Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exercicios Resolvidos - Transformada de Fourier Prof. Paulo Cupertino de Lima Departamento de Matema´tica - UFMG 1 1 Transformada de Fourier Exerc´ıcio 1.1 Neste exerc´ıcio mostraremos a propriedade 11 da tabela de transformadas de Fourier. Sejam α > 0 e β ≥ 0. (a) Fazendo integrac¸a˜o por integrac¸a˜o por partes mostre que∫ e−αx cos(βx) dx = ( β sen (βx)− α cos(βx) α2 + β2 ) e−αx + C, onde C e´ uma constante. (b) De (a) conclua que ∫ ∞ 0 e−αx cos(βx) dx = α α2 + β2 . (c) De (b) mostre que ê−α|x|(ω) = √ 2 pi α α2 + ω2 , que a propriedade 11 da tabela de transformadas de Fourier. (d) Finalmente, da fo´rmula para transformada inversa de Fourier, conclua que∫ ∞ −∞ cos(ωx) α2 + ω2 dω = pi α e−α|x|. (1) Exerc´ıcio 1.2 (A equac¸a˜o da onda em uma corda infinita) Resolva o seguinte problema utt = c 2uxx, −∞ < x <∞, t > 0 (2) u(x, 0) = f(x), −∞ < x <∞, (3) ut(x, 0) = g(x), −∞ < x <∞. (4) Asuma que f , g sejam cont´ınuas, limitadas e absolutamente integra´veis. Resoluc¸a˜o. Defina a transformada de Fourier de u(x, t) em relac¸a˜o a` varia´vel x como uˆ(ω, t) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ e−iωxu(x, t) dω. Assim, de (2)-(4), teremos ∂2 ∂t2 uˆ(ω, t) = −c2ω2uˆ(ω, t) (5) uˆ(ω, 0) = fˆ(ω) (6) ∂ ∂t uˆ(ω, 0) = gˆ(ω). (7) 2 A soluc¸a˜o geral de (5) e´ uˆ(ω, t) = c1 cos(ωct) + c2 sen (ωct), e de (6) e (7), temos que c1 = fˆ(ω) e c2 = gˆ(ω) cω , respectivamente. Poranto, uˆ(ω, t) = fˆ(ω) cos(ωct) + sen(ωct) ω gˆ(ω). Logo, u(x, t) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωx ( fˆ(ω) cos(ωct) + sen(ωct) ω gˆ(ω) ) dω. Note que 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωxfˆ(ω) cos(ωct)dω = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ ( eiω(x+ct) + eiω(x−ct) 2 ) fˆ(ω)dω = f(x + ct) + f(x− ct) 2 . Por outro lado, se fizermos h(x, t) = 1 2c ∫ x+ct x−ct g(s)ds, enta˜o, da equac¸a˜o (8), veja Observac¸a˜o 1.1, ∂ ∂x h(x, t) = 1 2c (g(x + ct)− g(x − ct)) , portanto, iωhˆ(ω, t) = 1 2c ( eiωct − e−iωct) gˆ(ω), ou seja, hˆ(ω, t) = sen(ωct) ω gˆ(ω). Logo, 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωx sen(ωct) ω gˆ(ω) dω = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωxhˆ(ω, t) dω = h(x, t) = 1 2c ∫ x+ct x−ct g(s)ds e concluimos que a soluc¸a˜o desejada pode ser escrita como u(x, t) = f(x + ct) + f(x− ct) 2 + 1 2c ∫ x+ct x−ct g(s)ds, que e´ a fo´rmula de D’Alembert. 