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Psicologia Jurídica RESUMOS

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Psicologia Jurídica?
A Psicologia Jurídica é o campo de atuação da Psicologia que se articula ao Direito. Para tanto, utiliza-se de diferentes recursos técnicos e teóricos, caracterizando-se como área interdisciplinar de atuação, em equipe multidisciplinar.
 
A Psicologia Jurídica emergiu da Psicologia do Testemunho cuja prática, em âmbito internacional, ajudou a consolidar a Psicologia enquanto ciência, dada a necessidade de sua contribuição na comprovação da fidedignidade de testemunhos, principalmente com o surgimento e aplicação dos testes psicológicos, em meados do século XX, assim como o desenvolvimento de estudos sobre os funcionamentos dos interrogatórios, dos delitos, dos falsos testemunhos e falsas memórias etc., colaborando para a criação dos primeiros laboratórios de Psicologia.
​
No Brasil, apesar de a prática psicológica jurídica ser reconhecida apenas no ano 2000, pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP, ela teve início junto ao reconhecimento da profissão, em 1960, por meio de trabalhos voluntários na área Criminal, na avaliação de pessoas em situação prisional e de adolescentes infratores.
 
Em torno de 1979, a atuação do psicólogo na esfera jurídica é estendida à área Civil, desenvolvendo trabalho voluntário e informal com famílias em vulnerabilidade econômico-social, no Tribunal de Justiça de São Paulo.
O que é Psicologia jurídica:
Psicologia Jurídica é o campo da psicologia que agrega os profissionais que se dedicam à interação entre a psicologia e o direito. A principal função dos psicólogos no âmbito da justiça é auxiliar em questões relativas à saúde mental dos envolvidos em um processo.
Para se tornar um psicólogo jurídico é preciso fazer uma pós-graduação especializada na área, ou prestar o concurso do Conselho Federal de Psicologia com fins de obter o título.
A Psicologia Jurídica é um dos campos de conhecimento e de investigação dentro da psicologia, com importantes colaborações nas áreas da cidadania, violência e direitos humanos.
Entre as atividades de um psicólogo jurídico está o acompanhamento dentro do sistema carcerário. Como perito, pode trabalhar com a elaboração de laudos sobre a saúde mental das partes, que podem ser juntados aos processos com o intuito de auxiliar o juiz na sua decisão.
O psicólogo jurídico atua também na mediação de litígios, na ocasião de testemunhos, e em campos delicados como o direito de família, processos de violência doméstica, adoções, guarda de menores, entre outros.
O termo Psicologia Forense também é utilizado para designar a psicologia jurídica, embora menos utilizado no Brasil.
Alguns autores indicam que as palavras definem campos diferentes, que "jurídico" é uma expressão mais abrangente sobre todo o campo do direito, enquanto que "forense" é mais direcionado ao fórum ou tribunal. E como não há consenso sobre seu conceito, o que sabe-se é o uso de uma definição ou outra segue a preferência do profissional, se quer enquadrar-se enquanto psicólogo jurídico ou forense.
Saiba mais sobre o significado de forense.
Um dos campos de atuação dentro da psicologia jurídica é a Psicologia Criminal, que se dedica mais propriamente ao Direito Penal. Este tipo de psicólogo é chamado a atuar em processos criminais de diversas formas, como na avaliação de suspeitos, compreensão das motivações do crime e detecção de comportamentos perigosos.
Mecanismos de Defesa – As Defesas do Ego
 
Um dos aspectos comentados por Freud na psicanálise são os mecanismos de defesa. Do que se tratam esses mecanismos?
Os mecanismos de defesa tratam-se de ações psicológicas que têm o objetivo de proteger a integridade do ego. Mas por que o ego faz uso deles e do quê exatamente ele deseja se proteger?
Segundo Freud, nem tudo que nos ocorre é agradável ao nosso consciente e o nosso ego pode considerar uma série de ocorrências como ameaçadoras à sua integridade, ao seu bem-estar. Nesse sentido diante das exigências das outras instâncias psíquicas – Id, que é nosso lado mais instintivo e do superego, que representa nossos valores morais e regras internalizadas – o ego deseja proteger-se para garantir o bem estar psicológico do sujeito frente a esses conteúdos indesejados.
Ainda segundo o pai da psicanálise, os mecanismos de defesa são universais, ou seja, todas as pessoas fazem uso deles, em menor ou maior grau. E eles são importantes para um ego sadio e integrado. Porém, o seu uso exacerbado pode ocasionar um funcionamento psicológico que não é considerado sadio para o sujeito.
Qual o fator essencial que faz o sujeito fazer uso de algum mecanismo de defesa? Segundo a psicanálise, a ocorrência da angústia (angst, conforme o próprio Freud utilizou o próprio termo no original em alemão) ocasionada pelos conflitos, é a condição sine qua non – é a condição indispensável – para que o sujeito ative algum mecanismo de defesa para proteger a integridade de seu ego.
Quais são os mecanismos de defesa existentes? Segundo Freud, existem pelo menos 15 mecanismos de defesa a disposição do ego. Alguns deles são:
Compensação: é uma forma de o indivíduo garantir um equilíbrio entre as suas características em termos de qualidades e deficiências.
Exemplo: o sujeito não se considera bom em gramática, mas tira excelentes notas em matemática.
Negação: o sujeito nega a existência da dor, ansiedade e outros sentimentos que representem o desprazer ao indivíduo.
Exemplo: diante do término de um namoro, o sujeito pode dizer “Está tudo bem. Eu nunca gostei dele (a) mesmo. Estou ótimo (a)!”
Regressão: é um mecanismo onde o sujeito retorna a um estágio anterior à situação que causa desconforto/desprazer ao sujeito. Nessa fase anterior, geralmente o prazer era mais imediato e não havia a existência das circunstâncias atuais que causam desprazer. Pode ser benéfico pois nos permite ter uma outra perspectiva da situação, pois a angústia é temporariamente afastada; porém, se for usado demais, pode levar o sujeito à fantasia e fuga da realidade.
Exemplo: diante do falecimento de um ente querido, o sujeito decide, por exemplo, ficar brincando somente com seus brinquedos, pois isso o trás de volta ao período infantil.
Identificação: ocorre quando o sujeito assimila as características dos outros (geralmente de pessoas que são modelos para esse sujeito). O sujeito deseja ter as mesmas características para si mesmo.
Exemplo: crianças que possuem os mesmos comportamentos dos pais.
Sublimação: é um mecanismo bastante útil ao lidar com as demandas e conflitos criados pelo Id e superego. Quando o ego não consegue satisfazer uma necessidade imediata, ele gratifica o Id de outra forma, de uma forma  que seja mais aceitável  pelo superego. É a partir da sublimação, segundo a psicanálise, que podemos nos tornar sujeitos civilizados.
Exemplo: alguém que não pode ter filhos apega-se aos bichinhos de estimação.
Racionalização: é quando o sujeito procura respostas lógicas para afastar o sofrimento.
Exemplo: diante de uma situação que cause sofrimento, a pessoa costuma fazer a si mesma tantos questionamentos – e questionamentos dentro dos questionamentos – que acaba deixando o sofrimento de lado. É comum o sujeito criar muitas teorias, e teorias sobre teorias, a fim de tentar explicar e justificar para si mesmo uma determinada situação.
