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resumo do livro quem é o povo

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RESUMO DO LIVRO “QUEM É O POVO?” 
 Considerando que a expressão “povo”, assim como o termo “democracia”, recebe diversas interpretações, algumas delas equivocadas, se fará necessário a reconstrução da ideia de povo e sua aplicabilidade no regime democrático brasileiro. Não obstante o desafio quase que inatingível proposto por Müller em sua obra Quem é o povo?.
 No primeiro momento em contato com a obra “quem é o povo?” De Muller, observamos o seu sarcasmo ao referir-se a “povo” no inicio como pessoas cidadãs, e, no decorrer do primeiro capitulo ele desfoca o sentido povo-cidadão para povo-constituição, trazendo uma melhor explicação de como as novas constituições estão tratando do termo “povo” em suas normas.
Há muito a noção de povo é conhecida e utilizada na antiguidade clássica, sobretudo em matéria de teoria política e de direito público. Os gregos foram os grandes responsáveis pela construção do que entendemos hoje como democracia. Inspirados nos ideais de que tudo deveria ser debatido e decidido de forma consensual, os iluministas pensaram a substituição das relações feudais de poder pelo “demo” (povo) + “cratos” (regime), formando a expressão democracia, que significa o governo do povo para o povo.
Povo não é um conceito descritivo, mas claramente constitucional. Müller sustenta que “povo não é um conceito simples nem um conceito empírico; povo é um conceito artificial, composto, valorativo; mais ainda, é e sempre foi um conceito de combate”.
Mas que povo é esse? Müller busca analisar o conceito de “povo” partindo da seguinte divisão: “povo” como povo ativo; “povo” como instância global de atribuição de legitimidade; “povo” como ícone; “povo” como destinatário das prestações civilizatórias do Estado.
Entendem-se como povo ativo os titulares de nacionalidade de acordo com as prescrições normativas do texto constitucional. “Por força da prescrição expressa as constituições somente contabilizam como povo ativo os titulares de nacionalidade”. Essa nacionalidade consubstancia-se na totalidade dos eleitores de um Estado.
 Müller, no intuito de fortalecer o conceito de povo ativo, faz alusão à situação dos estrangeiros na União Européia: “Tradicionalmente esse dimensionamento para os titulares da nacionalidade é matéria de direito positivo, mas não se compreende por evidência. Estrangeiros, que vivem permanentemente aqui trabalham e pagam seus impostos e contribuições pertencem à população. Eles são efetivamente cidadãos. (faktisch Inlander), são atingidos como cidadãos de direito (rechtliche Inlander) pelas mesmas prescrições ‘democraticamente’ legitimadas. A sua exclusão do povo ativo restringe a amplitude e a coerência da justificação democrática. Especialmente deficitário em termos de fundamentação é o princípio da ascendência (ius sanguinis), que representa uma construção de fantasia, não uma conclusão fundamentável pela empiria (sangue). Já que não se pode ter o autogoverno, na prática quase inexeqüível, pretende-se ter ao menos a autocodificação das prescrições vigentes com base na livre competição entre opiniões e interesses, com alternativas manuseáveis e possibilidades eficazes de sancionamento político.
O autor é enfático ao afirmar que o conceito de “povo das constituições atuais” não deveria ser qualificado por meio das regulamentações do direito eleitoral e conclui: “O povo ativo não pode sustentar sozinho um sistema tão repleto de pressupostos”.
O conceito de “povo” como instância global de atribuição de legitimidade, sustenta Müller, torna-se mais acessível a partir da compreensão da ideia de estrutura de legitimação. O autor frisa que o Executivo e o Judiciário estão fundamentalmente interligados com a noção de Estado de Direito e Democracia.
O fato de as pessoas se encontrarem no território de um Estado e ali fixar residência, trabalhar, estabelecer laços pessoais e materiais é suficiente para adquirir, juridicamente, qualidade de ser humano, a dignidade da pessoa humana, a personalidade jurídica. “Estão protegidas pelo direito constitucional e pelo direito infraconstitucional vigente, i.e., gozam da proteção jurídica”. Portanto, destinatários de prestações civilizatórias do Estado.
Observa-se na obra “Quem é o Povo?” que a legitimidade do sistema democrático não está somente na busca de uma conceituação jurídico-política de povo, mas principalmente em levar o povo a sério; povo este considerado como uma realidade viva em um mundo concreto. O autor não se preocupou em dar o significado da palavra povo, mas como ela é utilizada. Portanto, o resultado “não são quatro povos nem quatro conceitos de povo.” São apenas gesticulações.
