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Organização dos poderes
Separação ou organização dos poderes?
Art. 60 $4 CF – ‘e clausula petrea a separacao dos poderes. / Titulo IV CF – da organizacao dos poderes.
Separação remonta à ideia proposta por Montesquieu, baseada em poderes que deveras eram separados àquela época e nos países que foram por ele analisados. Ao analisar a CRFB percebe-se claramente que há estruturas distintas, o que permite que se fale em separação de poderes, sim, mas é uma separação estrutural. Entretanto, o estudo de Direito Constitucional redunda em uma análise não somente estrutural, mas também funcional, e quanto ao funcionamento os poderes se entrelaçam.
Em síntese: a separação estrutural não corresponde a uma separação funcional, posto que os poderes se relacionam (sistema de freios e contrapesos). E para isso ocorrer é necessario que o Estado esteja se relacionando também. Se cada poder exercesse uma funcao so ficaria clara a separacao estrutural e funcional, mas nao ‘e assim que ocorre. Cada poder exerce entao as 3 funcoes (Ex. Impeachment), por isso que se relacionam, nao ha um poder que monopolize apenas uma funcao. 
O que é legislar? 
É quando por determinado ato introduz-se determinada norma, podendo ser abstrata (vale pra qualquer situacao que ali se enquadra) e generica (vale para um numero indeterminado de pessoas). Abstratas, pois aplicáveis a todos os casos a ela subsumíveis e genéricas porquanto não produzidas com um destinatário específico.
Embora função concernente ao Poder Legislativo, pode-se perceber que o Executivo e Judiciário também legislam, de certa forma. Exs: presidente que edita medida provisória e Supremo Tribunal Federal edita súmulas vinculantes, ambas (medida provisória e súmula) sendo normas abstratas e genéricas. Assim também ocorre quando o presidente regula uma lei.
Função administrativa e Função jurisdicional: são mais parecidas. O conceito de administrar e o conceito de prestar jurisdição podem começar da mesma maneira. São funções de aplicação do Direito. Tanto o juiz quando o administrador o aplicam.
Diferenças: 
O juiz somente age quando é provocado. A jurisdição, em regra, depende de provocação. Quanto às atividades administrativas, há aquelas que dependem de provocação (matrícula em escola pública, licença para dirigir), mas existem muitas atividades administrativas que podem ser desempenhadas de ofício. Em suma, enquanto a jurisdição depende, em regra, de provocação, a atividade administrativa nem sempre depende.
Na jurisdição, não se aborda somente a aplicação do Direito posto. A realização do Direito, na atividade jurisdicional, é marcada pelo caráter litigioso (alguem tem uma pretensao e outra pessoa resiste). Na atividade administrativa, por outro turno, inexiste litígio, embora um trâmite administrativo possa redundar em uma lide (ex. desapropriação). Resumidamente: na função jurisdicional, situações litigiosas; na função administrativa, situações não litigiosas. Tenha-se em mente uma exceção: jurisdição voluntária, em que é prestada a atividade juriscional sem que exista um litígio.
Função administrativa: aplicação do direito a questões não litigiosas e que, em regra, independe de provocação.
A jurisdição é uma atividade eminentemente substitutiva, isto é, o Estado Juiz somente atua impondo a sua vontade às vontades das partes. Vontade substitutiva e impositiva que afasta a vontade das partes.
A função administrativa, entretanto, não é de cunho substitutivo. A atividade administrativa é de aplicação do Direito a questões que originária e naturalmente envolvem o Estado.
Questão de prova: Provocação; litigiosidade; e substitutividade são os critérios. Elaborar o conceito partindo da função que ambas têm de aplicar o Direito e posteriormente diferenciando cada um desses três critérios. Posto o conceito, analisar os três Poderes exercendo ambas as três funções. 
O Poder Executivo é o que naturalmente administra. Entretanto...
Exemplo do Judiciário administrando: Realização de concurso público para servidor da Justiça ou para juiz do Direito; realização de licitações; celebração de contratos etc.
Os mesmos exemplos são válidos ao Poder Legislativo. Licitações, concessões de férias, instaurações de CPI's (investigar é uma atividade eminentemente legislativa) etc.
O Judiciário é o que naturalmente presta a jurisdição. Entretanto...
Legislativo prestando a jurisdição - O Senado julga o presidente no caso de denúncia popular. Ou seja, aplicação do Direito mediante a provocação do polo, contra a pretensão resistida do presidente, que é julgada pelo Senado; há também a possibilidade de julgamento de um parlamentar, pela Casa, por quebra de decoro parlamentar.
No Executivo, exemplo é quando, diante de um lançamento de débito fiscal indevido, o contribuinte opõe resistência, havendo o julgamento pelo Conselho do Contribuinte. Outro exemplo se dá quando o Detran aplica multa e o multado apresenta defesa, que será julgada também em sede administrativa.
Por mais que tais situações não produzam coisa julgada, pode-se dizer que é prestada a atividade juriscional.
Conclusão quanto à separação dos poderes
A separação é estrutural, mas, indubitavelmente, há interligação funcional. Poderes se entrelaçam em um sistema de freios e contrapesos. Cite-se, a título exemplificativo, que, no julgamento de um impeachment, a Casa (Legislativo) julga o chefe do Executivo e a sessão é presidida pelo chefe do STF (Judiciário). Outro exemplo é a possibilidade de o STF (Judiciário) julgar inconstitucional lei elaborada e aprovada na Câmara (Legislativo) e sancionada pelo Executivo.
O Brasil padece da patologia do agigantamento do poder executivo (ja foi maior na ditadura), pois esse poder ‘e a tentativa de sobreposicao dos outros dois poderes, o que viola a Lei Maior. De alguma maneira o executivo sempre tera esse poder que tem que ser controlado por vias democraticas, ele sabe que tem a forca e a arrecadacao de tributos. 
A linguagem de funções típicas e atípicas de cada um dos Poderes, não é uma distinção correta na visão do professor. Atípico traduz a ideia de algo incomum, fora de uma lógica prévia, o que não se configura, por exemplo, quando o Congresso julga o presidente por crime de responsabilidade. A nomenclatura adequada é: função preponderante e função residual. 
Poder Legislativo
Congresso Nacional 
O Brasil tem no congresso um legislativo bicameral, pois possui Camara e Senado. Ha uma dicotonomia entre uma casa representativa do povo, como a Camara, e outra representativa da Federacao, ou seja, o Senado. A relacao entre a Camara (Art. 45) e o Senado (Art. 46) se da tambem pela comparacao entre o numero de deputados presentes na Camara e no Senado. 
Senado x Câmara
Art. 14 CF – Trata das condicoes de elegibilidade, o que deve preencher para ser canditado a certos casos, sendo uma delas a idade minima para ocupar um cargo. Com 21 pode ser deputado federal e senador apenas com 25 anos. O mandato do deputado ‘e de 4 anos e o de Senador ‘e de 8 anos. A cada legislatura, cada 4 anos, todas as cadeiras da Camara sao colocadas em disputada ha uma renovacao total (Camara = casa do progresso), mais aberta para o novo. Se a Camara ‘e a casa mais progressista tudo que vem de fora entra por ela. O Senado jamais passa por uma renovacao total, a cada quadrienio uma legislatura renova a cada 1/3 ou 2/3 da sua casa. (Senado = casa conservadora). 
RESUMO: CAMARA REPRESENTA O POVO E É CASA DO PROGRESSO / SENADO REPRESENTA A FEDERACAO E ‘E CASA CONSERVADORA. 
Nao tem uma casa que realmente represente so o povo ou outra que realmente represente so a federacao, nenhuma ‘e so conservadora ou so progressista. Nossa politica ‘e partidaria, partidos que estao numa casa podem estar em outra. Ex. Ha presenca de ex governadores de estados, ex presidentes da republica no Senado. Entao avaliando em termos de poder, da ciencia politica, ser Senador ‘e uma posicao de proiminencia superior ao da Camara. 
Processo Legislativo
Art. 59 CF - O processolegislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. 
A ideia de processo legislativo é a ideia de atos coordenados e interligados. A prática de um ato é que possibilita a prática de um ato seguinte para que após se conclua pela edição, ou não, de emendas, leis etc. A medida provisória deve ser tratada como 'um estranho no ninho'. Isso porque, ao contrário dos demais atos, não deriva de um processo legislativo, mas sim o inicia. Se convertida em lei, virará lei ordinária.
