Buscar

DIREITO AMBIENTAL – PONTO 09

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

� PAGE \* MERGEFORMAT �1�
DIREITO AMBIENTAL – PONTO 09
Estudo de impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos.. 
ATUALIZADO EM AGOSTO/2012 – ALEXEY S. PERE
Princípio do direito ao desenvolvimento sustentável
Trata-se da conscientização da existência de um duplo direito: o direito do ser humano de desenvolver-se e de realizar as suas potencialidades, individual ou socialmente, e o direito de assegurar aos seus pôsteres as mesmas condições. Tudo em uma verdadeira reciprocidade de direito e dever.
O desenvolvimento sustentável foi adotado na Declaração do Rio e na Agenda 21. É definido, pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”. 
A Avaliação de Impacto Ambiental – AIA coloca-se como mecanismo de realização do desenvolvimento sustentável. 
Avaliação de Impacto Ambiental - AIA
A implantação de qualquer atividade que, de alguma forma, causa impacto ao meio ambiente é condicionada a uma avaliação previa.
Tendo em vista que qualquer projeto de desenvolvimento interfere no meio ambiente, mas, igualmente, sendo certo que o crescimento sócio-econômico é um imperativo, deve haver mecanismos que conciliem tais fatores, minimizando os impactos ecológicos negativos. Um desses mecanismos é a AIA. 
Importante não incidir no equívoco reducionista de entender a AIA como apenas o EIA. A AIA pode ser implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processo de transformação como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das idéias, neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. Já o EIA é apenas uma ferramenta do licenciamento ambiental.
Nos termos da Resolução CONAMA 237/97, a AIA, por ela denominada de “Estudos Ambientais”, é gênero do qual são espécies todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais (ou AIAs), poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EIA. 
Estudo de Impacto Ambiental – EIA / Relatório de Impacto Ambiental – RIMA
Previsão constitucional: inciso IV do § 1º do art. 225: “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.
Natureza jurídica (Silvia Capelli): pré-procedimento administrativo, vinculado ao licenciamento ambiental.
Antes de tudo, cumpre esclarecer que EIA e RIMA não são sinônimos. O Estudo é de maior abrangência que o Relatório e o engloba em si mesmo. O EIA é o todo, complexo, detalhado, muitas vezes com linguagem, dados e apresentação incompreensíveis para o leigo. O RIMA é a parte mais visível (ou compreensível) do procedimento, verdadeiro instrumento de comunicação do EIA ao administrador e ao público. 
Feito este esclarecimento inicial, vejamos o que seja o EIA. 
Para a lei, impacto ambiental é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas; 
III – a biota;
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais.
Cabe ao EIA qualificar e, quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental, de modo a dar suporte a um adequado planejamento de obras ou atividades que interferem no ambiente. 
Assim, podemos dizer, em síntese, que o EIA nada mais é do que “um estudo das prováveis modificações nas diversas características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto”.
“O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório (RIMA) é um profundo diagnóstico do empreendimento que está em vias de ser licenciado pelo órgão ambiental, confrontando-o com as prováveis modificações das diversas características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente. Visa a evitar que um projeto, justificável sob o prisma econômico, ou em relação a interesses imediatos de seu proponente, se revele posteriormente nefasto para o meio ambiente, pelo que possui incontroversa vocação preventiva e precaucional. Trata-se, sem dúvida, do mais completo instrumento de avaliação de impactos ambientais”. (Sílvia Cappelli e outras)
Temos, pois, que o EIA é por natureza um instrumento de prevenção do dano ambiental, incorporando a vocação preventiva do Direito Ambiental. 