Formação reativa: ocorre uma inversão do desejo real. A pessoa tenta de forma lógica explicar os acontecimentos, mas tudo isso é uma forma de disfarçar os verdadeiros desejos, que estão ocultos.
Exemplo: o sujeito possui uma postura e atitude extremamente rígidas com relação à sexualidade, pode estar ocultando seu lado sexual mais libertino e o que a sociedade consideraria imoral.
 
Fonte: TherapistDev
Como disse Freud, todos nós fazemos uso desses mecanismos, pois as demandas da sociedade, com suas regras e valores morais (realizadas em nossa psique pelo superego), e a constante demanda de nosso lado instintivo (realizada pelo Id) pode deixar com frequência nosso ego frágil e incapaz de satisfazer esses dois lados, que muitas vezes trabalhamde forma antagônica. Fazer uso desses mecanismos é saudável, e esperado, do ponto de vista psicanalítico. Contudo, quando o sujeito faz uso de muitos mecanismos de defesa e com uma frequência muito grande, pode ser um sinal de que as coisas não vão bem, e que é preciso procurar ajuda profissional
As 5 fases do desenvolvimento psicossexual para Freud
1 –  O Estágio Oral
Faixa etária: Nascimento – 1 Ano
Zona erógena: Boca
Durante o estágio oral, a fonte primária de interação do lactente ocorre através da boca, de modo que o enraizamento e reflexo de sucção é especialmente importante. A boca é vital para comer e a criança obtém prazer da estimulação oral por meio de atividades gratificantes, como degustar e chupar. A criança é totalmente dependente de cuidadores (que são responsáveis pela alimentação dela), e também desenvolve um sentimento de confiança e conforto através desta estimulação oral.
O conflito principal nesta fase é o processo de desmame – a criança deve tornar-se menos dependente de cuidadores. Se ocorrer a fixação nesta fase, Freud acreditava que o indivíduo teria problemas com dependência ou agressão. Fixação oral pode resultar em problemas com a bebida, comer, fumar ou roer as unhas.
 O hábito de morder objetos e a Fixação oral na Psicologia
→ Odaxelagnia, a vontade de morder pessoas
2 – Estágio Anal
Faixa Etária: 1 a 3 anos
Zona erógena: Entranhas e controle da bexiga
Durante a fase anal, Freud acreditava que o foco principal da libido estava no controle da bexiga e evacuações. O grande conflito nesta fase é o treinamento do toalete – a criança tem de aprender a controlar suas necessidades corporais. Desenvolver esse controle leva a um sentimento de realização e independência.
De acordo com Freud, o sucesso nesta fase é dependente da maneira com que os pais se aproximam no treinamento do toalete. Os pais que utilizam elogios e recompensas para usar o banheiro no momento oportuno incentivam resultados positivos e ajudam as crianças a se sentir capazes e produtivas. Freud acreditava que experiências positivas durante este estágio servem de base para que as pessoas tornem-se adultos competentes, produtivos e criativos.
No entanto, nem todos os pais fornecem o apoio e encorajamento que as crianças precisam durante este estágio. Alguns pais vão punir com ridicularização ou vergonha os acidentes das crianças.
De acordo com Freud, as respostas parentais inadequadas podem resultar em resultados negativos. Se os pais levam uma abordagem que é muito branda, Freud sugeriu que poderia se desenvolver uma personalidade anal-expulsiva, em que o indivíduo tem uma personalidade confusa ou destrutiva. Se os pais são muito rigorosos ou começam o treinamento do toalete muito cedo, Freud acreditava que uma personalidade anal-retentiva se desenvolveria, na qual o indivíduo é rigoroso, ordenado, rígido e obsessivo.
3 – A fase fálica
Faixa etária: 3 a 6 anos
Zona erógena: Genitais
Durante a fase fálica, o foco principal da libido é sobre os órgãos genitais. Nessa idade, as crianças também começam a descobrir as diferenças entre machos e fêmeas.
Freud também acreditava que os meninos começam a ver seus pais como rivais pelo afeto da mãe. O complexo de Édipo descreve esses sentimentos de querer possuir a mãe e o desejo de substituir o pai. No entanto, a criança também teme ser punida pelo pai por estes sentimentos, um medo que Freud denominou de angústia de castração.
O termo complexo de Electra tem sido usado para descrever um conjunto semelhante de sentimentos vivenciados pelas jovens. Freud, no entanto, acredita que as meninas, em vez disso experimentam a inveja do pênis.
Eventualmente, a criança começa a se identificar com o genitor do mesmo sexo como um meio de vicariamente possuir o outro progenitor. Para as meninas, no entanto, Freud acreditava que a inveja do pênisnão foi totalmente resolvida e que todas as mulheres continuam a ser um pouco fixadas neste estágio. Psicólogos como Karen Horney contestam esta teoria, chamando-a de um tanto imprecisa e degradante para as mulheres. Em vez disso, Horney propôs que os homens experimentam sentimentos de inferioridade porque eles não podem dar a luz à filhos, um conceito à que ela se referiu como inveja do útero.
4 – O período de latência
Faixa etária: 6 anos – puberdade
Zona erógena: sentimentos sexuais são inativos
Durante o período de latência, os  interesses da libido são suprimidos. O desenvolvimento do ego e superegocontribuem para este período de calma. O estágio começa na época em que as crianças entram na escola e tornam-se mais preocupadas com as relações entre colegas, hobbies e outros interesses.
O período de latência é um tempo de exploração em que a energia sexual ainda está presente, mas é direcionada para outras áreas, como atividades intelectuais e interações sociais. Esta etapa é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de comunicação e autoconfiança.
5 – O Estágio Genital
Faixa etária: Puberdade à Morte
Zona erógena: Amadurecendo de Interesses Sexuais
Durante a fase final de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo desenvolve um forte interesse sexual no sexo oposto. Esta fase começa durante a puberdade, mas passa por todo o resto da vida de uma pessoa.
Em fases anteriores, o foco foi exclusivamente nas necessidades individuais, porém o interesse pelo bem estar dos outros cresce durante esta fase. Se as outras etapas foram concluídas com êxito, o indivíduo deve agora ser bem equilibrado, tenro e carinhoso. O objetivo desta etapa é estabelecer um equilíbrio entre as diversas áreas da vida.
Considerações Iniciais
Segundo Mira y López (2000), a psicologia jurídica é a Psicologia aplicada ao melhor exercício do Direito. Trata-se, portanto, de um ramo da Psicologia que pretende auxiliar o direito, tendo em vista o objeto de estudo em comum, que é o homem, em sua complexidade e seus conflitos.
A psicologia jurídica se caracteriza como um campo de interseção entre a psicologia e o direito, tem como finalidade aplicar os conhecimentos oriundos da Psicologia no campo jurídico com o intuito de estudar o comportamento humano no âmbito das relações das pessoas com a Justiça.
