Buscar

Online 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Prévia do material em texto

Online 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, PEDAGOGIA, POLÍTICA E SOCIEDADE
A educação ambiental nada mais é do que a própria educação, com sua base teórica determinada historicamente e que tem como objetivo final melhorar a qualidade de vida ambiental da coletividade e garantir a sua sustentabilidade.
Isso significa que é obrigatório que o educador ambiental conheça e compreenda a história da educação, e os pensamentos pedagógicos aí gerados. Seja capaz de escolher as melhores estratégias educativas(A ação transformadora da educação ambiental deve estar apoiada na ética, na justiça social e na equidade. Os conhecimentos das outras ciências (como filosofia, psicologia, sociologia e, principalmente subsídios para a consolidação de um novo projeto civilizatório, de uma nova visão do ser humano em suas relações com a natureza (Philippi Junior e Pelicioni, 2000 apud Pelicioni, 2009). ) para atuar sobre os problemas socioambientais e, com a participação popular, tente resolvê-los (Pelicioni, 2009).
Segundo o mesmo autor, a interdisciplinaridade, então, é inerente à educação ambiental. Se os problemas ambientais são muito complexos e são causados pelos modelos de desenvolvimento adotados até hoje, suas soluções dependem de diferentes saberes, de pessoas com diferentes formações voltadas para o objetivo comum de resolvê-los.
Histórico
O século XXI inicia-se por meio de uma emergência socioambiental que promete agravar-se caso sejam mantidas as tendências atuais de degradação; um problema enraizado na cultura, nos estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema político, econômico e social que vivemos (Luzzi, 2009).
Uma emergência que mais do que ecológica, é uma crise do estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo. Uma crise do ser no mundo, que se manifesta em toda a sua plenitude; nos espaços internos do sujeito, nas condutos sociais autodestrutivas; e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. É nesse sentido que consideramos que a solução dos problemas do presente não se encontra na mera gestão dos recursos naturais nem na incorporação das externalidades ambientais aos processos produtivos (Luzzi, 2009).
Ainda segundo o mesmo autor, a resolução requer amadurecimento da espécie humana, ruptura das hipocrisias sociais, construção de novos desejos, de novos horizontes, de novos estilos de pensamentos e sentimentos. 
A humanidade chegou a uma encruzilhada que exige examinar-se para tentar achar novos rumos e refletir sobre a cultura, as crenças, os valores e conhecimentos em que se baseia o comportamento cotidiano, assim como sobre o paradigma antropológico-social que persiste nas ações, no qual a educação tem um enorme peso. 
A educação deve produzir ser próprio giro copernicano, tentando formar as gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro. Mas para gerar um pensamento complexo e aberto às determinações, às mudanças, à diversidade, à possibilidade de construir e reconstruir em um processo contínuo de novas leituras e interpretações do já pensado, configurando possibilidades de ação naquilo que ainda há por se pensar (Leff, 2000).
Educação ambiental
O binômio(soma ou pela diferença de dois termos) educação/ambiente deverá então desaparecer com o tempo. A educação será ambiental, ou não será, no sentido de permitir rumarmos para uma nova sociedade sustentável.
Uma educação que, mais além das denominações que adquira – Educação Ambiental, Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Educação para o Futuro Sustentável, Educação para Sociedades Responsáveis -, perca os adjetivos e como um todo se encaminhe na busca de sentido e significação para a existência humana (Luzzi, 2009).
Essa discussão pedagógica sobre a educação ambiental também nos remete a sua interligação com o desenvolvimento, relacionado à educação ambiental, onde precisamos entender sobre economia, pois o desenvolvimento econômico sustentável do ponto de vista ambiental pode premiar práticas sustentáveis e benéficas e também condenar as não sustentáveis e nocivas.
Segundo Miller Junior (2008), neste século, muitos analistas nos desafiam a dedicar mais atenção ao desenvolvimento econômico sustentável no que se refere ao meio ambiente. Esse tipo de desenvolvimento faz uso de prêmios econômicos (principalmente subsídios governamentais ou incentivos fiscais) para incentivar formas benéficas e sustentáveis de crescimento econômico e utiliza sanções econômicas (especialmente impostos e regulamentações governamentais) para desencorajar formas nocivas e não sustentáveis de crescimento econômico ligado ao meio ambiente.
Um sistema econômico produz mercadorias e serviços utilizando recursos naturais, humanos e manufaturados e é uma instituição por meio da qual as mercadorias e serviços são produzidos, distribuídos e consumidos para satisfazer as necessidades das pessoas e os desejos ilimitados da maneira mais eficiente possível.
Em um sistema econômico com base no mercado, os compradores (consumidores) e vendedores (fornecedores) interagem em mercados para tomar decisões econômicas sobre quais mercadorias e serviços serão produzidos, distribuídos e consumidos (Miller Junior, 2008).
