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Online 3 O POPULISMO NA AMÉRICA LATINA

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Online 3 O POPULISMO NA AMÉRICA LATINA
Introdução
Nesta aula, estabeleceremos o conceito de populismo com base em diferentes olhares e perspectivas, considerando sua aplicação na história da América Latina. É importante destacarmos que o populismo ganha espaço considerável no século XX e, para muitos analistas, tem ressurgido a partir da construção de políticas de massa. Vale ressaltar que o conceito ora é defendido, ora é criticado na academia e fomenta um debate que há décadas vem mesclando posições e opiniões. Analisaremos aqui algumas das principais características do populismo considerando o recorte dos anos 1930 e 1940 e três casos específicos na América Latina: Brasil, Argentina e México.
Você sabe o que significa Populismo?
Quando pensamos no termo populismo, imediatamente nos vem à mente a existência de governos de cunho popular e que buscam suas bases de assentamento nas massas, sobretudo nos trabalhadores.  
Esse é um tema muito interessante e rico, pois, apesar de o situarmos no recorte das décadas de 1930 e 1940, permanece como uma característica de alguns governos contemporâneos que, cientes do papel de mobilização das massas, buscam nelas suas bases de apoio.
Esse é um tema muito interessante e rico, pois, apesar de o situarmos no recorte das décadas de 1930 e 1940, permanece como uma característica de alguns governos contemporâneos que, cientes do papel de mobilização das massas, buscam nelas suas bases de apoio.
Segundo Angela de Castro Gomes (2001), para um grupo de intelectuais conhecido como “Grupo de Itatiaia”, o populismo se define da seguinte forma:
Em primeiro lugar, o populismo é uma política de massas, vale dizer, é um fenômeno vinculado à proletarização dos trabalhadores na sociedade complexa moderna, sendo indicativo de que tais trabalhadores não adquiriram consciência e sentimento de classe: 
não estão organizados e participando da política como classe.
As massas, interpeladas( questionadas) pelo populismo, são originárias do proletariado, mas dele se distinguem por sua inconsciência das relações de espoliação sob as quais vivem. 
Só a superação dessa condição de massificação permitiria a libertação do populismo ou, o que seria quase o mesmo, a aquisição da verdadeira consciência de classe (...).
Em segundo lugar, o populismo está igualmente associado a uma certa conformação da classe dirigente, que perdeu sua representatividade e poder de exemplaridade, deixando de criar os valores e os estilos de vida orientadores de toda a sociedade.
Em crise e sem condições de dirigir com segurança o Estado, a classe dominante precisa conquistar o apoio político das massas emergentes. 
Finalmente satisfeitas estas duas condições mais amplas, é preciso um terceiro elemento para completar o ciclo: 
o surgimento do líder populista, do homem carregado de carisma, capaz de mobilizar as massas e empolgar o poder (Gomes, 2001, p. 24-25).
Construção do modelo populista
Para a construção do modelo populista, alguns elementos se fazem necessários, como um proletariado sem consciência de classe, uma classe dirigente em crise e um líder que possa arregimentar essas massas, transcendendo todas as fronteiras possíveis.
No caso da América Latina, tudo isso pode ser pensado como uma fase de transição de uma economia baseada em modelo agrário-exportador para uma fase mais moderna, de expansão urbana e industrial, em que a existência de massas se torna uma característica importante.
Quando pensamos a relação do populismo como política de manipulação de massas, temos a interação entre Estado e classes populares no centro das discussões. 
As massas são o objeto das políticas populistas, que visam manter aquelas sob controle e utilizá-las dentro do jogo político da contemporaneidade.
Movimentos populares
Temos de refletir acerca do contexto do século XX e a ascensão de movimentos populares.
A Revolução Russa produziu o fantasma do comunismo, e a crise do liberalismo e da democracia após a Primeira Guerra Mundial abriu caminho para correntes de pensamento de cunho antiliberal e antidemocrático, pregando a necessidade de um Estado forte, intervencionista e capaz de promover a ordem.
O fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha foram exemplos claros desse tipo de pensamento.
O líder carismático
Cabe ressaltar que, na América Latina, sempre houve uma preocupação com possíveis sublevações das classes populares, o que acabou por fortalecer a ideia de construção de um Estado autoritário e centrado na figura de um líder carismático, capaz de influir nos conflitos sociais e políticos, estabelecendo um contato direto com as massas, aprofundando uma política de controle das classes trabalhadoras.
A figura do líder carismático em defesa do povo: uma das mais claras manifestações do populismo latino-americano.
O movimento populista também é tido como de manipulação de massas, com políticos estigmatizados como enganadores e manipuladores por promessas não cumpridas. 
Surge no contexto de crise das classes dominantes comprometidas com o capital estrangeiro e, em um momento de transição da própria estrutura econômica da região, uma mudança de política agrária para relações modernas de produção, amparadas em um processo de industrialização em desenvolvimento.
Populismo latino-americano
Sobre o assunto, Octavio Ianni (1989) destaca:
Sob vários aspectos, o populismo latino-americano parece corresponder a uma etapa específica na evolução das contradições entre a sociedade nacional e a economia dependente.  
A natureza do governo populista está na busca de uma nova combinação entre as tendências do sistema social e as determinações da dependência econômica.
Nesse contexto, as massas assalariadas aparecem como um elemento político dinâmico e criador.
