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Anti-inflamatórios esteroidais

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ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS (AIES) 
 
INTRODUÇÃO 
 No hipotálamo, a via da adeno-hipófise é responsável por produzir os corticoides, 
liberar ACTH e estimular o córtex da suprarrenal a produzir a quantidade diária de 
glicocorticoide e mineralocorticoide. O indivíduo normal tem 10 mg/dia de cortisol, sendo o 
pico da concentração plasmática as 8:00 da manhã; também são liberados em situações de 
estresse. O córtex da suprarrenal produz hormônios endógenos e corticosteroides 
(glicocorticoides e mineralocorticoides); as vias que produzem essas substâncias podem ser 
inibidas clinicamente por fármacos que inibem enzimas produtoras de hormônios. 
 O fármaco glicocorticoide é um cortisol melhorado que tem ação anti-inflamatória e 
imunossupressora. A partir da hidrocortisona e cortisona foram sintetizados pela indústria 
farmacêutica outros medicamentos com ação glicocorticoide, como a cortisona, prednisona, 
metilprednisolona, hidrocortisona, prednisolona, flúor prednisolona, dexametasona, 
betametasona e triancinolona. 
 Os mineralocorticoides são fármacos que regulam o metabolismo de sais e água, 
logo, a estrutura molecular é semelhante à hidrocortisona e a corticosterona. Em outras 
palavras, os mineralocorticoides são capazes de reter água, e consequentemente podem 
potenciar o edema. 
 A cortisona deu origem a prednisolona, que é 4 vezes mais potente devido à adição 
de uma dupla ligação em sua estrutura. A partir da prednisolona foi sintetizada a 
metilprednisolona, e a adição do radical metil aumentou a ação anti-inflamatória, sendo 6 
vezes mais potente que a cortisona; a metilprednisolona tem menor retenção de sódio. A 
partir da prednisolona, com adição de um flúor, foi sintetizada a flúorprednisolona, com 
ação anti-inflamatória 20 vezes maior do que a hidrocortisona. No entanto, a capacidade de 
reter sódio permaneceu em todos esses fármacos derivados da hidrocortisona. 
 A partir da flúorprednisolona deu-se origem a triancinolona, dexametasona e 
betametasona. A dexametasona e a betametasona tem atividade anti-inflamatória 30 vezes 
maior em comparação a hidrocortisona. A dexametasona e a betametasona tem retenção de 
sódio e água nula. Desse modo, é um anti-inflamatório potente que não induz o edema. 
 