Desigualdade social
Isso nos remete a outra discussão, que é a questão da desigualdade social(Quando falamos em desigualdade social, o problema não está na escassez de riqueza, mas na sua distribuição. O século XX tem sido testemunha do aumento do consumo em um ritmo sem precedentes, chegando a 24 trilhões de dólares em 1998, o dobro do nível de 1975 e seis vezes o de 1950, refletindo o crescimento de mais de 40% do PIB mundial. Contudo a pobreza cresceu 17% nesse período (Luzzi, 2009). ), pois como falar em aquisição de produtos e até serviços, com o quadro atual de miséria generalizada que temos?
Segundo o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (1998) -  o mundo se encontra cada vez mais polarizado,concentrado, pois no fim dos anos 90:
A quinta parte da população mundial, que vivia nos países de maior renda possuía:
- 86% do PIB mundial;
- 82% dos mercados mundiais de exportação.
A quinta parte inferior somente possuía:
- 1% do PIB mundial;
- 1% dos mercados mundiais de exportação.
Desigualdade social
Ainda conforme o PNUD (1998), a não ser que os governos adotem oportunamente medidas corretivas, o crescimento econômico pode ficar distorcido e defeituoso. O certo é que o modelo de desenvolvimento já se mostrou defeituoso, gerando um crescimento econômico:
-Sem emprego 
As economias crescem, sem aumentar as oportunidades de emprego.
- Sem raízes 
O processo de globalização cultural unidirecional, liderado pelo livre mercado, gera a massificação das pautas culturais, sepultando as raízes dos povos, a história e a memória coletiva, uma verdadeira armadilha social, pois um povo que não tem memória histórica está condenado a repetir seus erros sem chance de reflexão e amadurecimento.
- Sem equidade, igualdade
Os frutos do crescimento econômico beneficiam principalmente os ricos, deixando milhões de pessoas imersas em uma pobreza cada vez mais profunda.
- Sem voz 
Crescem economias, mas não se fortalecem as democracias no que se refere à participação das pessoas.
- Sem futuro 
Já que o crescimento econômico descontrolado de muitos países está acabando com os bosques, contaminando os rios, o mar, o solo, o ar, destruindo a diversidade biológica e cultural e esgotando os recursos naturais não renováveis. 
Globalização
A globalização está abrindo oportunidades a milhões de pessoas, entretanto encontra-se impulsionada pela expansão dos mercados; e todos nós sabemos que os mercados competitivos podem ser a melhor garantia de eficiência, porém não necessariamente de equidade. Quando a ambição do lucro dos participantes no mercado se descontrola, desafia a ética dos povos e sacrifica orespeito pela justiça e pelos direitos humanos (PNUD, 1999).
Neste mesmo informe do PNUD (1999), destacou-se que o objetivo da globalização do novo século não consiste em deter a expansão dos mercados, mas é necessário gerar uma globalização com ética, ou seja, com menos violações dos direitos humanos; com equidade, que implique menos disparidade dentro das nações e entre elas; com inclusão, isto é, menos marginalização  dos povos e países; com segurança humana, gerando menos instabilidade social e vulnerabilidade; com sustentação, implicando menos destruição ambiental; com desenvolvimento, ou seja, menos pobreza e privação.
Nesse cenário de sucessos e padecimentos humanos, deve-se encontrar um novo conceito de segurança humana, um novo paradigma. Segundo Luzzi (2009), um novo modelo de desenvolvimento que:
Coloque o ser humano no centro do desenvolvimento.
Considere o crescimento econômico como um meio e não um fim.
Proteja a vida das futuras gerações e igualmente a das atuais.
Respeite os sistemas naturais do qual dependem todos os seres vivos.
Modelo atual de desenvolvimento
CONSUMO:
Conforme Bifani (1997), no atual modelo de desenvolvimento, a sociedade rica explora ao máximo a natureza para satisfazer às necessidades luxuosas ou supérfluas, enquanto os mais necessitados a deterioram para prover-se com o mínimo requerido para a subsistência. O século XXI começa com uma crescente tensão socioambiental, em que se podem identificar três dimensões principais:
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL:
A civilização em seu conjunto criou tecnologias capazes de manufaturar produtos não degradáveis e tóxicos para o ambiente. Centenas de milhões de quilos dessas substâncias são produzidas anualmente sem ser assimiladas por nenhum organismo vivo. Somente podem acumular, e com isso contaminar a terra, as águas, o ar, e, portanto, a cadeia de alimentos: flora, fauna e seres humanos. Esse ecossistema demorou milhões de anos para se formar e a civilização industrial o agrediu no transcurso de apenas dois séculos.
POBREZA:
O consumo crescente de recursos naturais não está associado a uma divisão equitativa, gerando grande desigualdade. Quase a metade do mundo luta por sua sobrevivência cotidiana.  Esta desigualdade está produzindo conflitos armados e grandes deslocamento de populações das zonas rurais para os centros urbanos.