O EIA está sujeito a três condicionantes:
Transparência administrativa – o EIA é divulgado publicamente, respeitado apenas o sigilo industrial;
Consulta aos interessados – possibilidade de efetiva participação e fiscalização da atividade administrativa por parte da comunidade, que pode exprimir suas dúvidas e preocupações; 
Motivação da decisão ambiental – quando a Administração opta por uma das alternativas apontadas pelo EIA que não seja, ambientalmente falando, a melhor, ou quando deixa de determinar a elaboração do EIA por reconhecer a inexistência de “significativa degradação”, deve fundamentar sua decisão, inclusive para possibilitar seu questionamento futuro perante o Judiciário. Ressalte-se que as conclusões do EIA não vinculam o órgão administrativo ambiental. O objetivo do estudo é orientar a decisão da Administração e informá-la sobre as conseqüências ambientais de um determinado empreendimento. Mas, para acolher ou rejeitar o estudo, a administração deverá motivar sua decisão. Assim, é o estudo um limite da discricionariedade administrativa, pois a administração fica vinculada ao conteúdo do EIA, devendo motivar a decisão e expor as razões que a levaram a optar por solução diversa.
Nos termos da CF, o EIA é exigível para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente (art. 225, §1º, IV). 
Como saber, então, quais as obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente( Lembre-se que “potencialmente” e “significativa” são conceitos vagos (i.e. conceitos jurídicos indeterminados), que induzem a substancial margem de atuação pelo administrador. 
Os casos em que pode haver significativa degradação do meio ambiente estão previstos, exemplificativamente, na Resolução CONAMA 01/86. A título de exemplo, podemos citar: estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento, ferrovias, portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos, aeroportos, oleodutos e gasodutos, linhas de transmissão de energia elétrica (acima de 230 kV) etc. 
A lei 7.661, de 1988, PNGC, também exige EIA para licenciamento do parcelamento e do remembramento do solo e da construção, instalação, funcionamento e ampliação de atividades capazes de causar alterações das características naturais da Zona Costeira. 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL PARA LICENCIAMENTO DE OBRA EM ZONA COSTEIRA.
2. Em se tratando de obra em zona costeira, a lei presume a existência de possibilidade de dano ao meio ambiente e exige o respectivo estudo de impacto ambiental. (TRF1 – 6ª. T - Rel. Des. Maria Galotti – AG 200201000108012 - DJ DATA: 19/5/2003)
Lembre-se que estas hipóteses são apenas exemplificativas, pelo que nada impede que o órgão ambiental, defrontando-se com atividade que entenda ser potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, determine a realização do EIA.
É de se destacar que tem prevalecido na doutrina o entendimento de que as hipóteses de atividades listadas na Resolução001/86 enseja a presunção absoluta de serem potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, pelo que a administração deve exigir o EIA. Entretanto, Edis Milaré advoga que, segundo a Resolução CONAMA 237/97, a presunção é apenas relativa. De fato, dispõe o artigo 3º da citada Resolução 237, paragrafo único que o “órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.”
Sobre o assunto, é interessante o julgado do TRF1:
Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO
Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL - 199834000276820
Processo: 199834000276820 UF: DF Órgão Julgador: QUINTA TURMA
Data da decisão: 28/6/2004 Documento: TRF100171157
DJ DATA: 1/9/2004 PAGINA: 14
DESEMBARGADORA FEDERAL SELENE MARIA DE ALMEIDA
(...)
1. A Constituição Federal vigente conferiu ao meio ambiente a dignidade de direito fundamental. A norma do artigo 225 é dedicada a sua proteção e assegura a todos o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Afirma-o essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à sociedade em geral o dever de defendê-lo e preservá-lo.
2. A Constituição determinou que o Poder Público (artigo 225, § 1º, inc. IV) tem o dever de exigir, na forma da lei, estudo de impacto ambiental, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente. 
3. Da dicção do art. 225 da Constituição Federal ressai que não há qualquer discricionariedade para a Administração Pública, quanto a exigir ou não o estudo do impacto ambiental, na hipótese de pedido de licenciamento de atividade ou obra potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, sempre que o administrador se encontrar diante de pedido de licença para atividades ou obras com essas características.
4. O Constituinte de 1988 remeteu ao legislador ordinário a competência para regular essa imposição da obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental nos casos em que ocorrer significativa degradação do meio ambiente.