OBSERVAÇÕES ACERCA DO REGIME BRASILEIRO 
Na Constituição de 1988, mais especificamente no parágrafo único do artigo 1º, o constituinte fez constar que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente [...]”.
Partindo dos ensinamentos de Müller, podemos dizer que no sistema democrático brasileiro, assim como em qualquer sistema democrático, podemos utilizar os quatro conceitos de povo. Não obstante a simplicidade de sua aplicação, as peculiaridades do sistema democrático brasileiro a torna complexa.
Hoje, se limitássemos à classificação de povo como “povo ativo”, estaríamos excluindo milhões de brasileiros, pois o voto só é obrigatório para os maiores de 18 e menores de 65 anos; para os maiores de 16 e menores de 18, assim como para os maiores de 65 anos, o voto é facultativo. E mais, os estrangeiros, os condenados e os militares constritos são proibidos de votar. Com isso, o “povo ativo” se limitaria a 2/3 da população brasileira.
Se para existir um “povo como instância global de atribuição de legitimidade”, que é aquele que se sujeita ao ordenamento jurídico, parte-se do pressuposto de que deva existir um “povo ativo”, que elege seus representantes, os quais são responsáveis pela formação do ordenamento jurídico, como se enquadrariam aqueles que residem no Brasil, se sujeitam às nossas normas, mas são estrangeiros?
Para pensar. E o conceito de povo como “povo-destinatário”? No conjunto da obra é fácil perceber que o povo como destinatário das prestações civilizatórias do Estado deveriam ser todos aqueles, ativos ou não, legitimados ou não, mas, que se encontram no nosso território. Entretanto, nesse conceito não se inclui os excluídos e as minorias.
Na visão de Müller, numa sociedade avançada existe uma “disfuncionalidade setorial” provocada por uma cisão segmentária da ordem social e jurídica. Segundo o autor: “Trata-se aqui da discriminação parcial de parcelas consideráveis da população, vinculada preponderantemente a determinadas áreas; permite-se a essas parcelas da população a presença física no território nacional, embora elas sejam excluídas tendencialmente e difusamente dos sistemas prestacionais [...] econômicos, jurídicos, políticos, médicos e dos sistemas de treinamento e educação, o que significa ‘marginalização’ como subintegração”.
Na nossa sociedade tão deformada, involuída e subdesenvolvida, o Judiciário é mais importante do que nos países adiantados (que, aliás, o são porque têm boas instituições judiciais). É que os fracos, os pobres, os destituídos, os desamparados, bem como as minorias (raciais, religiosas, econômicas, políticas e étnicas etc), só têm por arma a defesa do direito. E direito só existe onde haja juízes que obriguem seu cumprimento.
Na democracia, governam as maiorias. Elas fazem as leis, elas escolhem os governantes. Estes são comprometidos com as maiorias que o elegeram e a elas devem agradar. As minorias não têm força. Não fazem leis, nem designam agentes políticos ou administrativos.
Sua única proteção está no judiciário. Este não tem compromisso com a maioria. Não precisa agradá-la, nem cortejá-la. Os membros do judiciário não são eleitos pelo povo. Não são transitórios, não são periódicos. Sua investidura é vitalícia. Os magistrados não representam a maioria, são a expressão da consciência jurídica nacional.
Seu único compromissoé com o direito, com a Constituição e as leis; com os princípios jurídicos encampados pela Constituição e por ela não repelidos (…)”.
O povo, na verdade ainda está por ser criado. Podemos tomar esta afirmativa como verdade, partindo do pressuposto que não existe um conceito universal aplicável a toda forma de democracia. Hoje assistimos a um total desinteresse de uma boa parcela do povo brasileiro, que não acredita mais nos representantes que eles escolhem e nas instituições, como o Judiciário, o que, de certa afasta, ainda que discretamente, a essência da democracia, que é o governo do povo para o povo.
No Brasil, vimos que o “povo” inserto no parágrafo único do artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, ainda que pudéssemos classificá-lo como ativo, instância global, como ícone ou como destinatário das prestações civilizatória, estaríamos sujeitos a inúmeras críticas, haja vista a falibilidade de nosso sistema democrático e das peculiaridades apontadas, sobretudo quando tratamos do “povo ativo”.
Neste sentido, concluímos que no regime democrático brasileiro o conceito de “povo” é abrangente, pois engloba todos aqueles que se encontram no território brasileiro; povo esse, ainda que não detentor de direitos eleitorais, seja porque menor de 16 anos, condenado criminalmente (em cumprimento de pena), militar constrito ou estrangeiro, tem direito de participar do processo democrático e lutar pelos seus interesses; povo esse, ainda que excluído e marginalizado (e ou minorias) encontra no Judiciário uma forma de alcançar o equilíbrio provocado pela ausência de representatividade no parlamento; povo esse que, independente da cor, raça, sexo, idade ou crença merece respeito e deve ser ouvido.
