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GABARITO – AP2 – 2018.1 Ao tratar das principais características da crônica, Antônio Cândido não compreende “menor” como sinônimo de inferior. Segundo o crítico, é exatamente essa peculiaridade intrínseca ao gênero sua melhor característica, pois a despretensão é alicerce de uma liberdade criativa singular. No texto de Rubem Braga, autor que figura entre os maiores cronistas de nossa literatura, essa desambição de que fala Cândido se evidencia desde o princípio, uma vez que o próprio título anuncia uma temática aparentemente trivial: o amor e o desamor. Ao discorrer sobre as relações amorosas e conjugais, o autor opta por uma abordagem igualmente prosaica, com exemplos supostamente pessoais – “...um conhecido meu, que foi outro dia a um casamento grã-fino...”, “Conheci um casal de velhos bem velhinhos...”; além disso, o tom de conversa empregado – “Sim, direis...”, “E eu vos direi...” – é outra particularidade que aproxima o leitor do texto lido e, assim, cria certa cumplicidade entre público e autor. Também, há que se destacar a especial atenção que é dada às palavras adultério, concubinagem e cônjuge, termos que, segundo o autor, devem ser abolidos, não pelo que significam, mas exclusivamente pela falta de beleza de seus significantes. Certa dose de humor desse e de outros trechos corroboram a despretensão destacada por Antônio Cândido. Ao fim do texto, porém, a reafirmação do amor, que a tudo resiste, evidencia que a crônica, apesar de sua modéstia tão característica, comunica mensagens atemporais e nos humaniza.
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