3 Observac¸a˜o 1.1 Suponha que ux(x, t) e vx(x, t) existam e que g seja cont´ınua, enta˜o, ∂ ∂x ∫ u(x,t) v(x,t) g(s)ds = g(u(x, t)) ux(x, t)− g(v(x, t)) vx(x, t). (8) Exerc´ıcio 1.3 Resolva o problema de convecc¸a˜o num fio infinito (isto e´ existe troca de calor do fio com o ambiente): ut = c 2uxx + kux, −∞ < x <∞, t > 0 u(x, 0 = f(x), −∞ < x <∞. Resoluc¸a˜o. Se tomarmos a transformada de Fourier em relac¸a˜o a` varia´vel x das equac¸o˜es acima teremos ∂ ∂t uˆ(ω, t) = −(c2ω2 − iωk)uˆ(ω, t), uˆ(ω, 0) = fˆ(ω). Logo, uˆ(ω, t) = e−(c 2ω2−iωk)tfˆ(ω) ≡ hˆ(ω, t)fˆ(ω) (9) e pelo Teorema da Convoluc¸a˜o, u(x, t) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ h(x− y, t)f(y)dy. Resta-nos calcular h(x, t). Note que hˆ(ω, t) = eiωkt e−c 2ω2t ≡ eiωkt pˆ(ω, t) e pela propriedade do deslocamento, temos h(x, t) = p(x + kt, t), onde p(x, t) e´ a transformada inversa de Fourier de e−c 2ω2t = 1√ 2c2t 1√ 1 2c2t e − ω2 2 1 2c2t ≡ √a 1√ a e− ω2 2a , a = 1 2c2t . Portanto, p(x, t) = √ a e− ax2 2 = 1√ 2c2t e − x2 4c2t . Finalmente, 4 u(x, t) = 1√ 4pic2t ∫ ∞ −∞ e − (x−y+kt)2 4c2t f(y)dy. (10) Exerc´ıcio 1.4 Fac¸a f(x) = e− a x2 2 , a > 0, no exerc´ıcio anterior e resolva-o. Sugesta˜o. Ao inve´s de usar (10), parta de (9). Exerc´ıcio 1.5 (O problema de Dirichlet para a equac¸a˜o de Laplace no semi-plano) Resolva o seguinte problema uxx + uyy = 0, −∞ < x <∞, y > 0 (11) u(x, 0) = f(x), −∞ < x <∞. (12) Assuma que u(x, y), ux(x, y) → 0 quando x → ±∞ e que f seja absolutamente integra´vel. Resoluc¸a˜o. Seja û(ω, y) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ e−iωxu(x, y) dx, como u(x, y), ux(x, y) → 0 quando x±∞, vimos que 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ e−iωxuxx(x, y) dx = −ω2û(ω, y), logo, tomando-se a transformada de Fourier das equac¸o˜es (11) e (12) em relac¸a˜o a` varia´vel x, temos ∂2 ∂y2 û(ω, y) = −ω2uˆ(ω, y), (13) uˆ(ω, 0) = fˆ(ω). (14) A soluc¸a˜o geral de (13) e´ uˆ(ω, y) = c1e −|ω|y + c2e|ω|y e se quisermos que uˆ(ω, y) seja limitada devemos fazer c2 = 0. Portanto, uˆ(ω, y) = c1e −|ω|y, (15) de (14) e (15) devemos ter c1 = fˆ(ω). Portanto, uˆ(ω, y) = e−|ω|y fˆ(ω) = gˆ(ω, y) fˆ (ω), (16) 5 onde gˆ(ω, y) = e−|ω|y. Pelo Teorema da convoluc¸a˜o, temos u(x, y) = 1√ 2pi g(x, y) ∗ f(x) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ g(x− t, y)f(t) dt. (17) Note que g(x, y) = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωxgˆ(ω, y) dω = 1√ 2pi ∫ ∞ −∞ eiωxe−|ω|y dω = 1√ 2pi (∫ ∞ 0 eiωxe−|ω|y + ∫ 0 −∞ eiωxe−|ω|y ) dω = 1√ 2pi (∫ ∞ 0 eiωxe−ω y + ∫ 0 −∞ eiωxeω y ) dω = 1√ 2pi (∫ ∞ 0 eiωxe−ω y + ∫ ∞ 0 e−iωxe−ω y ) dω = 1√ 2pi ∫ ∞ 0 ( eiωx + e−iωx ) e−ω ydω = 2√ 2pi ∫ ∞ 0 cos(ωx)e−ω ydω = √ 2 pi [ e−ωy x sen (ωx)− y cos(ωx) x2 + y2 ]∞ 0 = √ 2 pi 2y x2 + y2 . Substituindo este valor de g(x, y) em (17), temos u(x, y) = y pi ∫ ∞ −∞ f(t) y2 + (x− t)2 dt. (18) As hipo´teses feitas acima para a resoluc¸a˜o do problema de Dirichlet no semi-plano podem ser