ENTREVISTA COM FRIEDRICH MÜLLER
Revista Seqüência, nº 51, p. 9-30, dez. 2005
1– “Quem é o Povo – A Questão Fundamental da Democracia” foi uma obra bastante divulgada no Brasil. Neste sentido, o artigo 14 da Constituição Federal não atende aos requisitos da democracia direta, requalificando a democracia brasileira?
O artigo 14 da constituição de 1988 é, com o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, um passo importante para uma legislação popular. Para uma comparação: a Alemanha não tem, no nível da federação, nem em sua Lei Fundamental de 1949, nem na sua nova versão, revista depois da unificação alemã, nenhuma dessas formas de decisão; somente nos Estados existem possibilidades deste tipo. Por outro lado, devemos ver o que o artigo 14, em conjunto com os artigos 49 e 61 da constituição de 1988, significam na prática política e o que não significam. O plebiscito deve ser “convocado” pelo Congresso Nacional, o referendo, “autorizado” – ambos dentro da competência exclusiva do Congresso (artigo 49, XV). A iniciativa popular deve ser apresentada à Câmara dos Deputados (artigo 61, §2º). Ou seja, o Congresso decide sozinho se ele quer – ou não – deixar que a decisão sobre uma questão 11controvertida seja por plebiscito ou referendo. E, no caso da iniciativa popular, o Congresso pode tanto aceitar como rejeitar o resultado proposto por ela – ou também, eventualmente, não analisá-la, retardando sua tramitação. No primeiro caso, é a elite política que tem a competência de formular a questão e de enquadrar, de limitar deste modo a extensão do que deve ser decidido e, depois, é o povo que deve decidir pelo conteúdo – mas somente em um quadro pré-decidido; e a iniciativa, de todo modo, está sempre e inteiramente à disposição dos políticos. No segundo caso, é o povo que tem a iniciativa e também a competência de decidir o conteúdo da proposição – mas a decisão definitiva está completamente nas mãos da elite política. Tudo isto demonstra que estas três formas de legislação popular não são, na realidade, autônomas, que elas não pertencem à competência essencial do povo, que elas não formam nenhum contrapeso eficaz à legislação representativa-parlamentar. Para conseguir isto, o artigo 14 (e os correspondentes artigos 49, XV e 61, §2º) deverá ser modificado de maneira inovadora: Em todo caso de emenda constitucional, o Congresso estaria obrigado pela constituição a organizar um plebiscito ou referendo sobre a emenda; e O Congresso deveria ser obrigado pela constituição a tratar cada iniciativa popular, que é a ele submetida, realmente dentro de um certo prazo; e, em caso de uma recusa pelo Congresso, ele estaria obrigado a organizar um plebiscito ou referendo definitivo sobre sua rejeição. Estas duas inovações, por um lado, reduziriam consideravelmente a tentação de modificar a constituição – o 12Brasil sofre, segundo uma opinião bem avalizada, de um número muito elevado de emendas a partir de 1988. E, por outro lado, enquanto questão fundamental, a legislação popular se tornaria, assim, um contrapeso eficaz, um complemento autônomo à do parlamento. Eu termino aqui no tocante à sua questão sobre o artigo 14 da constituição de 1988. Mas, como você mencionou também meu livro “Quem é o Povo? A Questão Fundamental da Democracia”, pode-seacrescentar ainda alguma coisa nesta direção. Tudo o que disse sobre o artigo 14 se refere unicamente àqueles que têm o direito de voto e, segundo o artigo 14, §2º, àqueles que detêm a nacionalidade – isto é, em minha terminologia: somente as duas primeiras categorias da noção de “povo” em uma teoria da democracia avançada: o povo ativo e o povo de atribuição de legitimidade. Além destas há a terceira categoria, o povo destinatário, e a quarta, o povo enquanto ator político. A terceira é independente da nacionalidade e das outras condições do artigo 14 – ela significa, em suma, que se pode falar em uma democracia dentro do sentido exigente do termo somente onde, além dos direitos formais como o direito de voto ativo e a elegibilidade ou das formas de legislação popular, se faz uma política material pelo povo e não para as parcelas já privilegiadas da população. A quarta componente desta noção inovadora de “povo” está baseada sobre os direitos humanos e cidadãos. Eles devem ser compreendidos como direitos que tomam parte ativamente na formulação e realização da política – no nível nacional e, atualmente, também transnacional, consistindo nestes direitosde base essenciais de uma sociedade civil democratizada.