(...)
7. O Constituinte de 1988 no artigo 225 § 1º e seus incisos introduziram não uma norma programática, mas norma de eficácia diferida. A Constituição definiu a matéria objeto de legislação técnica e instrumentais necessários. As normas dos incisos do § 1º do artigo 225 estão, todavia, incompletas por exigências técnicas, condicionadas à emanação de sucessivas normas integrativas. Há que se definir o que é degradação significativa como e quando se fará o estudo do impacto ambiental.
8. O inciso IV, do § 1º, do artigo 225, da Constituição é uma norma constitucional de eficácia diferida (Paulo Bonavides) ou norma constitucional de eficácia contida (José Afonso da Silva) porque seu real alcance e inteligência só podem ser estabelecidos pelo legislador ordinário a quem a norma constitucional diretamente se dirigiu.
9. A Constituição brasileira, no artigo 5º, § 1º, ao dispor que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, levanta a questão de como conciliar normas sem eficácia imediata com a regra de que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Quando a norma do direito fundamental não contiver os elementos mínimos indispensáveis que lhe assegurem aplicabilidade, nos casos em que a aplicação do direito pelo juiz importar infringência à competência reservada ao legislador, ou ainda quando a Constituição expressamente remeter a concretização do direito ao legislador, estabelecendo que o direito apenas será exercido na forma prevista em lei - o princípio do § 1º do art. 5º da CF haverá de ceder.
10. O artigo 5º, § 1º, da Constituição Federal é uma norma-princípio, estabelecendo um mandato de otimização, uma determinação para que se confira a maior eficácia possível aos direitos fundamentais.
11. A Lei 6.938/81 é anterior à Constituição de 1988 e não restringia a exigência do estudo de impacto ambiental às obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.
12. A Lei 6.938/81 outorgou competência ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA para editar normas, critérios e padrões nacionais de controle e de manutenção da qualidade do meio ambiente com vista ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos (inc. VII do art. 8º) e também para editar normas e critérios para o licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
13. O CONAMA editou a Resolução 1, de 23 de janeiro de 1986, que previa a elaboração do estudo de impacto ambiental para o licenciamento, pelo órgão estadual competente e pela SEMA, em caráter supletivo, de uma série de atividades, exemplificativamente arroladas em dezoito incisos, conforme previa o seu art. 2º. Sendo a norma exemplificativa, previa o estudo para qualquer atividade, e não só daquelas que significasse alguma degradação do meio ambiente.
14. Em 12 de abril de 1990, publicada a Lei 8.028, conferiu-se nova redação ao inciso II do artigo 8º da Lei 6.938/81, passando ele a ter redação já em conformidade a Constituição de 1988: "II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a atividades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional".
15. Em 19 de dezembro de 1997, o CONAMA editou a Resolução 237, publicada no D.O.U. de 22 de dezembro de 1997, adaptando a Resolução 1, de 23.01.86 às normas da Constituição Federal de 1988, no que se refere às competências para o licenciamento ambiental. O CONAMA, ao tratar do licenciamento para liberação de organismos geneticamente modificados (OGMs) no meio ambiente, para fins de pesquisa e comércio, nem sempre exige o estudo de impacto ambiental, que pode ser substituído "por outros estudos ambientais", o que está em conformidade com o inciso II do art. 8º da Lei 6.938/81, na redação da Lei 8.028/90, que facultou ao referido órgão exigir "estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais dos projetos públicos ou privados ..." apenas quando julgar necessário.
16. A Resolução tem que se adaptar à Constituição e não a Constituição à Resolução. Se a Constituição diz que o estudo de impacto ambiental é obrigatório sempre que houver significativa degradação ambiental, não é possível se aplicar a Resolução que diz que o estudo de impacto ambiental é obrigatório em qualquer caso. Mesmo que a Resolução CONAMA 1/86 não tivesse sido revogada pela Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997, não teria validade em face do que dispõe o inciso IV do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
17. O inciso IV, do § 1º, do art. 225, da Constituição Federal confere ao Poder Legislativo a competência para, mediante seu juízo, discriminar as hipóteses em que seria legalmente exigível o estudo de impacto ambiental por considerar nelas a possibilidade de significativa degradação ambiental.