Esse conhecimento é entendido como uma subárea da ciência psicológica que se utiliza dos princípios e métodos da Psicologia para auxiliar nas decisões judiciais, bem como na avaliação de perfis e conduta humana, no interesse pelos fenômenos psicológicos no que diz respeito ao comportamento do sujeito no contexto jurídico.
A psicologia Jurídica também pode se referir aos procedimentos que acontecem nos Tribunais, que auxiliam nas decisões judiciais, em assuntos de cunho jurídico ou do Direito. A Psicologia Forense se aplica de forma exclusiva ao poder judiciário, o papel do psicólogo forense é de auxiliar no sistema legal. Desse modo, o termo psicologia jurídica é o mais utilizado no Brasil, visto que engloba maiores possibilidades teóricas e técnicas a serem desenvolvidas no âmbito jurídico.
Sabe-se que a psicologia precisa encontrar seu próprio caminho no modelo jurídico, já que sua impulsão é proveniente de um compromisso com o ser humano que é, por excelência, de outra ordem. O seu objeto de investigação científica deve estar claro e, sobretudo, atuar no desenvolvimento de uma prática ética baseada no respeito ao indivíduo.
Breve Histórico sobre a Psicologia Jurídica
A primeira inter-relação entre a psicologia e o Direito se deu a partir do interesse em avaliar a fidedignidade dos testemunhos através dos instrumentos de análise psicológica, dando ênfase no diagnóstico patológico.
De acordo com Mira Y López (1967 apud CRUZ 2005).
O testemunho de uma pessoa sobre um acontecimento qualquer depende essencialmente de cinco fatores: do modo como percebeu esse acontecimento; do modo como sua memória o conservou; do modo como é capaz de evocá-lo; do modo como quer expressá-lo; do modo como pode expressá-lo.
Esses estudos contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia Experimentalno século XIX, que estudava a memória, percepção e sensação, despertando o interesse por parte da Justiça.
No final do século XIX difundiu-se o interesse pela pericia psiquiátrica, que fora inicialmente direcionada a investigação da responsabilidade penal de adultos que era realizada através da solicitação da avaliação psicológica e testes psicométricos com intuito de elaborar um psicodiagnóstico para o caso proposto, pois estes forneceriam dados concretos para a Justiça.
Os primeiros registros de trabalhos de psicólogos em organizações de Justiça no Brasil remetem às décadas de 1970 e 1980, período marcado pela saturação do mercado de Psicologia Clínica e pela busca de novos campos de atuação profissional (PEREIRA & PEREIRA NETO, 2003).
O Conselho Federal de Psicologia instituiu a Psicologia Jurídica como uma especialidade da Ciência Psicológica em dezembro de 2000 buscando responder as demandas trazidas pelas organizações da Justiça em seus diversos âmbitos: infância e juventude, família e sucessões, cível e criminal incluindo organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o Ministério Público
O Trabalho do Psicólogo nas Organizações de Justiça
O trabalho de psicólogos em organizações de Justiça tem recebido distintas denominações, de acordo com a atividade e o local onde ocorre. O Colégio Oficial de Psicólogos de Madri denomina Psicologia Jurídica “um campo de trabalho e investigação psicológica especializada cujo objeto é o estudo do comportamento dos atores no âmbito do Direito da Lei e da Justiça, com distintas dimensões de estudo e interpretação: Psicologia aplicada aos Tribunais, Psicologia Penitenciária, Psicologia da Deliquência, Psicologia Judicial, Psicologia Policial e das Forças Armadas, Vitimologia e Mediação (COSTA, 2001).
Segundo Silva (2003) a verdade que o psicólogo jurídico intenciona desvendar nunca é inteira, e sim, parcial, subjetiva, idiossincrática. Essa intenção da busca pela verdade parece refletir uma “pressão” para que o psicólogo participe do conflito expresso no “discurso jurídico”.
É necessário que o profissional de Psicologia tenha uma postura coerente com suas funções, uma vez que o discurso da Psicologia é auxiliar o Direito de modo complementar, devendo, portanto, marcar a diferença e assumir responsabilidades somente pela área que lhe compete, em seus aspectos conscientes e inconscientes.
Nesse contexto, o psicólogo, muitas vezes, vai interpretar para os operadores do Direito a situação que está sendo analisada, ou ainda recontar o fato, a partir de um outro referencial. Cabe ressaltar, entretanto, que interpretar não significa descobrir, desvendar, como por vezes anseiam os que aguardam um relatório. (BRITO,1994).
Para realizar tal interpretação é preciso re-significar, esclarecer, explanar, à luz do saber psicológico as demandas que são direcionadas a este profissional do ponto de vista de outro referencial teórico. É um trabalho multidisciplinar que ajuda o Direito a enxergar o caso a partir de outra ótica.
Atuação do Psicólogo Jurídico na Contemporaneidade
Hoje, o trabalho dos psicólogos no campo jurídico compreende a investigação, em diferentes níveis de complexidade, dos fenômenos psicológicos no âmbito da Justiça e dos exercícios do Direito, prestando serviços de assessoramento direto e indireto às organizações de Justiça e as instituições que cuidam dos direitos dos cidadãos. Compõe, ainda, esse campo, as atividades de pesquisa, ensino e de extensão, em crescimento nas universidades brasileiras. (CRUZ, 2005).
Na contemporaneidade a Psicologia Jurídica não se restringe na elaboração de psicodiagnóstico, está presente em quase todos os Tribunais de Justiça do país incluindo organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o Ministério Público, em várias áreas de atuação: Varas de Família, Infância e Juventude, Práticas de adoção, Conselhos Tutelares, prisões, abrigos, unidades de internação, entre outras.
Com a contribuição de psicólogos, dentre outras atividades, são resolvidos conflitos familiares, realizadas adoções, solucionadas disputas de guarda, regulamentadas visitas de pais e avós, interditadas pessoas que não tem capacidade de gerir seus bens, atendidos adolescentes em conflitos com a Lei, acompanhadas execuções de penas, propostas no regime penal dos sentenciados. (COSTA, 2001).
Considerações Finais
Com base nos estudos revisados fica claro que a Psicologia Jurídica é uma área em ascensão no Brasil, pois abre caminhos para uma nova possibilidade de atuação e prática do profissional de Psicologia. A articulação entre ciência psicológica e Direito surge a fim de atender demandas sociais no que concerne a inserção desse profissional nas Organizações de Justiça, visando auxiliar nos setores jurídicos, na tomada de decisões. Esse artigo se fundamenta a partir de uma revisão teórica sobre a atuação do psicólogo jurídico, suas práticas e funções. Espera-se que esse material sirva de subsídio para pesquisas e produção de conhecimento científico, bem como para motivação de estudos empíricos com temas semelhantes.
NTRODUÇÃO
Avaliação psicológica é um processo de coleta de dados, cuja realização inclui métodos e técnicas de investigação. Os testes psicológicos, por sua vez, são instrumentos exclusivos do psicólogo e são úteis à medida que, quando utilizados adequadamente, podem oferecer informações importantes sobre os testandos.
Embora na literatura haja registros de que os primeiros testes simples, com estruturas frágeis, tenham sido criados no final do século XIX e apesar de haver mais de um século de história na área, os instrumentos atuais ainda apresentam falhas e sofrem críticas. Para Almeida (1999) os instrumentos psicológicos não acompanharam o desenvolvimento das demais áreas de conhecimento, como a informática ou a tecnologia, tendo em vista que os instrumentos atuais muito se aproximam dos iniciais.