As massas populistas possibilitam a reelaboração da estrutura e atribuições do Estado.
Segundo as determinações das próprias relações sociais e econômicas, na época do populismo, o Estado revela uma nova combinação dos grupos e classes sociais, em âmbito nacional e nas relações externas.
O colapso das oligarquias liberais ou autoritárias constituídas no século XIX, juntamente com as crises do imperialismo europeu e norte-americano, abre novas possibilidades à reorganização do aparelho estatal.
Aí as massas aparecem como um elemento político importante e às vezes decisivo (Ianni, 1989, p. 9).
No Dicionário de política, o populismo é visto como fator que: 
(...) tende a permear ideologicamente os períodos de transição, particularmente na fase aguda dos processos de industrialização. É ponto de coesão e de sutura e, ao mesmo tempo, de referência e solidificação, apresentando grande capacidade de mobilização e oferecendo-se como fórmula homogênea a cada uma das realidades nacionais em face das ideologias “importadas”, como uma fórmula autárquica (Bobbio, Mateucci e Pasquino, p. 985).
Líderes populistas
A ideia de demagogia, as promessas e o personalismo fazem parte dos líderes populistas. Tanto na América Latina quanto no mundo contemporâneo, esses elementos continuam presentes. Em alguns casos, muda-se o nome, mas as características permanecem, em um processo que alguns denominam neopopulismo, uma versão atualizada do populismo praticado entre as décadas de 1930 e 1960.
Vamos analisar três casos específicos acerca do populismo na América Latina:
Brasil, com Getúlio Vargas
Argentina, com Juan Domingo Perón
México, com Lázaro Cárdenas
Vale ressaltar que esses não foram os únicos; houve outros e com características idênticas.
O populismo no México, na Argentina e no Brasil
Não há como agrupar e definir o populismo nos três países de forma idêntica, pois cada um tem suas especificidades.
Cárdenas e Perón foram eleitos democraticamente para a presidência de seus respectivos países, enquanto Vargas assumiu o poder por meio do que denominou revolução. 
Todos se ampararam nas classes trabalhadoras e buscaram nelas seus elementos de fortalecimento.
O principal objetivo desses líderes era fazer frenteao domínio oligárquico que havia se estabelecido em seus países. Contavam fortemente com o apoio das massas, e seus discursos eram sempre direcionados a essa classe.
Cabe destacar ainda que a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial aumentaram as tensões na região e a necessidade de manter o controle sobre o meio operário. Assim, para consolidarem seu poder, os políticos denominados populistas concederam alguns direitos que fortaleceriam sua imagem perante as massas, sobretudo no campo trabalhista.
Lázaro Cárden
Lázaro Cárdenas foi presidente do México entre 1934 e 1940.
Algumas de suas ações o caracterizam como populista.
Seu principal objetivo era modernizar a economia e a sociedade mexicana. 
Foi um forte conciliador e, durante seu governo, realizou a reforma agrária, uma demanda do México que vinha desde a época da Revolução Mexicana. 
Apesar de a divisão de terras no México já estar em andamento antes do governo de Cárdenas, a atuação dele não tinha precedentes na história do México até então. 
Cárdenas também nacionalizou a exploração do petróleo mexicano, acabando com o privilégio das companhias petrolíferas estrangeiras que dominavam esse comércio no país, em sua maioria inglesas e estadunidenses.
Incentivou ainda a criação de sindicatos e, em seu mandato, formou-se a Confederação dos Trabalhadores Mexicanos, que incorporou outras centrais sindicais. 
Também incentivou a educação dos trabalhadores mexicanos e dos camponeses, dando-lhe um caráter mais laico.
Alguns historiadores não classificam o governo de Cárdenas como populista, mas sim como um governo nacionalista e corporativista.
Em seus discursos, Cárdenas buscava mostrar as massas como portadoras de direitos e as convidava a legitimar sua gestão e sua plataforma de governo. 
Para obter apoio popular, ele se remetia aos signos da Revolução Mexicana, que tinham um forte apelo no imaginário social das massas, uma vez que canalizavam as expectativas de diferentes grupos.
Juan Domingo Perón
Juan Domingo Perón governou a Argentina entre 1946 e 1955, e depois foi eleito para um novo mandato em 1973, falecendo um ano depois.
Assumiu a Secretaria de Trabalho e ali iniciou sua consolidação na política argentina, baseando-se na inserção popular, um modo inovador de fazer política, com a participação de trabalhadores e dos sindicatos. 
As massas passaram a ter um espaço mais consolidado na vida política argentina.
Getúlio Vargas
Com Getúlio Vargas não foi diferente. Assumiu o poder por meio de um golpe militar em 1930 e governou até 1945, sendo destituído e retornando, alguns anos depois, como presidente eleito democraticamente.
Vargas buscou consolidar-se junto aos trabalhadores e também buscou o apoio dos sindicatos, inserindo as massas na vida política brasileira. 
Os três presidentes analisados aqui caracterizaram a política na América Latina de forma diferente, marcada pela inserção das massas e dos trabalhadores, que passaram a ocupar um espaço importante na vida política dos países analisados nesta aula. 
Não podemos deixar de destacar que era necessário manter esses trabalhadores sob controle; a própria Revolução Russa e o advento do socialismo soviético haviam mostrado a necessidade desse controle.

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