18. O Congresso Nacional aprovou a Lei 8.974, de 05 de janeiro de 1995, cuja ementa diz que ela regulamenta o disposto nos incisos II e V do § 1º do art. 225 da CF/88. A Lei estabeleceu normas ambientais especiais sobre biossegurança, distintas daquelas destinadas às questões ambientais gerais (Lei 6.938/81).
19. A Lei 8.974/95 não arrolou as obras e atividades, relacionadas com a biossegurança que, por apresentarem potencialmente significativa degradação do meio ambiente, devem ser precedidas estudo de um impacto ambiental.A questão ficou no âmbito de normas infralegais. Não há norma de lei ordinária detalhando que obras ou atividades são aptas a causarem significativa degradação ambiental, devendo tal especificação se dar em cada caso concreto pelo órgão competente. Essa competência é deferida, em termos gerais, ao CONAMA, pelo art. 8º, II, da Lei 6.938/81, na redação dada pela Lei 8.028/90, e pela Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997, do próprio CONAMA. 
No que diz respeito aos projetos que envolvam biossegurança, tal competência é exclusiva da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, por força do disposto na Lei 8.974/95, alterada pelas Medidas Provisórias 2.137/2000 e 2.191/2001, especificamente em face do seu art. 8º, inciso VI, sendo essa a lei que regulamenta o disposto nos incisos II, IV, e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, no que pertine ao plantio e comercialização de organismos geneticamente modificados.
(...)
22. A lei especial afasta a aplicabilidade da lei geral que é aplicável para os casos gerais. As regras genéricas da lei genérica sobre meio ambiente foram afastadas pelas normas específicas de lei especial sobre OGMs. As normas da Lei 6.938/81 são gerais em matéria ambiental e as normas da Lei 8.974/95 são especiais, pois dizem respeito apenas a um dos aspectos do meio ambiente (a construção, a manipulação e a liberação de organismos geneticamente modificados).
23. No conflito aparente de normas, só uma pode prevalecer, pois não é possível que normas de igual hierarquia regulem diferentemente a mesma matéria e ambas incidam concomitantemente. A solução para o conflito aparente de normas está na Lei de introdução ao Código Civil cuja regra é: as normas de lei especial se aplicam aos casos especiais que arrola (art. 2º da LICC - Decreto-lei 4.657, de 1942).
A regência da Lei 6.938/91 ficou afastada pela aplicação excepcionante das disposições da Lei 8.974/95. A lista constante do Anexo I da Resolução 237/97 do CONAMA, no ponto onde indica a "introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas" é ilegal, não podendo ser aplicada validamente, posto que a Lei 8.974/95 é de janeiro de 1.995 e não previu mais o licenciamento ambiental, mas sim autorizações pelos órgãos fiscalizadores dos Ministérios que indica. A Resolução, norma administrativa genérica, não pode contrariar a lei e um decreto. A Resolução 237, de 9 de dezembro de 1997, entrando em vigor posteriormente à lei mencionada neste ponto, infringe a Lei 8.974/95, sendo assim ilegal.
24. As Resoluções 01/86 e 237/97, do CONAMA, não são aplicáveis aos estudos de impacto ambiental que venham a ser exigidos pela CTNBio no exercício da competência sobre biossegurança, restando ao CONAMA sua aplicação nos casos de significativa degradação ambiental e em casos gerais que assim venham a ser considerados pelo órgão federal competente para efeito de licenciamento pelo IBAMA.
25. A Resolução 305, do CONAMA, ao pretender exigir, para toda liberação de OGMs no meio ambiente, realização de estudo prévio de impacto ambiental (ElA/RIMA) e não avaliação de risco, deve ser interpretada e aplicada de acordo com a Constituição Federal, com a Lei 8.974 de 1995 e a Medida Provisória 2.137 de 2000, sucedida pela MP 2.191/01, visto que a competência para dizer se os OGMs especificamente considerados causam ou não significativo impacto no meio ambiente foi atribuída legalmente à CTNBio.