Em contrapartida, há perspectivas para a superação das dificuldades apresentadas, pois segundo Sisto, Sbardelini e Primi (2001) tal quadro parece estar sendo revertido, considerando que o Conselho Assessor de Psicologia no CNPq definiu a subárea de “Fundamentos e Medidas em Psicologia” como uma das cinco, dentre dez existentes, que mereceriam atenção e investimentos, o que pode gerar um avanço na área.
Testes Psicológicos
Os testes psicológicos, apesar de se constituírem em instrumentos úteis ao psicólogo, recebem muitas críticas e vêm sendo questionados. Dentre os estudos recentes que se destinaram a estudar o status do instrumento psicológico, destaca-se o de Noronha (1999) que identificou que grande parte da amostra de psicólogos estudada não utiliza testes psicológicos e que dentre os problemas listados, encontra-se a própria fragilidade do material, o uso inadequado dele e a formação profissional insatisfatória em relação à área. Em outro estudo desenvolvido por Azevedo, Almeida, Pasquali e Veiga (1996), o baixo teor científico dos testes foi denunciado, além da urgente necessidade de melhoria. Almeida, Prieto, Muñiz e Bartram (1998) revelaram que usar materiais inadequados para os objetivos da avaliação, xerocar folhas de resposta, realizar avaliações incorretas, não ter clareza das limitações dos instrumentos, usar testes não adaptados para as diferentes realidades, dentre outros, são os problemas mais delatados na prática dos testes.
Na literatura internacional são freqüentes os estudos sobre o tema. Numa consulta ao PsycINFO (1999- 2000) é possível encontrar 27554 artigos na área de psicologia, sendo que 11275 são relativos à testes. Já no trabalho desenvolvido por Alchieri e Scheffel (2000) com o objetivo de documentar e resgatar a produção científica brasileira em periódicos nacionais na área de psicologia, foram encontrados 1090 artigos sobre avaliação psicológica num período de seis décadas (1930-1999). Como se vê é urgente a necessidade de estudos científicos na área, portanto, tendo em vista as questões destacadas o presente trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimentoque psicólogos e formandos em psicologia têm a respeito dos instrumentos psicológicos. Além disto, o estudo pretende listar os instrumentos mais utilizados pelos sujeitos na sua prática profissional.
A importância da psicologia para o direito
INTRODUÇÃO
Não e de hoje que as ciências apareceram para, junto ao direito, auxiliar nas resoluções dos litígios e na promoção da justiça em nossa sociedade, e com a psicologia não seria diferente, já que as duas ciências comungam do mesmo objeto de estudo; o ser humano; a psicologia, como estudo do comportamento e dos processos mentais, busca, como toda ciência, fazer a descrição, a explicação, a previsão e o controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo, porém, como os processos mentais não podem ser observados, quase todo o foco fica no campo do comportamento humano. O direito pode ser entendido como um conjunto de normas e instituições que, a priori da existência de um contrato social hipotético, busca coordenar e regular nosso convívio e as relações sócias, visto que tal sociedade e influenciada principalmente pelo comportamento dos indivíduos, e muito pertinente estudarmos e percebermos a convergência das duas ciências; a psicologia estudando os indivíduos e seus comportamentos, e o direito estudando e coordenando a relações desses mesmos indivíduos.
A psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelo estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base nem se limitar a sua descrição exterior.
A. R. Luria
Frente a esse “casamento” das ciências surge o termo “psicologia jurídica”, que em suma, se preocupa com a aplicação dos conhecimentos e dos estudos psicológicos aos assuntos pertinentes ao direito, principalmente quanto à saúde mental, quanto aos estudos sócio-jurídicos dos crimes e quanto a personalidade da pessoa natural e seus embates, sempre com o intuito de trazer maior norte as sentenças e as atitudes tomadas nas decisões do estado em pro da defesa da justiça e da tutela dos bens jurídicos. Atualmente a psicologia jurídica se subdivide em vários ramos de atuação; como a psicologia Forense, psicologia Criminal e Psicologia Judiciária.
No inicio do século 19, na França, os médicos foram chamados pelos juízes para ajudarem no processo de desvendar alguns crimes e seus aspectos no mínimo peculiares, pois, tais crimes, não possuíam razão aparente e também não eram cometidos por indivíduos que se encaixavam nos padrões clássicos de “loucura”. Segundo Carrara (1998), estes crimes que clamaram pelas considerações médicas não eram motivados por lucros financeiros ou paixões, pareciam possuir outra estrutura, pois diziam respeito à subversão escandalosa de valores tão básicos que se imagina que estejam enraizados na própria “natureza humana”, como o amor filial, o amor materno, ou a piedade frente a dor e ao sofrimento humano. Conforme Castel (1978), estas foram as primeiras incursões dos alienistas franceses para fora dos asilos de alienados.
A PSICOLOGIA JURIDICA NA HISTORIA
De acordo com Bonger (1943), a Psicologia só viria aparecer no cenário das ciências que auxiliam a justiça em 1868, com a publicação do livro Psychologie Naturelle, do médico francês Prosper Despine, que apresenta estudos de casos dos grandes criminosos (somente delinquentes graves) daquela época. Ele obteve seu material de estudo das detalhadas informações contidas na La Gazette des Tribunal e de outras publicações análogas. Despine dividiu o material em grupos de acordo com os motivos que desencadearam os crimes e, logo em seguida, investigou as particularidades psicológicas de cada um dos membros dos vários grupos. Concluiu ao final que o delinqüente, com exceção de poucos casos, não apresenta enfermidade física e nem mental. Segundo ele, as anomalias apresentadas pelos delinquentes situam-se em suas tendências e seu comportamento moral e não afetam sua capacidade intelectual (que poderá ser inferior em alguns casos e enormemente superior em outros). Conforme suas observações, o delinquente age com frequência motivada por tendências nocivas, como o ódio, a vingança, a avareza, a aversão ao trabalho, entre outras. Na opinião de Despine, o delinquente possui uma deficiência ou carece em absoluto de verdadeiro interesse por si mesmo, de simpatia para com seus semelhantes, de consciência moral e de sentimento de dever. Não é prudente, nem simpático e nem é capaz de arrependimento.
(http://www.ufpi.br/subsiteFiles/parnaiba/arquivos/files/rded2ano1_artigo11_Liene_Leal.PDF)
Uma das grandes pontes para a atuação da psicologia no meio jurídico foi a criação da criminologia, através da atuação de grandes mestres como Cezare Lombroso e Enrico Ferri, a viés colocada sobre os crimes teve seu foco alterado, se focando cada vez mais sobre o criminoso e cada vez menos no delito e em sua referente sanção. Através dessa nova visão foi levados em conta fatores causadores implícitos ao criminoso, como a personalidade e o comportamento do delinqüente; frente a esse novo desafio, ciências como a sociologia, medicina Florence, e a psicologia deram as mãos para a busca da promoção da justiça e a resolução dos litígios, alem de buscar também inserir novamente o transgressor na sociedade.
