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Síntese sobre ‘A civilização do espetáculo’

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SÍNTESE SOBRE “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”
Na introdução de “A civilização do espetáculo”, Mario Vargas Llosa elenca 
algumas definições de cultura por autores no decorrer do século XX. Todas elas 
possuem um ponto em comum: o consenso de que o conceito de cultura se 
transformou no decorrer do século. Os autores abordados são: T.S. Elliot, George 
Steiner, Guy Debord, Gilles Lepovestky, Jean Serroy e Frédéric Martel. 
Elliot estruturava a cultura sobre três bases: indivíduo, grupos e conjunto da 
sociedade. A alta cultura pertencia, portanto, à elite para impedir seu 
“empobrecimento”. Steiner correlacionava o conceito de cultura com a violência 
político-social. Cultura estava relacionada com a religião que, desvinculadas, foi 
substituída pela violência. Debord criticava a alienação cultural pelo consumo de 
mercadorias, que destruía a consciência do sujeito. Lepovestky e Sarroy afirmavam 
a existência de uma cultura global e deselitizada, em que imagens e sons 
predominassem sobre as palavras. Martel, por fim, teorizava sobre novas formas 
culturais, como cinema e quadrinhos, e seu consumo imediatista. 
No primeiro capítulo, Llosa define o principal valor da civilização do 
espetáculo: o entretenimento, que leva à banalização da cultura. Dois fatores para 
essa mudança de valor são: o bem-estar (e o ócio) proporcionado pelo avanço da 
qualidade de vida; e a democratização da cultura, através da disseminação de um 
denominador comum. Algumas das consequências da civilização do espetáculo são: 
substituição da crítica especializada pela publicidade; e a massificação dos 
indivíduos, entendidos agora a partir do todo. 
Houve um desaparecimento do intelectual, que antes possuía grande 
influência. Em seu lugar, artistas famosos das mais diversas áreas se tornaram 
mentores políticos. Essa inversão é resultado de uma sociedade que em as ideias 
perdem espaço para imagens, que requerem menor esforço mental. No campo das 
artes, o desaparecimento de consensos mínimos sobre valores estéticos criou 
problemas em definir ou que é belo, talentoso e artístico ou não. 
A política passou por transformações e se tornou regida pela publicidade, e 
não mais por ideologias e doutrinas. Sua transformação está ligada à frivolidade, 
característica de um conteúdo determinado por sua forma. Na sexualidade, houve 
emancipação de preconceitos e tabus, além de liberdade sexual. Por outro lado, o 
sexo foi banalizado e o erotismo (sexo como obra de arte) perdeu espaço. 
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SÍNTESE SOBRE “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”
O jornalismo passou a ter como valor supremo o entretenimento, que alterou 
a noticiabilidade dos fatos: economia, política e cultura perderam espaço; 
escândalos e espetáculos ganharam. Veículos de comunicação sobre pessoas 
públicas e sobre a vida alheia são consequências da civilização do espetáculo. 
No segundo capítulo, o autor afirma que a cultura era inseparável da religião 
e sofreu influências da filosofia, do direito, da literatura e das artes; era uma soma de 
fatores e disciplinas. Atualmente, a noção de cultura se ampliou e perdeu forma, pois 
a Antropologia considerou cultura tudo o que um povo diz, faz, teme ou adora e 
eliminou as diferenças de importância entre elas; a Sociologia incorporou a cultura 
popular (incultura) ao conceito de cultura clássico. 
As fronteiras entre cultura e incultura foram abolidas e todos se “tornaram 
cultos”. Sem parâmetros para defini-la, porém, tudo passa a ser cultura e nada é 
cultura. A cultura interligava sociedades que se afastavam pelo processo da 
especialização, estabelecia hierarquias e preferências no campo do saber, e permitia 
a influência moral para que o progresso se mantivesse numa dada finalidade. É 
necessário diferenciá-la da ciência, pois essa transforma em obsoleto tudo que é 
antigo, enquanto a cultura se inspira em seu passado para renová-lo. 
No terceiro capítulo, Llosa abordará a educação. Para ele, esse é o maior 
problema cultural da atualidade. Maior problema, pois dois acontecimentos, maio de 
68 e os desconstrucionistas, levaram a uma crise da autoridade. A revolução de 
maio de 68 transformou a figura da autoridade em alguém suspeito, não confiável, e 
os desconstrucionistas, como Foucault, acreditavam que o ensino era uma das 
formas de repressão da sociedade. 
A consequência da perda de autoridade de mestres foi o desarmamento 
moral e político de uma geração. Apesar de suas boas intenções libertárias, 
acabaram contribuindo para piorar situações sociais como divisões de classes. Um 
segundo resultado do desconstrucionismo é não crer que a linguagem expressa a 
realidade. Não há nada fora da linguagem, e o mundo que conhecemos é construído 
nela. Os discursos são a única realidade apreensível e sempre se referem uns aos 
outros, sem qualquer “influência da realidade”. Nesse cenário, o desconstrucionismo 
causou danos às humanidades, sobretudo a literatura; e a literatura crítica, por 
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SÍNTESE SOBRE “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”
acreditar que a linguagem é expressão da realidade, acabou por diminuir e quase 
sumir. 
