Analise do filme enjaulaos

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Walmsley (John S. Davies) é um professor substituto encarregado de dar aulas para um grupo de adolescentes desajustados em uma escola nos Estados Unidos. Ao chegar, encontra uma escola que não ofertas livros aos alunos, para evitar, segundo a direção, que os mesmos estimulem sua imaginação, abrindo assim as portas para “o diabo possui suas mentes”. Toda essa “moralidade” escondia um descaso por parte da direção da escola em mudar os métodos de aprendizagem, e um conformismo por parte dos professores que além de não acreditar no potencial de aprendizagem daqueles alunos, não recebia nenhum tipo de ajuda ou motivação vindo da parte da direção da escola. Seus métodos de ensino não surtiam efeitos e os alunos faziam o que queriam, ou melhor, não faziam nada relacionado aos estudos, mas, por outro lado agiam com crueldade com outros alunos e até mesmo com professoras, sendo que uma delas era vítima constante de assedio sexual chegando a sofrer agressão física.
 	Diante dessa situação educacional caótica, o professor Walmsley tenta inutilmente várias maneiras de ensinar um pouco aqueles alunos, mas em cada investida dele, recebia em troca o menosprezo dos alunos e a repreensão da direção, que não aceitava mudanças com medo do que os pais poderiam dizer. Sem saída, e sem ver nenhuma alternativa que pudesse usar ali, e ainda inconformado com aquela situação toma uma decisão: usar métodos educacionais nenhum pouco convencional para fazer com que esses alunos aprendam, utilizando de uma pedagogia radical com aspectos behavioristas. 	
Esse filme, embora de uma maneira que parece longe do nosso contexto social com toda essa magnitude, aborda a temática da violência física e psicológica no contexto escolar, mas deixa no ar a desestrutura na educação por parte dos pais, que eram omissos quando precisavam estar presentes, e quando estavam presentes, eram autoritários com os outros e relapsos com seus filhos. 
A escola retratada no filme é escassa de recursos, sendo assim vítima de violência do próprio sistema de ensino e desdém do estado. Os professores se acomodaram a situação imposta no ambiente, de subordinação a direção e pais dos próprios alunos que usam da violência psicológica para controlá-los. Os docentes são violentados a todo momento pelos alunos. Violência psicológica, carregada insultos e ameaças e desmoralizações, não existe respeito a autoridade do professor, na verdade, nenhum dos professores exercem alguma autoridade, isso até a chegada do professor Walmsley. Violência física, como no caso do aluno que agrediu o professor Walmsley já na sua primeira aula, e a aluna que espancou a professora de artes. Violência sexual, no caso da professora que quase foi violentada sexualmente por um aluno. Neste ambiente o Bullying é elemento constante, e o único a intervir nessas praticas que estavam acontecendo na escola, com um aluno esforçado que tinha vários problemas em casa foi o professor substituto. Isso tudo, é reflexo de uma violência maior, ideológica ou simbólica, de uma sociedade que não valoriza o professor como um mestre de ensino, e valoriza mais o ter do que o ser, uma sociedade alimenta a violência dos jovens e adolescentes a medida que proíbe a repreensão usando como desculpa o abuso de autoridade.
A escola apresentada no filme se configura como um verdadeiro sinônimo do fracasso escolar, em que os culpados são todos os envolvidos. A escola que não proporciona o desenvolvimento de um ambiente adequada a aprendizagem e nem permite que os professores façam isso. Como aprender sem livros disponíveis à aprendizagem? Os professores são coagidos a não se expressarem, acomodados, não fazem nada para criar ambiente propício a mudanças positivas no comportamento e aprendizagem dos alunos
A teoria behaviorista radical de B. F. Skinner, “defende que o ser humano é controlado não só pelas influências externas (meio). Aprendizagem desse tipo também pode ser provocada por estímulos que, originalmente, não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciadores, podem, em certas condições, eliciar respostas semelhantes a delas, e a responder a responder a estímulos que antes não respondia. (Bock et al, 2008, pgs.59, 60)”. E foi exatamente desse método que o professor Walmsley utilizou-se desse estudo para fazer seus alunos aprenderem, construiu jaulas que se assemelham muito a “caixa de Skinner”, usada na realização de experimentos, para conseguir determinado comportamento de animais, principalmente de ratos. O professor no filme utiliza da mesma estratégia, enjaulados, primeiro cortando seus reforçadores primários (água, comida e afeto) depois então, os mesmos são condicionados a fazerem diversas lições sem demonstrar qualquer ação de recursa, do contrário recebiam punições positiva acrescentando choques elétricos, para diminuir a frequência dos comportamentos inadequados. O tradicionalismo se estrutura nas lições inicias em que eles tinham que reproduzir de acordo com o estudado, repostas erradas não eram toleradas. A medida que estavam aprendendo, eram reforçados positivamente com a diversificação da comida servida a eles, em um momento chegam a comer seus pratos preferidos, e é notório a mudança comportamental que cada um deles tiveram. Enjaulados, esses alunos estudavam conteúdos de quase todas as áreas do conhecimento, artes foi incluída no currículo dos enjaulados com a chegada da professora de artes que também aceitou participar do plano de ensino do professor Walmsley. 
Música, comida, luz forte, choque elétrico, livros e professores dispostos a fazer a aprendizagem acontecer. Nesse cenário de repressão, e muitas vezes de tortura e dor, um grupo de jovens mudaram seus comportamentos socialmente inadequados e aprenderam toda a lição imposta. Pela a ótica dos progressistas esse ambiente não é adequado a aprender, e esses métodos repressores não favorecem. A verdade é que eles aprenderam, em uma jaula sobre fortes choques elétricos, como animais sendo adestrados, estudaram e compreenderam a lição. Essa aprendizagem de forma arbitrária gerou traumas, a última cena do filme enfatiza isso. Diante disso, estabelece-se uma reflexão sobre as circunstâncias em que pode e deve ocorrer a aprendizagem. Libâneo (2013) afirma que “O ambiente escolar pode exercer, também um efeito estimulador para o estudo ativo dos alunos”. A jaula não era um ambiente estimulador para aprender, mas foi moldada na mente dos alunos como o lugar que eles teriam que aprender para que pudesse sair dele, algo contraditório a uma aprendizagem significativa. Eles aprenderam, mas não foi um processo de ensino sem traumas. E a educação não deve ser para o aluno um processo traumático, mas, sim um processo que traga conhecimento e satisfação no aprender, que ao meu ver, é a única forma de levá-lo por toda a vida.
O filme enfatiza uma escola que propaga um ensino desvinculado da aprendizagem. Professores entregues a heresia de uma sociedade que não os valoriza, uma direção apegada a misticismo e cultura popular. Alunos condenado pela situação dos pais, escola e dos professores. E um professor que revoltado com essa situação, radicaliza nos métodos de ensino e faz de uma forma torturante com que aqueles alunos rebeldes mudem seus comportamentos e estudem toda a matéria. Dizer que não houve aprendizado é um erro, porque a partir desse fatídico acontecimento, aqueles antes jovens perdidos, conseguem dar rumo a sua vida. 
PSICOLOGIA
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ERICA TEIXEIRA DE LIMA
ANALISE DO FILME ENJAULADOS
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Teresina PI
2018
ERICA TEIXEIRA DE LIMA
ANALISE DO FILME: Enjaulados
Trabalho apresentado ao curso de Graduação em Psicologia, para a disciplina Teoria e Sistemas Disciplina na Faculdade Maurício de Nassau.
Prof. Me. Pedro Wilson
Teresina, PI.
Maio - 2018