(...)
32. O parágrafo único do artigo 7º da Lei de Biossegurança, dispõe que o "parecer técnico conclusivo da CTNBio vincula os demais órgãos da Administração, quanto aos aspectos de biossegurança do OGM por ela analisados, preservadas as competências dos órgãos de fiscalização de estabelecer exigências e procedimentos adicionais específicos às suas respectivas áreas de competência legal."
33. Como se trata de parecer técnico da área específica de biossegurança, tem eficácia vinculante aos demais órgãos da Administração Federal Pública, porque esses outros órgãos não têm competência científica para discutir o mérito do parecer técnico da CTNBio, que não é órgão consultivo, mas deliberativo quanto à segurança dos produtos que contenham OGM.
(...)
No que se refere aos OGM – Organismos Geneticamente Modificados, é importante observar que a matéria encontra-se atualmente tratada, de forma clara, na nova Lei de Biosegurança (Lei n. 11.105/2005), em seu artigo 16. Somente se aplicam as disposições dos incisos I e II do art. 8o e do caput do art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, nos casos em que a CTNBio deliberar que o OGM é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente. A CTNBio delibera, em última e definitiva instância, sobre os casos em que a atividade é potencial ou efetivamente causadora de degradação ambiental, bem como sobre a necessidade do licenciamento ambiental.
Já a Lei nº 11.284/06, art. 18, §1º, exige o “EIA para orientar licenciamentos envolvendo atividades de manejo florestal que, em função da escala, intensidade e peculiaridades dos recursos ambientais envolvidos possam presumi-lo causador de significativa degradação do meio ambiente”.
O EIA deve ser elaborado antes da decisão administrativa de outorga da licença para implementação de obras ou atividades com efeito ambiental no meio considerado, de modo a que possa influenciar a decisão quanto ao licenciamento. Independentemente da realização tempestiva do EIA e da validade da licença, o órgão ambiental poderá exigir um estudo de avaliação de impacto ambiental, com o intuito de obviar ou remediar uma situação crítica ao ambiente. A não elaboração tempestiva do EIA rende ensejo ao acertamento da responsabilidade – administrativa, civil e penal – de quem se omitiu. 
A coordenação do processo de exigência do EIA foi entregue aos órgãos estaduais competentes, exceção feita aos casos de expressa competência federal, da alçada do IBAMA, ou de exclusivo interesse local, de responsabilidade dos órgãos municipais. Entretanto, desconfiado da eficiência das estruturas ambientais, o legislador deu ao CONAMA competência para “determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais do projetos públicos ou privados (...)”. (Lei 6.938/81 – art. 8º, II).
O EIA, como procedimento complexo que é, não poderia ficar a cargo de uma única pessoa, devendo pois, ser elaborado por uma equipe multidisciplinar de especialistas, cuja habilitação se dá com a inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades, sob a administração do IBAMA (Resolução CONAMA 001/86). 
Cabe ao empreendedor providenciar a realização do EIA, sendo que as despesas e custos referentes à sua realização correrão por conta do proponente do projeto (manifestação do princípio do poluidor-pagador).
Já houve tempos em que essa equipe que elabora o EIA, devia ser desvinculada do projeto em exame. Tudo no intuito de se obter uma certa independência na elaboração do EIA. Hoje, entretanto, não mais se faz tal restrição, já que se chegou à conclusão de que sempre vai existir dependência, pois o EIA é pago pelo empreendedor. Assim, hodiernamente, entende-se que a neutralidade dos estudos de impacto ambiental será garantida não por uma eventual (e até mesmo impossível) independência da equipe elaboradora do estudo em face do proponente, mas sim precisamente pela existência de uma contra-equipe técnica governamental que examinará o EIA, do ponto de vista do interesse público envolvido. 