No quarto capítulo, é abordado o desaparecimento do erotismo. Na 
sociedade contemporânea, a liberdade sexual é reforçada através de variadas 
práticas. O efeito colateral, contudo, que podem surgir de algumas delas é a 
banalização do sexo como um ato instintivo. A destruição de determinados 
formalismos do ato sexual não acaba com os preconceitos, mas faz o ato sexual 
retornar a ser o que era antes de sua humanização. 
O autor reconhece os avanços dos movimentos sociais que buscaram a 
liberdade sexual de minorias, a queda de tabus religiosos e preconceitos como suas 
saudáveis consequências, mas afirma ser um regresso o ato sexual se banalizar 
através dessa liberdade conquistada pelas novas gerações, pois ele teve um 
importante papel na civilização do indivíduo e na criação de sua personalidade. 
No quinto capítulo, o autor afirma que a cultura não depende da política, 
mas é natural que se relacione com ela, para exercer sua influência. A cultura do 
espetáculo, contudo, contribui para desmoralizar a política, que deixa de ser 
realizada a partir de ideias para se tornar mera publicidade. A política é 
caracterizada como uma busca pela superação dos males da sociedade e sofre 
influência das pessoas que a realizam: pessoas decentes contribuem para a 
moralização da política, enquanto as indecentes, o contrário. 
A desmoralização promovida pela cultura do espetáculo e pelas pessoas 
que fazem mal uso do poder gerou um desinteresse pelo fazer político. O jornalismo 
irresponsável e sensacionalista, que amplifica e exagera os aspectos negativos da 
política, contribuiu para a apatia e o apolitismo. A raiz do problema, diz Llosa, está 
na cultura. Os agentes corruptos não corrompem; são, na verdade, corrompidos pelo 
próprio contexto sócio-cultural que adormece os sujeitos cívica e moralmente: os 
casos de corrupção e abuso de poder passam a ser aceitos como meros fatalismos 
do fazer político. Uma segunda razão para o problema está nos baixos salários de 
funcionários públicos, que são evitados pelas pessoas de talento e competência, 
permitindo que sujeitos menos qualificados realizem o serviço público. 
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SÍNTESE SOBRE “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”
Por fim, uma característica evidente da civilização do espetáculo é o 
desapego à lei, que se manifesta em forma de desprezo pelo sistema político. Esse 
desprezo culpa o sistema, e não seus agentes internos e externos, pelo problemas 
existentes. O desapego à lei, também, se mostra na forma da pirataria de conteúdos 
de quaisquer naturezas, que se propagou com súbita velocidade e se tornou 
corriqueira no dia-a-dia das pessoas. 
No capítulosexto, Llosa traçará a influência da religião na cultura. A religião 
não desapareceu da vida pública, mas continuou tendo grande influência sobre ela. 
Mesmo os conflitos existentes nas grandes religiões não foram o suficiente para 
diminui-las. A influência das instituições religiosas continua em alta, como atestam a 
maioria dos conflitos da atualidade, que possuem a religião em seu cerne. 
A religião está enraizada em todas as sociedades existentes e nem os 
progressos científico e tecnológico aplacaram sua influência. Muitos indivíduos se 
negam a renunciar uma divindade religiosa que ordene suas vidas. Isso, pois a partir 
desta divindade é que se estabelecem critérios morais de bem e mal. Para muitos, 
não existindo uma moral superior, a vida social se barbarizaria apesar das 
instituições terrenas. Outra razão para se negarem à renúncia é que a ciência não 
foi capaz de dar sentido ou explicação à vida. Sendo assim, poucos são os que 
dispensam totalmente da espiritualidade (uma parcela mínima). 
É necessário reconhecer os avanços nos âmbitos privados e públicos da 
sociedade pela religião, assim como suas contrapartidas. O cristianismo foi 
responsável por assentar as bases da cultura democrática e dos direitos humanos, 
em contraponto ao paganismo antecedente. Entretanto, a mistura de política com 
religião é contrária aos preceitos democráticos e estes só ganharam força com a 
cisão dos poderes temporal (mundano) e espiritual: a secularização. A secularização 
é fundamento principal de uma democracia, pois permite uma cultura de liberdade. 
Para o autor, não somente a democracia provém liberdade, mas para ser 
livre é necessário a existência de uma prática espiritual, pois a imensa maioria dos 
indivíduos a utilizam como base para valores morais e éticos. Se a religião começa a 
esmorecer (e a cultura do espetáculo fez ressurgir uma espiritualidade superficial e 
pitoresca, que ajuda a transformar religiões e cultos em circos e farsas), seus 
reflexos são negativos nas instituições, inclusive as econômicas. Uma consequência 
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SÍNTESE SOBRE “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”
é a ruptura entre os significados de preço e valor, e sua respectiva mescla, em que o 
primeiro se transmuta no segundo, e este se degenera. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
VARGAS LLOSA, Mario. Tradução de Ivone Benedetti. A civilização do 
espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2013. 
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