Em sua tentativa para chegar ao diagnóstico etiológico
do crime, e, assim, compreender e interpretar as
causas da criminalidade, os mecanismos do crime
e os móveis do ato criminal, conclui que tudo se
resumia em um problema especial de conduta, que é a
expressão imediata e direta da personalidade. Assim,
antes do crime, é o criminoso o ponto fundamental da
Criminologia contemporânea (MACEDO, 1977, P. 16).
Nesse momento a atuação da psicologia nos processos jurídicos se consolida, na busca de se entender cada vez mais os motivos, a personalidade e a conduta do criminoso.
Não se concebe, no processo penal, que se omitam os
conhecimentos científicos da Psicologia, no sentido de
se obter maior perfeição no julgamento de cada caso
em particular. (...) Para se compreender o delinquente,
mister se faz que se conheçam as forças psicológicas
que o levaram ao crime. Esta compreensão só se
pode obter examinando-se os aspectos psicológicos psiquiátricos
do criminoso e de seu crime.
Dourado (1965, P. 7),
A ATUAÇÃO DO PSICOLOGO JURÍDICO
Hoje, o trabalho dos psicólogos no campo jurídico compreende a investigação, em diferentes níveis de complexidade, dos fenômenos psicológicos no âmbito da Justiça e dos exercícios do Direito, prestando serviços de assessoramento direto e indireto às organizações de Justiça e as instituições que cuidam dos direitos dos cidadãos. Compõe, ainda, esse campo, as atividades de pesquisa, ensino e de extensão, em crescimento nas universidades brasileiras. (CRUZ, 2005).
Na contemporaneidade a atuação do psicólogo jurídico, diferente dos primórdios da atuação, não mais se restringe a apenas diagnosticar, principalmente bandidos e assassinos a fim de entender os fatos motivadores do crime e o fator de culpabilidade, mais se mostra presente em quase todos os Tribunais de Justiça do paísincluindo organizações que integram os poderes Judiciário, Executivo e o Ministério Público, em várias áreas de atuação: Varas de Família, Infância e Juventude, Práticas de adoção, Conselhos Tutelares, prisões, abrigos, unidades de internação, entre outras.
Com a contribuição de psicólogos, dentre outras atividades, são resolvidos conflitos familiares, realizadas adoções, solucionadas disputas de guarda, regulamentadas visitas de pais e avós, interditadas pessoas que não tem capacidade de gerir seus bens, atendidos adolescentes em conflitos com a Lei, acompanhadas execuções de penas, propostas no regime penal dos sentenciados. (COSTA, 2001).
A ATUAÇÃO CONCRETA DA PSICOLOGIA NO DIREITO
Atualmente o direito clama pela luz da psicologia em inúmeras questões concretas,que em alguns casos, vão além da promoção da justiça e da igualdade na sociedade. Em termos concretos nos dias de hoje vários são os ramos do direito que demandam da atuação de psicólogos em parceria com os operadores do direito;
Varas de Família
A atuação dos psicólogos nas varas de família, no auxilio a resolução dos litígios e das inúmeras demandas por tomar as decisões mais assertivas exige em primeiro lugar o conhecimento básico dos códigos jurídicos que regulam as famílias e da existência de um código compartilhado entre o psicólogo e os demais membros da equipe interprofissional, incluindo os operadores de direito. E de conhecimento de todos que a diversidade e peculiaridade possíveis nos casos de famílias nos dias de hoje levam o direito a dialogar com outros saberes, e sem o respaldo e a ajuda do psicólogo o juiz encontra dificuldade, por exemplo, para regular a relação entre os sexos e de parentescos.
Infância e Juventude
"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)
Estas são as possíveis atribuições a um psicólogo que atua numa Vara da Infância e Juventude como perito:
– Avaliar as condições intelectuais, emocionais, relacionais e psíquicas de partes envolvidas em processos judiciais de habilitação para adoção, adoção, guarda, tutela e medidas de proteção;
– Atuar em diversos tipos de processos judiciais, ligados a proteção da criança e do adolescente, como perito, elaborando laudos e pareceres, quando designado;
– Realizar acompanhamento psicológico aos adotantes e às crianças ou adolescentes que estejam em período de convivência à família substituta até a finalização do processo de adoção;
– Realizar acompanhamento psicológico de crianças, adolescentes e/ou famílias que estejam envolvidos em processos judiciais e situação de risco, quando necessário e solicitado;
– Realizar palestras ou grupos de reflexão para habilitação à adoção, adotantes e/ou famílias;
– Realizar visitas, acompanhamento e avaliação psicológica de crianças e adolescentes abrigadas, quando necessário ou quando designado pelo Juiz.
– Participar, quando determinado, de audiências para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia;
– Realizar acompanhamento psicológico de adolescentes inseridos em programas ligados a Vara da Infância e Juventude, quando solicitado;
– Realizar visitas domiciliares e/ou visitas institucionais, quando necessário ou designado pelo Juiz;
– Assessorar autoridades judiciais no encaminhamento a práticas psicológicas e médicas específicas, quando necessário;
– Participar de reuniões de equipe para discussão de casos e procedimentos técnicos quando necessário;
– Contribuir para criação de mecanismos que venham agilizar e melhorar a prestação do Serviço;
– Participar da elaboração e execução de programas sócio educativos destinado a crianças em situação de risco;
– Atuar em pesquisa e programas de prevenção à violência;
– Oferecer supervisão, treinamento e avaliação aos estagiários de Psicologia que prestam serviço a Vara da Infância e da Juventude;
(Parte integrante do livro “Filhos da esperança” - Cintia Liana)
Prisões
Nas prisões os psicólogos se propõem a acompanhar os presos e familiares com auxilio psicológico, além de desempenhar importante papel no sistema processual, analisando a capacidade dos indivíduos se reintegrarem a vida em sociedade.
"Entendemos que o agravamento da crise vivida no sistema penitenciário e o fato de o Brasil ser país que possui uma das maiores populações carcerárias do mundo exigem mais do que nossa contribuição na construção de atribuições, competências e possibilidades de uma prática profissional voltada para a integração social. Exigem-nos ampliação do diálogo com movimentos sociais e construção de parcerias nessa tarefa de pensar o fim possível das prisões, compreendendo que o modelo de privação de liberdade não faz avançar a cidadania, piora os vínculos sociais e produz exclusão. Nesse sentido, o Conselho Federal e todos os Conselhos Regionais estão comprometidos com a ideia de construção de uma cultura de direitos humanos, com a valorização da cidadania e com a efetivação da democracia no nosso país..."(Humberto Verona, Presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP))
Além da atuação em tribunais de justiça, o psicólogo jurídico desempenha importantes serviços em penitenciárias. Como é a rotina deste trabalho e quais as suas dificuldades?Fátima:O psicólogo no sistema penitenciário trabalha com o preso. Mas não necessariamente como uma forma de terapia. Veja, há situações em que o preso chama para ter uma conversa e tem indicações de depressão. O psicólogo também atua muito próximo do assistente social, para dar suporte aos presos, atendimento, fazer trabalhos em grupo, o que é muito difícil, mas possível. Nosso trabalho busca fazer um resgate da essência de cada indivíduo. Os presos são viciados em drogas, doentes ou analfabetos, e nesses encontros tenta-se orientá-los e informá-los sobre as dificuldades de suas realidades. Historicamente, dentro das prisões, a ação do psicólogo sempre foi vinculada mais com a ação pericial, a atuação mais de avaliação para concessão de benefícios. É um trabalho que avalia a condição de alguma pessoa presa e que pode fazê-la viver em sociedade de novo.
(Trecho de Entrevista ao portal Ciência e vida da psicóloga prisional Fátima França)
Conselhos Tutelares
Os Conselhos Tutelares como órgãos não jurisdicionais, permanentes e autônomos, tentam dentro de suas possibilidades assegurarem o cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes de seus respectivos Municípios. A psicologia tem sido a mediação entre a justiça e o "problema de criança", enquanto instrumento de assistência às crianças e adolescentes que ora são encaminhados, quer sejam pelos órgãos do poder judiciário, quer seja pela escola, que se sente impotente diante da situação, ou mesmo pela família que busca na psicologia explicações para determinados problemas psico sociais.
A Psicologia pode sim caminhar lado a lado com os Conselhos Tutelares, porque talvez seja a forma de propiciar uma melhor clareza das causas, das quais são causadoras de violência contra os pequenos cidadãos de nossa sociedade. Mas, o atendimento psicológico precisa ser mais bem delimitado e direcionado, assim como todas as ações voltadas para o atendimento à criança e ao adolescente. As escolas por sua vez deveriam exigir um atendimento mais eficiente dos órgãos educacionais como as Secretarias Municipais e ou Estaduais, para que estas proporcionem um trabalho mais voltado às instituições educacionais dos seus respectivos municípios, sobretudo relacionado às dificuldades de aprendizagem. (Maria Madalena – Acadêmica de Psicologia | 29 Novembro 2001)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos realizados, é possível perceber que a Psicologia possui papel fundamental dentro do ramo jurídico, pois é possível traduzir para o direito, as características e ações humanas, facilitando o entendimento e humanizando as informações, por parte dos juristas e para a sociedade em âmbito geral.
Percebemos também que a Psicologia caminha lado a lado com o Direito a várias décadas, evoluindo e contribuindo cientificamente para que a aplicação do Direito possa ser cada vez mais justa.
Atua no acompanhamento e recuperação de delinqüentes, desde a infância até a idade adulta, sendo possível a sua reintegração desses infratores, além da análise dos riscos para a permanência dos mesmos diante a sociedade.
Psicologia aplicada ao Direito de Família
            O Direito de Família, com o advento da Constituição Federal de 1988, adquiriu pela sua própria constitucionalização e ante a sua maior abrangência, abrigando novas entidades familiares, maiores atenções e exigências de uma abordagem multidisciplinar.
            Os novos direitos de família estão a exigir, em benefíciode suas próprias noções fundamentais e do efetivo exercício que eles reclamam, a atuação interprofissional daqueles que direta ou indiretamente participam das questões familiares, de forma preponderante no âmbito judicial.
            Posta assim a imperatividade de uma abordagem multidisciplinar no moderno Direito de Família, reconhecida a sua complexidade no trato de temas conflituosos e a interdisciplinariedade dos ramos de ciência para o estudo e solução dos casos, postos ao julgamento judicial, emerge em primeiro lugar, por convocação urgente e pioneira, a figura do psicólogo clínico-jurídico ou psicólogo jurídico.
            Não há negar a extrema importância do auxílio e da intervenção desse profissional, a consolidar mais das vezes, o caráter de obrigatoridade, no Juízo de Família, a tanto que essa atuação tem sido institucionalizada na estrutura judiciária mediante a instalação de serviços psicossociais forenses, como serventias de quadros próprios, aparelhadas para as suas atribuições específicas.
            Fundamenta-se essa intervenção na realidade psicossocial dos processos judiciais de família.
            A prática tem revelado o quanto significativo se apresenta o desfecho judicial sob a moldura da intervenção do psicólogo jurídico, que enriquece o processo com a avaliação técnica do caso.
            Esse contributo está a merecer, inclusive, a consolidação de uma base de dados, banco de estudos de casos, onde depositados fiquem os laudos periciais e as avaliações clínicas dos personagens em conflito ou das crianças, terceiros diretamente interessados.
            O âmbito de intervenção da psicologia jurídica em face do direito de família, tem sido reconhecido, proclamado e expandido, eis que predominante o caráter multidisciplinar das demandas perante o juízo de família, não mais restringida a atuação do psicólogo apenas às situações de disputa de posse, guarda e visitação de filhos.
            O entrelace de questões jurídicas e psicológicas, solicita a intervenção especializada, a fornecer instrumentos de avaliação de pesquisa do caso, para a melhor solução do litígio, em todos os processos judiciais atinentes às relações de família.
            A importância de uma equipe técnica profissional e interprofissional nas Varas de Família, diante da sua revelada magnitude, reclama, destarte, tratamento próprio e adequado em termos da estrutura de serviços judiciários, não devendo, ademais, descuidar a lei a respeito, que deve cogitar da necessária intervenção dos profissionais da área psicossocial em tais processos.
            É certo, como antes afirmado, que a intervenção do psicológo jurídico não mais se limita ao subsídio de informações que timbram aparelhar as definições finais de guarda de filhos. Amplo espaço de atuação apresenta-se, a demonstrar as intervenções imperativas, em todos as demandas relacionadas ao Direito de Família.
            É significativo, apontar, portanto, no propósito desse trabalho, dentre muitas questões, as seguintes :
            01. A busca e apreensão de filhos tem a sua aplicação como procedimento inerente aos incidentes dos institutos da guarda judicial ou da visitação, e resulta como medida de tutela de urgência diante das circunstâncias do caso concreto., sem que necessariamente diga respeito às hipóteses em que a criança buscada esteja em situação de risco ( físico ou psicológico ).
            O cumprimento da medida tem se verificado, comumente, quando o filho menor se acha em disputa de posse ou de guarda pelos pais em conflito conjugal ou convivencial, não se levando em conta, todavia, as repercussões negativas que o procedimento venha a produzir, originado que se apresente por razões ditadas e unicamente vinculadas aos interesses mútuos de retaliação entre os pais em desavença.
            Empregada "sem maiores considerações pelas conseqüências de sua aplicação sobre o psiquismo infantil", lembra, a propósito, Maria Antonieta Pisano Motta, que a busca e apreensão do filho, sem justificativa razoável, submete a criança a um risco psicológico sério por se constituir, muitas vezes, em medida violenta, sempre agressiva em sua execução, porquanto gerada em situação de violência e desentendimentos dos pais.
            Adverte a psicóloga e psicanalista, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Interdisciplinares de Direito de Família, "dependendo do que a motiva e da maneira como é conduzida a medida", poder constituir-se a busca num abuso contra a criança, "quer seja com o significado de mau uso, utilização excessiva ou transgressão que violenta e traumatiza". Acolhe Maria Antonieta, nessa linha, o exemplo da medida de busca e apreensão, fundada na finalidade de obtenção da guarda, "estratégia destinada a atender às necessidades de genitor que não tem segurança quanto aos resultados de uma ação ordinária de modificação de guarda e que se utiliza desse meio para forçar o resultado desejado".