Educação ambiental
Nesse contexto é que se defende que a educação ambiental não pode ser reduzida a uma simples visão ecologista, naturalista ou conservadora sem perder legitimidade social, por uma simples questão de ética, e sem perder sua coerência, porque a resolução dos problemas socioambientais anteriormente apresentados se localiza no campo político e social, na superação da pobreza, na desaparição do analfabetismo, na geração de oportunidades, na participação ativa dos cidadãos (Luzzi, 2009).
Conforme Luzzi (2009), o problema ambiental não se resolve com a assepsia cientificista, seja esta ecológica, biológica ou tecnológica; sua resolução se localiza no campo da cultura, do imaginário social, dos valores e da organização política e econômica global.  A definição de educação ambiental nesse contexto deve estar estreitamente relacionada à visão construída sobre a realidade em que se vive, já que toda ação é resultado de certa compreensão, da interpretação de algo que configure sentido; por isso, é conveniente abordar os principais problemas ambientais do presente, aprofundando suas origens e suas alternativas de solução, com uma interpretação própria do problema, a fim de avançar nessa aventura de construção de sentidos que significa aprender a aprender. 
Conclusão
Precisamos ter em mente que o desafio que temos é de utilizar de forma criativa os sistemas econômicos e políticos para implementar soluções dos problemas sobre o funcionamento da natureza e como se sustenta. A chave é reconhecer que a maioria das mudanças econômicas e políticas é resultado de ações individuais e de indivíduos agindo conjuntamente para promover mudanças por meio de ação envolvendo pessoas comuns, de baixo para cima. 
Com isso posto, os educadores ambientais devem integrar-se aos movimentos políticos e sociais que lutam por uma vida melhor para todos, contribuindo humildemente nesse processo de diálogo permanente, tentando gerar as bases de uma educação que se objetive na busca do outro, para a construção de uma pluralidade que fundamente o sentido ético da ida humana, e a presença constante da utopia e da esperança. Esse é o desafio, segundo Luzzi (2009).
Para que serve uma casa se você não tiver um planeta para colocá-la? 
Henry David Thoreau O século XXI inicia-se por meio de uma emergência socioambiental que promete agravar-se caso sejam mantidas as tendências atuais de degradação; um problema enraizado na cultura, nos estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema político, econômico e social que vivemos. 
Qual o principal paradigma que temos que quebrar para podermos ter uma visão mais positiva do futuro do homem em relação à educação ambiental e a preservação do meio ambiente? Selecione a alternativas correta:
É a crise do estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo, que se não for alterada de forma emergencial, não sustentará nem nossas próximas gerações.
È através dos sistemas econômicos e políticos que podemos mudar nossa forma de utilizar os recursos naturais de forma desenfreada e com um consumismo descontrolado. Esse mesmo consumismo gera um crescimento econômico concentrado nas mãos de uma pequena parcela da população, reproduzindo uma grande desigualdade social. Porém, as consequências deste crescimento econômico deturpado e mais a degradação do meio ambiente, atinge toda a população, direta ou indiretamente, criando uma sociedade desigual, com milhões de pessoas imersas em uma pobreza cada vez mais profunda e apenas uma pequena parcela da população se beneficiando dos frutos deste crescimento. Cria também um povo sem memória histórica, condenando o mesmo a repetir seus erros sem possuir a chance de reflexão e amadurecimento, uma sociedade sem voz e sem futuro, já que nem toda parcela da população tem vez de opinar no fortalecimento da democracia e gera uma sociedade sem futuro, pois incentivamos esgotamentos de recursos naturais, a poluição de rios, de mar, de solo, do ar, destruído florestas e a grande diversidade biológica e cultural , através do grande consumismo. 
Vejo que a própria realidade de vida nos leva a nos tornarmos altamente consumistas, mas devemos nos perguntar se realmente precisamos de tanto para ser felizes? Necessito de algo mais moderno para viver bem e o antigo(que hoje em dia nem tão antigo é, pois a tecnologia não dá tempo para tal) deve ser descartado tão rapidamente, mesmo em perfeito estado? Noto que há uma massificação em nossas mentes que nos convence e até nos ilude para seguirmos este caminho de descartar em função de algo mais moderno.
Lembro que quando criança, tínhamos uma única TV em casa, preta e branca. Não existia essa tendência depreciativas dos objetos se tornarem descartáveis, em menos de um ano. Acho que com o passar do tempo e a necessidade de crescimento econômico, a nossa cultura social foi sendo cada vez mais pautada na dependência de um consumismo desenfreado. A mesma deve ser duramente e criticamente analisada, para que possamos mudar este quadro de desperdício que já está encruado em nossa sociedade.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes