior.
O credor não pode exigir o pagamento antes do vencimento, sob pena de ficar obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. Essa pena é aplicada em caso de dolo do agente.
Quando a obrigação não possui termo certo, o credor pode interpelar o devedor para que cumpra a obrigação num prazo razoável, que poderá ser fixado pelo juiz.
No dia, na data do pagamento, termo final, portanto, há que se entender que ele pode ser feito até a expiração das 24 horas do dia. Não é assim, no entanto, quando se trata de pagamento que dependa de horário de atividade do comercio, horário bancário ou forense. Terminado o expediente, cujo horário é fixado por norma administrativa, frusta-se a possibilidade de se efetuar o pagamento naquela data.
As obrigações condicionais são tratadas pela regra do artigo 332. Para seu cumprimento, depende do implemento da condição. O credor deve provar a ciência desse implemento pelo devedor.
O artigo 333 do Código Civil traz três sitiuação em que é facultado ao credor cobrar a dívida antes do vencimento do prazo. Essas situações são: 
I- 	No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores = O concurso creditório é caracterizado pela insolvência civil, o equivalente à falência do devedor comerciante.
Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor = Quando há garantia real, representada por hipoteca e penhor, os bens dados em garantia sofrem penhora por outro credor. A presunção é de que, se esse outro credor não encontrou outros bens livres e desembaraçados, é porque a situação do devedor é ruim.
Se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las = Há um diminuição na garantia pessoal ou real, ou mesmo sua perda. É o caso, por exemplo, da morte do fiador, ou desaparecimento da coisa caucionada. O devedor deve ser intimado para reforçar a garantia em prazo razoável. Se não o fizer, aqui, a lei autoriza a cobrança antes do vencimento da dívida. Os casos são taxativos. Não há outros dentro do ordenamento civil codificado.
“Parágrafo Único – Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputara vencido quanto aos outros devedores solventes”.

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