Nos termos da Resolução CONAMA 237/97, o empreendedor e os profissionais que subscreverem os estudos necessários ao processo de licenciamento serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. É de se destacar, contudo, que a responsabilidade técnica referida na resolução não abrange os pareceres, opiniões, ainda que discutíveis tecnicamente, mas apenas os erros derivados de imperícia, negligência ou imprudência, ou do dolo de introduzir dados ou informaçõesincorretas pra justiçar conclusões distorcidas. 
Na esfera administrativa, o empreendedor estará sujeito às sanções do art. 72 da Lei 9.605, enquanto os técnicos respondem perante os Conselhos Profissionais e perante o IBAMA. 
No campo da responsabilidade civil, que é objetiva, o empreendedor, que é quem recolhe os benefícios de sua atividade, responde pelos prejuízos causados. Por óbvio, ressalvado o seu direito de regresso contra o causador do dano, inclusive contra o profissional que eventualmente tenha se excedido ou omitido no cumprimento da tarefa a ele cometida. 
Criminalmente, responde tanto a pessoa jurídica quanto as pessoas físicas. 
O EIA/RIMA é feito antes da concessão da Licença Prévia, como uma condição efetiva à expedição desta, a a partir de um Termo de Referência fornecido pelo órgão ambiental. O EIA se caracteriza como um ato formal, vez que tem que seguir as diretrizes e atividades técnicas mínimas previstas na Resolução CONAMA 01/86:
I – contemplar as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-se com a hipótese de sua não-execução. (esta atividade é tida como a mais importante do EIA)
II – identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade. (tem a finalidade de definir medidas corretivas e mitigadoras, bem como de fixar eventual responsabilização do autor do projeto)
III – definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
IV – considerar os planos e programas governamentais, propostas e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.
Sílvia Cappelli acrescenta: V – estabelecer os programas de monitoramento e auditorias necessárias para as fases de implantação, operação e desativação do empreendimento; VI – avaliar os efeitos diretos e indiretos sobre a saúde humana.
Deve também contemplar a “Opção Zero”, que é a “análise dos efeitos produzidos pela não realização do empreendimento”, que “só deve ser adotada quando o projeto causar grandes impactos ambientais, sem possibilidade de mitigação aceitável, e quando os resultados econômico-sociais sejam desprezíveis”.
Além dessas, pode o órgão ambiental fixar outras diretrizes fundamentais que entenda pertinentes, em razão das peculiaridades do projeto e características ambientais da área. 
Ao lado das diretrizes e atividades mínimas, exige-se, também, um conteúdo mínimo: 
I – diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: consiste no inventário do meio ambiente anterior a ação propostas, descrevendo as inter-relações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos do sistema a ser afetado pelo empreendimento. 
II – análise dos impactos ambientais: identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos ambientais. 
III – definição das medidas mitigadoras: explicitação das medidas que visam a evitar o impacto ambiental, inclusive quanto aos aspectos referentes ao seu modo e tempo de aplicação. 
IV – programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais. Apresentação de tais programas. 
As conclusões do EIA serão refletidas no RIMA, cuja linguagem deve ser acessível ao público, ilustrada por mapas com escalas adequadas, quadros, gráficos e outras técnicas de comunicação visual, de modo a que se possam entender claramente as possíveis conseqüências ambientais do projeto, considerando suas alternativas, comparando-se as vantagens e desvantagens de cada uma delas. Desta forma, em linhas gerais, podemos dizer que o RIMA deverá conter:
I – objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais.
II – descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando cada uma delas. 
III – síntese do diagnóstico ambiental da área de influência do projeto.
IV – descrição dos impactos ambientais.
V – caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes alternativas do projeto, inclusive a de sua não realização. (é o que a doutrina denomina de opção zero)
VI – descrição dos efeitos esperados das medidas mitigadoras. 
VII – programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos.