Espécies normativas
Emendas constitucionais: (usar o termo proposta e não projeto de emenda).
Quem pode apresentar essa proposta? Quem tem a iniciativa? 
Art. 60 dispõe sobre a matéria -1/3 dos deputados; 1/3 dos senadores; presidente da República; ou mais da metade das assembleias legislativas.
O DF não tem propriamente uma assembleia legislativa, pelo que se interpreta, inicialmente, que não há a possibilidade de inclusão no inciso III do art. 60. Entretanto, não fica de fora em virtude da parte final do dispositivo que fala em unidades da federação.Quando se fala em assembleias legislativas, compreenda-se poder legislativo, incluindo, assim, o DF
Analisando a questão sob o olhar da doutrina, há a possibilidade de inclusão do povo nesse conceito. Os que estão no art. 60 são representantes do povo. Assim, se podem os representantes, os representados também podem por via direta. A posição é reforçada analisando-se o Art 1º, § 1º CF - O poder emana do povo que o exerce por meio de representantes ou diretamente por meio dessa Constituição, que apresenta um princípio pelo qual deve ser sempre proporcionada ao povo o exercício direto.
Não há regra, entretanto, que assegure ao povo o direito de apresentar emenda popular, de forma que a admissão é decorrente de análise principiológica (princípio da democracia direta, art. 1º, § 1º, da CF). A posição do José Afonso e também do professor é de que é admitida a proposta de emenda pelo povo, pela iniciativa popular, pois num estado democrático de direito é essencial incentivar um processo de democracia direta, ainda que por analogia. 
Obs: A CF depois que elaborada se desprende da vontade dos contribuintes e de precedentes que foram essencais na sua elaboracao, o que explica sua mutacao constitucional (conceito recebe uma nova interpretacao). Para ter sucesso, a Lei Maior tem que conseguir manter a identidade presente, mas conseguir se adaptar as mudancas, ao que o mundo reserva de novo. 
Qual é a primeira casa a apreciar? 
Art. 60, § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
Em regra, o que vem de fora é primeiramente apreciado pela Câmara (representativa do povo, mais aberta ao mundo, ao novo). Se a proposta é do presidente ou do povo, ou então de 1/3 dos deputados, começa na Câmara. Se vem de 1/3 dos Senadores, começa no Senado, assim como se vier de mais da metade dos poderes legislativos das unidades da federação.
Síntese: presidente, 1/3 dos deputados, ou povo (para os que admitem) - Começa na Câmara; 1/3 dos deputados, mais da metade das assembleias legislativas - Começa no Senado, embora a Câmara admita a possibilidade de lá começar.
Obs. Rigidez da CF: 
Nossa CF ‘e rígida por que o rito para mudar o texto constitucional é mais oneroso do que mudar outros como lei complementar. Para as leis ordinárias e complementares, não há isonomia entre as Casas do Congresso, tendo que a 1ª Casa é privilegiada por poder decidir após o projeto de lei voltar da 2ª Casa. No caso de emenda à CF, contudo, há a isonomia, devendo ambas as casas concordar quanto ao texto da emenda, o que consiste em outro aspecto relevante para a rigidez constitucional. A emenda demanda aprovação por 3/5 dos componentes de cada Casa, em votação dupla. Na prática, dentre esse processo que envolve as votações em cada Casa, nas quatro votações o texto gramaticalmente não é o mesmo, mas, substancialmente, sim. Muitas vezes há a troca de palavras por outras sinônimas etc.
Questão de prova: Discorra sobre a rigidez constitucional. 
1º - Casas em posição de igualdade. Ser primeira Casa não coloca em posição de vantagem;
2º - Cada Casa vota duas vezes;
3º - O quorum é de 3/5 dos componentes de cada Casa.
E se as duas casas discordam no que tange a modificacao? 
O problema dessa tecnica que economiza tempo ‘e que pode perder a seguranca juridica ( se as casas divergem no caso de uma querer promulgar e a outra nao, entao nao sera promulgada. Sendo levada para o STF que vai decidir se a modificacao ‘e susbtancial ou nao, e se devera ser promulgada). 
Quando elabora-se uma emenda esta exercendo o poder constituinte derivado, e esse poder tem limites formais e circunstanciais. Art 60 $1 CF A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
 O que há em comum entre a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio é que são procedimentos de estabilização constitucional. Instauração de uma legalidade extraordinária para vencer uma crise, não podendo ser modificado o texto da própria CF.
Fora as limitações formais e circunstanciais, há também limitações materiais (cláusulas pétreas). Para entendê-las e memorá-las basta perceber que, a despeito do que ocorre com o Código de Processo Civil, por exemplo, que veio sendo modificado desde a data em que entrou em vigência, as cláusulas pétreas não podem ser modificadas porque representam a identidade da Constituição, tracos basicos que nao podem ser perdidos, dao seguranca por que preservam as bases dessa CF. O que pode ocorrer com uma lei, não pode ocorrer com a Lei Maior, para isso que existem cláusulas pétreas. Nao da para emendar tanto a ponto de mudar a CF. 
Art. 60 - § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Mas não só. Há cláusulas pétreas implícitas, como a relativa ao titular do poder constituinte originário, a relativa ao titular do poder constituinte derivado e a relativa ao processo de emenda. O próprio art. 60, §4º, é uma cláusula pétrea. Em verdade, todo o art. 60 é cláusula pétrea.Existe cláusula pétrea até mesmo fora do art. 60. 
A existência e o papel do MP sao clausula petrea? 
Há os que defendem que sim, por ser uma espécie de Poder, o 4º Poder, pois administra suas proprias receitas orcamentarias, realiza seus proprios concursos e etc. Mas outros dizem que ‘e clausula pois o MP ‘e essencial a funcao jurisdicional e se a existencia do judiciario ‘e clausula petrea o MP que ‘e essencial a ele tambem ‘e uma clausula petrea. 
Entretanto, o professor não seguiria por nenhum desses dois caminhos. Poderes existem para tomada de decisões e o MP não possui esse papel decisório, mas sim promocional (o verbo que o promotor conjuga ‘e promover/investigar/buscar condenacoes e nao decidir), defendendo interesses relevantes sobre os quais não decide, sendo diferente dos Poderes. 
Não seria, então, cláusula pétrea? Argumento muito melhor está no art. 127 da CF, que diz ser o MP uma instituição permanente. Dessarte, considerando o uso da palavra 'permanente', não pode o constituinte derivado acabar com o MP. O Art. 127 é, assim, exemplo de cláusula pétrea contida fora do art. 60. Tem fôlego próprio para fazer do MP uma instituição permanente. Aquilo que o constituinte originario chama de permanenente nao permite ao constituinte derivado revogar. Logo nao precisa ir tao longe para provar que o MP ‘e uma clausula petrea. 
Leis Ordinárias:
Como sao elaboradas no Brasilas leis ordinarias? 
Esse processo legislativo comeca com um ato chamado iniciativa, ou seja, alguem desencadeou um processo legislativo pois trouxe um projeto de lei.
A iniciativa pode ser parlamentar – quando um projeto de lei tem por autoria um Deputado, uma comissao da Camara, ou Senador ou comissao do Senado. Leva em conta de onde vem, deve ver a qual casa pertence o parlamentar ou a comissao que apresentou esse projeto. Ou a iniciativa pode ser extraparlamentar – projetos de lei apresentados pelo presidente da republica, pelo procurador geral da republica, por iniciativa popular, pelo tribunal de contas da uniao e etc. Quando a iniciativa for extraparlamentar a Camara será a 1ª casa, e quando for parlamentar varia de acordo com a autoria. 
Muitas vezes no ambito da Camara e no Senado ha uma fase previa de estudos, para ouvir especialistas, juristas que redigem o texto, o povo e etc. para poder comecar a pensar na iniciativa. Entao de uma certa forma a inicitativa é uma formalizacao , mas isso comeca de fato na politica. A inicitativa ‘e o inicio de cunho formal, apenas. 
Comissões temáticas:
Já com a iniciativa ofertada, a 1ª Casa passa a trabalhar a questão. Tanto a Câmara quanto o Senado possui em suas Casas as comissões temáticas (divide parlamentares da casa em grupos que tenham a ver com a materia a ser tratada), porquanto possuem autonomia para se estruturarem internamente. Quanto mais extensa é a matéria por mais comissões ela vai passar. 