            Evidencia-se nesse tipo de disputa de posse e guarda o manifesto risco de dano psicológico à criança, a demonstrar uma severa necessidade, em casos judiciais que tais, da intervenção do psicólogo jurídico, tudo a confirmar a conveniência da medida, diante da própria natureza instrumental ou provisória de que pode se revestir, impedindo, com efeito, a abusividade ou a agressividade de sua aplicação.
            02. Novas concepções para a abrangência das indenizações por dano moral, causado por uma conduta lesiva de um cônjuge ( ou convivente ) ao outro, levantadas pela doutrina e pela jurisprudência, reclamam a intervenção do psicólogo, na compreensão e detecção do problema.
            A abrangência e extensão do dano moral puro, consagrado em pergaminho constitucional ( art. 5º, incisos V e X ), embora ainda limitadas em sede do direito de família, podem ser alcançadas na consideração do ato lesivo diretamente associado às conseqüências do sofrimento psicológico dele resultante, instigando o psicólogo jurídico a definir, pelas particularidades da causa, o elmo protetor do instituto.
            "O dano moral pressupõe dor física ou moral, e se configura sempre que alguém aflige outrem injustamente, sem com isso causar prejuízo patrimonial..." ( RT 683/79)
            Exemplos fundamentais dizem respeito ao dano moral provocado por injúrias, sevícias e agressões físicas praticadas pelo cônjuge ou convivente contra o outro, caracterizadoras da insuportabilidade da vida em comum, ou ainda pela infidelidade, quando a quebra desse dever pode gerar o dever de indenizar, observadas as circunstâncias do caso. Nessa última hipótese, tenha-se presente, o entendimento de o dever de "fidelidade recíproca" para os cônjuges guardar similitude ao dever "respeito e consideração mútuos" exigido aos conviventes.
            A possibilidade de indenização entre os cônjuges por dano moral, em face de ofensas capazes de afetação aos direitos de personalidade do outro, ou mais precisamente por dano à honra, decorre da teoria da responsabilidade civil em direito de família defendida em nosso país, com maestria, pela jurista Regina Beatriz Tavares da Silva. Sua inovadora obra "Reparação Civil na Separação e no Divórcio" ( Editora Saraiva, 1999 ) demonstra a aplicabilidade dos preceitos da responsabilidade civil no casamento ( ou na própria união estável ) e em sua dissolução, "diante do princípio de que, havendo ação lesiva, praticada por um dos cônjuges (ou conviventes) contra o outro, com a ocorrência de danos morais ou materiais, surge o direito do ofendido à reparação, tal como ocorre nas demais relações familiares.
            No mesmo sentir, admitindo a idéia da responsabilidade conjugal ( ou convivencial ), comunguei pela desenvoltura de tal doutrina, acentuando, aliás, em divergência dos que tratam a responsabilidade civil como um dano meramente privado enquanto a responsabilidade penal como um dano social, a repercussão social provocada pelos danos cometidos no âmbito das entidades familiares, pois, na verdade, os entrechoquesde paixões, as vicissitudes dos casais que chegam ao extremo da violência, representam um incentivo à idéia de impunidade às transgressões conjugais, mormente quando diante da hiposuficiência da mulher frente ao marido ou companheiro não são respondidas, seja pela reparação civi, seja pela penal e, nessa conseqüência, configurados resultam os danos sociais a saber rompida a pacificação social a partir da família ("Responsabilidade Civil no Direito de Família", in "Responsabilidade Civil – Temas Atuais", - Anais do I Encontro Nacional de Responsabilidade Civil ( Recife, PE ) - Escola de Advocacia do Recife, Ed. Bagaço, 2000, pg. 23/38).
            Assim, quando o casal tem o tecido afetivo rompido por razões inúmeras, subjetivas, a verdade do litígio judicial não tem, a rigor, uma precisão absoluta. Existem versões que se tornam aversões, porque o fato determinante dessa ruptura está em função das versões que se apresentam, e muitas vezes não se poderá saber se aquela causa que é apresentada como a que provocou a separação será, a rigor, a sua própria conseqüência. E nessa sensação de perda, os próprios cônjuges (ou conviventes ) não sabem responder as causas que os levaram a esse rompimento da sociedade conjugal (ou da união estável). Talvez os filhos saibam responder melhor, mas não o farão, porque as grandes dores são mudas, e o juiz se coloca numa situação difícil de saber superar essa perplexidade, para definir se aquela ruptura do casamento (ou da união estável) decorreu de situações pelas quais os próprios cônjuges (ou conviventes) não contribuíram de forma deliberada.
            É esse cenário de perdas e culpas, de danos e responsabilidades indigitadas, o território de investigação do psicólogo jurídico, quando se busca restabelecer o reequilíbrio moral e emocional dos contendores, ou mais objetivamente precisar o direito do ofendido para uma restituição integral do dano perpetrado, segundo o princípio da reparação plena ("restitutio in integrum"), com o estabelecimento dos reflexos danos cometidos pelo ato ilícito na relação conjugal ou de união estável.
            Diversas questões podem ser tratadas na avaliação do conflito, defrontada a realidade da ruptura da união com as suas conseqüências, vingando o exemplo das perdas, como a de frustração de êxito profissional, quando a mulher abandona o trabalho e a carreira em favor da sociedade conjugal ou da convivência duradoura, no pressuposto dessa durabilidade marcada por garantias determinantes de definitividade da afeição marital, gerando, inclusive, danos psicológicos.
            De outra banda, tem-se a figura do cônjuge manipulador, sempre expedito a promover assédio moral, ao extremo de provocar completa submissão do outro cônjuge, anulando ou bloqueando reações afirmativas de individualidade, e comprometendo, destarte, a própria qualidade de sobrevivência do outro, no "período pós-separação". As seqüelas dessa dependência, a influência negativa de tal comportamento na realidade vivencial do outro, são passíveis de configuração de ato ilícito, exortando o necessário emprego da psicologia jurídica em abordagem do problema para o desate da lide indenizatória em casos da espécie.
            Também é certo, ainda em direito de família, a responsabilização civil entre pais e filhos, quando aspectos singulares norteiam a relevância do tema nas relações familiares. O abandono material dos pais em face dos filhos, a partir da clássica falta de provimento alimentar, ausente justo impedimento, ou a atitude do pai que se recusa ao reconhecimento voluntário do filho, quer por deliberada omissão, quer por resistência ao processo investigatório da paternidade, constituem, induvidosamente, situações que desafiam uma aferição de dano moral, provocando o contributo do psicólogo jurídico.
            Rolf Madaleno, abordando o tema, bem situa a questão :
            "A indenização civil admitida como passível de reparação pelo gravame moral impingido ao investigante haverá de decorrer daquela atitude claramente postergatória do reconhecimento parental, onde o investigado se vale de todos os subterfúgios processuais para dissimular a verdade biológica, fugando-se com esparramadas desculpas ao exame pericial genético, ou mesmo, esquivando-se da perícia, com notórios sintomas de indisfarçável rejeição ao vínculo de parentesco com o filho, do qual tem sobradas razões para haver como seu descendente’( "Direito de Família – Aspectos Polêmicos", Livraria do Advogado Editora, 1998, pg. 145 ).