2 – Como o Sr. vê o papel exercido pela imprensa brasileira durante a crise política que se instalou desde junho de 2005 e que reflexões tais episódios provocam em democracias da chamada periferia do capitalismo? 
 Nós deveríamos distinguir duas questões: Houve realmente casos de corrupção? Em caso afirmativo, é, então, uma tarefva da mídia informar a todos segundo a verdade. A corrupção deve ser denunciada e punida sem se importar de que lado ela vem. Ela é em todos os casos um mal e não merece indulgência jamais. 20 Mas, a imprensa, o rádio e a televisãso são obrigados, por sua vez, a seguir esta regra – e aqui, precisamente, começa a segunda questão: Os meios de comunicação no Brasil se comportam em cada caso de corrupção ou de ilegalidade/inconstitucionalidade corretamente, da mesma maneira? Ou eles relatam os escândalos de outros partidos políticos e de outros governos talvez menos intensamente, com menos insistência? No fundo, eu mesmo tenho minhas dúvidas – mas eu não posso falar disto com mais precisão porque eu não vivo em seu país e não sigo o curso dos acontecimentos tanto como aqui na Alemanha ou no país vizinho que é a França. Somente quando eu penso, por exemplo, no que ocorreu, sob a presidência anterior, em torno da privatização da Companhia Vale do Rio Doce ou a compra de votos parlamentares para aprovar a Emenda nº 16 no Congresso – dois escândalos enormes, de primeira ordem, um contra a democracia, outro contra o patrimônio do povo brasileiro – quando eu os vejo em comparação, sendo que, naquela época, a mídia insistiu, proporcionalmente, bem menos, eu começo, pessoalmente, a duvidar. Visto de fora, parece que os meios de comunicação do Brasil, em relação ao governo atual, estavamesperando os casos de corrupção para então “bater” maciça e longamente. Mas, eu disse e repito, isto não muda nada o fato de que a corrupção não é perdoável, seja de onde ela vier. Mas, justamente, todos os casos de corrupção e de ilegalidade, e isto eu não percebo, vendo do exterior, suficientemente, um justo equilíbrio. Parece que você me pede um julgamento pessoal. Mais importante é, sem dúvida, a questão fundamental de como a 21 ordem de um Estado Democrático de Direito pode ser compatível com os meios de comunicação privados, orientados para o lucro? Esta questão não se coloca apenas nos países da periferia do capitalismo, mas também nos países do G-7 e nos outros países centrais. Aqui na Europa, por exemplo, há igualmente a concentração da mídia, oligopólios de opinião que causam graves preocupações. Como eu já disse, a opinião pública é freqüentemente outra coisa que a opinião publicada. Esta é marcada pelo lucro e pelo oligopólio, além da manipulação, da informação parcial, sobretudo por meio, todo o tempo, da “mentira por omissão”, mas também, fortemente, pela semântica e terminologia aplicadas. Na Alemanha, nós temos um certo contrapeso pela rádio e televisão públicas, cujos comitês são compostos – em princípio de modo paritário – por diversos partidos políticos e pelos grupos mais importantes da sociedade. Estas companhias de direito público se vêem obrigadas a ser objetivas e equilibradas por uma jurisprudência do Tribunal Constitucional alemão que tenta, seriamente, atender a um acordo justo entre os interesses divergentes. É interessante constatar que é justamente nesta parte de sua jurisprudência que o Tribunal Constitucional alemão se fundamenta particularmente não apenas sobre o conceito de “Normbereich” (isto é, âmbito da norma) em si mesmo, mas também explicitamente sobre este termo da TED. Tal sistema dualista de radiodifusão (isto é, rádio e TV públicas ao lado das emissoras privadas) seria salutar e desejável também para o Brasil. Quando, em sentido contrário, todo o poder midiático está concentrado em poucas mãos privadas, isto é quase uma catástrofe para a abertura e pluralidade democráticas de uma sociedade. Eu estou dizendo “quase” porque, ao lado desta opinião publicada parcial, existem ainda e também a ajuda recíproca e a legítima defesa da sociedade informal – a formação da opinião pública enquanto ato de resistência coletiva: discussões entre amigos, colegas, pelos meios eletrônicos, nas associações livres e nas ONGs, nas redes e encontros internacionais e globais, como os Fóruns mundiais e regionais no bojo do processo de Porto Alegreou como os da Attac, incluindo também as mídias pequenas, de dimensão local que, por sua vez, contribuem para um contra-poder em relação aos oligopólios de opinião e que se esforçam para garantir a sociedade, ao menos, um pouco mais aberta.

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