Dentre as comissões temáticas, figura a Comissão de Constituição e Justiça, que trata da maioria das materias dos projetos de lei apresentados. Essa Comissão é prova de que o controle da constitucionalidade da lei é realizado antes mesmo que a lei venha a exisitr. É realizado um controle preventivo (a lei esta em projeto ainda e ja se esta auferindo a compatibilidade da mesma com a lei maior). As comissões podem adotar decisão terminativa, mas cabe recurso ao Plenário.
Quorum para aprovação:
Em determinado momento se tudo correr bem esse projeto é levado ao plenario da casa (se as comissoes tematicas a aprovarem), para a votacao. Nesse caso o quorum tera que ser procurado: 
O Art. 47 não é indicativo específico das leis ordinárias, mas sim das deliberações em gerais que não tenham quorum especificado. Quando o total for ímpar, a maioria absoluta é o primeiro número inteiro após a metade. Ou seja, para o Senado deliberar, devem estar presentes 41 senadores, por exemplo. 
Por mais que possa parecer que deve anuir metade dos presentes, a interpretação dada é outra. Supondo lá estarem 41 senadores, 20 se abstêm, 11 votam a favor e 10 votam contra, há a aprovação. Essa interpretação é inconsistente, mas é a que vale.
A 1ª Casa pode rejeitar ou aprovar. Se rejeitar, frustra-se o projeto legislativo. Se aprovar, vai para a 2ª Casa. As Casas são autônomas e nada impede que façam um trabalho mais aprofundado, podendo ate modificar. Em termos práticos, na 1ª Casa é que as questões se definem. Basicamente, na 2ª Casa há a aprovação do que a primeira aprovou. Não se descarte, contudo, que as casas são autônomas. 
Quando as casas ficam em posicao de igualdade? 
Se a 1ª casa rejeitar aplica-se o fim do jogo, se a 2ª rejeitar tambem. Se elas aprovam o mesmo texto tambem convergiram, entao nao ha problema. Mas quando ocorre emenda na 2ª casa a 1ª casa tera que rever, e esta vai se valer do art. 47 CF novamente para poder deliberar. Nesse caso a 1ª casa mostra posicao de preponderância. Nao ha igualdade entre as casas entao, uma vez que a 1ª casa pode descartar tudo que a 2ª casa fez a titulo de emenda. O que as casas aprovarem/modificarem sera avaliado pelo Presidente, se ambas rejeitam o projeto é arquivado. 
 
Na teoria do Direito, fala-se muito em ato complexo, que é o ato que é aperfeiçoado quando mais de um Órgão manifesta vontade. A lei ordinária ou a Emenda, por exemplo, que passa por duas Casas. 
Há uma classificação dos atos complexos:(i) ato complexo igual - ocorre quanto a formação do ato passa por mais de um órgão e quando estes órgãos manifestam essa mesma vontade; (ii) ato complexo desigual - passam pelas duas Casas, mas elas não necessariamente convergem.
Art. 65 da CF - Concordou, manda ao presidente; Rejeitou, arquiva. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. É aí que reside o problema, pois não é expressamente falado que a primeira Casa decidirá. Falta a implementacao do final ‘voltara para a casa iniciadora que decidira’, pois uma CF deve ter um texto que tanto o possivel seja compreensivel para o cidadao comum. 
Por que o art. 66 dá tanto trabalho?
Art. 66 CF - A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao presidente, que, aquiescendo, o sancionará. 
Quem remete ao presidente pode ser a 1ª casa se a segunda emendou ou a 2ª casa se aceitou a da primeira. O presidente tem a alternativa de sanção ou veto. O que é enviado ao presidente é um projeto. Não chamar de lei o que ainda é projeto. Sancao implica concordar e vetar é a iniciativa de impedir. Se vier a sancao converte o projeto em lei, falta promulgar e publicar, mas ja é uma lei. Sancao tem natureza constitutiva, isso muda a natureza juridica do que se encontra – o que era projeto vira lei. Se houver veto continua sendo um projeto. 
$1 – levar em conta que o veto é um ato motivado, quado o presidente veta deve declinar os motivos. O veto pode ter duplo fundamento – inconstitucional ou nao atendende a sociedade. 
Questão de prova: Qual aproximação ha entre uma comissao de constituicao e justica e o ato de vetar? Ambos sao controles de constitucionalidades preventivos (cuida-se de um projeto de lei) e politicos (feitos por alguem que foi eleito - deputados/ senadores e presidente eleitos). O veto tambem tem duas questoes, saber se é constitucional e se atende a sociedade, aproximando-se das questoes das comissoes de justica e constuticionalidades. 
§2º - Não são passíveis de veto palavras isoladas ou frases soltas. Veta-se por inteiro ou parcialmente, mas quando o veto é parcial deve ser vetado um artigo, ou um parágrafo, ou um inciso, ou uma alínea.
O veto é o poder de impedir mais do que o poder de modificar. Se for vetado um parágrafo de um artigo que previa uma exceção ao caput, por exemplo, o presidente está aumentando o campo de aplicação da regra geral, de forma que se admite que o veto pode apresentar, sim, efeito modificativo.
Veto, então, é figura mais atrelada ao poder de impedir que ao poder de modificar.
Em alguns países o veto ‘e absoluto, ou seja, se o executivo vetou nao tem o que se discutir. Mas no Brasil o congresso pode afastar o veto, quando o veto vem o projeto volta ao Congresso. 
§3º - Decorrido o prazo de 15 dias o silencio do presidente implicara a sanção. O veto é motivado, a sanção pode se dar por decurso do prazo. É o que é chamado de sanção tácita.
O § 1º não coaduna com o § 3º. Naquele o presidente tem 15 dias úteis para votar. No art.66 §3º, fala-se somente em 15 dias. Assim, o §3º não pode ser interpretado literalmente. Se fluíram 15 dias corridos, não fluíram 15 dias úteis então ainda ha prazo pra vetar, logo nao pode ter ocorrido a sanção tacita. O prazo propriamente é de 15 dias úteis.
Obs. Sanção - Pode ser expressa ou tácita; para ser tácita, 15 dias úteis fluídos; ato ou inércia de natureza constitutiva que acaba com o processo legislativo. Veto - Ato do presidente da república, motivado na inconstitucionalidade ou na inconveniência para o país, reflete o poder de impedir e relativo (pode ser superado pelo Congresso).
Com o veto, o presidente tenta impedir. Se vetar, tem 48 hrs para comunicar a razão do veto ao presidente do Senado. Se veta no 15º dia, tem mais 48 hrs para comunicar a razão do veto. As 48 hrs não estão embutidas no prazo de 15 dias. O veto no Brasil é relativo (pode ser superado), pois nao acaba com o processo, faz com que volte para o Congresso. 
§4º - "O veto será apreciado em sessão conjunta dentro de 30 dias, a contar deseu recebimento, podendo ser rejeitado por maioria absoluta de seus deputados e senadores". 
A mencionada sessão conjunta não é a realidade que a gramaticalidade possa traduzir. 
Compare o § 4º com o art. 3º do ADCT - Neste último, falou-se em sessão unicameral. Ou seja, não usaram a mesma expressão, de forma que não se pode interpretar que sessão unicameral é o mesmo que sessão única. A unciameral é a real "muvuca". Quando se fala em sessão conjunta, é porque estão ali as duas Casas, mas seguindo sendo duas Casas. Tanto é que o art. 66, § 4º prevê que o veto somente erá rejeitado por maioria absoluta dos deputados e senadores. Ou seja, o veto cai quando é contra o veto a maioria dos deputados e depois dos senadores. O veto é a contra-iniciativa. Quem aprecia o veto primeiro são os deputados.
Se o veto é derrubado, nasce a lei. Se uma Casa rejeita e outra mantém, o veto é mantido. Se o veto é mantido, lei nenhuma nasce. Nem toda lei nasce no mesmo momento, ou a lei nasce com a sancao expressa ou tacita (aprovação usou o quorum do Art. 47) ou com a superacao do veto parcial ou total. 
Quando a lei é totalmente sancionada, o que era projeto virou lei. Quando o veto é total, volta para análise do Congresso.
Mas e quando o veto é parcial?