            E, acrescenta, percuciente :
            "Como ascendente sujeito ao reparo moral, situa-se também aquele que, mesmo depois de apresentado laudo judicial e científico, de incontestável paternidade, ainda assim, prossegue negando guarida ao espírito humano de seu filho investigante, que busca, agudamente, o direito da declaração de sua paternidade, mas que segue seu genitor a priva-lo da identidade familiar, tão essencial e, condição de seu crescimento e desenvolvimento psíquico, estes, isentos de sobressaltos e fissuras na hígida personalidade psicológica."
            É justamente o comprometimento da personalidade do ofendido incapaz, visualizado pelo ato ilícito da falta de reconhecimento da paternidade, quando afastada qualquer dúvida, ou quando do próprio desinteresse manifesto de afasta-la, que gera o dano moral, ao ter negado o filho o direito à sua verdade biológica, que serve de interesse maior à formação da personalidade. Haverá de ser visto pelo psicológico jurídico "o ânimo e a potencialidade de agressão do ofensor", e a extensão do dano sofrido, inclusive para efeito de sua quantificação econômica, independentemente dos níveis de percepção da ofensa pelo incapaz, certo que o interesse dominante é o do resguardo da integridade moral da criança, tutelado por lei e pela dignidade humana.
            Desse modo, as indicadas situações danosas para a incidência indenizatória em direito de família, estão a exigir, cada vez mais, o trabalho da psicologia jurídica, principalmente para estabelecer a identificação da causa determinante ensejadora da reparação civil, definindo a etiologia do evento, com a fixação da relação de causalidade.
            03. Outra prática de intervenção tem, por certo, reconhecer um novo modelo de responsabilidade parental que se apresenta no instituto da guarda compartilhada.
            Ele é defendido por atualizados estudiosos do Direito de Família, atentos à valorização do efetivo convívio da criança com ambos os pais, assim verificado pelo exercício comum da autoridade do poder familiar, praticada esta de forma costumeira e não apenas episódica.
            O precursor do instituto, Sérgio Gischkow Pereira ( hoje Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ), ao defender a guarda compartilhada em estudo publicado em 1986( "Revista Ajuris nº 36" ), não deixou de enfatizar o novo modelo sob o enfoque psicológico e nesse passo tem sido entendido que a mera regulamentação de visita obsta o fortalecimento das relações afetivas que devem existir entre pais e filhos ( Revista Forense 228/95), uma vez que a sua restringência, em verdade, contribui para o desfazimento gradual das referidas relações, preponderando daí a conveniência do compartilhamento da guarda.
            Nessa perspectiva, é fácil constatar a importância do psicólogo jurídico, com intervenção capaz de realçar e privilegiar a oportunidade do instituto, pontificando que a convivência conjunta ( e não alternada ) com os pais faz-se oportuna sobre o integral desenvolvimento da criança.
            Estou certo que o alinhamento desse instituto no moderno Direito de família, sob a primazia do interesse do filho, dependerá, em muito, da contribuição a ser fornecida pela Psicologia Jurídica em observação das deficiências ou limitações que a guarda uniparental apresenta ao proveito de melhor formação de vida da criança.
            04. De igual importância tem lugar a intervenção profissional em apoio psicológico aos filhos de casaisem processo de separação da sociedade conjugal ou da união estável.
            No desenrolar dessas demandas, os filhos são, induvidosamente, os mais vulneráveis e os que melhor precisam ser amparados, durante a litigiosidade judicial dos pais.
            Certo que são, em verdade, paradigmas essenciais das decisões judiciárias em matéria familiar, os seus interesses devem ser protegidos dentro do processo e fora dele.
            Segue-se, daí, a relevância do atendimento psicológico, como medida metajurídica do processo, na medida em que o litígio pendente produz, por certo, sérias lesões aos interesses dos filhos, espectadores desprotegidos das quizilas maternais/paternais.
            É ponderável registrar que a noção fundamental de "interesse da criança", constante do art. 3º da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (26.01.1990), é havida como consideração primordial em todas as decisões que lhe concerne, inclusive pelos tribunais, o que leva à inarredável conclusão da imperativa avaliação psicológica dos impactos que o processo litigioso de separação dos pais tem em face dos filhos, a tanto que defende-se, ademais, a necessária ouvida destes últimos em tais processos que, reconhecidamente, lhe interessam.
            05. A averiguação oficiosa de paternidade prevista na Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, sob procedimento plenamente cabível e oportuno nos Juizados Informais de Família, cujo modelo pioneiro teve criação e funcionamento no Poder Judiciário do Estado de Pernambuco ( Resolução nº 150/2001, do TJPE, de nossa iniciativa ), deve contar, para o êxito do reconhecimento espontâneo de filho, com a intervenção do psicólogo jurídico.
            Não é demais admitir que a atuação do psicólogo servirá para enaltecer a importância da manifestação espontânea do suposto pai, quando este, sem qualquer dúvida, vem a colocar-se consciente do papel afetivo que lhe cabe, e da significação de sua qualidade de pai, para efeito do relacionamento com o filho reconhecido.
            Não é, em casos que tais, como sucede, igualmente, nos processos de investigação judicial da paternidade, suficiente o reconhecimento espontâneo com a somente conseqüência dos efeitos da admissão da paternidade, qual seja a do lançamento do nome do genitor em registro de nascimento, assegurada a paternidade em indicação, averiguada ou investigada. É ditame lógico, próprio à dignidade da hipótese, que o reconhecimento do filho envolva o compromisso de assunção plena da paternidade, com a prática dos deveres materiais e afetivos inerentes à própria relação parental existente e admitida como tal.
            Nesse desiderato, a intervenção do psicólogo tem sua oportunidade marcante, no efeito de não apenas viabilizar, com maior facilitação, o reconhecimento espontâneo do filho, no procedimento da averiguação oficiosa da paternidade, ou mesmo em sede de ação judicial investigatória, mas de assegurar todas as condições do exercício de uma paternidade responsável, após o ato de reconhecimento, voluntário ou declarado judicialmente.
            Alinhadas essas intervenções, forçoso é reconhecer que uma moderna visão jurídico-social do Direito de Família, ante as suas multifaçetadas questões, exige o prestigiamento do setor técnico, através de uma necessária atuação multidisciplinar, onde pontifica o psicólogo jurídico com a elaboração de perícias psicológicas.
            E mais do que isso, aponta-se para uma desenvoltura profissional transcendente ao próprio momento do litígio, certo que o concurso do psicólogo jurídico em área de mediação e de prevenção litigiosa revela-se, por identidade de razões, mais urgente e oportuno.
            Os profissionais da área psicossocial em Direito de Família estão oportunizando uma visão jurídica mais avançada e reconstrutiva do próprio Direito familiar, na medida em que desvendam a alma humana, objeto maior do desate jurisdicional.
            Em juízo de família, não resolvem-se apenas os litígios; resolvem-se pessoas.

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