VIII – recomendação quanto à alternativa mais favorável, em que se faz as conclusões e comentários de ordem geral. (inclusive, se for o caso, a recomendação de não realização do projeto).
No que concerne à publicidade do EIA, merece destaque que a Lei 10.650/2003, ao dispor sobre o acesso públicos aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades do SISNAMA, estabeleceu que o registro de apresentação do EIA, bem como o ato de sua aprovação ou rejeição, deverão ser publicados em diário oficial e ficar a disponíveis nos respectivos órgãos, em local de fácil acesso ao público.
Ainda nesse contexto, nos termos da Resolução CONAMA 009/87, deve ser convocada audiência pública, sob pena de invalidade da licença, sempre que:
o órgão de meio ambiente julgar necessário,
for solicitada por entidade civil,
for solicitada pelo MP,
for pedida por 50 ou mais cidadãos.
Além disso, os órgãos públicos que tiverem relação direta com o projeto, receberão cópia do RIMA para conhecimento e manifestação.
A audiência pública deve acontecer sempre na área de influência da obra, tendo prioridade o município ou a área onde os impactos forem mais significativos, podendo, em alguns casos, fazer-se necessária a realização de mais de uma audiência. 
A qualidade do EIA pode ser controlada pela comunidade (controle comunitário), por meio das audiências públicas e por denuncias e pressões políticas. Pode também ser controlada pelo órgão ambiental (controle administrativo), através da fixação de diretrizes e termos de referência específicos, bem como pelo exame de mérito da viabilidade do projeto. Pode, ainda, ser controlado pelo Poder Judiciário (controle judicial), exercido no julgamento das ACP e AP.
“Conforme Álvaro Mirra, o EIA que não contempla todos os pontos mínimos do seu conteúdo, previstos na legislação, é um estudo inexistente e um EIA que, embora contemple formalmente esses pontos, não os analisa de forma adequada e consistente, é um estudo insuficiente. E tanto num caso (inexistência do EIA) quanto no outro (insuficiência do EIA) o vício que essas irregularidades acarretam ao procedimento do licenciamento é de natureza substancial. Conseqüentemente, inexistente ou insuficiente o EIA não pode a obra ou atividade ser licenciada e se, por acaso, já tiver havido o licenciamento, este será inválido” (Sílvia Cappelli e ouras)
O Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), previsto no Estatuto da Cidade - Lei nº 10.257/00, embora semelhante ao EIA/RIMA, com ele não se confunde. É mais usado em empreendimentos típicos do contexto urbano, sem grandes impactos no ambiente natural. O EIV não substitui o EIA, quando exigido. Mas o EIA, mais abrangente, pode tornar o EIV dispensável.
Por fim, cabe observar que seria inconstitucional norma que submetesse a apreciação do licenciamento, ou de seu relatório, a órgão fora do Poder Executivo, por ofensa à repartição de Poderes (ADI1501, DJ 01.03.2005).
DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO AMBIENTAL . DISTRITO FEDERAL. OCUPAÇÃO IRREGULAR DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXISTÊNCIA CONVÊNIO PARA DESOCUPAÇÃO MEDIANTE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL . I - "O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observâncianão comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações" (ADI-MC nº 3540/DF - Rel. Min. Celso de Mello - DJU de 03/02/2006). II - O fato de a área estar ocupada não conduz ao entendimento de que não se deve adotar o principio da prevenção. É que, os danos decorrentes da ocupação de uma área de preservação permanente só tendem a aumentar, de modo que tal atividade danosa tem que ser coarctada para prevenir a extensão dos malefícios ao meio ambiente e que os danos não se tornem irreparáveis III - Existente convênio válido que prevê a possibilidade de desocupação do imóvel, esta deverá ser realizada após Estudo de Impacto Ambiental , que conclua pela impossibilidade de regularização do imóvel conforme cláusula prevista no convênio. IV - Agravo de Instrumento a que se dá provimento parcial. 
(AG 0038908-54.2006.4.01.0000 / DF, Rel. JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS, 4ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.182 de 17/08/2011)

Outros materiais