Imaginando que o presidente recebeu projeto de lei com 15 artigos e veta 5 artigos. Daí, facilmente se extrai que os outros 10 artigos foram tacitamente sancionados. Entretanto, é notório que o projeto de lei passou por uma cisão. 
Questão de prova: O que fazer com os 10 arts que estão sancionados?
O texto constitucional não diz, mas mesmo antes de 1988, a primeira expressao de uma lei esta na obrigatoriedade, promulgacao e publicacao. Os outros 5 artigos serão apreciados pelo Congresso. O veto pode ser mantido e aí nascerá unicamente uma lei com 10 artigos. Pode também ser superado, quando nascerá uma segunda lei, uma lei diferente, com datas de promulgação e publicação diferentes.
O mesmo ocorrerá se a superação do veto for parcial. Conclusão: a CF traz possibilidade de problema no campo do direito intertemporal.
Inefetividade da CF: 
Patologia na qual uma parte da lei maior foi ignorada. Quanto ao caso do royalties, os parlamentares do RJ e ES foram ao Supremo com o argumento de que o veto deveria ser apreciado em ordem cronológica.
O §6º do mesmo artigo 66 diz que "Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final" - Temos aqui um problema que tem a ver com a inefetividade da nossa Constituição quanto a este aspecto. Essa parte da Lei Maior acaba sendo ignorada. O Congresso tem caminhado no sentido de cumprir o prazo de 30 dias.
 
Resumo dos vetos:
VT (veto total) ---------- totalmente mantido e nao nasce lei
 ---------- totalmente superado e nasce lei 
 ---------- parcial e nasce lei com vetos superados 
VP (veto parcial) ----------- totalmente mantido e nao nasce lei
 -----------totalmente superado e nasce lei
 ------------ parcial e nasce lei com vetos superados
Questão de prova: Qual relação que ha entre sancao e promulgacao? Faca um paralelo entre o papel que a sancao cumpre, a promulgacao cumpre e a publicacao cumpre. 
Promulgacao e Sancao tem 6 pontos diferenciadores: ( as 3 primeiras sao as mais importantes):
A sancao se passa no curso do processo legislativo e a promulgacao/publicacao vem depois. 
A sancao tem natureza constitutiva (torna o projeto uma lei) ja a promulgacao é meramente declaratoria (atesta que a lei existe). A relacao que ha em sancao e promulgacao é a de nascimento (sancao) e de certidao de nascimento (promulgacao). 
O destinatario da sancao ‘e o Congresso Nacional, mas quem deve saber que a lei existe ‘e o povo entao a promulgacao se destina a sociedade. Isso se prova pois apos a promulgacao se da a publicacao. 
A sancao nao ‘e a unica maneira da lei nascer, pode nascer com a superacao do veto, logo nem toda lei foi um dia sancionada, mas toda lei tem que ser promulgada. 
A sancao nem sempre ‘e um ato, pode ser expressa ou tacita e se dar por decurso de prazo. A promulgacao sempre ‘e um ato declaratorio, ou seja, expressa. 
A sancao ‘e sempre dita pelo ato ou inercia do Presidente, mas a promulgacao nem sempre ‘e dada pelo Presidente, se ele nao fizer passa-se para o Presidente do Senado,e se este nao cumprir o prazo ou se recusar cabera obrigatoriamente ao Vice presidente do Senado ( Art. 66 $7 ). 
Obs. Se o Vice Presidente do Senado descumpre o dever, e não promulga, qualquer parlamentar que participou desse projeto pode pedir com mandato de seguranca ao supremo tribunal federal que determine essa promulgação. A publicação não tem um conteúdo próprio. O que é publicada é a promulgação. Dar conhecimento de que a lei existe é passo para torná-la obrigatória. Como a promulgação se volta à sociedade deve ser publicada para que esta tenha ciência da lei. 
Leis complementares:
Conceituação - Diferenças entre lei complementar e lei ordinária
Em tema de relevância, há matérias constitucionais, matérias constitucionais que consistem em cláusulas pétreas e matérias infraconstitucionais, que, basicamente, são as lei ordinárias. Entretanto, entregar tudo que não constitui matéria constitucional às leis ordinárias é um risco. Relembre-se que o quorum para aprovação dessa espécie de lei é 'baixo'. Nessa seara, os constituintes perceberam existir um abismo entre as matérias constitucionais e matérias infraconstitucionais, buscando, pois, encontrar um 'degrau intermediário'.
Situada entre a rigidez da constituição e a flexibilidade da lei ordinária, surge a lei complementar. A CF prevê que o quorum para aprovação de lei complementar é de maioria absoluta Art. 69 CF - e não dos presentes, como acontece com as leis ordinárias. A exigência confere maior rigidez. Ademais, se uma matéria é reservada à lei complementar, não se pode editar medida provisória, nem lei delegada relativas a essa mesma matéria.
Reitere-se que essas matérias têm uma relevância acentuada quando comparadas às matérias infraconstitucionais em geral. A nomenclatura atribuída a essas matérias é: matéria paraconstitucional. Resumidamente: serve a lei complementar para tratamento de matérias específicas, conforme previsão da CF. Surge de um processo legislativo mais rígido que aquele da lei ordinária.
Questão de prova: Discorra sobre o que sao as leis complementares no nosso ordamento juridico.
Fazer uma ordem jurídica deve começar por uma Constituição. Este é o ponto inicial. Quando se edita a Lei Maior, ali são inseridos os temas de maior relevância. Quando elaborada a CF de 88, percebido o hiato entre a rigidez constitucional e a flexibilidade infraconstitucional, criou-se o instituto da lei complementar, que passa por processo legislativo mais rígido.
Quando a lei complementar sera usada? 
A CF indicara, como exemplo, Art. 146 – temas de direito tributario reservados a lei complementar, que so podem ser regrados por ela. Feita essa exposição, pode-se afirmar que as matérias que guardam maior proximidade com as constitucionais são aquelas reservadas às leis complementares, matérias paraconstitucionais. Ex. Arts. 79 §único, 128 e 146. 
Limitações:
Se uma lei ordinária tratar de matéria reservada a lei complementar, incontestavelmente essa lei será inconstitucional, pois se aquele tema demanda maioria absoluta (Art. 69) nao pode tratar dele com maioria simples (Art. 47). E se uma lei complementar sair dos seus limites? Dizer que a lei é inconstitucional seria um desperdício. Assim, estando fora de seu campo, a lei complementar somente terá força de lei ordinária. Essa lei complementar entao perde seu folego proprio, e se vier uma lei ordinaria contra esse assunto a lei complementar sera editada, podendo haver medida provisoria. 
Quem define o que é mais proximoda Lei maior é a propria Lei maior (lei complementar = complementa em temas mais proximos da constituicao). 
Processo Legislativo
Todo o rito relativo ao processo legislativo para aprovação de lei ordinária é aplicável na íntegra ao processo legislativo para aprovação de lei complementar. No aspecto procedimental nao muda quase nada. A única alteração diz respeito ao quorum (Art. 69) e ao papel na ordem jurídica, buscando uma maior rigidez. 
Pontes de Miranda afirmava que o projeto de lei complementar não está sujeito a veto, já que o quorum necessário para aprovação já seria suficiente para afastar o veto. A tese acabou derrotada porque, segundo a doutrina, os motivos do veto poderiam convencer os parlamentares a mudar de opinião. Ademais, não é sempre que o projeto de lei complementar vai à análise do presidente com a concordância de ambas as casas.
Existe hierarquia entre lei ordinaria e lei complementar? (A discussao em resumo não é sobre haver hierarquia ou nao, mas sim se ha um campo comum entre elas). 
A Doutrina e o STF nao veem hierarquia, ambas as leis ordinarias e complementares estão abaixo da Constituição, mas modalidades de leis somente são diferentes quanto às matérias sobre as quais tratam, mas não existe hierarquia. Quem defende essa tese esta defendendo que a lei complementar tem um campo e a lei ordinaria tem outro, e são campos claramente separados. Nao ha campo comum, pois ha uma fronteira rígida. O professor acredita que a tese do STF, no qual as matérias não se tocam, não é a melhor possível.
Afirma que tem uma área comum no que tange às matérias sobre as quais as leis tratam. Tese de quem defende que ha hierarquia entre elas (sendo a matéria da lei complementar ou da lei ordinária), pois há um campo comum entre elas e nesse espaço prevalece a lei complementar. 