enfraquecidas, este e´ exatamente o conteu´do do teorema abaixo, veja refereˆncia [1]. Teorema 1.1 Seja f : R → R cont´ınua e limitada. Enta˜o, a expressa˜o (18) define uma func¸a˜o que e´ infinitamente diferencia´vel em y > 0, satisfaz (11) e limy→0+ u(x, y) = f(x). Observac¸a˜o 1.2 A menos que fac¸amos a restric¸a˜o que u(x, y) → 0 quando x2+y2 →∞, a soluc¸a˜o do problema de Dirichlet dado por (11) e (12) na˜o sera´ u´nica. De fato o problema de Dirichlet dado por (11) e (12) com f(x) = 0 para todo x tem duas soluc¸o˜es, ou seja, u(x, y) = 0 e u(x, y) = y. Exerc´ıcio 1.6 Resolva o problema de Dirichlet dado por (11) e (12) para f(x) = senx. 6 Resoluc¸a˜o. De (18), temos u(x, y) = y pi ∫ ∞ −∞ sen (t) y2 + (t− x)2 dt = y pi ∫ ∞ −∞ sen (s + x) y2 + s2 ds, t− x = s = y pi ∫ ∞ −∞ sen s cos x + senx cos s y2 + s2 ds = y senx pi ∫ ∞ −∞ cos s y2 + s2 ds = y senx pi pie−y y (usamos (1)) = e−ysenx. Exerc´ıcio 1.7 (O problema de Dirichlet para a equac¸a˜o de Laplace no quadrante) Resolva o seguinte problema uxx + uyy = 0, x, y > 0 (19) u(x, 0) = f(x), 0 ≤ x <∞, u(0, y) = 0, y > 0. (20) Assuma que f seja cont´ınua, limitada e que f(0) = 0 Resoluc¸a˜o. Seja h(x) a extensa˜o ı´mpar de f e considere o seguinte problema de Dirichlet no semi-plano uxx + uyy = 0, −∞ < x <∞, y > 0 u(x, 0) = h(x), −∞ < x <∞. Pelo Teorema 1.1 u(x, y) = y pi ∫ ∞ −∞ h(t) y2 + (x− t)2 dt (21) e´ soluc¸a˜o do problema acima. Em particular, como ∆u = 0 para todo −∞ < x < ∞ e y > 0, ∆u = 0 para todo x, y > 0. Ale´m disso, para todo x ≥ 0, limy→0+ u(x, y) = h(x) = f(x) e se y ≥ 0, u(0, y) = y pi ∫ ∞ −∞ h(t) y2 + t2 dt = 0, pois, h e´ uma func¸a˜o ı´mpar. Portanto, a expressa˜o (21) e´ soluc¸a˜o do problema de Dirichlet dado por (19) e (20). Note que (21) pode ser re-escrita como u(x, y) = y pi ∫ ∞ 0 ( 1 y2 + (x− t)2 − 1 y2 + (x + t)2 ) f(t) dt. (22) 7 Exerc´ıcio 1.8 Mostre que u(x, y) = x pi ∫ ∞ 0 ( 1 x2 + (y − t)2 − 1 x2 + (y + t)2 ) f(t) dt. (23) e´ soluc¸a˜o do problema de Dirichlet uxx + uyy = 0, x, y > 0 u(x, 0) = 0, 0 < x <∞, u(0, y) = f(y), y ≥ 0. Assuma que u(x, y), uy(x, y) → 0 quando y → ∞, f(0)= 0 e f seja absolutamente integra´vel em (0,∞) Exerc´ıcio 1.9 Usando a linearidade da equac¸a˜o de Laplace e os resultados acima, resolva o seguinte problema de Dirichlet uxx + uyy = 0, x, y > 0 u(x, 0) = f(x), x ≥ 0, u(0, y) = g(y), y ≥ 0. Assuma que f(0) = g(0), f e g sejam cont´ınuas e limitadas. Exerc´ıcio 1.10 Resolva o seguinte problema uxx + uyy = 0, x, y > 0 u(x, 0) = senx, x ≥ 0, u(0, y) = sen y, y ≥ 0. Refereˆncias [1] Djairo Guedes de Figueiredo, Ana´lise de Fourier e Equalc¸o˜es Diferenciais Parciais, Projeto Euclides, 1997. 8
Compartilhar