 
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA 
 O fármaco precisa se ligar ao receptor de glicocorticoide presente no citoplasma da 
célula, que está na sua forma inativa devido à ligação a duas proteínas; quando o fármaco se 
liga ao receptor, as proteínas se desligam e é formado um complexo de receptor ativo. O 
complexo glicocorticoide-receptor precisa entrar no núcleo para exercer seu efeito; ele se 
liga ao elemento de resposta do glicocorticoide da fita de DNA. Uma característica 
importante é que eles dificultam o processo de cicatrização e reparo tecidual no paciente.
 O elemento de resposta do glicocorticoide pode ser positivo ou negativo, portanto, 
devido à ligação aleatória não é possível saber aonde o complexo irá se ligar. O elemento de 
resposta positivo e negativo é uma condensação da estrutura do DNA também chamada de 
histonas; as histonas estão ligadas a vários sinalizadores intracelulares, que podem reprimir 
ou induzir a ação dessa estrutura. Desse modo, existem cofatores que são capazes de 
auxiliar na transcrição do complexo glicocorticoide-receptor, ou também podem ser 
depressores que impedem a transcrição. 
 Quando ele se liga ao elemento positivo, ele induz a transcrição e transdução de uma 
proteína, como as colagenases (enzimas que quebram o colágeno); quando se liga ao 
elemento negativo, ele inibe a transcrição e transdução de uma proteína e de mediadores 
inflamatórios. Assim, ao utilizar um glicocorticoide pode-se induzir ou inibir a síntese de 
proteínas. Os glicocorticoides também podem inibir a transcrição e produção de IL-2; essa 
citocina induz à proliferação de linfócitos, logo, a sua deficiência causa imunossupressão do 
sistema imunológico. Ele também é considerado um fármaco imunossupressor, é um anti-
inflamatório potente que inibe vários mediadores a nível nuclear, como as quimiocinas, 
derivados do óxido nítrico, moléculas de adesão e citocinas. Além da atuação nuclear do 
glicocorticoide, ele tem ação periférica ao inibir a fosfolipase A2 pela produção da anexina II. 
 A liberação fisiológica de glicocorticoide é sustentada por uma alça de 
retroalimentação, pois ela vai diminuindo ao longo do dia e quando o hipotálamo percebe a 
baixa quantidade, ele estimula a alça de retroalimentação para produzir o CRF (hormônio 
liberador de corticotrofinas), que atua na adeno-hipófise produzindo o ACTH (hormônio 
adenocorticotrófico) que estimula o córtex da suprarrenal a produzir glicocorticoide. Caso 
seja necessária a prescrição, é importante que seja administrado quando os níveis de 
glicocorticoide fisiológico estiverem elevados, para que a cascata de retroalimentação seja 
sempre mantida. Normalmente o pico de glicocorticoide é pela manhã e diminui ao longo do 
dia, aumentando durante a madrugada; se a prescrição indica o uso no período da tarde, 
quando nível de glicocorticoide fisiológico está baixo, o paciente terá dois picos de 
concentrações do hormônio. Ao final do dia, o hipotálamo percebe que o individuo tem 
glicocorticoide suficiente, logo, ele não produzirá mais. Após o uso crônico de pelo menos 
um mês, o córtex da suprarrenal começa a atrofiar porque ela não está funcionando 
adequadamente. Desse modo, o paciente desenvolverá insuficiência renal. 
 No plasma, o glicocorticoide se liga a proteínas específicas (CDG). Existem algumas 
situações clínicas em que o paciente tem aumento ou diminuição das proteínas ligadoras de 
glicocorticoide; em ambos os casos o transporte do hormônio estará comprometido. Por 
exemplo, na gravidez e no hipertireoidismo há aumento das proteínas CDG; elas estão 
diminuídas no hipotireoidismo, defeitos genéticos na síntese da proteína CDG e algumas 
pessoas podem nascer com ausência dessa proteína. 
 O fármaco glicocorticoide exerce seu efeito no metabolismo de carboidratos e 
proteínas, no metabolismo de lipídios e no equilíbrio hidroeletrolítico (devido à ação 
mineralocorticoide de alguns fármacos). Ele induz a gliconeogênese, aumentando os níveis 
de glicose, o que vai aumentar a produção de insulina e inibição da glicose, dificultando as 
atividades fisiológicas que envolvem a produção de energia. Sendo assim, o paciente que 
utiliza esses medicamentos pode apresentar fraqueza muscular. 
 Os efeitos adversos incluem hiperglicemia e glicosúria, miopatia, osteoporose e 
osteonecrose (estimula a formação de osteoclasto e inibe formação de osteoblasto), 
supressão do crescimento, balanço nitrogenado negativo, úlcera péptica (atua na fosfolipase 
A2 e inibe a produção de PGE-2, importante para a proteção da mucosa gástrica), aumenta 
pressão intraocular, age no SNC, alguns induzem edema, hipocalemia, alteração da 
distribuição da gordura corporal, aumento da susceptibilidade às infecções. 
 A administração em uma dose única e elevada é praticamente livre dos efeitos 
prejudiciais. 
 
USO NA ODONTOLOGIA 
 Na odontologia, os glicocorticoides poderão ser utilizados em algumas situações 
como na inflamação da mucosa bucal ou distúrbios da ATM; eles são potentes anti-
inflamatórios, logo, dependendo do distúrbio ou da dor a utilização é necessária. Ele não é 
utilizado em endodontia, pois não tem ação nas prostaglandinas; para os casos em que o 
objetivo é reduzir o edema após a extração traumática, nas biopulpectomias e pulpectomias, 
é indicado um fármaco sem ação mineralocorticoide. São indicados o bálsamo de 
triancinolona ou o gel de fluocinonida para ulcerações aftosas. Uma das implicações mais 
sériasdos glicocorticoides na odontologia é a susceptibilidade a infecções do paciente, 
causando retardo na cicatrização tecidual. 
 Um trabalho realizado para comparar os efeitos dos fármacos meloxicam e 
dexametasona no reparo tecidual indicou que o meloxicam (AINE específico para COX-2) não 
causa comprometimento da cicatrização, ao passo que a dexametasona reduz este processo. 
Portanto, existem diferenças entre um anti-inflamatório esteroidal e um não-esteroidal. 
 Algumas vezes, antes da extração de algum dente o dentista prescreve com 
antecedência algum glicocorticoide; ao fazer isso, não haverá reparo do tecido e constante 
sangramento no alvéolo, podendo levar a uma alveolite. 
 Existem pessoas que fazem terapia de reposição e que tem insuficiência renal aguda, 
insuficiência renal crônica ou hiperplasia da suprarrenal congênita. Elas chegam ao 
consultório em tratamento com glicocorticoide sistêmico, logo, elas trarão implicações 
médico dentárias. 
 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Carbamazepina 
Fenobarbital: acelera o metabolismo do cortisol; 
Estrogênios e anticoncepcionais orais: aumentam a meia vida do corticosteroide; 
Salicilato: tem a sua depuração renal aumentada; 
Progesterona: atividade anti-glicocorticoide; 
Cetoconazol: induz a síntese de glicocorticoides.

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