Às vezes uma norma abre espaco para ambas as leis ordinarias ou complementares tratarem desse assunto. Exemplos:
Art 79 p.u CF– Fora as atribuições que a CF da ao vice presindete podee ter outras com base em lei complementar. 
Vejamos os Arts. 89 e 90, §2º - A lei (aí se entenda lei ordinária, já que não houve menção) regulará o Conselho da República (do qual participa o vice), enquanto lei complementar regula as funções do vice-presidente. Nítido um possível ponto de interseção, já que as disposições relativas ao vice e ao Conselho podem colidir por serem tratadas por leis diferentes e considerando que o vice compõe o dito Conselho.
Se for adotado o entendimento do Supremo, terá que ser traçada fronteira rígida entre os campos, entre as matérias tratadas. Assim, quando a lei complementar falar do vice na qualidade de membro do Conselho, essa lei terá força unicamente de lei ordinária quanto a este ponto em específico e consequentemente a segunda lei ordinária terá revogado a primeira. Mas se acreditar que a zona compartilhada pode existir, prevalecerá a lei complementar.
Medidas Provisórias
“Um estranho no ninho”:
Conforme já abordado anteriormente, os atos enumerados no art. 59 representam o fim de um processo legislativo. A MP, entretanto, é uma exceção e representa o início de um processo. Nasce a MP da tecnocracia do Poder Executivo. Ao nascer, não deriva de um prévio processo legislativo, mas de um ato do chefe do Executivo. Por motivo de urgência relevante, ele edita a Medida Provisória, como se lei fosse, para que depois se inicie o processo legislativo. 
Força de lei e repristinação:
Há de se ter cuidado ao falar que a MP tem força de lei. Uma lei nova revoga a anterior, o que não ocorre com a Medida. A lei não é revogada, apenas tem a sua eficácia suspensa. Assim, o Art. 62, caput, não pode ser entendido literalmente, devendo ser entendido apenas no sentido de tornar obrigatório tudo aquilo que consta na MP, assim como ocorre com as outras leis.
Medida provisória não é lei, tende a ser lei. Quando uma lei que não deixou de existir recupera a eficácia dá-se o que é chamado de repristinação. Efeito repristinatório, então, é aquele pelo qual a lei com eficácia suspensa retoma a sua eficácia.
Advento da EC/2001:
Muito embora a CRFB seja analítica, no art. 62 ela era sintética, o que acabou abrindo mais espaços às intepretações. Nesse panorama, construiu-se a tese que, após a edição da MP, que é válida por 30 dias, se não houvesse a conversão em lei e nem a rejeição expressa nesse interstício, haveria a possibilidade de reedição da MP por mais 30 (trinta) dias e assim infinitamente. Assim ocorreu nas eras Collor e FHC. 
Em 2011, contudo, adveio a EC 32/2001, acrescentando 11 (onze) parágrafos ao art. 62, tornando o art. 62 um artigo não mais sintético, e sim analítico, o que serve até mesmo para contrariar a tese daqueles que criticam o caráter analíco da CF (é boa se cumprir seu papel de promover a cidadania, proteger a dignidade da pessoa humana e realizar seus propósitos de forma eficaz).
 Problemas do Art.62:
  § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
(1) Ainda que se fale em perca de eficácia desde a edição, não há efeitos retroativos. A tendência, ainda que haja rejeição, é de que os efeitos permaneçam, salvo se o Congresso dispuser de forma diversa por Decreto Legislativo; (2) Além disso, a MP não vigora somente por 60 (sessenta) dias. A duração máxima não é de 60 + 60 dias. A duração máxima é outra, como se verá adiante (já adiantando: em virtude da suspensão nos recessos).
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. 
Se em 60 dias não há a aprovação, a vigência da M.P. é automaticamente prorrogada. Não se edita a MP por 60 e depois edita de novo por 60 dias. Se esse prazo acabar, não é editada a MP, o prazo prorroga-se automaticamente. Ou seja, somente há uma edição. 
 § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
60+ 60 dias, então, é o prazo para o Congresso, em funcionamento, deliberar, e não o prazo máximo de vigência da Medida Provisória. Fundamental, assim, que, ao calcular o prazo máximo, seja feita conexão, ainda, com o art. 57 da CF, que diz que "O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro". 
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
Como o tempo é exíguo, há a constituição de uma comissão mista, composta por membros das duas Casas, que concentra a análise inicial do tema, não havendo comissões temáticas várias. Outra importância reside não só no estudo do projeto, já que a conversão em lei pode implicar mudança no texto, que deve ser apresentada por algum dos membros da Casa perante a comissão. 
Em síntese, pode haver a não conversão da M.P., a conversão integral, ou a conversão com alteração do texto. A comissão é mista para ficar legitimada perante ambas as casas e a necessidade deriva da celeridade que o processo legislativo exige.
Ocorre que, embora a Emenda 32/2001 tenha criado a comissão mista para a apreciação das M.P., não houve implemento na realidade. Ou seja, na prática, isso não acontecia. Mais de 500 leis não passaram por esse $ 9º, até que a M.P. do Chico Mendes foi alvo de ADIN justamente por ausência de atendimento ao $ 9º.
 
Modulação de efeitos: 
O reconhecimento da inconstitucionalidade pelo Supremo suscitou a arguição deinconstitucionalidade das outras 500 (quinhentas) lei. Nesse cenário é que o STF criou a chamada modulação de efeitos, que ocorre quando é declarada a violação da constituição mas é fixado a partir de quando aquilo passa a valer. Preservam-se os efeitos da lei inconstitucional, não para prestigiar a lei inconstitucional, mas sim porque o afastamento de todas as outras leis seria algo até atentatório à própria segurança jurídica.
Questão de prova: Validar o ato inconstitucional não significa atentado à própria CF?
Não. às vezes o efeito do ato tem suporte em princípios da própria Constituição. Valida-se o ato por suporte em princípios da própria Constituição. Quando se valida um efeito direto do ato inconstitucional é porque o efeito pode ter fundamento direto em princípios da própria Constituição, pelo que é priorizada a supremacia constitucional em respeito à CF.
 
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.
Toda iniciativa extraparlamentar é iniciada na Câmara. Relembrar do abordado anteriormente quanto a ser o Senado mais conservador e a Cãmara dos Deputados mais progressista, mais aberta ao novo.
Se a M.P. virar lei, virará lei ordinária. Assim o quorum é o do art. 47. 
Questão de prova: 
 § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
Alguns conceitos que em outras épocas eram muito importantes hoje perderam espaço. O conceito, para o nosso direito, de questão política, significava que a questão tem um poder que decide, uma autoridade que decide, e ninguém pode enfrentar a decisão tomada. Foi inclusive um dos conceitos que alicerçou uma tradição autoritária.
Ante contestações quanto à urgência e relevância da MP, o presidente da República afirmava ser questão política e que, assim a MP seria legítima. Dessa maneira, não havia controle de constitucionalidade da Medida Provisória. Se se entende ser questão política, o presidente é o senhor da decisão e não existe a possibilidade de revisão pelo Legislativo ou pelo Judiciário. Para haver o equilíbrio dos Poderes, entretanto, era essencial o afastamento dessa ideia de questão poítica, passando a caber ao Congresso e ao Supremo a análise, já que relevância e urgência são pressupostos constitucionais.
O parágrafo 5º passa a ter papel duplo. Cada Casa deve analisar os pressupostos constitucionais (havia relevância e urgência ou nao? aprovo ou rejeito) e após apreciará o mérito. Reitere-se: relevância e urgência não mais são questões políticas. O controle se dá por serem pressupostos constitucionais.
Ademais, se são pressupostos constitucionais, o STF possui a última palavra. Na prática, pois, o § 5º atrai o controle pelos dois poderes, pelo Legislativo e pelo Judiciário, sendo possível afirmar que o Poder Executivo perdeu espaço.
 
Questão de prova: Qual é a diferença desse controle para o controle realizado em uma Constituição de Comissão e Justiça? 
Quando o Judiciário controla é porque o ato já existe. Em Constitucional III estudaremos controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário. Quando o controle é pelo Executivo ou pelo Legislativo, o controle é, em regra, preventivo. Quando é projeto de lei, a comissão temática avalia a constitucionalidade. Tanto uma CCJ quanto um veto do chefe do Executivo são controles preventivos, visto que o ato ainda não existe, estando apenas em fase de elaboração.
No caso da MP, se a Câmara ou o Senado rejeitam, rejeitam porque o ato é inconstitucional, sendo esse controle excepcionalmente caracterizado como um controle repressivo, a despeito do que geralmente ocorre com a rejeição por uma comissão temática.
6º Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
Antes de acabar o primeiro prazo, se a MP não está apreciada, ela entra em regime de urgência. Ou seja, para que o Congresso não tenha ônus, deve cumprir em 45 dias o dever de avaliar. Após bloquear na primeira casa, desbloquear, vai para a outra Casa e também bloqueia a pauta. O prazo de 45 dias é um so, para ambas as casas. 
Quando se fala em sobrestamento de todas as deliberações legislativas, tem-se a ideia de o bloqueio paralisará até mesmo proposta de emenda constitucional, projeto de lei complementar. Então, a Medida Provisória acaba tendo um peso maior que o de uma emenda, por exemplo. Mas um tema que demanda lei ordinária não pode ter mais relevância que um tema que demanda emenda constitucional. A literalidade é problemática. Assim, essa regra do §6º vem sendo atacada em duas frentes.
Alguns parlamentares ponderam que o bloqueio de pauta é para as sessões ordinárias, mas a Casa tem autonomia para marcar sessões extraordinárias e pautar temas que pela sessão ordinária haveria o bloqueio pela votação da M.P. A tese é interessante, mas, em última análise, a sessão extraordinária segue sendo uma sessão da Casa, o que atrai a incidência do termo "deliberações legislativas" contido no dispositivo.
Outros congressistas percorreram um caminho melhor e levaram o tema à apreciação do Supremo via mandado de segurança, pois querem que o bloqueio da pauta seja mais restrito. Baseando-se na tese de que a medida provisória não pode bloquear a pauta quanto a tema que ela mesma não alcança, quanto a tema que não pode ser tratado por ela. Nessa linha de raciocínio, lembre-se que a M.P. é convertida em lei ordinária, assim as Casas podem deliberar sobre processos legislativos cujas matérias não poderiam ser tratadas por M.P. O $6 deve ser interpretado, portanto, junto com o:
 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III - reservada a lei complementar; IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República
As leis ordinárias que versem sobre os temas acima citados também não constituem possível alvo de bloqueio de pauta. A construção teórica, então, é aquela que impõe a concomitância dos parágrafos 6º e 1º. Prevalecendo essa tese, passado o 45º dia, a M.P. bloqueia a pauta quanto a projetos de leis ordinárias que a M.P., em tese, poderia abordar. 
E a tese ainda vai um pouco além. Deve-se atentar também ao art. 49, que trata de matérias cuja competência para deliberação é exclusiva do Congresso (decretos-legislativos), já que tais matérias também não serão alvo de bloqueio de pauta. 
Questão de prova: O bloqueio que a MP causa tem a ver com deliberações de temas que a mesma poderia tratar, não podendo bloquear pauta quanto a projeto de lei complementar, emendas constitucionais, decretos legislativos Art.49, lei ordinárias quanto a tema do Art.62 $1, quanto a projeto de decreto legislativo ou de resoluções da Camara ou do Senado Art.51 e Art. 52. É uma construção que reduz a sua aplicação e respeita a independência dos poderes. Ainda não houve o desfecho do conflito entre as teses do bloqueio geral ou reduzido. 
Conversão da medida provisória em Lei
Lei anterior --> M.P --> 4 fins possíveis:
Caso:
Conversão da MP em lei - Quando a MP vira lei e o conteúdo permanece o mesmo. Se a lei anterior prevê Y, a MP prevê X e a lei também prevê X, somente há mudança de forma, de modoque o marco modificativo quanto à matéria está concentrado da MP. A lei anterior é revogada. Em termos de direito intertemporal, é a possibilidade mais fácil. O marco modificativo foi a MP, a lei anterior perdeu a eficacia a existencia com a mesma. 
Questão de prova:
 2 /3- Caso: 
Não havendo conversão o que ocorre com os efeitos?
Rejeição da MP - Ocorre se uma das Casas discordar e for rejeitada a conversão em lei. O 3º caso é a perda de eficácia da MP. O bloqueio da pauta não é eterno. Se a MP fica no Congresso 60 + 60 dias e não é apreciada, há a perda da eficácia.
Problema: O que valia antes era a lei anterior e o que vai valer desde o momento em que a MP perdeu eficácia é também a lei anterior. Ocorre o chamado efeito repristinatório. E o que ocorre com relação aos efeitos? Bem se sabe que a medida é provisória no tempo (há um prazo para conversão, se não deixa de existir). Mas é provisória também quanto aos efeitos? Aqueles efeitos que produziu mantêm-se válidos após a retomada da lei anterior que dispunha de forma diversa? A provisoriedade está relacionada somente ao tempo ou ao tempo e aos efeitos?
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes
A expressão "perderão eficácia, desde a edição" engana. A resposta está no §11:
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. 
Aprende-se no $11 que quando a MP é rejeitada ou perde eficácia começa um novo prazo de 60 dias para o Congresso editar um decreto legislativo, onde poderá dispor que os efeitos não prevalecerão. Todavia, se esse prazo de 60 (sessenta) dias passar, a medida provisória não perderá seus efeitos durante aquele lapso de tempo em que tinha eficácia.
É por isso que a principal conclusão é: o adjetivo provisória tem a ver com o tempo, porque a tendência é que a medida provisória tem efeitos definitivos enquanto ela vigorou.
 4- Caso:
Modificacao do projeto:
Ocorre a intermediação entre o "tudo ou nada" dos 1º, 2º e 3º casos. Pode ser que haja uma modificação no projeto e a MP, por exemplo, tenha nascido prevendo X para contestar Y da lei anterior, mas o Congresso aprova Z, acrescentando, suprimindo e modificando. Ou seja, há 3 disciplinas: a lei anterior, a MP e a lei nova.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
Se o Congresso mudar o texto, o que foi modificado passa a valer dali para frente. Mas com relação à MP original ela produz seus efeitos durante o prazo em que esteve em vigor. Somente após a sanção valerá a nova lei. Se ele veta, valia a lei anterior, passou a valer a MP e se ele vetar passará a valer a lei anterior.
No exemplo: Vale Y, X e após a sanção passa a valer Z.
No caso de veto, vale Y, X e com a sanção retorna a valer Z.
Resumo: três momentos = enquanto não é sancionada ou vetada / quando é sancionada / quando é vetada. 
Leis Delegadas:
Pouco usada em virtude da possibilidade de edição de medida provisória. Como para o presidente editar medida provisória é relativamente fácil, a figura da lei delegada perde espaço. 
Se o presidente não vê relevância e urgência, opta por um caminho mais lento e mais respeitador ao Congresso. Pede ao Congresso delegação para elaborar a lei:
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Reserva quanto a materia:
§1º - Se a matéria está reservada a lei complementar, não há possibilidade de elaboração de medida provisória ou então lei delegada.
Procedimento e necessidade de aprovação do pedido de delegação pelo Congresso:
§2º - Mensagem presidencial enviada ao Congresso é o ponto de partida. Se aprovar, é porque aprovou por resolução do Congresso, ou seja, deverá passar por Câmara ou Senado. O quorum para aprovação da resolução é o do art. 47, que vale como regra geral. Se o Congresso editar a resolução, o presidente elaborará lei delegada, que vigorará por prazo indeterminado.
Diferença: MP e Lei delegada
Na MP, o ato é provisório quanto ao tempo, ao passo que a lei delegada vigorará por prazo indeterminado. Em última análise, percebe-se que há uma inversão quanto à edição da lei. Aqui, o presidente elaborará a lei ditando certo conteúdo que dali para o presente regrará a matéria.
Possibilidade de variação procedimental - Congresso deve referendar quando a resolução assim determinar:
§3º - O primeiro caminho possível é o já explicado acima: mensagem, resolução e elaboração pelo presidente da lei delegada com consequente promulgação e publicação. Entretanto, pode ocorrer de a resolução prever a delegação de competência, mas condicionar à apreciação do projeto de lei pelo Congresso Nacional, vedada qualquer emenda. Remonta à ideia de referendo: "Ou acolho como vem, ou rejeito como vem".
Questão de prova: Mas e se a resolução do Congresso prevê que a lei deve se restringir a um tema X e a lei delegada aborda Y?
Se o Congresso condiciona à sua avaliação posterior, não haverá problemas, uma vez que ele poderá não referendar o projeto (quando na resolução o Congresso prevê a sua análise posterior ele protege mais a sua competência). Mas e se o Congresso não previu sua análise posterior? A lei será flagrantemente inconstitucional. E o que o Congresso poderá fazer com relação a isso?
Como regra geral do Direito Público, quem delega uma competência controla o seu uso por meio próprio. Nessa seara, relembre-se que tudo o que está no art. 49 é de competência do Congresso e o Congresso sobre ele decide mediante decreto legislativo: V - É da competência exclusiva do Congresso Nacional (...) V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislative. É o chamado veto legislativo.
O veto legislativo é mais um exemplo de que a separação dos poderes é unicamente estrutural e não funcional, já que nessa situação apresentada o legislativo exerce uma função preponderantemente executiva: vetar.
Prazo para a vigência da resolução:
Pode o presidente fazer mais de uma lei delegada?
Os livros dizem que a resolução vigorará por certo prazo. Se era para ter um prazo obrigatório, melhor seria que isso estivesse expresso e houvesse um prazo máximo, o que não ocorre.
O professor sempre achou que se a resolução não fixar prazo ela vigorará por prazo indeterminado. Assim, o Congresso pode delegar e depois revogar mediante nova resolução. Em síntese, o Congresso pode fixar prazo e pode revogar a resolução antes. Se não fixar prazo, valerá a resolução até a edição de nova resolução. Nem haveria que se falar em direito adquirido pelo presidente, posto que não há como se importar lógica do direito privado para o direitopúblico.
Nada no art. 68 indica que para cada resolução advém somente uma lei delegada. Enquanto o prazo fluir, o presidente pode elaborar leis delegadas quanto àquele assunto, salvo se a resolução for expressa quanto à limitação ao número de leis delegadas.
Possibilidade de o Congresso também deliberar quanto à matéria durante o período da delegação:
Enquanto vigora o prazo o Congresso pode também legislar quanto à material. Nada impede que o Congresso delibere com relação ao mesmo tempo. O Congresso "abre as portas para o presidente, sem, contudo, fechar o seu próprio caminho". Havendo choque entre lei delegada e lei ordinária, vale a que veio posteriormente.
Decretos Legislativos
Matéria:
Temas tratados no art. 49 são os que concernem a essa espécie legislativa (Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...)).
Além dos casos previstos no art. 49, há outros. Por exemplo: Pode ser usado para controle do Poder Executivo - 1) Quando uma medida provisória é rejeitada ou perde eficácia, inicia-se a possibilidade de edição de decreto versando sobre os efeitos jurídicos produzidos pela medida provisória. (art. 62, §11). 2) Outra possibilidade é a já citada nessa aula, quanto a ser possível o Congresso editar decreto para revogar os efeitos da lei que o presidente editou em dissonância com a permissão obtida para elaboração de lei delegada (art. 49, V).
Mecanismo do sistema de freios e contrapesos - Inaplicabilidade de sanção ou veto:
Decreto é uma palavra que remonta à ideia de tomada de decisão. Se é legislativo, é porque a decisão foi do Poder Legislativo. Nos temas do art. 49 e do 62, §11, o Congresso delibera por meio de decreto legislativo, espécie normativa que, para nascer, não depende de sanção presidencial e nem pode ser vetada. É um ato que nasce da só vontade do Congresso, não sujeito a sanção ou veto, representando um mecanismo daquele sistema de freios e contrapesos entre os Poderes. 
Quorum:
Questão de prova: Qual é o quorum para aprovar decreto legislativo?
Não havendo quorum, seria usado o art. 47, que constitui regra geral. Porém, o decreto legislativo mostra aqui o que tem de mais peculiar. A resposta começa pela palavra "depende". Depende da matéria. Em regra, é aprovado usando o quorum do art. 47. Mas, imaginando que o presidente decreta estado de defesa ou estado de sítio (art. 136, §4º), o quorum será o da maioria absoluta. Conclui-se, portanto, que o quorum de um decreto legislativo varia em razão da matéria. Também ocorre no caso do §1º, quando o tratado versa sobre direitos humanos, sendo o quorum de 3/5, hipótese em que a aprovação dos tratados os equivalerá às emendas constitucionais. O ato pelo qual o Congresso aprova, votando nas duas Casas e imprescindindo de aprovação por 3/5, é um decreto legislativo com mesma força de emenda constitucional.
Resoluções
Tudo o que está no Art. 51 compete à Câmara e é editado mediante resolução. Tudo o que está no art. 52 compete ao Senado e é editado mediante resolução.
Ou seja, a deliberação é unicameral.
 Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Quorum:
O mesmo que ocorre com o decreto legislativo. O decreto não tem um quorum sempre usado para ser aprovado, já que varia de acordo com a matéria. 
Pela leitura dos arts. 51 e 52, percebe-se inexistir menção ao quorum, o que atrai a incidência do art. 47 (regra geral). Mas, há hipóteses em que o quorum não será esse, como se pode perceber, por exemplo, pelo art. 51, I (dois terços) ou pelo art.52, I e II. 
Diferença entre decreto legislação e resolução:
A diferença de decreto para resolução é meramente formal, porque o decreto é bicamental e a resolução é unicameral.
Para que seja aprovada o pedido de delegação, é necessária uma resolução do Congresso, o que mostra que também existe resolução bicameral (art. 68). Por isso, melhor seria que o art. 68 falasse em delegação por decreto legislativo, e não por resolução.
E quanto ao decreto legislativo, existe o decreto unicameral? Em âmbito federal não. Entretanto, se todo o decreto devesse ser bicameral, não existiria a figura do decreto em âmbitos estadual e municipal. Logo, existe sim decreto legislativo em assembleia legislativa, em câmara municipal e em assembleia legislativa do DF. E como diferenciar as figuras do decreto e da resolução nesses casos?
Princípio da simetria:
A resposta advém do princípio da simetria, também chamado de princípio do paralelismo.
A CF, quando trata do Estado, não fala sobre a União, estados e municípios com a mesma intensidade. Muitas vezes a CF focaliza a União, não dando tanta atenção aos estados e municípios. Há que se perceber que o modelo estrutural que a CF concede à União é também a base para que estados e municípios se estruturem. 
Nessa seara, por simetria, quando o Congresso usar a resolução, a figura simétrica dos estados e municípios também usarão a resolução. Ou seja, por simetria, atentar às matérias e aos atos a serem adotados. Se um certo tema é para ser tratado por resolução, que nos estados e municípios também seja usada a resolução, e o mesmo ocorre com o decreto. Na prática a realidade é diferente. Existem munciípios que se valem de resoluções e decretos de forma completamente anômala.
Atos com conteúdo legislativo, mas sem forma legislativa:
Todos os atos analisados até aqui são atos formalmente legislativos. 
Legislar significa produzir norma abstrata e genérica. Diante da lembrança, importante ligar os temas "Função Legislativa" e "Processo Legislativo". Isso porque os conceitos não são idênticos, eis que quando se fala em função legislativa abordamos o conteúdo e quando se fala em processo legislativo o que é abordado é o processo.
A Súmula vinculante, por exemplo, tem conteúdo legislativo, mas não é produto de processo legislativo. Da mesma forma, o Executivo edita normas regulamentares sobre alguns temas, como norma regulamentadora ambiental.
Conclui-se que nem todo ato de conteúdo legislativo é fruto de um processo legislativo. Nem todo ato ligado à função de legislar está contido no art. 59.
E o contrário também ocorre.
Atos com forma legislativa, mas sem conteúdo legislativo
Cite-se como exemplo a lei ordinária que estipula uma pensão vitalícia para uma figura brasileira histórica importante. É a chamada lei de efeitos concretos. O ato, embora formalmente legislativo, não é materialmente legislativo.
Existe tmbém a admissão da reclamação contra o presidente e a condenação pelo Senado, que, por mais que seja um ato formalmente legislativo, não é materialmente legislativo, e sim jurisidicional. Quando começamos a falar sobre o Legislativo, afirmamos também que além de legislar, o legislativo também fiscaliza. 
Comissoes Parlamentares de Inquerito 
 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. § 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutire votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. § 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.
Embora não seja função preponderante, é função do Congresso instalar CPI.
O §3º traz um problema. Judiciário e Ministério Público são estruturas distintas. Investigar, acusar, promover interesses é papel do MP. Julgar é papel do juiz. Em outros países não há a distinção com relação aos corpos da magistratura e do MP.
Falar que as CPI's têm poderes investigatórios próprios de juízes ("terão poderes de investigação próprios"), pela literalidade, traduziria a impressão de que no Brasil os magistrados têm papel de cunho investigatório, o que não é bem verdade. Se assim se interpreta, a conclusão seria que as CPI's não têm poder investigatório.
O significado, contudo, não é esse. Os mesmos atos dos quais o juiz pode se valer para coletar provas e julgar, as CPI's também poderão utilizar para apurar, para investigar. 
A CPI pode determinar a conhecida "quebra do sigilo bancário" por exemplo. Se uma testemunha pode se recusar a comparecer à justiça, o juiz pode determinar a condução coercitiva. Da mesma forma, a CPI também poderá determinar a condução coercitiva.
Questão de prova: 
"§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais.." - O relator, diante do excerto, acreditava que monocraticamente poderia adotar atos que um juiz relator poderia utilizar. Se fizer uma leitura mais atenta, entretanto, perceber-se-á que não são os membros da CPI que são equiparados ao juiz, mas sim o colegiado. Aquilo que um juiz decide monocraticamente, a CPI decide como colegiado.
Princípio da colegialidade - Equiparação entre CPI e juiz é uma equiparação da comissão com o juiz. O membro da CPI, monocraticamente, não pode praticar nenhum ato próprio de uma autoridade judicial para obtenção de prova. Há exceções.
O art. 58 é uma regra geral, mas....
Cláusulas de reserva jurisdictional:
 Art. 5º, XI: "XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;". 
 Art. 5º, XII: "XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;"
 Art. 5º, LXI: "LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;"
Ou seja, há três dispositivos especiais em que se fala em ordem judicial. Como a exceção é interpretada restritivamente, nessas três condutas nem mesmo como colegiado a CPI pode violar o disposto nesses mencionados dispositivos, devendo buscar o Judiciário se pretender adotar tais atos. São as chamadas cláusulas de reserva jurisdicional.
Tribunais de Contas
Apesar da nomenclatura "Tribunal", o Tribunal de Contas é órgão do Legislativo e novamente representa uma função investigatória do Legislativo. Aqui não somente haverá investigação/fiscalização, mas também julgamento. É órgão que integra o legislativo e serve para auxiliar o Legislativo no controle da atividade financeira.
Atividade financeira:
A atividade financeira, sinteticamente, consiste primeiro na arrecadação de receitas (p. ex. pagamento de multas, de locação de imóvel do Poder Público etc). Qualquer ente público arrecada as suas receitas; além disso, os entes também realizam despesas. 
Lei orçamentaria: 
Até aqui, a ideia é similar às atividades das pessoas físicas ou jurídicas. Entretanto, quando se fala em receitas e despesas públicas (finanças públicas), os entes assim devem proceder em consonância com a lei orçamentária (a lei de previsão orlamentária é votada anualmente - a atividade financeira tem uma organização anual). Cada Municipio elabora a sua lei por sua Câmara Municipal, cada Estado faz por meio de suas Assembleias Legislativas etc. O princípio chave para as finanças públicas é o princípio da legalidade. 
A lógica é trabalhar com freios e contrapesos, tendo em vista a existência de uma previsão orçamentária. 
Fiscalização da lei orçamentária:
É necessário, porém, que haja a fiscalização quanto ao cumprimento ou não da lei orçamentária, fiscalização essa desempenhada pelos Tribunais de Contas.O Poder Legislativo deve votar a previsão orçamentária e deve também fiscalizá-la.
Quando se pensa em acompanhar a atividade financeira de um ente, é necessário ter conhecimentos jurídicos, econômicos, contábeis etc. Vê-se, pois, ser uma questão técnica, sendo um múnus que não pode ser desempenhado por parlamentares. O Tribunal de Contas apresenta essa necessária técnica.
 	Art. 71 CF – O controle externo a cargo do Congresso Nacional sera exercido com o auxilio do Tribunal de Contas da Uniao. 
Necessidade aqui também de recorrer ao princípio da simetria, ou princípio do paralelismo, de tal modo que o estipulado neste art. é também válido aos Estados e ao DF. O orçamento estadual é votado pela Assembleia Legislativa e é sancionado pelo governador.
Questão de prova: E quanto aos Municípios? A Câmara que realizará a fiscalização.
Art. 31 caput CF – A fiscalizacao do Municipio sera exercida pelo Poder Legislativo Municipial, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo, na forma da lei. 
$1 – O controle externo da Camara Municipal sera exercido com o auxilio do Tribunal de Contas dos Estados ou do Municipio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municipios, onde houver. 
$4 – É vedada a criaçao de Tribunais, Conselhos ou orgaos de Contas Municipais. 
Ao que parece, o $4 diz o contrário do $1, entretanto é um caso que demonstra a necessidade de uma análise histórica. Anteriormente, na CF de 69 o Brasil era um Estado marcantemente autoritário, que não dava muito espaço a órgãos de controle (como o é o Tribunal de Contas). Antes de 1988 a situação era variável de Município para Município. RJ e SP, por exemplo, tinham seus próprios Tribunais de Contas. Em alguns Estados, o Estado criou um segundo Tribunal de Contas, somente para a fiscalização dos Municípios. Em outros, havia o Tribunal de Contas do Estado auxiliando cada Câmara Municipal.
Em suma, antes da CF de 1988, estavam presentes essas três alternativas. Sabendo disso, relendo o 31, §1º, é possível perceber que aqueles que já haviamcriado os Tribunais, poderiam mantê-los. Aí entra o §4º, que serve apenas para a vedar a criação de novos Tribunais de Contas. A desigualdade criada não é expressão da razão, mas sim da política.
Tribunal de Contas como decisório:
Embora seja um órgão auxiliar, o Trbunal de Contas tem decisões próprias. Em uma visão panorâmica, o TC auxilia o Legislativo, mas é inegável que toma decisões:
Art. 71, I, CF - O controle externo a cargo do Congresso Nacional sera exercido com o auxilio do Tribunal de Contas da Uniao, ao qual compete: 
I – Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente, mediante parecer previo que devera ser elaborado em 60 dias a contar de seu recebimento. 
Por este artigo o Tribunal tem um papel apenas auxiliador. Esse dispositivo deve ser atrelado ao:
Art. 49, IX – É da competencia exclusive do Congresso Nacional: 
IX – Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente e apreciar os relatorios sobre a execucao dos planos de governo. 
Então, após a emissão do parecer o Congresso julgará as contas do presidente da República por decreto legislativo, figurando como mais um exemplo do sistema de freios e contrapesos.
Analisando os outros incisos, perceber-se-á que o Tribunal adota decisões:
Art. 71, III CF - Apreciar para fins de registro, a legalidade dos atos de admissao de pessoal, a qualquer titulo, na administracao, direta e indireta, incluidas as fundaçoes instituidas e mantidas pelo Poder Publico, executadas as nomeacoes para carfo de provimento em comissao, bem como a das concessoes de aposentadorias, reformas e pensoes, ressalvadas as melhorias posteriors que nao alterem o fundamento legal do ato concessorio. 
Diz que o TC controla a admissão de alguém, o pagamento de aposentadorias e demais gastos. Assim, sendo um ato de controle, o comportamento é também de um Tribunal. 
Vinculação de poderes:
Há aqueles que entendem que o TC, quando nega registro, não vincula outros Poderes, como o Poder Executivo. Para o professor, o ato, em princípio, é nulo, devendo eventual discordância ser objeto de pretensão judicial, sendo que esse tópico serve a demonstrar o agigantamento do Poder Executivo.
O art. 71, §3º, diz que "§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.". O art. 71, II, da mesma forma, demonstra que, à exeção do chefe do Executivo, demais administradores públicos serão julgados pelo Tribunal de Contas por ilíticos cometidos no que tange às finanças públicas.
Ante o exposto, reitere-se que não se pode pensar cada Poder como exercendo somente uma função. A estrutura é complexa e a lógica é estabelecer freios e contrapesos.

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